domingo, 18 de outubro de 2015

3 287 - Pilhagens no Uíge e (não) avanço da FNLA sobre Luanda

Cavaleiros do Norte do Quitexe, todos furriéis milicianos. Atrás: Francisco 
Bento, emigrado em França (que hoje comemora 63 anos), Nelson Rocha, Viegas, 
António Flora, António Lopes (enfermeiro), Luís Capitão (falecido a 5/01/2010) e 
Delmiro Ribeiro. Em baixo, José Carvalho. Agostinho Belo, 
José Lopes e Armindo Reino 


O já então ex-alferes Carlos Silva voltou
a Angola para casar com Belmira, seu amor de
sempre. Foi a 18 de Setembro de 1975.
Hoje se fazem 40 anos!!!
O troço Quitexe-Aldeia Viçosa, da Estrada do Café - que liga(va) Carmona a Luanda - foi espaço, a partir de 18 de Outubro de 1974, para a FNLA começar a realizar «actividade de pilhagem aos utentes dos itinerários». Por alguma razão e desde princípio do mês, as NT vinham a «realizar intensa actividade de patrulhamentos, nomeadamente orientada para a obtenção de liberdade de movimentos», como testemunha o Livro da Unidade.
O mesmo dia foi tempo, em Abidjan, capital da Costa do Marfim, para a OUA anunciar o seu «reconhecimento de facto» da UNITA como movimento libertador de Angola, atribuindo-lhe, inclusive, um apoio de 15 000 libras. O reconhecimento oficial seria «em breve» e John Kakumba, dirigente da UNITA, declarava que «os brancos que escolherem continuar em Angola terão os mesmos direitos que terei e que terá qualquer outro angolano».
A UNITA, há 41 anos, garantia
que os angolanos bancos teriam os mesmos
direitos dos negros, como titulava o Diário de
Lisboa de 18 de Outubro de 1974
 de 18 de Outubro deAo tempo, o optimismo era crescente e os três movimentos ir-se-iam reunir em Zanzibar (Estado semi-autónomo da Tanzânia), para, como refere o Diário de Lisboa desse dia, «criarem uma frente unida. para as negociações com Portugal para a independência de Angola».
O futuro mostraria quanto de excessivo era esse optimismo. Um ano depois, 18 de Outubro de 1975, um sábado, o iminente ataque da FNLA a Luanda era desmentido pelo MPLA, que controlava a capital angolana (ver post de ontem). As zonas de combates mais violentos, segundo o comandante Júlio de Almeida Juju (MPLA), eram na linha do rio Dange (entre a Barra do Dande e Quibaxe). Mas a Barra do Dande e a rota para Luanda estavam «sob cotrole das FAPLA». Assim como Cage, Mukundo, Santa Eulália e outras. O ELNA/FNLA, segundo Juju, dominava Libongos e Caxito e progredia pelo Úcua e até ao Piri.
Notícia do Diário de Lisboa de 18 de
Outubro de 1975, sobre o avanço da FNLA
sobre Luanda, desmentido pelo MPLA
No Quanza Norte, as FAPLA tinham tomado Samba Caju, após violentos combates (com muitos mortos e apreensão de material bélico), assim como Banga e, já no Uíge, Cangola. Ver AQUI. Sobre o «iminente ataque da FNLA a Luanda» e também «a notícia alarmista de que Holden Roberto chegaria hoje a Luanda», referia o Diário de Lisboa que foi divulgada por «um tal senhor Bernard Woth, um perigoso reaccionário que sendo enviado da France Pressa  Luanda foi há um mês convidado a retirar-se daqui, por motivo das notícias tendenciosas que enviava». Agora, em Kinshasa, relatava o jornal, «está aos serviços doa patrões da UPA/FNLA».
O dia 18 de Outubro de 1975 foi um sábado e grávido de notícias sobre Angola. Foi também, e aqui queríamos chegar, o dia do casamento, em Luanda, do alferes Carlos Silva, Cavaleiro do Norte da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel - que, por amor, a Angola voltou e ao altar levou a Belmira dos seus sonhos. Agora, 40 anos depois, sabemos que a felicidade desse dia se foi ampliando e está multiplicada nos seus ninhos d´amor, em Tomar e Ferreira do Zêzere. Os parabéns são bem merecidos!!! 
1 - Casamento do alferes 
Carlos Silva. Ver aqui

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