terça-feira, 12 de maio de 2020

5 055 - O galopar desenfreado dos acontecimentos pelas terras uíjanas do norte de Angola!

A actual ponte do Rio Dange, na Estrada do Café e imediatamente antes de Vista Alegre, depois da região
 dos Dembos. Ali se aquartelou parte da 1ª. CCAV. 8423 dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, no
destacamento assinalado. A ponte do nosso tempo foi destruída pela guerra civil angolana
O espaço do antigo quartel do BCAV. 8423, à direita, e a
Igreja de Santa Maria de Deus do Quitexe.  Os pavilhões
são de um escola da vila uíjana, a 24/09/2019


Os tempos da cidade de Carmona de há 45 anos foram tempos de um «galopar desenfreado dos acontecimentos« que, de acordo com o livro «História da Unidade», «leva(vam) a admitir a necessidade de, pelo menos, fazer vir a 1ª. CCAV. 8423 para Carmona, abandonando Songo e Cachalonde».
As duas guarnições do comando do capitão miliciano Castro Dias já eram consideradas «desnecessárias, senão inconvenientes» naquelas localidades, enquanto Carmona continuava ser cenário de incidentes entre os movimentos e eram cada vez mais e maiores as dificuldades sentidas para garantir a segurança de pessoas e bens.
Paralelamente, e da parte da comunidade civil, levedava crescente hostilidade relativamente às NT - e os Cavaleiros do Norte eram já, à altura, a única força militar portuguesa no distrito do Uíge.

A FNLA, entretanto, anunciava a sua recusa categórica em participar na cimeira dos três movimentos «a que esteja associado um representante do Governo Português». Isto, referia o comunicado do grupo liderado por Holden Roberto, devido «à evidente parcialidade e falta de objectividade que certos membros do Governo de Lisboa dão provas em relação à FNLA».
Alferes milicianos da CCS do BCAV 8423: Jaime Ribeiro
(sapador) António A. Cruz (mecânico), António Garcia
(Operações Especais) e José Leonel Hermida (TRMS)

«Portugal e o Futuro», 
de António Spínola, 
e os alferes milicianos

Um ano antes, a 12 de Maio de 1974 e com o BCAV. 8423 ainda em Portugal, soube-se que o livro «Portugal e o Futuro», de António Spínola, tinha sido proibido de entrar em Angola, por decisão do Governador Geral 
A Ordem de Serviço nº. 278, do RC4 e de
23/11/1973, com as mobilizações dos
alferes milicianos dos Cavaleiros do Norte
Santos e Castro e até ao dia 25 de Abril. 
A revelação foi do jornal «A Província de Angola», que se publicava em Luanda e que teve dois editoriais cortados pela censura - quando, em Fevereiro, foi lançado o livro.
Hoje, recordamos a mobilização dos oficiais milicianos do BCAV. 8423, os então aspirantes a oficiais milicianos e futuros alferes milicianos Cavaleiros do Norte. 
A Ordem de Serviço nº. 278, de 23 de Novembro de 1973, do RC4, dava conta  que «nos termos da alínea c) do nº. 1 do Decº. Lei 49107, foram nomeados por imposição para prestar serviço na RMA e nas Companhias que cada um se indica os senhores oficiais deste Regimento». E lá estão António Garcia, Jaime Ribeiro e António Albano Cruz (da CCS), Carlos Sampaio, Pedro Rosa, Lains dos Santos e Mário Jorge de Sousa (1ª. CCAV.), Jorge Capela, João Carlos Periquito, Carvalho de Sousa e João Francisco Machado (2ª. CCAV.), Carlos Almeida e Silva, Mário José Simões, Pedrosa de Oliveira e Augusto Rodrigues (3ª. CCAV.).
Luís Machado
sargento-ajudante

Apresentação de Luís Machado,
sargento-ajudante do BCAV. 8423

O sargento-ajudante Machado, do SGE, apresentou-se no RC4 e no BCAV. 8423 a 12 de Maio de 1974,  poucos dias antes do embarque para Angola.
Luís Ferreira Leite Machado, de seu nome completo, serviu na secretaria do Comando do Batalhão e nasceu a 15 de Maio de 1920, em Évora. Tinha 54/55 anos no tempo da nossa jornada africana do Uíge angolano e, após a passagem à aposentação, fixou-se em Évora, onde faleceu aos 80 anos, a 12 de Julho de 2000.
Foi militar profissional muito respeitado e acarinhado pela classe de furriéis milicianos e hoje o recordamos com saudade! RIP!!! 

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