segunda-feira, 22 de agosto de 2016

3 496 - Ataque da UNITA a militares portugueses e aviões com armas no Negage

Os 1ºs. cabos Joaquim Rama Breda, condutor, que hoje faz 64 anos na Barosa, 
em Leiria (já aposentado),  e Victor Manuel da Cunha Vieira (o Sacristão),  
da Vidigueira, num  momento musical no Quitexe


Fernandes (3ª. CCAV. 8423) e Viegas (CCS), dois
furriéis milicianos Cavaleiros do Norte na Avenida
do Quitexe, em Janeiro de 1975

A 22 de Agosto de 1975, uma sexta-feira de há precisamente 41 anos, chegaram a Luanda ecos de uma frustrada tentativa de golpe militar em Lisboa. Golpe que por lá, sem grande informação, não entendemos muito bem, ou mesmo nada. Relatava o Diário de Lisboa, através do seu correspondente na capital angolana, que «aparentemente estava despoletada (...) uma das crises mais perigosas da vida política nacional dos últimos tempos».
Base Aérea ao Negage, em foto dos anos 70 (tirada
da net). Há 41 anos, a FNLA estaria  ali a receber
armamento americano pesado, a chegar do Zaire
Ia tomar posse o VI Governo, presidido por Vasco Gonçalves, e por Luanda, um informador do MPLA segredou a Diário de Lisboa que «tinham sido abatidos elementos brancos tidos como mercenários, provavelmente americanos» nos combates da zona do Caxito, entre FNLA e MPLA. Abatidos pelo MPLA, entenda-se.
A ser verdade, e ainda segundo o DL, «tal facto apenas vem confirmar diversos boatos que falam da presença de americanos e chineses na orientação das forças da FNLA que actuam naquele sector».
Outra notícia do dia tinha (relativamente algo) a ver com os os Cavaleiros do Norte, mais propriamente com a base do Negage, onde, segundo o MPLA, estariam a pousar aviões que «transportam material de armamento, entre o qual canhões, provenientes de bases americanas da Alemanha». Estariam, não estariam?
«Há uma ponte aérea entre Kinshasa (Zaire) e Negage, no norte de Angola, para transportar as armas destinadas à FNLA», denunciava o MPLA. 
A UNITA e a FNLA, em Nova Lisboa, divulgavam um comunicado sobre «os graves desmandos cometidos por certos destacamentos das FALA contra unidades das Forças Armadas Portuguesas que eram evacuadas para Nova Lisboa», que tinham ocorrido «no decurso da última semana e princípio desta», nomeadamente em Cela, Nidugo, General Machado e Chicala.
Notícia do Diário de Lisboa sobra o abate
de mercenários nos combates do Caxito
Os dirigentes da UNITA e da FNLA apresentaram «sinceras desculpas» às autoridades portuguesas e as FALA (Forças Armadas de Libertação de Angola, o braço armado da UNITA) disseram «estar em vias de apurar os acontecimentos, para que não se repitam jamais e, também, para que os responsáveis de tais desmandos sejam punidos».
Enquanto isso, o MPLA conquistou Lucala (importante nó rodoviário da estrada entre Luanda e Malange) e em Sá da Bandeira «recomeçaram ontem as confrontações, opondo o MPLA à nova FNLA/UNITA».
Os Cavaleiros do Norte aquartelavam-se no Grafanil e asseguravam os serviços internos - embora sempre na expectativa de poderem intervir a qualquer momento. O que, felizmente, não voltou a acontecer.

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