sábado, 25 de julho de 2015

3 201 - Cavaleiros preparam rotação e FNLA reconquista o Caxito

Cavaleiros do Norte de Zalala: furriéis José Louro, Américo Rodrigues, José 
Nascimento, Jorge Barata e Jorge Barreto e alferes milicianos
Mário Jorge Sousa e 
Lains dos Santos, todos da 1ª. CCAV. 8423 


Título da 1ª. página do Diário de Lisboa
de 25 de Julho de 1975, dia em que, à terceira
tentativa, saiu uma coluna militar de Carmona




Carmona, 25 de Julho de 1975. É 5ª.-feira e os Cavaleiros do Norte continuam a sua dificílima  missão, expectando a cada vez mais próxima rotação para Luanda. Está em marcha a preparação da gigantesca operação, sucedendo-se reunião dos comandos do BCAV. 8423 com «elementos do QG/RMA, de modo a obter os meios necessários».
Prevê-se que o movimento se comece a materializar a 31 de Julho e, nesse mesmo dia 25 de Julho de há precisamente 40 anos, leio no Livro da Unidade, «desanuviado ligeiramente o ambiente, conseguiu realizar-se a desejada coluna a Salazar, em terceira tentativa, fazendo.se o seu regresso e o do pessoal que estava em Luanda, a 26 de Julho».
Enquanto isso, a FNLA, na véspera, reocupou o Caxito, a 60 quilómetros de Luanda, reconquistando a vila ao MLPA. Três blindados do movimento de Holden Roberto estacionaram na praça principal e sabia-se que outros 4 estavam nas redondezas - para além de, leio no Diário de Lisboa, «uma grande concentração de viaturas». Porém, «a marcha triunfal para Luanda», anunciada pela FNLA, estava obviamente longe de ser concretizada. Na capital, «prosseguem acções de fogo nas três zonas críticas  onde estavam elementos da FNLA» - Cuca, Cazenga e S. Pedro da Barra.
Daniel Chipenda, apontado como comandante
As distâncias de Luanda para o
Caxito e para o Uíge (a antiga cidade
de Carmona)
das forças no Caxito, afinal estava em Carmona e era daqui que lançava «avisos»: «As nossas forças marcham sobre Luanda e esperamos que a sua entrada na capital se faça nos próximos dias», disse em entrevista à AFP.
Acrescentou que «das várias declarações de várias entidades do Governo de Lisboa, as forças portuguesas não se oporão realmente ao avanço das forças da FNLA» e que os os homens deste movimento «não têm medo de uma eventual intervenção da aviação portuguesa».
«Vamos a Luanda não para negociar, mas para dirigir», acrescentou Daniel Chipenda, acentuando que «todos os acordos anteriores forma violados pelo MPLA». Confirmou que o seu movimento (de que era secretário geral adjunto) «não tinha a intenção de se acantonar no norte de Angola, mas sim de se instalar em Luanda e de manter na capital o seu quartel general». E confirmou que «Holden Roberto se encontra, actualmente, em território angolano».
Por esta altura, recorde-se, corria entre os Cavaleiros do Norte a «informação», nunca confirmada,  de que Holden Roberto estaria em Carmona. E seria que a FNLA iria proclamar um novo Estado, a Norte? Daniel Chipenda respondeu: «Não queremos balcanizar o nosso país. A nossa capital não é nem Carmona nem São Salvador, mas sim Luanda». O movimento, nas suas palavras, tinha iniciado a caminhada para Luanda no intuito «não de negociar, mas de conquistar o poder».
A Luanda, por esta altura, já tinham chegado «pequenos grupos do ELNA» - o exército da FNLA. Pelo mar e, cito o DL, «desembarcando pela calada da noite junto às pescarias situadas perto do Forte de S. Pedro da Barra, onde continuam a a resistir centenas de (seus) militantes». Na caminhada para o forte, e de novo cito o DL, «esse grupo atacou a cadeia Comarcã de Luanda, mas as forças do MPLA que a defendem repeliram o ataque».

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