sexta-feira, 30 de outubro de 2015

3 299 - Reunião no Quitexe e três frentes em combate

Manuel Dinis Dias, José António Nascimento e Plácido Jorge Queirós: três 
furriéis Cavaleiros do Norte da 1ª. CAV. 8423, a de Zalala!

Cavaleiros do Norte no jardim do Quitexe: os
furriéis milicianos Viegas e Neto, que, há 41 anos
fazia malas para vir de férias a Portugal

A 30 de Outubro de 1974, a Comissão Local de Contra-Subversão (CLCS) reuniu uma vez mas no Quitexe. Não se sabia, ao tempo, mais foi uma das suas últimas reuniões. A partir de 11 de Dezembro do mesmo ano, passaria a denominar-se Comissão de Coordenação Civil-Militar (CCCM).
O furriel Francisco Neto, meu furriel-irmão da jornada africana do Uíge Angolano, fazia malas para as férias em Portugal e, em Lisboa, a Casa de Angola realizou um comício de apoio ao MPLA, enchendo literalmente o Pavilhão dos Desportos. Um comício contra «o imperialismo, de mãos dadas com o capital financeiro monopolista e com a reacção, que tenta defender os sues interesses, para perpetuar a exploração do nosso povo e as riquezas do nosso país».
Um ano depois, precisamente, o Diário de Lisboa (em serviço especial do Diário de Luanda) dava conta que «mantém-se grave a situação no sul de Angola, com forças do ELP, de mercenários sul-africanos e da UNITA/FNLA/UPA continuando a ocupar Sá da Bandeira e Moçâmedes». As forças das FAPLA estavam mais concentradas no Caxito (para defender Luanda) e Nova Lisboa (Huambo) e não dispunham de suficiente material bélico em Sá da Bandeira e Moçâmedes. Iriam optar, nestas duas cidades, por «operações tipo guerrilha».
Sobre a ocupação de Moçâmedes, soube-se neste dia de há 40 anos, que as (poucas) tropas portuguesas ali estacionadas, segundo o Diário de Lisboa, «não teriam reagido à agressão, tendo antes abandonado a cidade e sido evacuadas para Luanda» - evacuação que foi confirmada pelo Alto Comissário Leonel Cardoso.
Notícias de Angola, no Diário de
Lisboa de há 40 anos: dia 30 de
Outubro de 1975
O dia 11 de Novembro de 1975, o da independência de Angola, estava cada vez mais próximo e, ainda de Moçâmedes, soube-se que, e cito do DL, «no intuito de iludir a opinião pública, as forças do ELP e da África do Sul (...) abandonaram já a cidade, entregando-a a elementos das UNITA/FNLA/UPA». Helicópteros e navios de guerra que teriam participado no assalto à cidade «foram igualmente retirados da frente de combate, calculando.se que se preparem agora para apoiar o avanço sobre o Lobito».
Ao tempo, na assembleia geral da ONU, o MPLA denunciou a «participação de tropas e material militar sul-africano nas ocupações de Sá da Bandeira e de Moçâmedes» - citando expressamente o uso de helicópteros e blindados.
Jonas Savimbi, em Kinshasa e por sua vez, acusou o MPLA de «dispor de uma esquadrilha de aviões MIG-21, de fabrico soviético». Eram, disse o presidente da UNITA, «6 a 12 aviões que o MPLA tenciona usar até ao dia 11 de Novembro», o da independência.
A norte, do norte de Angola continuava o silêncio noticioso.


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