quarta-feira, 29 de julho de 2015

3 205 - Uíge com fome e MPLA a querer «expulsar» tropas...

O edifício do antigo Comando do Sector do Uíge (CSU) e da Zona Militar 
Norte (ZMN), agora Órgão de  Justiça Militar (OJM) das Forças Armadas 
de Angola (foto  da net)

Holden Roberto, presidente da FNLA,
a 32 quilómetros de Luanda


A 29 de Julho de 1975, relatos de viajantes do Uíge, chegados a Luanda, davam conta de que «40 pessoas morrem diariamente de fome». Ao tempo, não tivemos por lá conhecimento de tal e muito menos com esta dimensão. Mas o Diário de Lisboa, de que nos socorremos, também dá conta da chegada ao Uíge, a esse tempo, de mais de 300 000 angolanos até aí refugiados no Zaire, durante a guerra da independência.
«A escassez de alimentação tornou-se desesperada (...). Ao mesmo tempo» -  reporta(va) o DL -, «continuam a afluir ao distrito os refugiados de Luanda, onde mais de 300 pessoas foram mortas nos combates que opuseram estes dois movimentos» - o MPLA e a FNLA.
Notícia do Diário de Lisboa de 29 de
Julho de 1975. O presidente do MPLA
sugeria a retirada das tropas portuguesas
As estradas de acesso ao distrito do Uíge (a Carmona), «dominado pela FNLA, estão controlados pelo MPLA», reportava o mesmo DL, razão que obrigava a que «os reforços de emergência tivessem de ser feitos por via aérea».
No mesmo dia, o presidente do MPLA sugeriu que «os militares portugueses deveriam abandonar imediatamente no território angolano». Agostinho Neto reagia assim aos incidentes de Vila Alice e afirmou que o seu movimento «perdeu alguns dos seus melhores quadros políticos». E exigiu, também, «a imediata retirada do Alto Comissário português».
Soube-se na mesma data que Holden Roberto, o presidente da FNLA, estava em Ambrizete, onde, segundo o Diário de Lisboa desse dia, se situava «a sede provisória do Estado Maior do ELNA» - Exército de Libertação Nacional de Angola, o braço armado da FNLA. O ELNA «mantinha inúmeros postos de controlo entre Ambrizete e Caxito» e, aqui, a um dezena de quilómetros, «as FAPLA dinamitaram uma pequena ponte».
Era de lá, de Ambrizete, que Holden Roberto dizia à AFP pensar que, e cito, «a situação vai evoluir nos próximos dias». Depois do Caxito, acrescentou o presidnete da FNLA, «devemos preparar-nos para um novo assalto, tanto mais que , neste momentos, nos encontramos apenas a alguns quilómetros de Luanda e posso garantir-vos que tudo se fará para que este ataque tenha êxito».
Holden Roberto acusava o MPLA «ter violado todos os inúmeros acordos» e, por isso mesmo,acrescentava, «não queremos voltar a ser enganados... portanto devemos avançar».
Preparava-se o cerco a Luanda!

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