segunda-feira, 19 de outubro de 2015

3 288 - FNLA combate o MPLA e não as populações civis

Cavaleiros do Norte no jardim da piscina, nos últimos dias de Carmona: Nelson 
Rocha (furriel de transmissões), Pedrosa de Oliveira (alferes atirador da 3ª. CCAV.) e 
furriéis Manuel Machado (mecânico de armamento), José Lino (mecânico-auto da 
3ª. CCAV.) e António José Cruz (rádio-montador


Rodolfo Tomás, 1º. cabo (que hoje
faz 63 anos), António Pais e António Silva,
todos rádio-montadores do Quitexe


Há precisamente 40 anos, em data de Outubro de 1975 cada vez mais próxima do 11 de Novembro (dia da proclamação da independência de Angola), a FNLA, a partir de Kinshasa, dirigiu «um apelo patriótico e amistoso» a todas as populações angolanas e portuguesas, no sentido de, como referia o Diário de Lisboa, «não se envolverem nos combates que opõem a FNLA aos grupos armados apoiados pelo social imperialismo». Ao MPLA, por palavras palavras.
Ao receio de serem apanhadas pelos dois fogos, na sequência do (anunciado) ataque a Luanda, a FNLA sublinhava que o seu Exército de Libertação Nacional de Angola - o ELNA - «dá combate as tropas do MPLA e não às populações civis, sejam elas angolanas ou portuguesas».
«Os portugueses que vivam em Angola - prosseguia o comunicado tornado público em Kinshasa - são amigos e irmãos. Os dirigentes da FNLA jamais tiveram a intenção de perseguir as populações por motivo da sua opção política. Angola precisa da energia de todos os seus habitantes, tanto negros como brancos,  para constituir uma nação racialmente harmoniosa e economicamente próspera».
Os Cavaleiros do Norte, por esta altura de 1975, já se encontravam em Portugal há mês e meio, mas o que se passavam em Angola não nos era indiferente. O que faltava era noticiário do Uíge - do «nosso» Quitexe e da «nossa» Carmona -, sobrando apenas as pouco pormenorizadas e esclarecidas notícias de que era território controlado pela FNLA. Já assim era o nosso tempo, quando pouco se sabia do MPLA (que por lá não se via) e muito menos (quase nada) da UNITA.
A FNLA, em comunicado divulgado
em Kinshasa, quis tranquilizar os portugueses
sobre o futuro (então) próximo de Angola,
em Outubro de 1975
Um ano antes, em Outubro de 1974 e depois do ataque entre as Fazendas Alegria II e Ana Maria, no dia 14 (de que resultou a morre de dois civis europeus) e as pilhagens (a 18) no troço Quitexe-Aldeia Viçosa, acentuaram-se os «patrulhamentos inopinados» das NT na Estrada do Café, «procurando contrariar esta acção de banditismo», nomeadamente aquando do «aparecimento de queixas». Só que, frisa o Livro da Unidade, «à aproximação das NT, a FNLA furta-se ao contacto e, consequentemente, não se evita a acção já realizada e a realizar, á posteriori», pois, na verdade, «a presença das NT não é, e não pode ser, contínua».
Era esta, há precisamente 41 anos, a vida operacional dos Cavaleiros do Norte: contrariar acções banditismo. Nada apetecível e seguramente muito perigosa.

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