quarta-feira, 31 de outubro de 2018

4 287 -O Governo de Transição de Angola, as férias de furriéis de Aldeia Viçosa!

Os furriéis milicianos Carlos Letras e Abel Mourato, ambos da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa,
vieram de férias a Portugal, viajando para Luanda há 44 anos, no dia 31 de Outubro de 1974
A Avenida do Quitexe, ou Rua de Baixo. Á direita, a
entrada da parada e o edifício, com bandeira hasteada,
do Comando do BCAV. 8423 - os Cavaleiros do Norte



A notícia maior do dia 31 de Outubro de 1974 foi dada em Kinshasa, onde o pre-
sidente do MPLA anunciou para Novem-
bro da formação do Governo de Transição de Angola.
«Está tudo preparado para o estabeleci-
mento de um Governo, seguindo o mo-
delo de Moçambique», afirmou Agosti-
nho Neto, em conferência de imprensa na capital do Zaire, acrescentando que
A notícia do Diário de Lisboa de 31/10/1974
sobre o Governo de Transição de Angola
«o MPLA quer formar uma frente unida com a FNLA» e que estes dois movimentos não aceita-
vam uma união com a UNITA.
A UNITA, presidida por Jonas Savimbi, não era também, ao tempo, reconhecida pela Organiza-
ção de Unidade Africana (OUA). OUA que patro-
cinava as negociações entre os movimentos presididos por Agostinho Neto e Holden Roberto - que, por sua vez, já tinham estabelecido contactos, ainda que indirectos.
Agostinho Neto, em Kinshasa, não comentou, entretanto, as posições do dis-
sidente Daniel Chipenda, que tinha denunciado acordo de cessar-fogo do MPLA com Portugal, afirmando que o mesmo Neto «não dispõe de autoridade para concluir um cessar-fogo». 
«Só se pode representar a ele próprio», disse Daniel Chipenda.
A ordem de Serviço com a saída, para férias, dos furriéis
milicianos António Carlos letras e Abel Maria Mourato,

ambos da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa

Letras e Mourato
de férias em Portugal

Os furriéis milicianos Carlos Letras e Abel Mourato, da 2ª. CCAV. 8423, «mar-
charam da sua Companhia para Luanda» a 31 de Outubro de 1974. Hoje, pre-
cisamente hoje, se fazem 44 anos. O tempo voou, num pequeno instante...
Os dois Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa, a Companhia do capitão mili-
ciano José Manuel Cruz, «apresentaram-se no CLL, onde ficaram a aguardar transporte para a metrópole», onde, como refere a Ordem de Serviço nº. 119 do BCAV. 8423, iam «gozar a sua licença disciplinar».
O António Carlos Dias Letras era furriel miliciano com a especialidade de Operações Especiais (Rangers) e viajou para Setúbal. O Abel Maria Ribeiro Mourato era vagomestre e fez férias em Portalegre. Há 44 anos!
Adélio Silva

Adélio de Zalala, 66
anos em Alcobaça !

Adélio Jacinto Correia da Silva foi soldado atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423 e festeja(rá) 66 anos a 31 de Outubro de 2018.
Popularizado no âmbito dos Cavaleiros do Norte de Zalala, a Com-
panhia comandada pelo capitão miliciano Davide Castro Dias, com o epíteto de PM, é natural de Pataias, lugar e freguesia de Alcobaça, e lá voltou a 9 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar em Angola e por terras do Uíge - Zalala, Vista Alegre, Songo e Carmona.
Nada mais sabemos dele, mas, desejando que esteja de boa saúde e feliz da vida, para ele vai o nosso abraço de parabéns pela bonita idade que festeja.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

4 286 - Comissão de Contra-subversão do Quitexe; a morte do clarim Graciano Queijo!

Graciano da Purificação Queijo, transmontano de Alfândega da Fé, foi soldado clarim da CCS dos
 Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, no Quitexe, para além de auxiliar da cozinha dos praças. faleceu há
5 anos, em Samopra Correia, e hoje o recordamos com saudade. RIP!!!

