quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

3 288 - Assalto à Emissora Oficial e calma na terra uíjana


Transporte de militantes para o comício de Aldeia Viçosa, que seria do MPLA 
e da FNLA. A 26 de Janeiro de 1975 e pacificado pela tropa portuguesa


Encontro dos Cavaleiros do Norte, a 9
de Setembro de 1995 - o primeiro, em
Águeda. Em cima, um trio do Comando do
Sector do Uíge: 1º. cabo Manuel Peixoto, 1º.
sargento Gualdino Luz e 1º. cabo Moisés
Carvalho. O «bigodaças» da foto de baixo é 

soldado atirador Avelino Vieira dos Santos, 
da 2ª. CCAV. 8423. Vive em Souto 
de Cima (Leiria)

A FNLA não gostou que um seu comunicado não fosse lido aos microfones da Emissora Oficial de Angola (EOA) e, na noite de 25 de Janeiro de 1975 (um sábado para domingo, o do comício de Aldeia Viçosa, aqui ontem recordado), um grupo comandado por Hendrick Vaal-Neto invadiu as instalações, segundo o Diário de Lisboa do dia 17, «paralisando-a, após destruição de algum material e agressão ao locutor de serviço».
O comunicado, ainda segundo o vespertino da capital portuguesa, «fazia graves acusações ao Governo Provisório e à Junta Governativa de Angola» e a sua não leitura tinha sido decidida por Correia Jesuíno, o Secretário de Estado da Comunicação Social, «tendo sido secundado pelos trabalhadores da emissora»
O sub-chefe de redacção, António Cardoso, foi raptado de madrugada, alegadamente por forças da FNLA, como fazia crer um comunicado deste movimento, referindo que «não é mais do que um nó de uma vasta rede anti-FNLA, à qual pertence, como ele próprio declara».
O ambiente pelos lados do Quitexe, Aldeia Viçosa e Vista Alegre/Ponte do Dange era tranquilo, apesar dos incidentes da véspera (no comício de Aldeia Viçosa) mas o mesmo não acontecia em Luanda, onde «era tenso». A EOA, nesse 27 de Janeiro de há 41 anos «continuava com a programação normal suspensa» e desconhecia-se o paradeiro de António Cardoso.
O assalto da FNLA à Emissora Oficial
de Angola (a 25) foi noticiado pelo Diário de
Lisboa de 27 de Janeiro de 1975
 
O MPLA, em comunicado, acusava a tensão luandina: «Depois dos acordos de Mombaça e da Penina (o Alvor), registou-se uma certa calma (...), mas o clima de guerra civil voltou, agora, a aparecer de novo» - provocado por «certas forças nacionalistas (...), com a aproximação da formação do Governo de Transição». O movimento de Agostinho Neto não dissociava a Revolta do Leste desta situação, citando «a presença repentina de Daniel Chipenda no Posto de Ninda, no leste do país». E a cobertura que a Chipenda era dada pelos órgãos de comunicação social, notando «a facilidade com que insistem na (sua) representatividade, colocando-se deste modo em oposição declarada ao articulado nos Acordos da Penina» - o do Alvor.
Daniel Chipenda, para o MPLA, não passava de «um agente do imperialismo internacional, cujos objectivos são sobejamente conhecidos».

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