sábado, 5 de novembro de 2016

3 571 - Memórias da Zalala de 61 e a independência a 6 dias!

Zalala´s de 1974, da 1ª. CCAV. 8423 dos Cavaleiros do Norte: José Louro, 
Américo Rodrigues, José Nascimento, Jorge Barata (falecido a 10/10/1997, 
de doença e em Alcains) e Jorge Barreto (todos furriéis milicianos), 
Mário Jorge Sousa e José Lains dos Santos (ambos alferes milicianos) 


Portas de Zalala, uma maravilha da natureza na
 picada que do Quitexe ia para a fazenda da RIMAGA
 
O dia de hoje foi de encontro com um dos primeiros combatente de Zalala, em 1961, o agora PSP aposentado José Martinho - que por lá teve as dores de missões que «semearam» sangue e suores de medo. 
«Para ir do Quitexe a Zalala, andámos uns 9 dias, a fazer e a desfazer pontes naqueles 40 quilómetros, encontrando muitos mortos. Soldados nossos, acho que morreram 9, já não me lembro bem», relatou-nos José Martinho - que, depois da comissão cumprida, entrou na PSP, em Luanda, e chegou a lugares de chefia, já em Portugal.
O soldado caçador especial José Martinho, da primeira
 Companhia que chegou a Zalala, em 1961, e o furriel
 Viegas, do último Batalhão (em 1974) da mítica Fazen-
da da RIMAGA. A 5 de Novembro de 2016
Os dias desse tempo trágico de 1961 foram bem mais dramáticos e mortais que os do tempo dos Cavaleiros do Norte. «O encarregado da fazenda fugiu para a mata e por lá andou dias seguidos, com um braço cortado e aguentou-se, embrulhando o côto num pano e folhas de árvore, aguentando dores de matar, até que a tropa apareceu», recorda-se José Martinho.
Passados 13 anos, era a 1ª. CCAV. 8423 que se aquartelava em Zalala e a 5 de Novembro desse já distante 1974 já se sabia que iria rodar para Vista Alegre, com  Destacamento em Ponte do Dange. 
Angola fazia caminho para a independência e os movimentos aproximavam-se das comunidades civis mais urbanas, começando a abrir delegações em Luanda. 
A FNLA já se instalara na Avenida do Brasil e o seu chefe da Delegação (e responsável pela informação do movimento) confirmou ao jornal «O Comércio» que, e citamos,  «há militantes brancos filiados na FNLA».
«São tão militantes como os nossos militantes pretos. Atentado contra um ,militante branco ou preto da FNLA representa um ataque à FNLA, propriamente», disse.
Notícias de Angola, no Diário de
Lisboa de 5 de Novembro de 1975
O MPLA e UNITA também aprontavam instalar-se na capital angolana, mas as divisões internas do MPLA eram evidentes. Em Kinshasa, Daniel Chipenda falou a jornalistas angolanos e voltou a atacar o presidente Agostinho Neto. 
Um ano depois e já a menos de uma semana do dia 11, o MPLA anunciou que «declarará unilateralmente a independência de Angola às zero horas (...) se até lá Portugal não alterar a sua posição face à FNLA e UNITA», assim reconhecendo o movimento de Agostinho Neto como «o único e legítimo representante do povo angolano e passando para ele todos os poderes».
Angola no DL de 05/11/1974
A nível militar, e citamos o Diário de Lisboa, a situação «sofreu algumas alterações nas últimas 24 horas», a mais importante sendo «o avanço das forças mercenárias e invasoras do exército regular sul-africano e do ELP, que entraram na província de Benguela pela via de Sá da Bandeira, através de Quilengues». Na Frente Norte, pelas bandas onde os Cavaleiros do Norte jornadearam entre Junho de 1974 e Agosto de 1975, «a situação continua(va) «inalterável». De Carmona nada se sabia, por cá. Mas na região de Santa Eulália, havia a «registar algumas acções de flagelação, por parte do exército invasor».
A 6 dias da independência, os líderes africanos continuavam reunidos na Cimeira de Campala,  «intensificando movimentos com vista a encontrar uma plataforma de última hora para o conflito angolano». Mas sem resultados práticos, como se viria a verificar. 

Sem comentários:

Enviar um comentário