quarta-feira, 18 de novembro de 2015

3 218 - Cavaleiros em Carmona, prisões em Luanda e Frente Sul

Cavaleiros no «assalto» de Geraz do Minho: o Manuel N. Amaral (Bolinhas), 
o (furriel) Jorge Barreto, o António Agra (Famalicão), o (furriel) Américo 
Rodrigues e, de perfil e barbas, o Alberto Pimenta (mecânico)


Cavaleiros do Norte no «assalto» de Geraz do
Minho, a 14 de Novembro de 2015. Todos 

eles de boca cheia, menos o (falador)
Plácido Queirós


A 18 de Novembro de 1974, uma segunda-feira, o capitão José Paulo Falcão participou em Carmona (e no BC12) em mais uma reunião de comandantes do Comando do Sector do Uíge (CSU). Agora tenente-coronel aposentado e residente em Coimbra era, ao tempo, o comandante interino do Batalhão de Cavalaria 8423.
O Jorge Barreto e o Manuel Neves Amaral
(o Bolinhas). com o filho (ao meio)
O dia, em Luanda, foi assinalado pela prisão do gerente da Sorel (de apelido Corte Real) e de Fernandes Vieira (capitalista e membro de associações empresariais), acusados de «manobras neo-colonialistas». Foi o próprio Rosa Coutinho a tal anunciar, em conferência de imprensa, citando «actos de sabotagem económica, visando instalar o caos em Angola».
O Diário de Lisboa desse dia acrescentava que «os acontecimentos de Luanda tem analogias surpreendentes com o 28 de Setembro de Lisboa». O que significaria serem «golpe de força ou um simples tactear da situação, qualquer destas hipóteses faz recordar esta tentativa fascista de Portugal».
As tentativas de sabotagem económica, escrevia o jornalista Eugénio Alves, no DL, «ligadas à campanha insidiosa lançada contra a Junta Governativa e mais veladamente contra o MPLA, ligadas também aos comunicados e posições assumidas por organizações como a FNLA, FUA e PCDA, teriam como objectivo preparar emocionalmente a opinião pública para um golpe de força» 
O presidente da Junta Governativa falou também, e cito de novo o Diário de Lisboa, da «reocupação do quartel de Chimbueti, em Cabinda, ocupado durante vários dias por membros da FLEC e mercenários, comandados por um indivíduo louro, de forte compleição física e que se supõe ser belga».
Na Angola já independente, já um ano depois, «as FAPLA progridem(iam) na Frente Sul», como titulava o Diário de Lisboa, na sua primeira página. O que «acontecia pela primeira vez, nas duas últimas semanas». Não se confirmava a tomada de Novo Redondo (pelas chamadas «forças invasoras»), confirmando-se antes que «as linhas defensivas das FAPLA avançaram, encontrando-se agora a escassos quilómetros do Lobito». 
Notícia sobre a actualidade angolana,
a 18 de Novembro de 1975: «A FAPLA
 progridem na Frente Sul»
«O inimigo não domina totalmente o Lobito e Benguela, dado que as suas posições estão a ser permanentemente contestadas pelas FAPLA, travando-se duros combates próximos das duas cidades», relatava o DL, acrescentando que «a coluna invasora que operava na zona Caxito/Barra do Dande/Libongos (...) está agora refugiada no Ambriz, tudo levando a crer que se junte às defesas do Uíge».
Na frente de Samba Caju, as FAPLA «conquistaram posições muito próximas de Camabatela» - que fica(va) muito perto do Quitexe e a uns 50 quilómetros da base aérea do Negage, por sua vez muito próxima de Carmona. A Carmona e o Uíge que os Cavaleiros do Norte tinham deixado a 4 de Agosto desse ano de 1975.

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