O quartel do BC 12, à saída de Carmona para o Songo e visto do lado da cidade. A CCS e a 2ª. CCAV. 8423 esta- vam aqui instaladas há 42 anos |
Os incidentes entre as FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, o braço armado do MPLA) e o ELNA (Exército de Libertação Nacional de Angola), idem, da FNLA) tinham reco-
meçado na madrugada do dia 23, o do-
mingo - depois de escaramuças a 21 (a 6ª.-feira anterior), «nalgumas zonas dos subúrbios e afectaram seriamente a vida da população» da cidade de Luanda.
Havia mesmo, segundo o Diário de Lisboa, «certas áreas interditas à normal circulação de pessoas e viaturas», como era o caso do Bairro Cazenga, «onde durante toda a tarde e noite de ontem se ouviram constantes disparos de armas automáticas e rebentamento de granadas». Ontem, que - recuemos no tempo... - foi o dia 24 de Março de 1975, uma segunda-feira.
O Alto-Comissário Silva Cardoso, à di- reita, com o almirante Rosa Coutinho |
Morte de 2 crianças
no bairro Cazenga
O bairro suburbano do Calemba também não escapou aos combates e, segundo o Diário de Lisboa, «foi palco de novos incidentes», os que, à data, «há 48 horas vem envolvendo forças das FAPLA (do MPLA) e do ELNA (da FNLA».
A chamada «cidade do asfalto», essa parecia longe de tais guerras. «A calma não tem sido perturbada. A vida de decorre serenamente, embora se note apreensão no rosto das pessoas», reportava ao Diário de Lisboa, acrescentando, porém, que, no Cazenga, «algumas pessoas foram atingidas pelas balas e duas crianças morreram devido ao tiroteio».
As Forças Armadas Portuguesas intervieram ao final da tarde do dia 23, após reunião do Conselho Nacional de Defesa (CND), e foi reposta a calma. Patrulhas mistas - formadas por militares portugueses e dos movimentos de libertação - colaboraram na «manutenção da ordem».
O CND, presidido pelo Alto-Comissário Silva Cardoso, general português, e os Estados Maiores do MPLA e da FNLA «ordenaram o regresso aos quartéis das tropas dos dois movimentos de libertação» - os dos presidentes, respectivamente, Agostinho Neto e o de Holden Roberto.
Emblema do BC 12 |
Calma em Carmona
e pelo Uíge fora
Os Cavaleiros do Norte, pelo Uíge angolano, continuavam a sua jornada em ambiente de relativa calma, embora carrega-
dos de serviços, nomeadamente os militares operacionais - que, pela natureza da sua especialização, estavam encarrega-
dos da segurança de pessoas e bens, fossem civis ou fossem militares, - para além da das várias instalações da Forças Armadas na cidade de Carmona.
Era muito curto o número de efectivos disponíveis, apenas os operacionais da CCS e da 2ª. CCAV. 8423 (a de Aldeia Viçosa), para tanta exigência de segurança, só na cidade. A guarnição instalada no quartel do extinto BC12 desmultiplicava-se, por isso, em tarefas para «garantir os serviços solicitados ao BCAV., os quais comporta(va)m também as necessidades da Zona Militar Norte» - a ZMN, ao tempo já em fase «também em extinção».
Foram tempos duros e muito, muito difíceis e delicados para os Cavaleiros do Norte, semanas e meses seguidos praticamente sem folgas (ai folgas!...) e enfrentando, no dia a dia, uma cada vez mais crescente e evidente animosi-
dade da comunidade civil branca - muito hostil, na verdade, à tropa portuguesa.
Fazenda Santa Isabel |
Condutor Gonçalves,
65 anos no Barreiro
O condutor auto-rodas Gonçalves festejou 23 anos a 25 de Março de 1975, estava ao tempo na vila do Quitexe, na sua (e nossa) jornada angolana do Uíge.
Francisco Gertrudes Gonçalves, de seu nome completo, era da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel mas ao tempo já no Quitexe. Mora em Verderena, na cidade do Barreiro, e é lá que hoje festeja 65 anos de vida. Para lá vão as nossas felicitações, com desejo de muitos mais e bons anos.
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