quinta-feira, 25 de agosto de 2016

3 499 - Combates diários e uma guerra para 2 ou 3 anos...

Cavaleiros do Norte na parada do Quitexe: 1ºs. cabos Soares, Oliveira e 
Pais, furriel Rocha (de boina), 1º. cabo Estrela (de braços cruzados), 
Silva, alferes Hermida, Zambujo, furriel Pires (de braços cruzados), 
Felicíssimo, Mendes, Soares, 1º. cabo Pires (Fecho-Eclair) e  NN. Em 
baixo, NN,  1ºs. cabos Mendes e Salgueiro, furriel Cruz e 1º. cabo Tomás 


José António Nascimento. José Lino e
Plácido Queirós: três cavaleiros do
Norte num momento de boa disposição

O confiante MPLA declarou, a 25 de Agosto de 1975 e através de um seu alto dirigente, que «a guerra durará ainda talvez mais uns dois ou três anos, mas venceremos no terreno».
Os combates, referia o Diário de Lisboa, prosseguiam «diariamente entre os movimentos rivais, sem nunca se apresentar um vencedor definitivo». Os recontros, acrescentava o jornal da capital portuguesa, «deslocam-se no mapa do território e todos os dias de dissipa mais a eventualidade de um acordo de cessar-fogo». Por outro lado, «os movimentos vão procurando obter armas, segundo as suas alianças, e treinam os seus combatentes como que a preparem-se para lutar por vários anos».
Furriéis milicianos José  Pires e Neto na
rampa da messe de sargentos (ex-oficiais)
 do Bairro Montanha Pinto em Carmona
Luanda, por onde (no Grafanil) continuavam os Cavaleiros da Norte, aparentava a calma de que temos falado, mas sempre sob a iminência do ataque que a FNLA anunciava a partir do Caxito. A cidade estava controlada pelo MPLA e o mesmo passou a acontecer em Sá da Bandeira, depois de um acordo com a UNITA - que implicou a saída deste movimento, e da FNLA, da cidade. Todo o distrito do Lubango ficou sob controlo das forças de Agostinho Neto.
O acordo tinha referência específica à Facção Chipenda (ao tempo aliado da FNLA), admitindo que «os seus homens poderão ingressar no MPLA, se assim o desejarem».
Pior, bem pior, iam as coisas por Nova Lisboa - de onde eu continuava sem notícias dos familiares e amigos que por lá faziam pela vida. A cidade (actual Huambo) estava em polvorosa: «As perseguições a militantes e simpatizantes do MPLA atingem enorme violência. Tropas e muitos militantes daquele movimento refugiaram-se nos quartéis portugueses, aguardando agora que um contacto entre o MPLA e a UNITA possa estabelecer a sua retirada da cidade e a troca de prisioneiros». 
A cidade estava a receber dezenas de milhares de refugiados, oriundos de várias partes do território angolano: «O êxodo em direcção à capital do Huambo continua, agora a partir de Sá da Bandeira, fazendo aumentar constantemente o número de refugiados, que poderá atingir em breve os 150 000», referia o Diário de Lisboa, acrescentando que «as evacuação de Nova Lisboa para Portugal estão, nesta altura, a processar-se na ordem das 4000 pessoas por semana, esperando-se que este número possa ser em breve aumentado para o quádruplo».
A agravar a situação huambana, notava-se «a falta de electricidade, carência de produtos alimentares e deficiente assistência médica».
Enquanto isso,
Uma página do Diário de Lisboa
de 25 de Agosto de 1975, há 41 anos,
com notícias de Angola
prosseguiam os contactos entre o MPLA e a UNITA, para a realização da cimeira que tinha estado marcada para o dia 21 (na Base Aérea nº. 9) e foi adiada, porque os dirigentes deste último movimento (o de Jonas Savimbi) alegaram não terem protecção em Luanda - a cidade do encontro.
O Diário de Lisboa (ver a imagem ao lado) desse dia 25 de Agosto de 1975 considerava que «o cancelamento não significa o fim dos contactos entre os dois movimentos», admitindo até que nos próximos dias se poderia vir a realizar «em outro local de Angola, ou até mesmo em Lisboa»

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