segunda-feira, 24 de julho de 2017

3 832 - Evacuação de Carmona «pela força, se necessário»!

Cavaleiros do Norte da CCS na parada do Quitexe.  Atrás, de pé, José Rebelo, Wilson Moreira (?),
furriéis Mosteias (de cabelo rapado), Neto (de bigode), José Pires e Rocha (de boina), dra. Graciete
Hermida, NN, alferes Hermida (de bigode e quico) e... Os três últimos da direita são os 1ºs. cabos Pires
(Fecho-eclair, mais atrás), Oliveira (de boina e braços esticados) e o Couto Soares (de quico). Na segunda fila,
Madaleno, um sapador (?), Luciano, Silva (rádio-montador) , 1ºs. cabos Coelho (Buraquinho)  e Gomes (à
 civil) e... quemos identifica? À frente, 1º. cabo Florindo (de pernas para a frente) e Costa (?, rádio-telegra-
fista), NN, Cabrita, NN, furriel Cândido Pires e... quem é? Quem ajuda a identificar os não identificados?

O alferes miliciano João Machado e os capitães José
Paulo Falcão e José Diogo Themudo (2º. coman-
dante do BCAV. 8423) na varanda do
BC12, em Carmona



A situação em Carmona, há 42 anos, evoluiu de forma rápida, na sequência das posições da FNLA, cada vez mais extremistas. Santo António do Zaire já era considerada indefensável e, relativamente a Carmona e Negage, seria «imperioso desencadear uma operação de grande envergadura» que permitisse à NT controlar as duas cidades».
O livro «Segredos da Descolonização de Angola», de Alexandra Marques (1), que citamos, refere que, quanto às três localidades, a opção seria «abandono ou reforço de posições», pois os efectivos eram manifestamente «insuficientes para atender 
Furriéis milicianos de Zalala: Eusébio, P. Queirós
 e Victor Costa de pé), J. Rodrigues, J. Barata,
José Louro e Manuel Dias
a todos os pontos importantes».
A 24 de Julho, o Presidente da República rece-
beu mensagem de Silva Cardoso, o Alto Comis-
sário:  era «absolutamente necessário evacuar, também e em simultâneo (com Santo António do Zaire), a tropa e a população de Carmona e Negage, pela força, se necessário fosse». 

Uma coluna
militar poderosa

Costa Gomes, ainda segundo Alexandra Marques, considerou «inaceitável» os termos do «ultimato relativo às condições de saída» de Carmona e do Negage, mas aceitava que «uma coluna militar poderosa», envolvendo «tropas especiais, artilharia, blindados e todo o apoio aéreo possível» evacuasse as duas cidades. A operação deveria processar-se com «algum tempo e demora».
A FNLA era a «senhora do Uíge» e queria forçar a entrada em Luanda. A 24 de Julho de há 42 anos, tomou a Barra do Dande e Caxito, mas continuava cercada no Forte de S. Pedro da Barra e no Cazenga. Luanda, aliás, acordara na véspera com combates nos bairros da CUCA e Cazenga. E prosseguiam os do Caxito, a 50 quilómetros, e especulava-se sobre a eventualidade de Daniel Chipenda estar à frente de uma coluna de blindados para forçar a reentrada na capital. Chipenda, recordemos, estava há vários dias em Carmona.
Os Cavaleiros do Norte continuavam de armas aperradas, prontos para tudo o que desse e viesse, sem se deixarem intimidar pelas permanentes ameaças da FNLA. A reunião da véspera, entre os Comandos Militares portugueses e os responsáveis da FNLA, tinha sido muito tensa - numa altura em que as NT encaravam, também, a crescente hostilidade de grande parte da população civil branca.
Fazenda Zalala, onde se aquartelou a 1ª. CCAV.
8423: «a mais rude escola de guerra»

Silva, de Zalala, 65
anos em Vila Verde

O soldado Silva, da 1ª. CCAV. 8423, festejou os seus 23 anos em Carmona, neste ambiente de tensão. A 24 de Julho de 1975.
João Pereira da Silva, atirador de Cavalaria da Companhia da mítica Fazenda Zalala, regres-
sou a Portugal a 9 de Setembro de 1975, directamente ao lugar de Assento, freguesia de Laje, no concelho de Vila Verde. Sabemos que lá continua a morar e para lá segue o nosso abraço de parabéns pelos 65 anos que hoje festeja! Hoje, o dia 24 de Julho de 2017!

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