terça-feira, 31 de janeiro de 2017

3 658 - A posse, há 42 anos, do Governo de Transição de Angola

O Governo de Transição de Angola, liderado pelo Alto Comissário
António da Silva Cardoso, tomou posse a 31 de Janeiro de 1975
Foto do jornal A Província de Angola de 01/02/1975


Johnny Eduardo (FNLA), Lopo do Nascimento (MPLA) e
 José N´Dele (FNLA), membros do Colégio Presidencial
do Governo de Transição de Angola
O Governo de Transição de Angola tomou posse a 31 de Janeiro de 1975, presidido pelo Alto Comissário António da Silva Cardoso. A posse foi no salão nobre do Palácio do Governador, às 16 horas e presidida por António Almeida Santos, ministro da Coordenação Inter-Territorial.
Notícia do Diário de Lisboa de 31 de Janeiro
de 1975, sobre a posse do Governo de Transição
Silva Cardoso, brigadeiro mas para o efeito promovido a general, afirmou na oportunidade que MPLA, FNLA e UNITA são «os únicos representantes do povo angolano» e do Governo de Transição disse que «angolanos e portugueses esperam capacidade para conduzir Angola à independência, num clima de paz e justiça e respeito mútuo».
«Respeitando as provações e o sofrimentos de um assado de luta que tornou possível este momento, há que olhar para o futuro, edificar no presente as esperanças do amanhã e empenhar na construção da paz e do progresso todas as potencialidades do homem», disse Silva Cardoso, acrescentando e precisando «o homem que olvida rancores, que elimina sequelas, que abate barreiras, em suma, irmanado e orgulhoso na obra de redenção e de reconstrução de um país capaz de se impor no concerto das nações».

Johnny Eduardo, Lopo do Nascimento, José N´Dele, NN
(de óculos) e Almeida Santos, que presidiu à tomada
 de posse do Governo de Transição de Angola

A exaltante tarefa
que vos cabe...

Almeida Santos, dirigindo-se aos membros do Governo de Transição, considerou que «é exaltante a tarefa que vos cabe». E porquê? «Porque é honrosa, porque é responsabilizante e porque não é fácil», acrescentou o ministro português da Coordenação Inter-Territorial, sublinhando ainda que «ninguém duvida da vossa honestidade exemplar, da pureza das vossas intenções, da vossa inteligência e capacidade».
O Acordo do Alvor, acrescentou o ministro Almeida Santos, «será o que os angolanos quiserem que ele seja: a primeira Constituição de Angola ou um simples papel tornado letra morta».
Johnny Eduardo, em nome dos três movimentos e do Governo de Transição, afirmou que «estamos encarregados de estruturar as bases de uma sociedade justa, que materialize integralmente as aspirações das massas populares, em cuja essência assenta a luta que permitiu a destruição do sistema colonial».

O Governo de Transição de Angola. Clicar
na imagem, para a ampliar e ler



O Governo
de Transição

O Governo de Transição de Angola era liderado pelo general Silva Cardoso e, da parte portuguesa incluía os ministros Vieira de Almeida (da Economia, mas que só chegou na semana seguinte)
- PORTUGAL: Alto Comissário Silva Cardoso, ministros Albino Antunes Cunha ((Transportes e Comunicações), Manuel Alfredo Oliveira (Obras Públicas, Habitação e Urbanismo), Vieira de Almeida (Economia).
- MPLA: Ministros Lopo do Nascimento (Colégio Presidencial), Manuel Rui (Informação), Saidy Mingas (Planeamento e Finanças) e Diógenes Boavida (Justiça); Secretários de Estado: Augusto Lopes Teixeira (Indústria e Energia), Cornélio Caley (Trabalho) e Henrique Santos (Interior).
- UNITA: Ministros José Ndele (Colégio Presidencial), Eduardo Wanga (Educação), António Dembo (Trabalho) e Jeremias Chitunda (Recursos Naturais); Secretários de Estado: Jaka Jamba (Informação); Manuel Alfredo Coelho (Pescas) e João Waiken (Interior).  
- FNLA: Ministros Johnny Eduardo (Colégio Presidencial), Kabaneu Sauhde (Interior), Samuel Abrigada (Assuntos Sociais) e Mateus Neto (Agricultura); Secretários de Estado: Graça Tavares (Comércio), Hendrick Vaal Neto (Informação) e Baptista Nguvuku (Trabalho).

Cavaleiros atentos
e um ano... antes

Os Cavaleiros do Norte, lá pelas terras uíjanas, seguiam o mais atentamente que podiam, este dia tão relevante da vida angolana.
Um ano antes, precisamente e no Campo Militar de Santa Margarida, o Batalhão de Cavalaria 8423 era alvo de uma visita inspectiva do coronel de Infantaria Paixão, da Inspecção Geral de Educação Física do Exército (IGEFE), no âmbito das «normais inspecções de uma Escola de Recrutas»
O mesmo tinha acontecido uma semana antes, a 23 de Janeiro de 1974, então pelo coronel de Cavalaria Magalhães Correa, da DAC. 

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