Os 1º.s cabos Joaquim Rama Breda, condutor, e Victor
 Manuel da Cunha Vieira, auxiliar de serviços reli-
giosos (sacristão) da CCS do BCAV. 8423


A Comissão Local de Contra-Subversão (CLCS) do Quitexe reuniu a 30 de Outu-
bro de 1974, no «âmbito das suas usuais reuniões», que nesse mês de há 44 anos já se tinham realizado nos dias 3 e 16.
As CLCS´s eram formadas pelo coman-
dante militar e autoridades administra-
tivas locais, actuando junto das popula-
ções, através de acção psicológica e vi-
sando «influenciar o seu comportamen-
to, no sentido de uma maior fixação no território e de negar o apoio a elementos infiltrados do exterior».
O topo da estrutura era o Conselho Provincial de Contra‑Subversão e a nível dos distritos, instituíram‑se os Conselhos Distritais de Contra‑Subversão (com o Go-
vernador, Comandante de Sector, Intendente, Chefe do Estado‑Maior do Sector) e nos concelhos, circunscrições administrativas e postos administrativos organi-
zaram‑se as CLCS´s - integrando, pois, a autoridade administrativa e o coman-
dante militar locais. O tenente-coroel Almeida e Brito, no caso.
Assim era no Quitexe, onde as reuniões passavam despercebidas da guarnição militar do BCAV. 8423 e decorriam principalmente na administração civil.
Graciano Queijo no Lar Padre
Tobias, em Samora Correia

Graciano, clarim da CCS, 
faleceu há 5 anos !

O soldado clarim Graciano da Purificação Queijo, da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423,  faleceu há 5 anos, de doença e em Samora Correia.
O nome e apelido invulgares tornaram este Cavaleiro do Morte muito popular na guarnição do Quitexe, até porque, para além das suas funções de especialida-
de, também deu colaboração à cozinha dos praças.
Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 e passou por Vilarelhos, no concelho de Alfândega da Fé, onde nasceu a 28 de Setembro de 1952, e de lá saiu para uma vida (que se supõe) mais ou menos nómada. Trabalhou na construção civil e foi parar a Samora Correia, em data desconhecida. Uma irmã, disseram-nos, vivia por perto. 
Um acidente de trabalho limitou-o bastante, e em 2002, tinha 50 anos, começou a ser apoiado pelo Centro Bem Estar Social Padre Tobias - que lhe fornecia re-
feições, cuidados médicos e de higiene. A precariedade da habitação levou a que fosse integrado no lar, em 2009. E antecipadamente reformado, por invali-
dez. Em 2011, foi-lhe diagnosticado um tumor no esófago e foi seguido no IPO de Lisboa. Operado, realizou quimioterapia e radioterapia, mas surgiu-lhe um tumor na laringe - ao qual não resistiu. Faleceu a 30 de Outubro de 2013, hoje se passam 5 anos!
A sua permanência no Lar de Samora Correia foi marcada pelo bom relaciona-

mento com funcionários e utentes - que as fotos documentam. São estas as últimas imagens que ficam deste nosso companheiro da jornada africana do Uíge angolano, que hoje recordamos com saudade. RIP!!! - Ver AQUI
Joaquim Rama Breda
em 1974/1975
Luciano Borges
Gomes em 1974/75

Breda e Luciano,
férias em Leiria !

Os 1ºs. cabos Breda e Luciano, ambos da CCS do BCAV. 8423, no Quitexe, entraram de licença a 30 de Outubro de 1974 e gozaram férias em Leiria, nas suas terras natais.
Joaquim Rama Breda era condutor e morava, e mora, na Barosa, nos arredores da cidade - onde esteve de férias. Já aposentado, fez vida profissional como motorista.
Luciano Borges Gomes foi mecânico de armamento e pas-
seou as suas férias em Maceira Liz, onde agora é empresário industrial, como fundador, em 1980, e administrador da FAMPLAC, empresa de moldes e equipamentos da última geração, que se localiza no lugar de Telhei-
ro, na estrada de Leiria para a Marinha Grande.
Abraços para ambos!

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

4 285 - Apresentação, no Quitexe, de 6 combatentes armados da FNLA

Quinteto de furriéis miliciano dos Cavaleiros do Norte no bar de Sargentos do Quitexe: António Flora
 (atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV.), Luís Costa (Sapadores), Agostinho Belo (vagomestre da 3ª. CCAV.),
Francisco Bento (Operações e Informação, da CCS) e Joaquim Abrantes (adido à CCS)
Cavaleiros do Norte de Zalala, todos furriéis milicianos:
Jorge Barata, atirador (falecido a 10/10/1997, de doença
e em Alcains), José Louro e José Nascimento, vagomestre 

