sábado, 12 de dezembro de 2015

3 242 - Futebol nos Cavaleiros e Cimeira angolana à vista

Futebol no Quitexe, a equipa do Parque-Auto. De pé, Teixeira (estofador), 
Malheiro, Frangãos (Cuba), Marques (Carpinteiro), Pereira (condutor), Gaiteiro 
e Teixeira (pintor). À frente, Monteiro (Gasolinas), Pereira (mecânico),  Celestino 
(condutor), Gomes (condutor, Carlos Mendes (bate-chapas) e Miguel (condutor)


Furriéis milicianos no Quitexe, em finais
de 1974: Carvalho (da 3ª. CCAV. 8423), Viegas
(da CCS) e um angolano, cujo nome se me
varreu da memória. Alguém se lembra?
Os dias do Quitexe, na entrada dos meados de Dezembro de 1974, iam-se passando na tranquilidade dos deuses, embora com  a guarnição reduzida às tropas metropolitanas - depois de dispensados (com licença registada) os incorporados locais, as chamadas tropas de mesclagem. E mesmo os graduados angolanos, de que é exemplo o furriel miliciano aqui ao lado - cujo nome se me varreu da memória.
A operação de desactivação de aquartelamentos continuava, na Zona de Acção (ZA) dos Cavaleiros do Norte e outras. No nosso caso, já tinham sido desactivados os de Zalala, Liberato e Santa Isabel; preparava-se o de Luísa Maria, já previsto para 14 de Dezembro.
O Quitexe, a este tempo e como por aqui já falámos, tinha cinema (entre os dias 4 e 19, por todas as subunidades) e futebol, para «matar» as horas livres e com programação integrada no plano de acção psicológica. Futebol com renhidas partidas entre pelotões e sub-unidades, disputadas no pelado empoeirado do Quitexe, mesmo à saída para Carmona.
O 12 de Dezembro de 1974 foi uma 5ª.-feira, há precisamente 41 anos, e soube-se pelas bandas dos Cavaleiros do Norte que, em Lisboa, o Governo Português propôs os Açores como o local para a cimeira com os três movimentos de libertação: MPLA, FNLA e UNITA.
Data, não se sabia, mas a notícia do Diário de Lisboa (que citamos) admitia que seria ainda antes do Natal - o que, como hoje sabemos, não se veio a confirmar. O objectivo era formar o Governo de Transição de Angola.
A Frente de Unidade Angolana (FUA), noutra frente, telegrafou ao Presidente da República, reivindicando «intransigentemente direitos adquiridos pelos movimentos pacifistas de intervirem nas negociações para a formação do Governo de Transição, como único meio conducente ao clima de segurança, concórdia e justiça».
A FUA era presidida por Fernando Falcão, engenheiro e empresário que, ao tempo, era Secretário de Estado Adjunto da Junta Governativa da Angola.
Lúcio Lara inaugurou a Delegação do MPLA em Nova Lisboa e afirmou que «chegou o momento de todos juntos podermos realmente inventariar as riquezas deste país, as suas potencialidades, e planificar o futuro económico de Angola, para que beneficie realmente todo o povo, sobretudo aqueles camaradas que até hoje tem sido vítimas da opressão colonial».

A FNLA, em Luanda e por sua vez, anunciou a promoção do Natal da Criança, «no âmbito da sua campanha de auxílio aos mais necessitados». Para o efeito, lançou «um apelo a todos quantos queiram colaborar na campanha».
A UNITA, por sua vez, lançou a campanha «Natal da Criança do Mato e dos Bairros Suburbanos de Luanda». A iniciativa era da (sua) Liga da Mulher Angolana (LIMA) e, para tal, pediu «a colaboração da imprensa local».

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