sábado, 27 de agosto de 2016

3 501 - Fuzilamento de 6 FAPLA e Cavaleiros à espera do regresso!

Cavaleiros do Norte no jardim da piscina de Carmona, em Maio/Junho de 1975: o furriel Nelson Rocha (de 
transmissões), o alferes Pedrosa de Oliveira (atirador de Cavalaria) e os furriéis Manuel Afonso Machado 
(que amanhã, 28 de Agosto de 2016,  faz 65 anos, em Braga; mecânico de armamento), José Lino 
(mecânico-auto) e António José Cruz (rádio-montador)


A picada para Santa Isabel, a 15 kms. da mítica fazenda
onde esteve a 3ª. CCAV. 8423. Aqui com um grupo
de combatentes da 3ª. CCAÇ. do BCAǪ. 4211, que
imediatamente antecedeu os Cavaleiros do Norte.
Clicar na imagem (da net) para a ampliar

Os dias de Agosto de 1975 corriam para o fim e nada de os Cavaleiros do Norte saberem de data de regresso. Muito expectada, é verdade, mas nada anunciada. As suas actividades continuavam limitadas aos serviços internos, nas instalações do BIA - que receberam  muito degradadas e, na medida do possível, foram recuperando, para que os seus homens tivessem um mínimo de comodidades.
Victor Faustino, mecânico de Santa Isabel, com a
esposa, emigrante na Austrália. Há 3 anos fez 16 800
quilómetros, desde este país,para participar
no encontro da 3ª. CCAV. 8423 de 2013.
Luanda era um farto campo de especulações e murmurava-se «a formação de uma Junta Militar que assegurar a governação de Angola». Teria funções idênticas às do Alto Comissário, «conferidas pelo Acordo do Alvor», e, no caso de algum ministro do Governo de Transição abandonar o seu lugar, «o cargo será suprimido por um director geral nomeado pela Junta».
Continuava também a falar-se da anunciada e ainda não concretizada cimeira entre o MPLA e a UNITA. Estavam mesmo «a decorrer contactos» entre os dois movimentos e estes «poderão, eventualmente, levar ao estabelecimento de uma plataforma de entendimentos».
O MPLA, nesse mesmo 27 de Agosto de 1975, é que não teve dúvidas em acusar a África do Sul de «violar território angolano», apontando o dia 21 como data de «forças sul-africanas, partindo da Namíbia», terem passado a fronteira «através do posto de Santa Clara, povoação que foi totalmente  arrasada».
Os dirigentes do MPLA apontaram o dedo às autoridades portuguesas, para que «assumam as suas responsabilidades, face aos acontecimentos» e, em comunicado, citaram 26 de Agosto de 1975 como data em que as forças sul-africanas «voltaram a violar Santa Cruz, prosseguindo desta vez a sua marcha através da povoação de Namacunde, em direcção a Chieve».
Notícia do Diário de Lisboa sobre o julgamento
e fuzilamento de 6 elementos das FAPLA
O mesmo MPLA, a 27 de Agosto de 1975, executou seis militares (das FAPLA), julgados em tribunal popular, realizado no Bairro Sambizanga. Acusados de «violarem, roubarem e assassinarem 11 pessoas», foram executados em fuzilamento público.
O Estado Maior das FAPLA, sobre este caso, chamou a atenção de «todos os militantes do MPLA» sob sua autoridade «para a necessidade de cumprirem integral e conscientemente as disposições contidas na lei de disciplina das FAPLA» e reafirmou que «toda a infracção a essa lei será punida com a justiça e a rapidez que ela permite e que a gravidade do caso impuser».
O próprio presidente Agostinho Neto realçou «a disciplinação e normalização da vida nas zonas controlada pelo MPLA».

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