terça-feira, 19 de julho de 2016

3 462 - Violência e exigências em Luanda, Cavaleiros expectantes...

O 1º. cabo Emanuel Miranda dos Santos na parada do BC12, com um 
grupo de crianças angolanas. É da Gafanha da Boa Hora, em Vagos 
e está emigrado nos Estados Unidos


Os 1ºs. cabos Rodolfo Tomás e António Pais,
com o soldado António Silva: três rádio-montadores
dos Cavaleiros do Norte
As associações económicas de Angola exigiram, a 19 de Julho de 1974, «a execução imediata do programa de descolonização» e manifestaram, por outro lado, «discordância pela existência de um Governo local sem  representação das correntes políticas angolanas, quase reduzido a um agrupamento tecnocrata que não pode corresponder à evolução programada pelo Movimento das Forças Armadas».
José Borges Martins. Cavaleiro do Norte
de Zalala, com a cadela «Come-se-há»
O motivo, segundo o seu comunicado de faz hoje 42 anos, levou a que deliberasse enviar a Lisboa uma delegação «na procura de soluções para os problemas decorrentes da situação em Angola». No essencial, contestavam «a legitimidade do Governo local», para além de condenarem «a vaga de violência dos musseques de Luanda».
Os Cavaleiros do Norte, com quase 2 meses de jornada africana do Uíge Angolano, eram indiferentes a estas movimentações políticas e procuravam (e conseguiam) consolidar as suas posições, a partir dos aquartelamentos do Quitexe (onde estavam a CCS e o Pelotão de Morteiros 4281), Fazenda Zalala (1ª. CCAV. 8423), Aldeia Viçosa (2ª. CCAV. 8423) e Fazenda Santa Isabel (3ª. CCAV.) para além dos Destacamentos de Luísa Maria (um grupo de combate do BCAV. 8423), Fazenda Liberato (CCAÇ. 209/RI 21), Vista Alegre e Ponte do Dange (CCAÇ. 4145) e, desde a véspera, Camabatela e Quiculungo (1ª. CART. do BART. 6322/COTI 2).
Pior, bem pior estava a situação em Luanda, um ano depois: «Esta manhã registaram-se rebentamentos de morteiros e intenso tiroteio junto a Fortaleza de S. Pedro da Barra, situada a 7 quilómetros do centro de Luanda e onde se acantonaram 600 militares da FNLA», noticiava o Diário de Lisboa dessa tarde, admitindo que pudessem ser 1000, os «fnla´s» acantonados. 
Os militares  portugueses faziam a segurança da PETRANGOL, refinaria muito próxima que, apesar disso, cessou a actividade, o que, admitia o Diário de Lisboa, «pode vir a provocar problemas de abastecimento, nomeadamente para aviões». A ponte aérea para Lisboa, já ia no 45º. voo, nesse mesmo dia.
O fornecimento de farinha (e de pão...) também estava em causa e registavam-se bichas de 500 metros nas padarias. A maior fábrica de farinha de Angola ficava nas imediações da PETRANGOL. Os combates entre a FNLA e o MPLA, em Luanda, registavam-se há já mais de uma semana, com «clara vantagem» para o movimento de Agostinho Neto.
Em Salazar, actual Ndalatando (relativamente próximo de Carmona) e depois de «graves incidentes nos últimos dias», a situação voltava à normalidade, mas registaram-se «novos recontros» em Henrique de Carvalho (Saurimo) e no Luso (Luena), cidades que ficaram controladas pelo MPLA.  Pelo Uíge, «reinava» a FNLA - sempre a reivindicar, a exigir e a ameaçar as NT, os Cavaleiros do Norte. Cavaleiros do Norte que, com data de saída prevista para 3 de Agosto (e dias seguintes) expectavam sobre o futuro mais próximo mas convictos e seguros da sua missão de defesa de pessoas e bens da sua zona de acção. 

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