Cavaleiros do Norte da CCS do Batalhão de Cavalaria 8423, de várias especialidades e pelotões, em pose na parada do Quitexe |
Carnaval de 1973 (foto do site da CCAÇ. 3413) |
A terça-feira de Carnaval de 1975, a 11 de Fevereiro (hoje se fazem 42 anos!...) foi tempo para, no regresso de uma escolta a uma fazenda dos arredores do Quitexe, conhecermos ao vivo as tradições locais, muito diferentes dos entrudos que realizavam nas nossas aldeias - ... as aldeias, vilas ou cidades de origem, em Portugal, dos Cavaleiros do Norte.
Idem mas de 1972, na Mamarrosa |
Danças e saracoteios
muito sensuais
De memória, pareço estar a ouvir o som de batuques e cantares em língua ininteligível (para nós), com os mais velhos sentados e a esfumaçar, espreitando os mais novos, que dançavam e cantavam, mascarados de forma simples, outros de rostos pintados, com (elas) de saias da palha e a saracotearem-se de forma muito sensual, sempre de sorriso rasgado, que encahiava os nossos olhos e a alma de desejos.
A viagem de regresso ao Quitexe vinha a decorrer normalmente - era mais uma, de muitas escoltas... - e lembro-me de termos ficado surpreendidos e desconfiados quando, à distância, começámos a ouvir os sons de tambores e gritos, sem que logo os identificássemos. Tal, levou-nos a apurar os sentidos, para o que viesse e desse. É que, circular nas poeirentas e perigosas picadas d´África não era coisa para descuidos e era importante seguir de olhos bem abertos, atentos da tudo, a querer ver o que não queríamos ver, ao longe e de lado, de todos os lados, sempre em concentração máxima!
O Quitexe e a sanzala do Canzenza assi- naladas neste mapa de João Garcia |
Batuque e danças
volupiosas
Os tempos que se viviam eram já de descompressão do estado de guerra que se se sentira desde 1961, mas nunca fiando!
«Aquilo é o carnaval, pá...», disse o (furriel) Francisco Neto, às tantas, adivinhando o que, entretanto, cada vez mais localizávamos na sanzala do Canzenza, mesmo às portas da vila quitexana. E se confirmou.
Encerrada a escolta e armas guardadas, foi tempo de alguns de nós darem uma saltada para ver e ouvir - ao vivo e a cores... - o batuque e as danças volupiosas das mulheres mais jovens, de seios nus e encenando cios que, valha a verdade, «provocavam» a imaginação e o desejo da rapaziada militar - pouco familiarizada com tais aparatos.
A maioria dos «entrudos» usava máscaras muito rudimentares, outros as caras pintadas em cores mais ou menos berrantes, todos sempre aos saltos, cantando (ou gritando) e dançando, elas bomboleando os corpos com a singularidade de deusas.
Ao tempo, fiz um registo em cassete, algo rudimentar e que ainda tenho, mas, infelizmente, inaudível.
- A foto de carnaval é da CCAÇ. 3413 (1973)
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