(emigrado nos Estados Unido), na Gruta do Quijoão

O acontecimento de «maior relevo» do dia 29 de Outubro de 1974, há 44 anos!, na zona de acção dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, foi a apresentação, no Quitexe, de «um grupo de 6 elemento armados da FNLA, dizendo pertencerem ao «quartel» Aldeia e comandados pelo sub-comandante João Alves».
A apresentação não foi surpresa de maior para a guarnição (e muito menos para os oficias do Comando do BCAV.) e foi feita por volta das 17,30 horas da tarde, já com a noite angolana a entrar. «Contactaram, neste Comando, o Comandante do BCAV. e a autoridade administrativa local, com vista ao esclarecimento de actividades na Serra do Quibinda», reporta o livro «História da Unidade», precisando que os apresen-
tados, e quanto a tais actividades, «julgavam ser das NT mas que facilmente se concluíram ser de elementos estranhos, que procuram, certamente, criar um clima de desconfiança local, entre a FNLA e as NT».
Notícia do Diário de Lisboa de 29/10/1974,
sobre a situação política angolana

FNLA acusa Portugal
de favorecer o MPLA

A desconfiança não era casual, porém, ou se-
quer localizada. Na verdade e num comunicado na véspera divulgado em Kinshasa, capital do Zaire, o movimento de Holden Roberto «denuncia(va) vigorosamente as mano-
bras de certos membros influentes da Junta Governamental de Luanda, que consistem em encorajar, através da rádio e dos jornais, a campanha política, ou de difamação e descrédito de um certo movimento contra os outros e ameaçar oficialmente qualquer órgão de imprensa que se disponha a dar infor-
mações sobre a FNLA».
O movimento liderado por Holden Roberto, que tinha no Uíge (a zona de inter-
venção operacional do BCAV. 8423) a sua principal área de influência militar, afirmava também «não reconhecer à Junta Governamental de Luanda poder político para discutir o futuro de Angola com os movimentos de libertação».
O comunicado da FNLA acrescentava, por outro lado, que «as negociações para independência devem fazer-se, portanto, ao nível de Lisboa».
O Clube do Quitexe fica(va) na
Estrada do Café (a Rua de Cima

Cinema no Quitexe 
para as populações !

O dia 29 de Outubro de 1974 foi uma terça-feira e tempo para a apresentação do filme que rodara para as guarnições dos Cavaleiros do Norte, desta feita em «sessão orientada para as populações».
A iniciativa decorrera entre 10 e 23 desse mês, no Quitexe, Zalala, Aldeia Vi-
çosa e Santa Isabel, provavelmente também em Vista Alegre (para a CCAÇ. 4145) e era dinamizada no «âmbito das actividades de acção psicológica»,  para as NT, mas a 29 de Outubro para a comunidade civil da vila quitexana e arredores, no Clube do Quitexe.
H. Carneiro

Carneiro de Zalala, 66
anos em Amares !

O soldado Carneiro, atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423, a da  Fazenda de Zalala e do capitão miliciano Castro Dias, festeja 66 anos a 30 de Outubro de 2018. Em Amares, no Minho.
Horácio do Sacramento Lopes Carneiro integrou o 2º. Grupo de Combate, comandado pelo alferes miliciano Carlos Sampaio, com os furriéis milicianos Eusébio Martins, Mota Viana (depois João Rito) e Plácido Queirós e é natural de Pousadela, freguesia de Monsul, na Póvoa do Lanhoso. Esteve muitos amos emigrado na Suíça e reside agora em Ferreiros, no concelho de Amares. Para lá vai o nosso abraço de parabéns! 

domingo, 28 de outubro de 2018

4 284 - O desarmamento dos milícias do Quitexe, a não «rodesiação» de Angola!

Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423, no Quitexe, a equipa de rádio-montadores: 1º. cabo Rodolfo
Tomás, furriel miliciano António José Cruz, 1º. cabo António Pais e António de Jesus Pereira da Silva,
que a 30 de Outubro de 2018 festeja 66 anos, em Vila Nova de Gaia

Os 1ºs. cabos Jorge Pires (?) e Vasco Vieira (Vasqui-
 nho) à porta da secretaria da CCS no Quitexe


A operação de entrega de armamento pelos milícias do Subsector do Uíge, na Zona de Acção (ZA) do BCAV. 8423,  «começou de forma voluntária» a 28 de Outubro de 1974. Há 44 anos!
A medida não tinha sido muito bem aceite pelos povos (populações das sanzalas) que aparentemente defendiam, mas uma reunião do comando do BCAV. 8423 com os regedores, realizada no dia 26, no Quitexe, desbloqueou algumas reservas e feita ver foi «a necessidade de entrega de armamento», em face do processo de descolonização que estava em marcha e, obviamente, não poderia parar.
O dia, uma segunda-feira, foi também tempo para mais uma deslocação, a últi-
ma desse mês,  do comandante Carlos Almeida e Brito a Carmona, onde se reuniram responsáveis das unidades operacionais no Comando do Sector do Uíge - em que se integravam os Cavaleiros do Norte.
O tenente-coronel comandante do BCAV. 8423, como habitualmente, fez-se acompanhar por oficiais da CCS, em encontro operacional que repetiu os dos dias 4, 21, 25 e 26 desse mês de há precisamente 44 anos - Outubro de 1974.
Notícia do Diário de Lisboa de 28 de Outubro
de 1974 sobre a (não) rodesiação de Angola

A não rodesiação
de Angola !

