sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

3 255 - O dia de Natal de 1974 no Quitexe angolano

Os furriéis milicianos Grenha Lopes, Viegas (de camuflado) e Ribeiro (de 
óculos), com o Fernandes (debaixo das mãos do Viegas), no dia de 
Natal de 1974, à porta da Casa dos Furriéis do Quitexe

Natal de 1974 numa caserna do Quitexe: um
rosto que não identificamos (em baixo, à esquerda), o
Marques (Carpinteiro, a espreitar), NN, o Rebelo (do
bar de sargentos), NN (de barbas), o alferes Jaime Ribeiro,
o Almeida (cozinheiro), um civil negro, o Messejana 

(falecido 27 de Novembro de 2009), 
o Florêncio e o alferes Garcia (falecido a 2 de
Novembro de 1979)


O dia de Natal de 1974, no Quitexe, não foi muito diferente (em termos de obrigações militares) dos restantes, mas era um dia especial, sensível nos nossos corações, saudoso das tradições das nossas terras. Dos afectos e dos sabores gastronómicos das lareiras e cozinhas das nossas famílias.
Por mim, saído de sargento-dia na formatura das 8 horas da manhã, passeio ao banho rápido e ao «mata-bicho» no bar e messe de sargentos - onde não falhavam os serviço sempre atentos do cozinheiro Duarte, do auxiliar Rebelo e também do barista Lajes. A noite tinha sido tranquila, com distribuição de bagaço (e brandy?) pelo pessoal de reforço, na ronda da meia noite. O que, com grande gosto nosso, os surpreendeu e... valorizou. Sentiram-se mais acarinhados e apoiados, acredito!
Feito o banho e saboreado o «mata-bicho» foi tempo, de minha parte, para um saltinho à Igreja da Mãe de Deus, onde o padre Albino Capela celebrou a mensagem do Menino nascido!
Voltei ao quarto e, até à hora do almoço, reli o o meu correio de Natal, recebido a montes, nos dias anteriores: de minha mãe, irmãs e cunhados, de familiares e amigos, de tanta gente. As palavras eram as de circunstância, no geral, mas apeteceu-me hoje, 41 anos depois, ressaboeará-las uma a uma, recapitulando as emoções deste dia tão especial da nossa formação católica e humana - e que foi vivido longe das neves e frios natais, em terras de África e de calor. Lá longe, tudo era vivido de forma muito especial.
O comandante Almeida e Brito, rodeado
pelo furriel Reino e o soldado Mendes, na consoada
do Quitexe, a 24 de Dezembro de 1974
O comandante Almeida e Brito, chegado de férias europeias, participara na consoada natalícia da véspera, com palavras de incentivo e encorajamento ao pessoal da guarnição. 
«Fique-nos a certeza de estarmos a cumprir uma alta missão, ajudando a construir, em paz, um novo país de expressão portuguesa», disse Almeida e Brito, citando a mensagem do Comando do Sector do Uíge, na consoada quitexana de 24 de Dezembro de 1974.
A 25, uma quarta-feira, deslocou-se  à 1ª. CCAV. 8423, a do capitão Davide Castro Dias, «tendo almoçado em Vista Alegre e visitado Ponte do Dange», onde peregrinou o espírito missionário da nossa jornada africana de Angola. À noite, e no regresso ao Quitexe, consoou em Aldeia Viçosa, onde estava aquartelada a 2ª. CCAV. 8423, a do capitão José Manuel Cruz.

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