sábado, 3 de setembro de 2016

3 508 - O regresso a poucos dias e FNLA perto de Luanda!

Cavaleiros do Norte na porta do bar de sargentos do Quitexe: os furriéis
milicianos Francisco Bento (de Reconhecimento, Informações e Operações)
e os Operações Especiais (Rangers) Armindo Reino (da 3ª. CCAV. 85423)
e Viegas (da CCS e de serviço, como se vê pela braçadeira e arma)
Furriéis milicianos Luís Filipe Costa (Morteiros) e
Joaquim Augusto Farinhas (Sapadores), falecido, de
doença e em Amarante, sua terra natal, a 14/07/2005 

Quarta-feira, 3 de Setembro de 1975. O dia do regresso esta cada vez mais próximo, seria a 8 seguinte e no navio «Niassa», e os Cavaleiros do Norte do Batalhão de Cavalaria 8423 atarefam-se a preparar as malas finais, com muitos pedidos de civis para que lhes transportem bens para Lisboa, na cubicagem que  tinham atribuída.
Há alguma ansiedade na guarnição e muitos antecipam, às famílias, a data do regresso. Não foi o meu caso, que queria e cheguei de surpresa.
Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia
Viçosa: furriéis milicianos António Carlos Letras e
Abel Maria Mourato num jardim de Carmona
Luanda continuava grávida de boatos e  soube-se que o Governo Português, perante «as suas responsabilidades históricas», acabara de «adoptar medidas de emergência tendentes a proporcionarem uma acção mais correcta no problema angolano e a concorrerem ara a normalização da vida naquele território».
Soube-se também, por um comunicado do MPLA, que forças da FNLA tinham conseguido, no domingo (dia 31 de Agosto), avançar até 20 kms. de Luanda, mas que «foram por forças do MPLA para 40 kms . da capital». 
«Deixámo-los avançar para um terreno que conhecíamos perfeitamente, porque tínhamos falta de artilharia, e depois contra-atacámos», contou um militar do MPLA, ao Diário de Lisboa - que citamos, da edição de 3 de Setembro de 1975, em serviço da France Press. Acrescentou que o objectivo da FNLA era «destruir as reservas de água que abastecem a cidade de Luanda e que se encontram a 20 kms. da capital».
A sul, o mesmo MPLA «conseguiu repelir a força invasora sul-africana (...), forçando-a a retirar-se para além da fronteira», libertando Quilengues, enquanto «um destacamento ocupava novamente Vila Roçadas, preparando-se outro para retomar posições em Ngiva».
Notícias do Diário de Lisboa de há 41
anos, sobre a situação em Angola
Tensas estava as relações das Forças Armadas Portuguesas com a FNLA, com um grupo de oficiais, sargentos e praças a, num comunicado, «denunciarem provocações que vem sofrendo» e dando conta que «quatro militares portugueses foram aprisionados pela FNLA, tendo um sido morto». Exigiram «a libertação imediata dos prisioneiros e a apresentação pública de desculpas pela FNLA», no espaço de 24 horas - passadas as quais, exigiriam do COPLAD «uma acção punitiva contra as forças do ELNA» - o Exército de Libertação Nacional de Angola. Não temos conhecimento de evolução do caso, apesar das diligências agora efectuadas. Ao tempo, a situação «passou ao lado» do BCAV. 8423 - que continuava no BIA, do Campo Militar do Grafanil, a contar os dias para 8 de Setembro.

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