O dia foi igualmente o da publicação de uma entrevista de Rosa Coutinho, presidente da Junta Governativa, ao jornal «A Província de Angola», nela declarando que se tinha gorado «um golpe separatista do tipo rodesiano», que, no seu entender, «estava ligado às forças reaccionárias que tentaram um golpe em Lisboa no mês passado» - o 8 de Setembro de 1974 e que levaram à renúncia do Presidente António de Spínola.
António Navarro, secretário geral do Partido da Democrata Cristão de Angola, era um dos implicados detidos, assim como, reportava o Diário de Lisboa, «três outros membros daquele partido, responsáveis pela recepção de uma remessa ilegal de armas que deviam ser descarregadas no território».
O almirante Rosa Coutinho apontava o dedo, também, ao director do jornal «A Província de Angola», Ruy Correia de Freitas, que se julgava ter viajado para a África do Sul, assim como «alguns cabecilhas do grupo conseguiram fugir».
António Silva,
civil, em 2015 e
em Mortágua
António Silva
em 1974/1975

Silva, da CCS, 66
anos em VN de Gaia!

O soldado António Silva, rádio-montador da CCS, a Companhia do Quitexe, festeja 66 anos no dia 30 de Outubro de 2018. 
António de Jesus Pereira da Silva foi Cavaleiro do Norte do BCAV. 8423 e residia, ao tempo, na Alame-
da de Santa Eulália, em Oliveira do Douro, do concelho de Vila Nova de Gaia, e lá regressou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nos-
sa) comissão militar em terras do norte de Angola - Quitexe e Carmona.
É presença habitual dos encontros anuais dos Cavaleiros do Norte da CCS e vive agora em Vila Nova de Gaia, para onde vai o nosso abraço de parabéns!

sábado, 27 de outubro de 2018

4 283 - Dias do Uíge, há 44 anos! A igreja da Mãe de Deus do Quitexe!

Cavaleiros do Norte das Transmissões da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Zalala:  os rádio-telegrafistas
Fernando Coelho, o 1º. cabo Jorge Silva e António Lago. Gente da jornada  africana do Uíge angolano
Cavaleiros do Norte no Quitexe: Rocha, Fonseca, a fumar
 (que amanhã festeja 67 anos em Lisboa), Viegas, Belo (de
óculos),Ribeiro e ? À direita e no sentido contrário dos
 ponteiros do relógio, Monteiro, Pires (sapador, de bigode),
Machado a fumar) e Lages (do bar de sargentos)


Os dias de Outubro de 1974 iam passando, sempre expectantes (e expectados) pelas bandas do Uíge, onde os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 viviam a sua jornada africana de Angola.
A 27, um domingo, aguardava-se o desenvolvimento, no terreno, da reunião com os regedores, na véspera, por causa da operação de desarmamento dos milícias. Havia, por isso mesmo, alguma tensão. ainda que controlada.
Outra operação em desenvolvimento era a de rotação dispositivo do Subsector do Quitexe, preparando-se a saída definitiva das NT da Fazenda do Liberato (já anunciada e que viria a concretizar-se no dia 8 de Novembro, com a rotação para o RI 21, em Nova Lisboa). A mítica fazenda deixava de ter a presença da tropa portuguesa, o que vinha a acontecer desde os primeiros anos da década de 60 do século passado.
Saída anunciada,  também, era a da CCAÇ. 4145, da Vista Alegre e Destaca-
mento da Ponte do Dange, que iria para Luanda mas, no caso, sendo substi-
tuída pela 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala e do capitão miliciano Davide Castro Dias - que já preparava as malas para deixar a fazenda - o que viria a concluir-se no dia 25 de Novembro de 1974.
O padre Albino Capela à porta da Igreja da Mãe
de Deus, no Quitexe, no baptizado de uma
criança da Família Rei, desta vila
A Igreja em 2008

Domingo sem serviços
mas com... missa !

