terça-feira, 23 de agosto de 2016

3 497 - Holden Roberto em Carmona e tréguas em Sá da Bandeira

Grupo de Cavaleiros do Norte na porta da messe e bar de sargentos 
do Quitexe: os furriéis milicianos António Flora, José Grenha Lopes, 
Agostinho Belo, Francisco Manuel Bento e Joaquim Cardoso

Holden Roberto, presidente da FNLA, terá
chegado a Carmona há precisamente 41 anos,
num avio da Air Zaire

Carmona e o Uíge andavam «desaparecidos» dos mapas noticiosos, mas surgiram em força a 23 de Agosto de 1975. E com que força: Holden Roberto, o presidente da FNLA, tinha desembarcado no aeroporto da cidade, chegado de Kinshasa, a capital do Zaire.
«Viajando num avião da Air Zaire, acompanhado de Johny Eduardo, que desempenhou as funções de 1º. Ministro do Colégio Presidencial do Governo de Transição, não deu qualquer explicação para a sua reentrada em território angolano, mas a viagem coincide com uma recuperação, pelo MPLA, que empurrou a FNLA para norte do rio Dande e, na zona de Lucala, quase até Samba Caju», noticiava o Diário de Lisboa.
Simultâneamente e também na capital do Zaire, o secretário dos Negócios Estrangeiros da UNITA (Jonas Macumbo), negou «a existência de qualquer acordo coma  FNLA», mas o Jornal de Angola desse dia 23 de Agosto de 1975 noticiava que «se crê em Luanda que a a reunião magna da UNITA poderá decidir oficialmente uma aliança com a FNLA, contra o MPLA». O mesmo jornal acrescentava que o MPLA e a FNLA contavam cada qual, com «o apoio tribal de mais de 40% da população total de Angola», pelo que «ambos estariam interessados em associar-se à UNITA».
UNITA de Jonas Savimbi que, a crer na opinião de fontes diplomáticas do tempo, «limitar-se-á a uma aliança militar táctica».
O casal Isaurinda e António
Carlos Letras, há 40 anos! E 40
anos depois, em 2016 (em baixo)!
Ao mesmo tempo, os americanos negavam «o envio de armamento, a partir da Alemanha, para Carmona e o Negage» e em Sá da Bandeira, na véspera, «houve várias confrontações entre as forças em presença».
Os responsáveis dos três movimentos de libertação reunido com o Governador e o comandante militar portugueses, tendo acordado «cessar as hostilidades, recolher as forças aos respectivos quartéis, passar a cidade a ser patrulhada exclusivamente pelas nossas tropas (as portuguesas) e continuar a reunião hoje» - dia 23 de Agosto.
Um ano depois, mal se imaginaria, mas (a 22 de Agosto de 1976) o então já ex-furriel miliciano António Carlos Dias Letras (da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa) consorciou-se com Isaurinda - a mulher de toda a sua vida, que lhe «deu» um casal de filhos. Filho de gente alentejana de Vila Nova da Baronia, no Alvito (o pai) e Baleizão, de Beja (a mãe), nasceu António Carlos na Barragem da Venda Nova, quando por lá a família ganhava a vida. 
O dia da paixão maior aqui fica recordado, não sem lembrar que o casalinho, agora já livre de responsabilidades profissionais, vai dividindo o seu tempo por frequentes férias, a correr o país,  e (ele) em altas pescarias, caminhadas e convívios sociais. Vidas de lordes! Parabéns!!!

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