António Abrantes e Aniano Tomaz, condutores da 2ª. CCAV. 8423, na capela d Aldeia Viçosa |
O assalto da FNLA à Emissora Oficial de Angola (EOA), a 26 de Janeiro de 1975, um domingo ao princípio da noite, teve repercussões ao mais alto nível e o próprio Almirante Rosa Coutinho, ainda Alto Comissário em Angola e que nesse dia chegou a Luanda (voando de Lisboa), se interessou pelo delicado assunto, declarando, por exemplo, que «já houve contactos entre o Governo Provisório e a FNLA e com outros movimentos».
A notícia do Diário de Lisboa sobre o assalto da FNLA à Emissora Oficial de Angola |
«Esperamos que esse incidente seja reduzido às suas proporções, que são pequenas», disse Rosa Coutinho, como que a descansar a população.
A verdade, todavia, é que António Cardoso, o subchefe de redacção da EOA continuava desaparecido e a FNLA tornou público um comunicado, que, segundo o Diário de Lisboa, «levava a crer que aquele trabalhador da Emissora foi raptado por este movimento». O comunicado, a dado passo, concluía que «António Cardoso não é mais do que um nó de uma vasta rede anti-FNLA, à qual pertence, como ele próprio declara».
O Diário de Lisboa precisava que «o ambiente na capital é tenso, mas a libertação provável de António Cardoso poderá repor a confiança». O MPLA, por sua vez, «repudiou veementemente estes actos de violência e prepotência contra o pessoal daquela emissora» e exigiu «a libertação imediata dos camaradas detidos prepotentemente e, em especial, do camarada António Cardoso».
O movimento de Agostinho Neto também falou de «certas forças nacionalistas pretendem criar este clima de guerra civil, com a aproximação da instalação do Governo de Transição» e acrescentava que «desta campanha habilmente montada não pode dissociar-se a presença repentina de Daniel Chipenda no posto de Ninda, no leste do país (...), com cobertura da imprensa de Luanda».
Mário Pinto de Andrade |
Revolta do Leste
e Revolta Activa
A 27 de Janeiro de 1975, confirmou-se que Daniel Chipenda estava no Luso onde, na véspera, deu uma conferência de imprensa, depois de as suas tropas terem entrado na cidade, à segunda tentativa. Na primeira, foram impedidas de entrar na cidade - entrando apenas após conversações com militares portugueses e de terem entregue as armas, anunciava a Agência Reuters.
Armas que, disse Chipenda, «não foram roubadas, são armas do povo e usadas para combater o colonialismo português».
Quem também chegou a Angola nesse dia foi Mário Pinto de Andrade, um dos fundadores e presidente da Revolta Activa, também dissidente do MPLA. Com Gentil Viana, um dos principais mentores da facção, entre outros. De Brazaville e no dia seguinte, chegaria Joaquim Pinto de Andrade. Iriam, supunha-se, negociar com Agostinho Neto a reentrada no MPLA.
Sem comentários:
Enviar um comentário