quarta-feira, 31 de agosto de 2016

3 505 - O último dia de Agosto em Luanda e a UNITA em Lisboa

Três furriéis milicianos de Operações Especiais (Rangers) da CCS dos 
Cavaleiros do Norte, ainda no Quitexe: Neto, Viegas e Monteiro. 
A 31 de Agosto de 1975, foram de Viana para as praias da Ilha de Luanda

Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, todos furriéis
milicianos e ainda em Aldeia Viçosa: António Rebelo,
Amorim Martins. Abel Mourato e Mário Matos  

O mês de Agosto de 1975 chegou ao fim e nada de novo «transpirava» no aquartelamento do BIA, no Grafanil,  para matar a ansiedade dos Cavaleiros do Norte: saber a data da partida para Lisboa. E continuava embaralhada a situação, lá por Angola. 

O dia 31 de há precisamente 41 anos foi domingo e folga larga para a rapaziada laurear o queijo pela imensa Luanda, logo pela manhã.
Cavaleiros do Norte de Zalala numa esplanada da ilha
de Luanda, em Agosto de 1975: os furriéis milicianos Plácido
Jorge Queirós e José António Nascimento
Idos directamente da casa de Viana, Monteiro, Viegas e Neto (no carro deste) viajaram para as areias da praia da Ilha de Luanda, com almoço na Barracuda e, já pelo meio da tarde, com obrigatória passagem pelo Amazonas (ou pelo Baleizão?) para refrescar gargantas e antecipar farto jantar no Mutamba.
Os movimentos não se entendiam, todos se acusavam a todos e a UNITA, em Lisboa (na véspera, dia 30 e numa conferência de imprensa), afirmava-se «movimento de libertação tranquilo, em relação ao apoio desfrutado junto do povo e a capacidade de mobilização, politização e organização dos camponeses, operários e intelectuais revolucionários conscientes».
O movimento de Jonas Savimbi fez-se representar por José N´dele  (1º. ministro do Governo de Transição que o Alto Comissário intrino suspendera dias antes), Wilson Santos (do bureau político e comité central) e Paulo Tjipilica (delegado em Luanda) e desmentiu o acordo de cessar fogo com o MPLA e a realização de acções integradas com a FNLA.
Notícia do Diário de Lisboa de 30 de Agosto de 1975
sobre a situação de Angola e a posição da UNITA
«Pensamos, na UNITA, que é uma ilusão que algumas organizações políticas em presença possam dominar Angola pela força, sobretudo através de actuações do tipo anti-popular e anti-nacional», acrescentaram os dirigentes do movimento de Jonas Savimbi, sublinhando também que «nunca aceitaria participar num Governo de balcanização do país» e, por outro lado, que «são inimigos do nosso povo os que preparam, em Portugal e Angola, a quinta coluna que se destinaria a lutar no nosso país ao lado de um dos movimentos de libertação».
«A solução viável para o conflito que grassa em Angola», segundo a UNITA, passaria pelo «diálogo com representantes dos reais interesses do povo angolano com as autoridades portuguesas». E, ainda segundo a UNITA, «parece chegado o momento para as soluções políticas».
Ao mesmo tempo, o MPLA, segundo declarações de um seu dirigente ao Diário de Lisboa, acusava a UNITA de «ter presentemente cerca de 1000 prisioneiros do movimento de Neto, alguns dos quais personalidades muito importantes para o actual processo». Quem eram? Não dizia.

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