sábado, 25 de junho de 2016

3 438 - Acalmia e preocupações em Carmona, tiroteio em Luanda

Cavaleiros do Norte, a maioria de Transmissões: 1ºs. cabos Soares (atirador), Oliveira e Pais, furriel 
Rocha, 1º. cabo Estrela (braços cruzados e sem boina), Silva, alferes Hermida (de bigode), Zambujo, 
furriel Pires (de braços cruzados), Abel Felicíssimo (1ª. CCAV., de bigode e atrás), 1º. cabo Mendes (de 
quico e bigode), Soares, 1º. cabo Pires (escriturário?) e Wilson. Em baixo, Jorge Silva (3ª. CCAV.), 
José Costa, Salgueiro (?), furriel Cruz e 1º. cabo Tomás


António Santana Cabrita, soldado básico da
CCS, aqui com o furriel Viegas (à esquerda) e
crianças da sanzala da Talambanza, na saída
do Quitexe, na estrada para Carmona, em 1974.
Em baixo, há um ano e em Cascais, com os furriéis
milicianos Viegas e Cruz, todos da CCS
Carmona, há 41 anos e depois da trágica primeira semana de Junho - semana de «momentos difíceis, preocupantes em todos os aspectos», como sublinha o Livro da Unidade -, vivia a pacificação, controlada a segurança pela guarnição do Batalhão de Cavalaria 8423, muito embora «sob forte tensão emocional, quer pelos alguns atritos que voltaram a dar-se», quer também porque se viveram «momentos de carências logísticas», de que, aliás, já aqui falámos.
O Livro da Unidade, que citamos, refere que «são reflexo do estado de latente conflito que continua e dá azo a um desabar de esperanças que se possa ver em bom e belo panorama o dia de amanhã», como escreveu o comandante Almeida e Brito.
Luanda, a capital, também, vivia «um período de acalmia», logo a seguir à Cimeira de Nakuru, no entanto quebrada por «tiroteios esporádicos e alguns rebentamentos de morteiros nos bairros Operário, Vila Alice e Marçal». 
O Alto-Comissário, em comunicado, dava conta da «actuação de bandos de marginais armados, em alguns casos usando uniformes dos movimentos de libertação» e o seu reflexo no «amedrontamento da população, que vive em contínua instabilidade psicológica». O Diário de Lisboa noticiava assistir-se a «um possível início de actividades de terrorismo urbano, com o aparecimento de explosivos tipo armadilha».
Um ano antes, era terça-feira e através da leitura da imprensa soube-se que o funcionamento da PIDE/DGS em Angola custava anualmente 156 000 contos - o equivalente a 35 270 000 de euros, segundo o conversor da PORDATA. Tinha, para além de um director e de um sub-director provinciais, 6 inspectores adjuntos, 22 subinspectores, 61 chefes de brigada (incluindo uma mulher), 80 agentes de primeira (5 mulheres), 330 agentes de segunda, 17 agentes femininos de 2ª., estagiários, 15 agentes motoristas e pessoal técnico auxiliar de identificação, transmissão e administrativos - incluindo 50 guardas prisionais e 9 contínuos. Ao todo, 877 pessoas.
A PIDE/DGS, segundo o orçamento de 1974, tinha 6000 contos para gastos confidenciais e 8000 para informadores. A manutenção de grupos de Flechas, o seu braço armado, dispunha de uma verba própria: 32 000 contos - 5 180 000 milhões de euros, a custos de hoje.
Publicamos hoje, em fac-simile, a página da Ordem de Serviço nº. 55, do RC4, da 7 de Março de 1974, com a apresentação de mais três Cavaleiros do Norte, «por terem sido nomeados para o ultramar» e para as respectivas Companhias:
- CCS, a do Quitexe: António Santana Cabrita, soldado básico, natural do Alvor, em Portimão (Algarve) e agora residente em Cascais.
- 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala: os soldados de transmissões de infantaria José António Gomes de Almeida, de Sesimbra; e José Pereira da Costa Aires, da Baixa da Banheira, na Moita.
Os três chegaram do Batalhão de Reconhecimento de Transmissões (BRT), aquartelado na Trafaria.

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