domingo, 14 de agosto de 2016

3 488 - Cavaleiros à espera de Lisboa, MPLA convidado a sair de Luanda!

Cavaleiros do Norte em pose no Quitexe: furriéis milicianos Fernando  Pires e Luís Costa (ambos do 
Pelotão de Morteiros 4281). Graciano,  Fernandes, Carvalho (de boina) e Rocha (da CCS). Na linha do 
meio: Cardoso (de bigode), Grenha Lopes, Flora (de cara tapada pelas mãos do  Fernandes) e Viegas (da 
CCS, de dedo no ar e esticado), Depois, Abrandes  (de cachimbo, estava adido à CCS), Rabiço, Reino (?, 
tapado pela mão direita do Bento) e  Bento (CCS). À frente deste, o Ribeiro. À direita e de pé, o 1º. sargento
Marchã. Todos da 3ª. CCAV. 8423, salvo as excepções indicadas    

O alferes miliciano Fernando António Morgado
Ramos foi Cavaleiro do Norte entre Maio de Julho
de 1975. Faz hoje 66 anos e é advogado em
Vila Nova de Foz Coa. Parabéns! 

Os dias de Agosto de 1975 iam correndo, passando-se no Grafanil ora pela praias luandinas (para quem podia...) e os Cavaleiros do Norte do BCAV . 8423  continuavam sem novas algumas, sobre o desejadíssimo regresso a Portugal. Ser «unidade reserva de Angola» (uma espécie de prevenção simples que julgo por uma só vez ter sido activada) pouco nos dizia e menos nos ocupava. Por mim e para além dos serviços de ordem, naturalmente obrigatórios, continuava preocupado e a tentar procurar familiares e conterrâneos civis - espalhados pelo imenso território de Angola. Usando todos os meios possíveis e imaginários.
O padre Albino Capela no baptizado de Elizabete Rei,
no Quitexe. Foi ordenado pela Ordem dos Frades
Menores Capuchinhos a 14 de Agosto de 1966, no
Porto. Hoje se passam 50 anos! 

O dia 14, uma 5ª.-feira, não teve novidades especiais neste campo, a não ser ter localizado em Luanda a família da esposa de Clemente Pinheiro, que fazia vida pela Gabela e se pôs em Luanda, assim que pôde. E nesse dia já estava em Portugal, como releio no correio desse dia, enviado a minha mãe. 
Os géneros alimentícios escasseavam e eram vulgaríssimas as bichas à porta dos restaurantes. E das bombas de gasolina, estas com quilómetros de carros a tentarem abastecimento de gasolina. Que não havia. Os bancos eram, outros pontos de bichas, com «centenas de pessoas a tentarem levantar dinheiro», segundo o Diário de Lisboa, mas operação que «se tornou agoira difícil, depois de uma recente medida condicionando os saques, decretada pelo ministro das Finanças, Saidy Mingas», que, desta maneira, pretendia «evitar a fuga constate de capital».
Apesar destas e de outras condicionantes, poderia dizer-se que a cidade de Luanda estava calma, o mesmo não de podendo dizer do Lobito, onde decorriam combates desde as 5 horas da manhã desse dia 14 de Agosto de 1975 e a cidade estava «virtualmente paralisada, sem abastecimento de água e de luz», tendendo a situação militar para o lado da FNLA e da UNITA, que combatiam o MPLA - cujos militares, relata o Diário de Lisboa, estariam «a solicitar refúgio nos quartéis portugueses».
Notícia dos Diário de Lisboa de 14 de Agosto
de 1975 sobre o convite (recusado) para
o MPLA sair de Luanda
Em Nova Lisboa, prosseguia a evacuação dos 30 000 refugiados e preparava-se também a de elementos das FAPLA e de cerca de 2000 militantes do MPLA - movimento que ali tinha perdido os combates com a coligação. 
Por Luanda, confirmava-se que o MPLA tinha sido convidado a sair, com o objectivo (das autoridades portuguesas) de «criar ali uma zona de paz, que permitisse receber os refugiados em melhores condições».
O MPLA, porém opôs-se a tal ideia, alegando que FNLA e UNITA «continuavam a dominar várias cidades do país, sem que a sua retirada tenha ainda sido exigida».

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