domingo, 13 de dezembro de 2015

3 243 - Serenidade em terras do Uíge e «crise» em Luanda

Cavaleiros do Norte na picada de Zalala: Santos (da messe) e furriéis Jorge 
Barreto e José António Nascimento, quais «trinitás!!!...


Três oficiais milicianos dos Cavaleiros do
Norte: os alferes Jaime Ribeiro e José Alberto
Almeida, ambos da CCS, ladeando Augusto
Rodrigues (da 3ª. CCAV. 8423)

O dia 13 de Dezembro de 1974 foi sexta-feira, mas não foi de azares pelas terras do Uíge onde,  ao tempo, se aquartelavam os Cavaleiros do Norte, todos ao longo da Estrada do Café, entre Luanda e Carmona: a CCS e a 3ª. CCAV. no Quitexe, a 2ª. CCAV. em Aldeia Viçosa e a 1ª. CCAV. em Vista Alegre e Ponte do Dange.
Angola, pelo menos que se registassem na imprensa, não teve incidentes e a vida decorria aparentemente tranquila. Apenas se noticiavam despedimentos na Inforang, empresa de publicidade ligada à CUCA - que pertencia ao Grupo Vinhas, tal qual a Sociedade Central de Cervejas, tudo ligado ao Banco Português do Atlântico e ao Banco Comercial de Angola.
Os cerca de 15 trabalhadores em vias de despedimento na Inforang (depois de «uma primeira tentativa da entidade patronal», como relatava o Diário de Lisboa) eram publicitários, administrativos e contabilistas. A situação «agrava(va) ainda mais a crise de trabalho no sector da publicidade», depois de despedimentos na Leo Burnett, semanas antes.
As guarnições dos Cavaleiros do Norte preparavam-se para o seu primeiro (e único) Natal africano, sabendo-se que as senhoras de oficiais e sargentos se esmeravam a preparar os melhores pratos e doces de época. E saíam e chegavam aerogramas e cartas com mensagens natalícias, carreando e matando saudades. Acabo de reler algumas e não pude evitar alguma emoção, nomeadamente ao dar com um «bate-estradas» do meu amigo Alberto Ferreira - companheiro de escola e ao tempo cabo especialista da Força Aérea em Luanda, na Base Aérea 9. E falecido, de doença, em 2006. Amigos até ao último dia, de e para sempre.
Alberto Ferreira, cabo
especialista da Força Aérea,
em foto (civil) de 2002
«Já que não temos neve nem frio, nem rabanadas e bilharacos e perú, nem os miminhos da mãe, ao menos que possamos estar juntos a festejar, para esquecer,os um pouco esta m.... Não pode vir cá abaixo?...», perguntava-me ele, que tantas vezes foi companheiro, em Luanda, das loucuras noctívagas. «Arranjamos aí um programazinho, falo com o Nuno, aparece...», acrescentou, desafiando-me.
Não apareci, não pude, a noite e o dia de Natal foram vividos no Quitexe. Ele, com um casal familiar que fazia vida por Luanda - ela (prima direita dele), por lá professora; ele, o marido, gerente bancário e corredor de automóveis (o Carlos Alberto Santiago dos Reis, meu conterrâneo).
- ALBERTO FERREIRA. Alberto Fernando Dias Ferreira, que foi 
de Fermentelos, Águeda, já falecido. Foi cabo especialista da Força Aérea,
em Luanda. Depois, licenciou-se em Economia, foi quadro superior da 
Direcção de Finanças e candidato a presidente da Câmara Municipal
 de Águeda, de que foi vereador por duas vezes.

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