domingo, 11 de setembro de 2016

3 516 - Cavaleiros de Santa Isabel voaram de Luanda para Lisboa!

Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, este ano
reunidos em Ferreira do Zêzere. Regressaram a Portugal a 11 de
Setembro de 1975, hoje, precisamente, se fazem 41 anos!

Cavaleiros do Norte de Santa Isabel. Em grande
plano, o capitão José Paulo Fernandes (comandante
da 3ª. CCAV. 8423) e o 1º. sargento Francisco Marchã

Quinta-feira, dia 11 de Setembro de 1975. Há precisamente 41 anos!!! A madrugada «acordou» quente, na última alvorada da 3ª. CAV. 8423 em terras de Angola. Os Cavaleiros do Norte da Fazenda Santa Isabel iam partir para o aeroporto de Luanda e, daqui, em voo directo para Lisboa. E partiram! O adeus ao Campo Militar do Grafanil viria a ser (e foi) pelas 6 horas da manhã - depois de uma noite de ansiedade entre is jovens militares.
Cavaleiros do Norte de Santa Isabel: os furriéis
milicianos António Flora, Agostinho Belo,
António Fernandes e Alcides Ricardo
As Berliets mal chegaram e logo se ocuparam, com homens e bagagens, galgando depois a estrada de Catete, com os comandados do capitão miliciano José Paulo Fernandes alvoraçados pela ansiedade do regresso.
Atrás, se recuássemos no tempo, estava uma jornada angolana, vivida desde 5 de Junho de 1974 (dia da chegada a Luanda) e sucessivamente passada na Fazenda Santa Isabel (desde 11 de Junho), no Quitexe (10 de Dezembro), Carmona (8 de Julho de 1975), pelo saudoso Uíge, e pelo Campo  Militar do Grafanil, nos arredores de Luanda (6 de Agosto). 
O aeroporto foi espaço para, fora dos olhares gerais, o transporte da urna com os restos mortais de Manuel José  Montez Barreiros, o malogrado Cavaleiro do Norte de Santa Isabel que, por doença, falecera a 20 de Agosto desse ano de 1975. O corpo tinha sido identificado pelo furriel Agostinho Belo, na mortuária do Grafanil, onde estava em depósito de frio. Está sepultado na sua terra natal, em Aldeia de Além, concelho de Alcanede.
Outro Cavaleiro do Norte partia para Lisboa, com emoções divididas: por um lado, a alegria do regresso; por outro, por ficar lá a mulher amada. O alferes miliciano Carlos Almeida e Silva. Por essa paixão, e por um amor multiplicado por estes 41 anos, voltou ele a Luanda, com ela casando a 18 de Outubro seguinte, pouco mais de um mês depois. Não há limites para o amor, aqui se prova.
Luanda, nesse dia do adeus dos Cavaleiros do Norte de Santa Isabel, comentava a libertação do Caxito, de onde o MPLA expulsara a FNLA. «Para além da grande vitória militar que constituiu a libertação daquela vila do domínio da FNLA, ela representa também uma grande  vitoria psicológica, dada a desmoralização que se patenteia nas forças de Holden Roberto», reportava o Diário de Lisboa da tarde desse dia - saído das máquinas quando os «santa-isabelianos» já voavam os ares de África, a caminho da capital portuguesa.
O alferes miliciano Carlos Silva. Por amor
voltou a Angola, um mês depois, para se casar
com a namorada amada... Até hoje!
 
O presidente Agostinho Neto, falando em Luanda, na «Semana da Defesa Popular» do MPLA, e dirigindo-se aos jovens, exaltou a vitória das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (as FAPLA, o seu braço armado), ante o ELNA (Exército de Libertação Nacional de Angola, da FNLA), referindo que «nenhum angolano poderia deixar de se sentir satisfeito» e que representava (a vitória no Caxito», «uma importante etapa na difícil luta que os angolanos travam contra o imperialismo e os seus agentes internos».
Os furriéis milicianos José Grenha Lopes,
Agostinho Belo e Graciano Silva
O Caxito estava ocupado pela FNLA há volta de um mês e estava a ser disputado pelos dois movimentos, por ser um importante nó rodoviário, nomeadamente como eixo de ligação para o Norte, em particular para (a nossa) Carmona.
Os combates de dois dias envolveram, da parte do MPLA, a utilização de blindados e armas pesadas. A derrota, para a FNLA, sublinhava o Diário de Lisboa, em serviço do seu correspondente em Luanda, «significava um  desaire quase catastrófico pois, estrategicamente, o Caxito era fundamental para o tão falado avanço sobre Luanda», para além de ser «um grande abalo psicológico para os homens» do movimento de Holden Roberto.
A viagem dos Cavaleiros do Norte decorreu tranquila e muitos familiares os esperavam em Lisboa. Depois foi galgar os quilómetros até às suas terras e às suas gentes, onde «mataram» as saudades que tinham levedado nos seus 15 meses da jornada africana de Angola.



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