quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

3 302 - Psicologia no Quitexe e o MPLA no Lobito

Quitexe. A secretaria da CCS e Casa dos Furriéis ficavam na casa ao fundo. 
A imagem foi tirada da Estrada do Café, a Rua de Cima


Os furriéis milicianos António Fernandes e
José Adelino Querido, da 3ª. CCAV. 8423, em
dose dupla. No encontro de Águeda, a
9 de Setembro de 1995

Os dias de Fevereiro de 1975, há 41 anos, iam-se passando algo lentamente, sempre expectando notícias sobre a rotação dos Cavaleiros do Norte. Que não mais chegavam! As guarnições do Batalhão de Cavalaria 8423 -no Quitexe, em Aldeia Viçosa e Vista Alegre/Ponte do Dange - cumpriam os serviços de rotina e, cito o Livro da Unidade, «a saída do oficial de acção psicológica do BCAV ., por motivos disciplinares, e a sua substituição, fez melhorar os trabalhos inerentes àquela função, impulsionando-se a prática de jogos desportivos e, o que é mais importante, fazendo-se um jornal de parede, o qual teve a melhor adesão dos militares, seus únicos colaboradores, e a maior aceitação de sua parte».
A imagem que hoje reproduzimos (aqui ao lado) é a da capa do jornal comemorativo do aniversário no BCAV. 8423. Era feito em policópias e distribuído gratuitamente entre a guarnição.
Ao dia, um curioso trabalho publicado no Diário de Lisboa dava conta de que, segundo dados de 1972, viveriam em Angola 318 895 cidadãos brancos - entre imigrados e nascidos. O trabalho era do Centro de Estudos Africanos da Universidade da Califórnia (por Gerald J. Bember e Stanley Yoder). Mas os números variavam, segundo as fontes. Logo a seguir ao 25 de Abril (e segundo o mesmo estudo americano), «as estimativas sobre o número de brancos em Angola variavam entre os 700 000 e 350 000, sendo 500 000 o número mais espalhado e mais aceite fora de Portugal».
Um ano depois, confirmada a conquista de Nova Lisboa a UNITA, o MPLA avançava sobre o Lobito, «importante porto a sul de Luanda». Depois da queda do Uíge (a «nossa» Carmona), a 4 de Janeiro - que «consagra(va) a derrota da FNLA» -, a de Nova Lisboa (Huambo) era, para o MPLA e Governo angolano, segundo o Diário de Lisboa, «além do êxito militar que representa, constitui uma vitória e um trunfo económico de primeira ordem».
Notícia do Diário de Lisboa de 10 de
Fevereiro de 2006. sobre o avanço do
MPLA sobre o Lobito 
Vitória política, porque a UNITA perdeu a sua capital e o controlo de uma das regiões mais populosas do país. E política, porque o Huambo era simultâneamente uma das regiões mais ricas do país - nomeadamente em termos de produção bovina e agrícola. Quando ao Lobito, tinha o maior porto de Angola, o primeiro em termos de tonelagem e terminal do caminho de ferro de Benguela - por onde transitavam o cobre do Zaire e da Zâmbia.
«Ao entrarem triunfantes no Huambo, as forças do MPLA alcançaram muito mais que um êxito militar», reportava o Diário de Lisboa de 10 de Fevereiro de 1976.

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