O dia 27 de há 44 anos foi um domingo e as tarefas de gestão interna da CCS estavam limitadas aos serviços de escala, no-
meados em Ordem de Serviço do BCAV. 8423.
O resto do pessoal «descansava», com um ou outro passeio, alguma possível ida a Carmona e alguns militares, mais devotos, a participarem na missa dominical, que o padre Albino Capela celebrava na Igreja da Mãe de Deus do Quitexe.
A cantina e os bares/messes militares tinham sempre mais clientela,  assim houvesse dinheiro... (e ia havendo!) o que também acontecia nos bares e restaurantes da vila. Tempos saudosos de há 44 anos!
A Igreja da Mãe de Deus, da Missão do Quitexe e já agora, foi reabilitada em 2008, com obras que duraram três meses e envolveram custos na ordem dos 150 000 dólares, pagos pela Sonangol.
A inauguração foi em Dezembro desse ano e presidida pelo Bispo do Uíge, Dom Emílio Sumbelo, que na altura e em declarações à ANGOLP, pediu «o em-
penho de todos os membros. no aprimoramento da obra sagrada». Sublinhou também que «o templo vai melhorar o nível de trabalho dos cristãos, com vista a salvação de todos aqueles que crêem em Deus».

Furriel José
C. Fonseca
Fonseca, furriel do Quitexe, 
67 anos em Lisboa!

O furriel miliciano Fonseca, da CCS do BCAV. 8423, no Quitexe, festeja 67 anos a 28 de Outubro de 2018.
José Carlos Pereira da Fonseca era especialista amanuense (es-
criturário) e trabalhava na secretaria do Comando do BCAV. 8423, chefiada pelo então tenente Acácio Carreira da Luz. Em Janeiro de 1975, veio de férias a Portugal e arranjou a papelada necessária para não voltar a Angola e ao Quitexe. E não voltou. E nunca mais o vimos.
Sabemos, por há alguns anos termos falado ao telefone, que é técnico oficial de contas (TOC) e que trabalha e vive em Lisboa, na Marquês de Tomar, para onde vai o nosso abraço de parabéns!

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

4 282 - Os regedores e o desarmamento dos milícias do Subsector do Uíge!

Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, futuros furriéis milicianos e aqui ainda no IAO, no
RC4, em Santa Margarida, todos especialistas, como atiradores de Cavalaria: Plácido Jorge Queirós,
Fernando Mota Viana e Victor Moreira da Costa
Cavaleiros de Santa Isabel: o furriel José Fer-
nando Carvalho à frente e no meio. Atrás dele,
o 1º. cabo José Agostinho Ferreira. Quem iden-
tifica os outros dois da frente?

O comandante Almeida e Brito teve duas acções de relevância no dia 26 de Outubro de 1974: uma deslocação ao CSU, em Carmona, e uma reunião com os regedores da região, por causa do desarmamento dos milícias.
A deslocação ao  Comando do Sector do Uí-
ge (CSU), logo pela manhã desse sábado de há 44 anos,  inseriu-se nos habituais «con-
tactos operacionais» entre comandantes das  unidades que operavam em terras uíjanas. 
O tenente-coronel Carlos Almeida e Brito 
fez-se acompanhar por oficiais da CCS do BCAV. 8423 (que comandava) e repetiu reu-
niões dos dias 4, 21, 25 e 26. E uma outra se realizaria ainda nesse mês de Outubro: a 28 
Regedores do Quitexe (foto de net). A imagem
nada tem a ver com os indicados no texto
(a segunda-feira seguinte).

Desarmamento
dos milícias !

O encontro com os regedores da região e Subsector do Quitexe ocorreu ao fim da tarde e tinha a delicada operação de desarmamento dos milícias como tema.  Desarmamento que, como por aqui já historiámos, «não teve boa aceitação por parte dos povos, nomeadamente nos postos sede (Quitexe) e Aldeia Viçosa».
O livro «História da Unidade» sublinha que «crê-se não terem justificação os receios apresentados, se se puser em fogo o anunciado cessar-fogo» mas que «no entanto, também neste caso só o tempo o garantirá». Esta razão levou a que, há precisamente 44 anos, se realizasse a reunião com «todos os regedo-
res, aos quais foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das mi-
lícias»O HdU refere que «tal veio a suceder, voluntariamente, a partir de 28 de Outubro». E sem quaisquer problemas.

Moreira de Santa Isabel,
66 anos em Setúbal !

