sexta-feira, 20 de novembro de 2020

5 253 - Véspera de anos no Quitexe, patrulhamentos nos bairros suburbanos em Luanda!


Os furriéis milicianos Viegas, de Operações Especiais (Rangers), e Cândido Pires (dos
Sapadores), da CCS do BCAV. 8423, na aldeia do Talambanza, na saída do Quitexe para
Carmona, na Estrada do Café, há exactamente 46 anos!

 
O Quitexe a 24 de Setembro de 2019: as bombas 
de gasolina e o Clube, na Estrada do Café

A 20 de Novembro de 1974, já lá vão 4 anos..., andava eu a ponderar sobre os meus então viçosos quase 22 anos, que faria no dia seguinte. Tivemos uma escolta a uma fazenda, comemos lá peixe seco - o que, se me lembro bem, era uma estreia gastronómica para mim!!!... -, e não gostei!!! E voltámos à nobre vila quitexana, onde aquartelávamos e nos esperava o banho da praxe - para limpar
A parada do BCAV. 8423, no Quitexe, a 
24 de Setembro de 2019. Os pavilhões, na 
antiga parada, são escolas


a lama do corpo, amassada de suor e pó das picadas. E o correio, que agora reli, com uma mão cheia de recados de afecto, pelas 22 vezes que fazia anos.
Hoje, vejam la, estou na véspera de fazer 68!
Agora, que os re(re)li, deixei-me emocionar pelo aerograma do Alberto Ferreira, o meu amigo cabo especialista da Força Aérea, que estava na Base Aérea de Luanda.
«Estás aí para o norte e certamente com mais sossego que nesta m... de cidade, onde há porrada todos os dias. Nós agora é que estamos na guerra (...). Espero que sobrevivas a esse tédio e festejes os teus 22 anos com a alegria que todos merecemos, pois andamos por cá a dar o lombo ao manifesto, sem saber para quê. Grande abraço, pá!, não te esqueças de uma wiskada por mim».
O Alberto, com quem dividi bancos de escola (em Águeda) e noitadas de Luanda, por sítios de prazer, de cio e de gosto, foi um amigo de sempre, licenciou-se em economia, foi vereador e candidato a presidente da Câmara de Águeda e faleceu, de doença, há quase 13 anos. 
O destino fez com que tivesse sido dos últimos amigos a falar com dele, dias antes do seu triste passamento. 
«Acabei, pá!!!...», disse-me, sem um qualquer nó de garganta, sentindo-se próximo do seu fim, mas sereno e corajoso.
Andava pelo Minho, a despedir-se da vida - assim me disse, sem amargura, ou um lamento, sem quaisquer lutos de alma. 

O furriel Viegas, da CCS do BCAV. 8423,  e o 
condutor Nogueira, da CCAÇ. 209/RI 21, a do
Liberato, a 8 de Outubro de 2019 e em Luanda

 
Luanda com patrulhamentos
nos bairros suburbanos !

Luanda, ao tempo, fervilhava em problemas de segurança, com muita gente civil armada, não se sabia (???) como nem por quem. 
A imprensa de 20 de Novembro de 1974, há 40 anos!!!, ufff!!!!... -, dava conta que «as Forças Armadas Portuguesas e as milícias populares do MPLA continuam a patrulhar os bairros suburbanos da capital angolana, assegurando o rápido reestabelecimento da ordem». Não sei se seriam bem assim. Na véspera, tinham sido presos três homens que «em nome do MPLA, saqueavam um estabelecimento comercial». Confessariam, noticiava o Diário de Lisboa, que cito, «serem provocadores a soldo da reação»
O MPLA não dizia quem seria tal reação, mas o jornal deixava entender «estarem ligados a outro movimento de libertação». Qual? Diria eu que a FNLA. A UNITA pouco aparecia, por esse tempo.
Havia problemas em Cabinda, onde a FLEC reinvindicava a independência do enclave e, pelo MPLA, era acusada de ser «um bando de fantoches a soldo do imperialismo, como apoio de um país vizinho», referindo-se ao Zaire de Mobutu.
Mais a sul, no planalto central do Huambo, em Nova Lisboa, a PSP deteve 7 cidadãos brancos e apreendeu-lhes um Land Rover. Os presos foram transferidos para a Casa de Reclusão de Luanda.

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