sexta-feira, 3 de junho de 2016

3 416 - Encontros de Cavaleiros do Norte e a matança em Carmona em 1975

O 1º. cabo Emanuel Miranda dos Santos, escriturário dos Cavaleiros
do Norte, com um grupo de jovens refugiados dos primeiros dias
dos combates de Carmona, na parda do BC12. Há 41 anos!!

Carmona. Há 41 anos, a Força Aérea Portuguesa
montou imediatamente um esquema de evacuação
dos militantes do MPLA e da
 e da população civil 

que lhe era afecta.  A imagem mostra um 
helicóptero a aterrar na parada do BC12

Os Cavaleiros do Norte terão amanhã, em três pontos distintos do Portugal, encontros de saudade da jornada africana do Uíge angolano: a CCS nos arredores do Porto, a 1ª. CCAV., a de Zalala, em Pombal; a 3º. CCAV,. a da Fazenda Santa Isabel em Ferreira do Zêzere (onde em 2010 confraternizou a CCS) e com um passeio pelo barragem de Castelo do Bode. A 2ª. CCAV., a de Aldeia Viçosa, reunirá em Setembro.
O Comando do Sector do Uíge (CSU)
e Zona Militar Norte (ZMN) em Carmona
Estes encontros - que semanalmente se repetem às dezenas, por todo o Portugal e com outros antigos combatentes, de outras companhias e batalhões... - são uma marca indesmentível do fantástico companheirismo que nasceu e cresceu, e se levedou e multiplicou, em terras de África e todos os anos se multiplica.
O 4 de Junho de 2016 será, pois, e assim, uma data invulgar e muito íntima para todos os Cavaleiros do Norte, tantos anos depois do nosso encontro com a história angolana - que nos honra e nos orgulha. Saberemos todos, amanhã, saborear e fazer memória desses momentos trágicos e fragilizantes, evocando neles os nossos companheiros que já partiram e deles fazendo exemplos para as nossas vidas.
Há 41 anos, a cidade de Carmona continuava enlutada e em guerra aberta, com ferozes e sangrentos combates entre FNLA e MPLA. Assim como pelo Uíge fora.
«A matança prossegue em Carmona (...), Ninguém dispõe ainda do número de mortos, presos e desaparecidos, mas as vítimas serão já muitas dezenas. As ruas estão cheias de cadáveres (...)», noticiava o Diário de Lisboa, reportando os combates iniciados a 1 de Junho de 1975.
O vespertino de Lisboa adiantava que «os comandos da FNLA invadiram e destruíram as casas de dezenas de simpatizantes do MPLA» e sublinhava que «os que escaparam refugiaram-se no Paço Episcopal e no aquartelamento Português» - o BC12.
Íamos já no terceira dia dos trágicos combates de Carmona e os Cavaleiros do Norte eram homens sem sono e sem medo, em missão permanente e sem um recuo. Muitos de nós - mesmo muitos, sabe-se lá quantos... - não tiveram descanso, sequer fome, nestes dias de guerra  aberta, rasgada e multiplicada pelos cantos da cidade. Referia o DL que «a Força Aérea Portuguesa montou imediatamente um esquema de evacuação dos militantes do MPLA e da população civil que lhe é afecta, enquanto o Exército Português procura impedir os raids dos homens de Holden Roberto, que retomaram tragicamente, os métodos da UPA, em 1961».
O capitão José Manuel Cruz,
comandante de Aldeia
Viçosa, com o alferes
miliciano João Machado
O Exército Português estava limitado ao Batalhão de Cavalaria 8423 - os Cavaleiros do Norte... - e Deus sabe quanto heroísmo se soltou da alma dos bravos homens que do BC12 saíam para a cidade, enfrentando mil perigos e salvando centenas de vidas, permanentemente arriscando as suas! Há 41 anos!!!
Há 42 anos e a 3 de Junho de 1974, uma segunda-feira e do aeroporto de Lisboa, partia a 2ª. CCAV. 8423, com destino ao aeroporto internacional de Luanda e num voo dos Transportes Aéreos Militares (TAM). Lá chegou ao princípio da manhã do dia seguinte, 4 de Junho de 1974 (terça-feira). Era comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz e viria a aquartelar-se em Aldeia Viçosa - onde chegou a 10 de Junho.


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