O 1º. cabo Pratas Moreira, Cavaleiro do Norte da 3ª. CCAV. 8423 e festeja 66 anos a 28 de Outubro de 2018.
José Fernando Pratas Moreira foi atirador de Cavalaria da Fazenda Santa Isa-
bel e residia, ao tempo, na Estrada de Santa, ao Bairro da Linha, em Setúbal. Lá voltou a 11 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar em Angola, e trabalha, com empresário, no sector comercial de máquinas e equipamentos industriais, vivendo agora no Bairro da SAPEC, também em Setúbal. Para lá e para ele, vai o nosso abraço de parabéns! 

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

4 281 - O adeus das CCAÇ´s 2019 e 4145 ao Liberato e a Vista Alegre!

Coluna-auto da CCAÇ. 209/RI 21 em progressão na picada que ligava a Fazenda do Liberato à Estrada do
Café (que liga Luanda à capital do Uíge) e, por esta, à vila Quitexe e à cidade de Carmona (para norte) e
Aldeia Viçosa (para nascente)
Monumento de evocação dos militares mortos em combate
na Fazenda do Liberato, no norte de Angola

O distante dia 25 de Outubro de 1974, uma sexta-feira da há já 44 anos,  foi tempo, por terras do Uíge angolano, da «anunciada remodelação do dispositivo» no que ao Subsector do BCAV. 8423 dizia respeito.
O livro «História da Unidade», de que nos socorremos, relata  que «abandonam o Subsector a CCAÇ. 209, a qual regres-
sará à sua sede a 8 de Novembro, e a 
O condutor Nogueira da Costa,  do Liberato,
e o atirador de Cavalaria Dionisio Baptista, do
 PELREC da CCS do BCAV. 8423,
 em Setembro de 2018 e no Seixal
CCAÇ. 4145, a qual, a partir de Novembro, se vai instalar no Sector Luanda»
A CCAÇ. 209, do Regimento de Infantaria º. 21 (RI 21), aquartelado em Nova Lisboa (actual cidade do Huambo), era principalmente formada por militares angolanos, embora com quadros maioritariamente europeus. Era comandada pelo capitão Victor Almeida que, segundo o furriel José Marques de Oliveira, vagomestre do Libera-
to, tivera promoções militares muito  rápidas, de alferes a tenente e logo a capitão miliciano e era 
O furriel José Oliveira e o capitão Victor Almeida,
com a esposa. Dois «caçadores» da 209/RI 21 da
Fazenda do Liberato, no Uíge angolano
muito popular por ser vocalista de um famo-
so grupo musical da época. Era algarvio e casado com uma senhora holandesa.

Quadro de oficiais
da CCAÇ. 209/RI 21

A CCAÇ. 209 ficou associada à CCS do BCAV. 8423, a partir de 6 de Junho de 1974, e a ela  pertenceu o condutor José Luís Nogueira da Costa (habitual colaborador deste blogue).
O quadro de oficiais, todos milicianos, era o seguinte: 
- VICTOR. Victor Corrêa de Almeida, capitão de Infantaria e comandante da Companhia. 
- SERENO: José Adalberto Sereno de Castro e Melo, alferes. De família de Águe-
da e engenheiro químico, morava em Nova Lisboa. Agora, na zona de Viseu. O pai era  o engº. Castro Melo, que foi director geral dos Caminhos de Ferro de Benguela e faleceu, com a esposa, num acidente de viação, em Nova Lisboa, tinham cerca de 50 anos e eram pais de 8 filhos.

- PEIXINHO. José Carlos Peixinho, alferes e en-genheiro mecânico, era do Lobito.
- PEREIRA. Nelson Pereira, alferes, era de Sá da Bandeira.

- SPOSSEL. Carlos Manuel Morbey de Oliveira Spossel, alferes. Morava em Luan-da, filho de mãe americana e pai português, quadro superior dos Caminhos de Ferro de Benguela.
Olímpio Carvalho, que por lá foi 1º. cabo de transmissões e é bancário aposen-

tado, foi quem nos indicou estes dados. Tinha ido para Angola aos 4 anos e por lá ficou até 1979, já como bancário, no Banco Totta. Mora em Mirandela.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

4 280 - Os lutos do Talambanza, no Quitexe, e a mobilização popular do MPLA!

