domingo, 27 de dezembro de 2015

3 257 - Rojões na festa de Natal e a (não) cimeira angolana

O Natal em Vista Alegre, na 1ª. CCAV. 8423. Reconhecem-se o Horácio 
Carneiro (primeiro, à esquerda) e os furriéis milicianos Plácido Queirós (o 
terceiro, de bigode) e Eusébio Martins (primeiro à direita, de bigode), falecido 
16 de Abril de 2014, por doença e em Belmonte, a sua terra natal

Os furriéis milicianos Viegas (no seu primeiro
serviço em Angola) e Nelson Rocha, na entrada
da messe de sargentos do Quitexe, nos primeiros
dias de Junho de 1974



Aos 27 dias de Dezembro de 1974, no inesquecível Quitexe da nossa jornada uíjana de Angola, acabámos com a lata de rojões que o Neto tinha levado de cá, embalados numa lata de unto da Tobom que minha mãe lhe tinha mandado - quando cá esteve de férias. Estávamos nas oitavas das festas natalícias e o saboreio do precioso e saudoso manjar matou-nos muitas das saudades da lareira e da mesa tradicional de família.
Os furriéis milicianos José Pires e
Francisco Neto, na entrada da messe
do bairro Montanha Pinto, em Carmona
Os tempos, lá pela vila, iam calmíssimos - assim como por Aldeia Viçosa e Vista Alegre e Ponte do Dange, onde se aquartelavam a 2ª. e a 2ª. CCAV. 8434. Os rojões, com batata cozida e couve arranjada não sei onde, regadas a vinho tinto (um Teobar de garrafão, coisa rara por aquelas bandas...) foram uma delícia de sabores e aconhegaram os estômagos. E animaram a alma!!! Juntaram-se-nos o Pires de Bragança e o Rocha (ambos de transmissões) de e o acepipe desapareceu num instante, Saudosos rojões!!!
Ao tempo, e apesar de reptidas promessas, a data da cimeira continuava por marcar. O Diário de Lisboa desse dia reportava que «não está de modo nenhum afastada a possibilidade de o encontro entre os três movimentos e o Governo Português vir a ter ligar em território nacional». Na véspera, e a Lisboa, tinha chegado a delegação portuguesa que, em Kinshasa, se encontrara com Holden Roberto - o presidente da FNLA.  Jonas Savimbi, presidente da UNITA, reunira em Brazaville com altos dirigentes do MPLA, «incluindo Agostinho Neto», o presidente.
«Tudo parecia indicar - noticiava o Diário de Lisboa de há precisamente 41 anos  - a iminência de um encontro entre os três movimentos» - MPLA, FNLA e UNITA.
A Presidência da República, em Lisboa, por seu lado e em comunicado, negava que a Cimeira estivesse marcada para 3 de Janeiro de 1975 - como um jornal diário noticiava nesse 27 de Dezembro. «Esclarece-se que a notícia em causa carece de fundamento», sublinhava a nota presidencial, acrescentando que «no presente momento, toda e qualquer informação sobre o assunto é prematura, nomeadamente quanto a datas e locais».

Sem comentários:

Enviar um comentário