sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

3 654 - Cavaleiros e o assalto à EOA, as Revoltas Activa e do Leste


Cavaleiros do Norte na parada do BC12, em Carmona. O alferes Cruz,
 de oficial dia, passa revista a pessoal de serviço. Reconhecem-se, os clarins
 Irineu (?) e Caetano e furriel Cruz, à esquerda. À direita, está o furriel
 Peixoto e atrás o 1º. sargento Luzia. Quem ajuda a identificar os outros? 


António Abrantes e Aniano Tomaz, condutores
da 2ª. CCAV. 8423, na capela d Aldeia Viçosa


O assalto da FNLA à Emissora Oficial de Angola (EOA), a 26 de Janeiro de 1975, um domingo ao princípio da noite, teve repercussões ao mais alto nível e o próprio Almirante Rosa Coutinho, ainda Alto Comissário em Angola e que nesse dia chegou a Luanda (voando de Lisboa), se interessou pelo delicado assunto, declarando, por exemplo, que «já houve contactos entre o Governo Provisório e a FNLA e com outros movimentos».
A notícia do Diário de Lisboa sobre o assalto
 da FNLA à Emissora Oficial de Angola
A notícia chegou ao Quitexe no dia seguinte, suponho que pelo Diário de Luanda, jornal vespertino da capital Angola, e foi observada com alguma estupefacção: como era possível uma coisa destas? Que consequências dele adviriam para o futuro do processo de descolonização de Angola?
«Esperamos que esse incidente seja reduzido às suas proporções, que são pequenas», disse Rosa Coutinho, como que a descansar a população.
A verdade, todavia, é que António Cardoso, o subchefe de redacção da EOA continuava desaparecido e a FNLA tornou público um comunicado, que, segundo o Diário de Lisboa, «levava a crer que aquele trabalhador da Emissora foi raptado por este movimento». O comunicado, a dado passo, concluía que «António Cardoso não é mais do que um nó de uma vasta rede anti-FNLA, à qual pertence, como ele próprio declara».
O Diário de Lisboa precisava que «o ambiente na capital é tenso, mas a libertação provável de António Cardoso poderá repor a confiança». O MPLA, por sua vez,  «repudiou veementemente estes actos de violência e prepotência contra o pessoal daquela emissora» e exigiu «a libertação imediata dos camaradas detidos prepotentemente e, em especial, do camarada António Cardoso».
O movimento de Agostinho Neto também falou de «certas forças nacionalistas pretendem criar este clima de guerra civil, com a aproximação da instalação do Governo de Transição» e acrescentava que «desta campanha habilmente montada não pode dissociar-se a presença repentina de Daniel Chipenda no posto de Ninda, no leste do país (...), com cobertura da imprensa de Luanda».

Mário Pinto de Andrade


Revolta do Leste
e Revolta Activa

A 27 de Janeiro de 1975, confirmou-se que Daniel Chipenda estava no Luso onde, na véspera, deu uma conferência de imprensa, depois de as suas tropas terem entrado na cidade, à segunda tentativa. Na primeira,  foram impedidas de entrar na cidade - entrando apenas após conversações com militares portugueses e de terem entregue as armas, anunciava a Agência Reuters.
Armas que, disse Chipenda, «não foram roubadas, são armas do povo e usadas para combater o colonialismo português».
Quem também chegou a Angola nesse dia foi Mário Pinto de Andrade, um  dos fundadores e presidente da Revolta Activa, também dissidente do MPLA. Com Gentil Viana, um dos principais mentores da facção, entre outros. De Brazaville e no dia seguinte, chegaria Joaquim Pinto de Andrade. Iriam, supunha-se, negociar com Agostinho Neto a reentrada no MPLA.

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