Os furriéis milicianos Viegas (Operações Especiais) e Cândido Pires (Sapadores), ambos da CCS dos 
Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, 
na aldeia do Talambanza, a 24 de Outubro de 1974, há rigorosa- 
mente 44 anos, na Estrada do Café, à saída do Quitexe para Carmona
Cavaleiros do Norte de Zalala, furriéis milicianos: Américo Rodri-
gues (falecido a 30/08/2018, de doença e em Famalicão), Plácido
 Queirós, que amanhã festeja 66 anos, em Braga, e Eusébio
Martins (f. a 16/04/2014, de doença e em Belmonte)


O dia 24 de Outubro de 1974 foi tempo, para os furriéis Cândido Pires e Viegas, ambos da CCS do BCAV. 8423, se des-
locaram à vizinha aldeia do Talambanza, ao lado do Quitexe e na estrada para Carmona, onde decorria a cerimónia de luto de uma criança negra.
Ambos de folga (de serviços internos da guarnição) foram atraídos pelo som dos cânticos e rufar de tambores (assim pa-
recia...), que de lá soavam. Na verda-
de, chegados da Europa e embora ine-
briados pelos calores e cios d´Angola, os militares rapidamente ganharam apetite por conhecer os hábitos dos nativos. 
Eu, por mim, dou-me conta de fazer registos escritos (e de quando en vez  reli-
dos) sobre as tradições negras, por exemplo nas alturas de velório. Tinham hábi-
tos estranhos, para nós, e registei alguns em fitas de gravador - que, infelizmen-
te, se deterioram com o tempo e ficaram unaudíveis. Já lá vão 44 anos.
Gravei e registei explicações sobre os cânticos e batucadas, bebidas e o espiri-
tualismo dos nativos - aspectos de cultura, ou de etnografia e folclore, que me entusiasmaram e acicataram muitas curiosidades, a ponto de, sobre isso, demo-
radamente falar com os «mais velhos»do Talambanza e do Canzenza. Entusiasmou-me conhecer, realmente e por dentro, as tradições populares nes-
ta área tão sensível da vida humana, a morte! - e que eles viviam de forma es-
tranha, para os nossos hábitos europeus. 
A imagem fotográfica primeira deste post é desse tempo de 1974, nela estando eu e o Cândido Pires - o imortal Pires do Montijo, agora em Niza -, com familia-
res da criança morta, à porta da cubata (casa) onde repousava o cadáver.
TC Almeida e Brito

Comandante A. Brito
em Aldeia Viçosa !

O comandante Carlos Almeida e Brito deslocou-se a Aldeia Viçosa  no dia 24 de Outubro de 1974, em visita de trabalho operacional e no âmbito do plano de «contactos entre as várias autoridades do Subsector»
O tenente-coronel de Cavalaria que liderava os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, com comando instalado na vila do Quitexe, fez-se acompanhar de ofi-
ciais da CCS, tal como, em outras missões - ao Comando do Sector do Uíge (CSU), instalado na cidade de Carmona (nos dias 4, 21, 25, 26 e 28 desse mes-
mo mês de há 44 anos), ao Destacamento de Luísa Maria (a 13) e à 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel (a 17).
A primeira página do Diário de
Luanda de 24 de Outubro de
1975- Há 43 anos

Angola, 24/10/1975, a
17 dias da independência!

Um ano depois e a 17 dias da independência, Angola estava a ferro e fogo e o MPLA, controlando a maior parte do território, decretou mobilização a popular de «todos os homens entre os 18 e os 35 anos».
«Angola está sujeita a uma invasão estrangeira, a soldo do imperialismo e que se processa em várias frentes», referia o comunicado do Comissariado Político do Esta-
do Maior das FAPLA, lido aos microfones da Emissora Oficial de Angola por José Van Dunnen, explicando que «não se trata de enviar recrutas em instrução para a frente de combate, pois os efectivo das FAPLA são suficientes para as necessidades imediatas, mas para constituir uma força militar mais ampla, face à invasão do território».
A imprensa do dia noticiava que, na Frente Sul, «a situação mantém-se grave (...), pressionada pelas forças invasoras, constituídas por mercenários recru-
tados na África do Sul, pelo traidor Daniel Chipenda, e por forças regulares da-
quele país». Já tinham atingido Chíbia (antiga vila General João de Almeida) e aproximavam-se de Sá da Bandeira.
Plácido Queirós,
furriel de Zalala

Queirós, furriel de Zalala,
66 anos em Braga !

