sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

3 640 - Olhos e ouvidos no Alvor e no 11 de Novembro


Cavaleiros do Norte no Quitexe. Atrás, NN, Canhoto, Miguel, NN (mecânico?), Gaiteiro e NN. A seguir e
à esquerda, Picote (de aos nas ancas). Teixeira (pintor). NN (o Pinto, atirador?), Serra (mãos no cinto),
NN (a sorrir), 1º. sargento Aires (de óculos), alferes Cruz (camisola branca), Frangãos (o Cuba),
 furriel Moras(de óculos e a sorrir), Celestino, NN (condutor, de braços cruzados), NN (condutor e
 mãos na cintura) e Vicente. À frente, Teixeira (estofador), Marques (o Carpinteiro,que faria
 65 anos a 15/01/2017 e faleceu a 01/11/2011), Madaleno e Esgueira (?
)
Os presidentes Agostinho Neto (MPLA), Holden
Roberto (FNLA) e Jonas Savimbi (UNITA)




O 13 de Janeiro de 1975 foi uma segunda-feira e também dia de a imprensa falar da iminência de ser anunciado o acordo Alvor. O que criou grandes expectativas pelas terras dos cavaleiro do Norte. «Fonte segura indicou-nos que amanhã poderá chegar-se a acordo final», noticiava o Diário de Lisboa, na primeira página.
O Diário de Lisboa de
13 de Janeiro de 1975
O comunicado oficial do final da noite da véspera, aliás, já sublinhava terem sido alcançados «progressos substanciais», com acordo em vários pontos fundamentais, nomeadamente no que se referia às «estruturas governamentais de Angola» - acreditando-se até numa solução mais rápida que o previsto. E as negociações iam continuar no dia 13, há precisamente 42 anos e a partir das 10 horas.
Alguns dirigentes, de resto, falavam em «mais dois ou três dias para o termos das negociações».  Simultâneamente e de acordo com o Diário de Lisboa de 13 de Janeiro de 1975 (imagem ao lado), «a comissão de redacção, composta por dois elementos de cada delegação, prosseguiu a elaboração do projecto de protocolo final».
O Diário de Lisboa falava da «necessidade de um Governo Provisório equilibrado e susceptível de preparar o terreno para um independência pacífica e total».

Angola e o Uíge, no
verde mais claro


Independência a
11 de Novembro

O Presidente Costa Gomes garantia que «a independência ocorrerá este ano», tendo mesmo sido indicada uma data segura, embora sem confirmação oficial: 11 de Novembro de 1975.
Os dois dias anteriores - sábado e domingo, 11 e 1 de Janeiro - «foram dias inesgotáveis» de informações para os jornalistas. O ministro Almeida Santos, por exemplo, destacou «três ou quatro pontos quentes, nomeadamente os problemas da constituição do Governo Provisório e a organização das Forças Armadas dos três movimentos, em relação com as portuguesas e o respectivo comando».
Outro ponto quente era o tempo de permanência das Forças Armadas Portuguesas em território angolano. Defendiam os movimentos que tal acontecesse 4 meses antes da data da independência, mas a delegação portuguesa defendia que fosse até esse dia. E assim foi.
Outro ponto menos pacífico era o da «constituição e chefia do futuro Governo». Os movimentos pretendiam 5 pastas ministeriais para cada um deles e duas para Portugal. A delegação portuguesa defendia 4 ministérios para cada parte: Portugal, MPLA, FNLA e UNITA.

Os 23 anos do 1º. cabo
Marques, o Carpinteiro

O 1º. cabo Marques popularizou-se pelo Quitexe com alcunha que era a sua especialidade: Carpinteiro. Era homem de 7 ofícios e muita graça, sempre pronto para uma boa piada entre os Cavaleiros do Norte. A 15 de Janeiro de 1975 festejou 23 anos na saudosa terra do Quitexe.
O 1º. cabo Carpin-
teiro, em 1975 (em
 cima) e 2011 (baixo)

Manuel Augusto da Silva Marques, de seu nome completo, era natural de Esmoriz, em Ovar, e a Esmoriz regressou no final da comissão militar em Angola. Por aqui fez vida profissional, casou e foi pai de um casal.  
A 1 de Novembro de 2011, participou nas cerimónias litúrgicas do dia, passou pelo café e, sempre com a mulher, dirigiu-se a casa, para o almoço. Ao abrir a porta, subitamente, caiu inanimado e faleceu. Hoje, aqui o evocamos com saudade, pela altura em que iria festejar 65 anos. RIP!

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