segunda-feira, 15 de agosto de 2016

3 489 - Cavaleiros por Luanda fora e um Governo de Cabinda

Pinto e Eusébio, à esquerda e de pé, ambos aniversariantes de 15 de 
Agosto, nascidos em 1952, Eusébio Manuel Martins faleceu de doença, a 
16 de Abril de 2014, em Belmonte. Depois, Mota Viana e  Rodrigues. 
Sentados, João ias, Plácido Queirós e Jorge Barreto. Imagem de 2012

Américo Rodrigues, Plácido Queirós e Eusébio
 Manuel Martins, há 42 anos, em Zalala. Em
baixo, Manuel Moreira Pinto


Luanda, 15 de Agosto de 1975. É feriado nacional e dia de algum relaxe para os praças Cavaleiros do Norte, autorizados a «viajar» até Luanda e aos seus prazeres, embora com hora marcada para o regresso. E algumas obrigações: andarem sempre em grupos de cinco/seis e frequentarem os sítios que indicavam no «passaporte». Compreende-se a razão: se tivessem de ser procurados (fosse porque razão fosse), havia pontos seguros para os achar.
A cidade, com falta de abastecimentos, não ficava muito convidativa, mas o prazer de a galgar, de a conhecer, de a esventrar e saborear os prazeres que lhe sobravam, levou dezenas de Cavaleiros do Norte a encherem berliets e carrinhas no Grafanil, «despejadas» na Portugália a meio da manhã. Voltariam, ao fim da tarde, para os levar ao Grafanil, mas a partir do largo Serpa Pinto, perto do Katekero. 
Ao tempo, a UNITA já não tinha qualquer elemento (dirigente ou militar) em Luanda e da FNLA «sobravam» Samuel Abrigada e Graça Tavares. O MPLA, corridos os seus rivais, era o «senhor da guerra» na capital angolana e, por não existirem combates, respirava-se uma estranha paz e todos circulávamos sem preocupações de maior, enchendo as esplanadas da baixa - a famosa Portugália, o Amazonas, a Biker, a Mutamba..., o Polo Norte, os churrascos dos dois Florestas e as marisqueiras da ilha (na Restinga). 
O condutor Nogueira, do Liberato, que hoje
faz 64 anos, aqui com o Viegas em Abril de 2016,
na cidade de Lisboa
Era um «ver-se-te-avias», não escapando, para muitos, uma saltada ao 8, ao 13, ao 24 (/ou congéneres), ao Gruta ou ao Tamar, ao Diamante Negro, ao Pérola Negra e a outros locais mais ou menos lascivos, cujos nomes a memória já esqueceu.
Cabinda era um dos outros «pontos quentes» do conflito angolano e era notícia: Luís Ranque Franque, presidente da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC), tinha declarado a independência a 1 de Agosto e nomeou um governo de 17 elementos, sendo 12 deles ministros. 
Notícia do Diário de Lisboa sobre
um novo Governo de Cabinda no exílio
O MPLA, UNITA e FNLA, todavia, eram «contra a secessão» e mantiveram as suas forças (militares) no enclave, pelo que anúncio unilateral da independência não teve quaisquer resultados práticos.
De todo o modo, lembramos os nomes dos principais ministros do auto-proclamado Estado de Cabinda, apresentados em Kinshasa, no Zaire: Francisco Xavier Lubota (1º. ministro), coronel Jean da Costa (ministro da Defesa), Albert Ngoma (Interior) e Charles Sambu Pena (Negócios Estrangeiros).
Um mês antes, um intitulado Governo Revolucionário Provisório de Cabinda (GRPC) tinha sido constituído e anunciado em Paris, por Nzita Henriques Tiago, que era vice-presidente da FLEC. Mas a sua legitimidade não foi reconhecida por Luís Ranque Franque. Nzita Henrique Tiago «respondeu» da mesma moeda e, sobre o governo anunciado por Luís Ranque Franque, considerou-o «minoritário, fantoche e impopular».
Cabinda era considerada parte integrante de Angola e «um enclave rico em petróleo e outros minerais» - sem esquecer a riqueza florestal.  Situa-se entre o rio Congo e o Zaire (agora República Democrática do Congo).  É uma das províncias da República Popular de Angola.

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