O furriel miliciano Queirós, da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda de Zalala, festeja 66 anos a 26 de Outubro de 2018.
Plácido Jorge de Oliveira Guimarães Queirós foi atirador de Ca-
valaria que mereceu louvor «pela maneira pronta e eficiente co-
mo desempenhou as diversas missões que lhe foram confia-
das», entre as quais se destacam «pela qualidade do seu trabalho, as de en-
carregado do cantina e de auxiliar do seu 1º. sargento», para as quais «não possuía aptidões especiais».
O louvor sublinha que «superando com o seu esforço e verdadeiro espírito de sacrifício todas as dificuldades que se lhe depararam, deu sempre provas inequívocas do seu interesse pelos serviços que lhe foram solicitados, o que o credita da consideração do comando que serviu»Destaca também os seus «elevados dotes de camaradagem, lealdade e extrema dedicação», o que levou a que «as suas actividades militares, além de apreciadas por superiores, foram admiradas pelos seus camaradas e subordinados».
O Plácido Queirós fez vida como comercial do ramos automóvel e, já aposen-
tado, vive em Braga,sua terra natal, e para lá vai o nosso abraço de parabéns!

terça-feira, 23 de outubro de 2018

4 279 - Cavaleiro do Norte com cinema, cessar-fogo oficial do MPLA!

Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423 num ananasal da Fazenda de Zalala, todos 1ºs. cabos: Jorge Manuel
da Silva (rádio-telegrafista), Ângelo Pereira Lourenço (operador-cripto) e Hélio  Rocha da Cunha (rádio-

-telegrafista). Um momento de «fumaça»... e estilo!
O 1º. cabo Tomás, aqui menos «cinematográfico» e mais
 agro-pecuário, no BC12. Era ele quem projectava os
filmes dos Cavaleiros do Norte . Também colaborava,
nessa área, com instituições civis


A rodagem do filme sobre da vida de Eusébio começou a 10 de Outubro, no Clube do Quitexe, e lá terminou a 23 do mesmo mês de 1974.
A acção inseria-se no «plano de acção psicológica sobre as NT», as dos Cava-
leiros do Norte do BCAV. 8423,o filme rodou, nas mãos do 1º. cabo Rodolfo Tomás (quem o projectava), por todas as Companhias do BCAV. 8423: a de Zalala (1ª. CCAV.), a de Aldeia Viçosa (2ª. CCAV) e Fazenda Santa Isabel (3ª. CCAV.). 
A memória já não deixa lembrar se tam-
bém foi exibido em Vista Alegre, onde estava a CCAÇ. 4145, do capitão Raúl
Caçadores da 4145, a companhia de Vista Alegre
e do capitão Raúl Corte Real: Dias, Marques,

Veiga e Israel
Corte-Real. O mais certo é que... sim!
O filme ainda voltaria a ser exibido no dia 29 e de novo  no Clube do Quitexe, desta vez «em actividade orientada para as populações».

Cessar-fogo e Governo 
de Transição em Novembro

O dia 23 de Outubro de 1974 foi tempo de se saber, através da imprensa, do finalmente oficial cessar-fogo do MPLA, depois do acordo da véspera, entre o  movimento e uma delegação portuguesa, «assinado em plena mata», numa barraca de campanha a 70 quilómetros de Lucusse, no leste de Angola.
O acordo já tinha sido assinado no dia 21, às 17 horas, e pôs fim a mais de 13 anos de luta armada. O comodoro Leonel Cardoso, chefe da delegação portu-
guesa, considerou que «foi dado um passo largo para a paz em Angola». A FNLA e a UNITA, os outros dois movimentos de libertação de Angola, recor-
demos, já tinham assinado os seus acordos com Portugal.
A etapa seguinte, reportava o Diário de Lisboa de 23 de Outubro de 1974, que citamos, «poderia ser a formação de uma frente comum, a qual, com o Governo de Lisboa, viria a negociar um Governo de Transição».
O que «certas fontes», ainda segundo o DL da capital portuguesa, «admitem ser anunciado já no próximo mês» - Novembro de 1974, há 44 anos.
O 2º. sargento enfermeiro Manuel Eira
no encontro anual da CCS de 2013,
 em Santo Tirso
Manuel Eira, 2º.
sargento da 2ª.
CCAV. 8423

Eira, 2º. sargento, 75
anos em Vila Real !

O 2º. sargento Eira, da 2ª. CCAV., 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja 75 anos a 26 de Outubro de 2018. 
Manuel Alcides da Costa Eira chegou a Carmona em Abril de 1975, colocado nos Cavaleiros do Norte do capitão miliciano José Manuel Cruz, ao tempo (e desde 11 de Março) aquartelados no BC12, com a CCS do BCAV. 8423.
Tinha sido furriel miliciano enfermeiro em Moçambique, entre 1965 e 1968, de-
pois continuando a carreira militar como 2º. sargento - com uma primeira co-
missão em Angola, em 1971. Depois da jornada angolana com os Cavaleiros do Norte, em 1975, esteve 20 anos colocado na Escola Prática de Polícia, em Torres Novas.
Aposentado, está radicado em Vila Real, para onde «receitamos» um feliz dia de anos. Parabéns!