quinta-feira, 29 de outubro de 2015

3 298 - FNLA apresentada no Quitexe e a questionar o MPLA

Oficiais milicianos Cavaleiros do Norte: os alferes Jaime Ribeiro (CCS, 
do Tramagal), Augusto Rodrigues (3ª. CCAV., de Vouzela e em Lisboa) e José 
Alberto Alegria (CCS, de Oliveira de Azeméis e em Albufeira)


Cavaleiros do Norte de Zalala: os
furriéis milicianos Américo Rodrigues, Plácido
Queirós e Eusébio Martins (falecido, de
doença, a 16 de Abril de 2014, em Belmonte)

A 29 de Outubro de 1974, ao fim da tarde, eram 17,30 horas, apresentou-se no Quitexe «pela primeira vez, um grupo de 6 elementos armados da FNLA, dizendo-se pertencer ao «quartel» Aldeia e comandado pelo sub-comandante João Alves»
O grupo contactou o comandante Almeida e Brito e a autoridade administrativa local, «com vista ao esclarecimento de actividades na Serra Quibinda, que julgavam ser das NT», mas que, segundo o Livro da Unidade, «facilmente se concluíram ser de elementos estranhos, que procuram, certamente, criar um clima de desconfiança local, entre a FNLA e as NT».
O dia (ou a noite) foi oportunidade, também, para a última apresentação de um filme, do ciclo iniciado a 10 desse Outubro de 1974. As exibições tinham intuitos de «acção psicológica» e percorrido as várias subunidades.
Título do Diário de Lisboa de 29 de Outubro
de 1974: «A FNLA acusa o Governo
de favorecer o MPLA». O Governo Português
Enquanto isso e a partir de Kinshasa, a FNLA, reassumia «a determinação de respeitar a letra e o espírito dos acordos assinados no dia 11 com o Governo Português», mas, por outro lado, a de «não reconhecer à Junta Governamental de Luanda poder político para discutir o futuro de Angola com os movimentos de libertação». Devia ser «ao nível de Lisboa», frisou o comunicado da FN LA.
O movimento de Holden Roberto também «denuncia(ou) com veemência as manobras de certos movimentos influentes» da Junta Governativa, que, na sua opinião, «consistem em encorajar, através das rádios e dos jornais, a campanha política de difamação ou de descrédito dum certo movimento contra os outros e ameaçar oficialmente qualquer órgão de imprensa que se disponha a difundir informações sobre a FNLA». Por outras palavras, o comunicado da FNLA, «fez eco de críticas anteriores ao tratamento preferencial que estaria a ser dado ao MPLA».
Um ano depois, sabiam-se, finalmente, notícias do Uíge controlado pela FNLA. O Diário de Lisboa de 29 de Outubro de 1975 noticiava que «a rádios dos mercenários, localizada em Carmona, capital do Uíge, para esconder as pesadas baixas sofridas na frente do Caxito, anuncia que os mercenários retiraram porque tinham de poupar o povo, que já não tinha comida em Luanda, nem água». Acrescentou, a rádio, que «foi a UPA/FNLA que enviou para Luanda água em aviões, para que o povo não morresse de sede».
A situação político-militar, a esse dia, tinha sofrido «grandes alterações em todas as frentes, nas últimas 24 horas», como relatava o DL. Na zona norte, registava-se «recuo das forças do ELNA (...), dada a contra-ofensiva desencadeada pelas forças populares». Retiraram para a zona do Ambrizete, incluindo as do Ambriz. Parecia, lê-se no DL, que «à primeira vista, as forças mercenárias desistiram do seu intento de cercar a capital», a cidade de Luanda. Os últimos combates tinham sido nas linhas de Santa Eulália e Camabatela - esta, bem próximo do «nosso» Quitexe.
«Angola: Situação difícil na Frente Sul | MPLA
avança nas outras frentes». Assim titulava o Diário de
Lisboa de 29 de Outubro de 1975. Já lá vão 40 anos!
Na Frente Centro, as FAPLA confirmaram a tomada de Cela e «ocuparam ontem a tarde o eixo rodoviário do Alto Hama», a cerca de 60 quilómetros de Nova Lisboa e de «importância vital para o planalto central, pois está no caminho para Silva Porto, Nova Lisboa, Lobito, Novo Redondo e Luanda». Na Frente Sul, a situação era «extremamente difícil». As chamadas forças mercenárias, segundo o DL, «massacraram a população» de Sá da Bandeira e, na véspera (dia 28), «ao fim da tarde, um comando helitransportado e apoiado por um vaso de guerra tomou a idade portuária de Moçâmedes».  Os mercenários «faziam-se transportar em 20 viaturas tipo blindado do Exército sul-africano, a que também pertenceriam o vaso de guerra e os helicópteros».
A cidade estava «ainda sob controlo das forças portuguesas, havendo uma reduzida força das FAPLA». Desconhecia-se «a sorte dos soldados portugueses» e se «se renderam ou combateram os mercenários que, como se sabe, integram também uma unidade do ELP». Assim noticiava o Diário de Lisboa de 29 de Outubro de 1975.

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