sábado, 31 de outubro de 2015

3 300 - Adeus a Zalala, Santa Isabel e Liberato, emancipação angolana

O 1º. sargento José Claudino Luzia, da CCS dos Cavaleiros 
do Norte, no bar do Quitexe, ladeado pelos furriéis milicianos 
José Monteiro (à esquerda) e Viegas



Os furriéis milicianos Alcides Ricardo ( de
Odivelas) e Agostinho Belo (do Retaxo, em Castelo
Branco ), ambos da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa
Isabel. Há 41 anos!

O mês de Outubro de 1974 chegou ao fim e estava pré-anunciado o «abandono, por parte da autoridade militar, das Fazendas Zalala, Santa Isabel e Liberato,  as quais desde 1962 estavam militarmente ocupadas».
A muito, muito desejada «operação de retracção do dispositivo militar» era cada vez mais expectada, principalmente «operada face ao cessar fogo anunciado pelos três partidos emancipalistas de Angola» - a FNLA (que, principalmente, operava na ZA dos Cavaleiros do Norte e Norte de Angola), MPLA e UNITA.
Ao mesmo tempo, a formação de um Governo de Transição parecia iminente e era essa a manifesta vontade dos três movimentos. Agostinho Neto, presidente do MPLA, anunciava isso mesmo, em Kinshasa, e já para Novembro, assumindo «formar uma frente unida com a FNLA» - rejeitando ambos ligações com a UNITA, que «não é reconhecido pela OUA».
Ao mesmo tempo, Daniel Chipenda, líder de uma das facções dissidentes do MPLA, afirmava em Kinshasa que «o dr. Agostinho Neto não tem representatividade para concluir um acordo de cessar fogo com as autoridades portuguesas». Mas o Daily News, órgão do Governo da Tanzânia, escrevia que Daniel Chipenda era «um homem traiçoeiro e ambicioso, que há muito que deveria ter sido expulso do MPLA, que procura impedir a maré de libertação que está a subir cada vez mais em Angola». E acrescentava que «já há muito deveria ter sido expulso do MPLA, não fossem as qualidades de moderação do dr. Agostinho Neto».
Há 41 anos, expectava-se as formação de
um Governo de Transição de Angola. A notícia
é da 1ª. página do Diário de Lisboa de 31 de
Outubro de 1974
Um ano depois, o dia da independência estava cada vez mais à porta e, no plano político-militar, a situação angolana não registou «alterações assinaláveis nas frentes Sul e Norte, nas últimas 24 horas». Todavia, a Sul, Moçâmedes e Sá da Bandeira «continua(va)m ocupadas» e a situação, segundo o Diário de Luanda, «mantém-se grave»
«As forças das FAPLA continuam a desenvolver acções do tipo guerrilha contra o inimigo, registando-se ampla participação da população local», noticiava o DL, acrescentando que «as forças do ELP e da África do Sul, constituindo uma ponta de lança dos fantoches da FNLA e da UNITA, parecem tentar um avanço sobre o Lobito, dividindo-se em duas colunas: uma localizada na estrada marginal e outra deslocando-se pelo interior».
Assim ia Angola, há justamente 40 anos!.

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