sábado, 12 de março de 2016

3 333 - A intentona militar de Lisboa e a calma de Carmona

Os furriéis milicianos Viegas e Cândido Pires na aldeia do Talambanza, à 
saída do Quitexe e na Estrada do Café, para Carmona

Rogério Raposo, à direita, com outro Cavaleiro
do Norte de Zalala, mas ao tempo já em Vista
Alegre, nas quedas do Duque de Bragança,
em turismo... militar!

Aos 12 dias de Março de 1975, chegaram a Carmona (e à guarnição dos Cavaleiros do Norte) ecos dos acontecimentos da véspera, no Portugal europeu. «Intentona fracassada em Lisboa», titulava o jornal «Diário de Luanda», em letras garrafais, referindo-se à falhada tentativa de golpe de Estado dirigida por António Spínola, que a 30 de Setembro de 1974 se demitira da Presidência da República.
A informação chegava a Carmona mais rapidamente que ao Quitexe (que ficava a apenas 40 kms.), principalmente pela imprensa escrita de Luanda - que raramente aparecia na vila-mártir de 61, mas surgia na capital uíjana no avião das 5 da tarde. Mas era pouco clara, mais se assemelhando a boatos que circulavam de boca em boca, com despachos das agências noticiosas nem sempre esclarecedores - o que fazia aumentar a incredibilidade e a suspeição.
O que nos chegava, sem grandes pormenores, era que, a partir da Base Aérea da Tancos, aviões e helicópteros tinham atacado o RAL1, perto do aeroporto de Lisboa, logo pela manhã (9 horas) de 11 de Março, que ao princípio da tarde tinha sido dado o ataque como controlado e que Spínola fugira para Espanha.
Títulos de vários jornais de Lisboa, a
propósito do 11 de Março de 1975
A Emissora Oficial de Angola tinha vagamente falado do golpe ao fim da tarde e com mais algum pormenor no noticiário das 20 horas (de 11 de Março), mas não o ouvimos nós, que a essa hora  andaríamos a vadiar pela cidade. O Diário de Lisboa publicou várias edições nesse dia e, a 12 (hoje se passam 41 anos), falava em «ampla reportagem do acontecimento», referindo que, antes, foi transmitida uma mensagem do Alto Comissário, o general Silva Cardoso, nomeadamente afirmando que «a situação está(va) completamente controlada pelas Forças Armadas».
Preocupou-nos muito, tal situação na capital do Portugal europeu?
Não errarei se disser que continuámos a nossa vida na tranquilidade dos deuses, cumprindo as nossas missões e tentando compreender, isso sim, a hostilidade que cada vez mais notávamos da parte da comunidade civil. Eu próprio, com o Cruz a pouco mais de duas semanas de férias, riscávamos dias no calendário, até ao nosso voo para Luanda e para a Angola do centro e sul que planeávamos ir conhecer. 
- 3 333. O post de hoje tem este número mágico: 3 333!!! 
Por outras palavras, 3 333 vezes (e até foram bem mais...) que
 o blogue Cavaleiros do Norte aproximou a rapaziada que, há 41 
e 42 anos, cumpriu, com garbo e orgulho, a jornada africana do 
Batalhão de Cavalaria 8423 por terras do Uíge angolano. 
Enquanto pudermos e se justificar, por cá continuaremos! 
Abraço para todos!!!
CV

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