Coluna parada em Salazar, a 5 de Agosto de 1975, e militares dos Cavaleiros do Norte a ajudarem civis |
O segundo dia da epopeica coluna de Carmona para Luanda, dia 5 de Agosto de 1975 e «com cerca de 700 viaturas», começou bem cedo para os Cavaleiros do Norte das 2ª. CCAV. e 3ª. CCAV., mais a Companhia de Comandos e a de Pára-Quedistas.
«A guerra psicológica travada no Negage fora esgotante para os nervos, mas estavam vencidas as primeiras grandes dificuldades», reporta o livro «História da Unidade, referindo-se também à partida de Samba Caju, onde a coluna pernoitou e de onde saiu pelas 6,30 horas da manhã desse dia de há 44 anos.
Uma hora depois, na longa estrada para Luanda, a coluna atingiu o controlo de dita Samba Caju, onde, e recapitulamos do HdU, «surgiram novas dificuldades, novamente torneadas mas que conduziriam a que só pelas 8,30 horas de retomasse a marcha».
Dificuldades «impostas» pela FNLA, que não queria deixar sair os civis do Uíge e muito menos que, na sua suposição, os Cavaleiros do Norte fossem «reforçar» a área dominada pelo MPLA - na qual iria entrar. Muito valeu, na altura, a competência militar do comandante Almeida e Brito e a sapiência diplomática de Daniel Chipenda, alto dirigente da FNLA.
Um dos helicópteros de apoio á coluna dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 Foto do furriel Agostinho Belo |
Helicóptero alvejado e
viaturas abandonadas
Vila Flor foi passada por volta das 11 horas desse 5 de Agosto de 1975 e ali mais viaturas se juntaram à imensa coluna que na véspera saíra de Carmona, ainda em terra da FNLA. Logo depois, citamos do HdU, «entrou-se em «terra de ninguém», até que, por volta das 13 horas, se fez nova paragem para juntar todas as viaturas e refazer a coluna».
«Ia-se entrar na terra do MPLA, havia que reconhecer o itinerário e, para tal, recorreu-se aos helis que, em Salazar, estavam à espera da coluna», reporta o HdU, acrescentado que «feito o reconhecimento aéreo, em que um heli foi alvejado, contactou-se o MPLA, via terrestre, por volta das 13,30 horas».
Atravessou-se Lucala, por volta das 14 horas, e aqui se abandonou mais uma viatura. Por Salazar, actual N´Dalatando, passou-se pelas 16 horas e a cidade «demorou a atravessar cerca de 4 horas», já que tiveram de se resolver «diversas avarias». E mais uma viatura foi abandonada.
A coluna incorporou, então, uma Companhia de Comandos Pára-Quedistas que «estava de reserva no Comando Territorial de Salazar», e passou-se pelo Dondo por volta das 23 horas, seguindo-se nova interrupção de marcha.
A coluna, ao fim de dois dias de marcha, estava a 174 quilómetros de Luanda. Tinha percorrido cerca de 350 quilómetros, que agora se fazem em tempo parecido com 4,30 horas.
António Rocha |
Rocha, 1º. cabo enfermeiro
da 2ª. CCAV., faria 68 anos!
O 1º. cabo António Gomes da Rocha, da 2ª. CCAV. 8423, faria 68 anos a 5 de Agosto de 2019. Faleceu em 2016.
Cavaleiro do Norte enfermeiro de especialidade, de Aldeia Viçosa e depois também de Carmona, regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar e à sua residência de Ribeiro, povoação da freguesia de Milhundos, em Penafiel. Por lá fez a sua vida familiar e profissional, sempre participando nos encontros anuais da 2ª. CCAV. 8423.
A morte surpreendeu-o, por doença, a 9 de Maio de 2016 e hoje recordamos com saudade este bom companheiro da jornada angolana do Uíge. RIP!!!
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