quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

3 275 - Alvor a anunciar Governo e Cavaleiros a expectar no Uíge

Farinhas, Neto e Viegas, três furriéis milicianos Cavaleiros do Norte do 
Quitexe, em 1974. O engraxador é (era) o inesquecível Papelino - Agostinho, de 
seu nome próprio


O furriel Américo Rodrigues no
«faz de conta» de estar a comunicar via
rádio - um Racal TR28

A 14 de Janeiro de 1975 foi anunciado que, no dia seguinte, seria assinado no Alvor o acordo para a formação do Governo de Transição de Angola, entre o Governo de Portugal, o MPLA, a FNLA e a UNITA. Teria um alto-comissário português e três vice-1º.s ministros, um de cada movimento.
Ao tempo, lá pelo Quitexe uíjano, ouvíamos muitas vezes a Emissora Nacional (actual RDP), através da onda média - principalmente os relatos de futebol, que eram quase todos aos domingos, às três horas da tarde, e avidamente escutados e comentados por lá . Mas por estes dias as nossas atenções estavam naturalmente concentradas no encontro do Algarve, dele obtendo notícias por vezes desmentidas em noticiários seguintes. Por outras palavras, nunca se sabia se era rigoroso o que ouvíamos a partir dos estúdios de Lisboa, ou dos enviados especiais ao Alvor.
A primeira página do Diário de Lisboa
de 14 de Janeiro de 1975, anunciado o
Governo de Transição de Angola
Quando aos vice-1º.s ministros, admitia-se, há 41 anos, que pudessem ser Lúcio Lara (pelo MPLA), Johny Eduardo, sobrinho de Holden Roberto (pela FNLA) e António Vakulukuta (da UNITA). Cada movimento assumiria 5 ministérios e Portugal teria três (Informação e Economia, entre eles). O exército teria 36 000 homens - 18 000 de Portugal e 6 000 de cada movimento. O alto-comissário seria o comandante-chefe das Forças Armadas e os soldados portugueses retirariam gradualmente, até à data da independência. Já não seria Rosa Coutinho (o almirante vermelho), sendo, neste dia de há 41 anos, «apontado o nome do brigadeiro Silva Cardoso», como reportava o Diário de Lisboa - já não falando de Pezarat Correia ou de Ferreira de Almeida.
A retirada a ra aí estava um ponto que nos interessava sobremaneira: o nosso regresso. Por esta altura, os Cavaleiros do Norte iam no 9º. mês de comissão e, com esta decisão, ficava certo que nunca faríamos os habituais 24 meses (ou mais). Viríamos a ter 15 longos meses de jornada africana, até Setembro desse mesmo ano de 1975.

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