quarta-feira, 31 de março de 2021

5 385 - As férias de Abril de 1975! A violação do acordo Portugal/movimentos!

O furriel Viegas, em férias militares abrilinas. e o capitão Domingues, da ZMN (à direita)
em tempos da Luanda de há 46 anos, com a família Resende: Fátima e José Bernardino,
com as duas filhas, e Albano (ao centro), na baixa da capital de Angola

A Estação dos Correios da baixa de Luanda (foto da net)-
Daqui, telefonei em segunda-feira de Páscoa de 1975 e
 de visita na minha aldeia. Há precisamente 46 anos!

Segunda-feira, 31 de Março de 1975! Saímos do Katekero (eu e o Cruz) para o mata-bicho na Portugália, ainda não eram 8 horas da manhã e fazia um calor intenso, quase sufocante. 
A leitura da imprensa do dia ocupou-nos o tempo de matabichar e fazer horas de espera para a chegada do conterrâneo Albano Resende (às 10). Depois, caminhámos pela marginal, embrulhados no bulício de uma baixa que estava longe dos incidentes entre os movimentos - que eram lá para a alta e para os bairros suburbanos. Passámos ao lendário Pólo Norte e, ao darmos de frente com os Correios, ocorre-me a loucura de telefonar a minha mãe, que por aqui (onde agora escrevo, em Ois da Ribeira, município de Águeda) fazia o luto da morte de meu pai (um ano e pouco antes) e da minha jornada africana de Angola, na guerra colonial. Era dia de visita pascal na aldeia!
Telefonar para a Europa, ao tempo, não era vulgar - era quase um atrevimento. Não era como agora, na era dos telemóveis, em que ligamos na hora e na hora falamos. 
Ao tempo, tínhamos de pedir a ligação à operadora de serviço e aguardar que tal acontecesse. O que poderia levar horas. No caso concreto, a «loucura» não foi bem sucedida, pois a chamada para a vizinha Celeste Tavares não apanhou a minha mãe em casa. Tinha ido beijar a cruz a casa de familiares. Falei com a vizinha, que me pediu notícias de uma irmã radicada em Luanda e quem fazia tempo não ter notícias - a Benedita (que por cá faleceu em 2016). Naquele tempo, existiam 7 telefones na minha aldeia - público, um deles!
Luanda e o Pólo Norte (à esquerda), «templo»
dos bons gelados e de boas e namoradeiras
 conversas, lá pelos anos 70 do século XX!

Violação do acordo
Portugal/movimentos!

O jornal diário «Liberdade e Terra», afecto à FNLA, dava conta da visita do ministro Almeida Santos a Kinshasa, onde reuniu com Holden Roberto (FNLA) e, depois, com Mobutu, presidente do Zaire.
A situação político-militar evoluía: «Nas últimas 48 horas, houve violação do acordo entre os três
O restaurante A Floresta, que ficava
próximo da Sé, na baixa de Luanda
(foto da net)
movimentos de libertação e o Governo português, mas estas ocorrências não prejudicam o regresso à normalidade, ou à quase normalidade, embora se pressinta um estado latente de tensão», reportava José António Salvador, o enviado especial do Diário de Lisboa, que citamos.
Almeida Santos, entretanto chegado a Lisboa, ido de Kinshasa, comentava «a possibilidade de novos incidentes» e de estes «degenerarem numa guerra civil» angolana. Admitiu a possibilidade mas manifestou a convicção de «não esperar tal probabilidade» e, por outro lado, «a certeza da neutralidade portuguesa».
O almoço do dia, com o Cruz e o Albano Resende, foi no restaurante Floresta, bem perto da Sé de Luanda e regado de vários «canhangulos» - como por lá se chamava às canecas de cerveja, cada qual pr´aí com um litro da dita. Boas férias, bem começadas! 
O final da tarde e a noite iam ter o saudoso Alberto Ferreira com «anfitrião». Por Luanda jornadeava ele, com cabo especialista da Força Aérea.
José Oliveira,
furriel da CCAÇ.
209/RI 21, que 
festeja 70 anos
a 01/04/2021
 
O furriel Oliveira e o capitão Victor,
da CCAÇ. 209/RI 21, e esposa


Oliveira, furriel do Liberato
70 anos em Águeda !

O furriel miliciano Oliveira, vagomestre da CCAÇ. 209/RI 21, festeja 70 anos a 1 de Abril de 2021.
A sub-unidade do BCAV. 8423 era essencialmente formada por militares angolanos e alguns quadros europeus. Que normalmente iam em rendição individual. Foi o caso de Zé Marques (o furriel miliciano Oliveira), que, natural do Caramulo, foi nosso companheiro de bancos da escola, em Águeda. Ainda assim,  cumpriu 22 meses da sua jornada angolana.
Jornadeou pelo Liberato, onde conheceu dois comandantes: os capitães Baracho (oficial do quadro) e, depois, o miliciano Victor Correia, oficial que foi de alferes a tenente e depois comandou a companhia.
O furriel Oliveira regressou a Portugal e chegou à sua casa do Caramulo, pelas 23 horas da noite de Natal de 1974! Ainda a tempo de consoada.
Funcionário bancário da Caixa Geral de Depósitos, já aposentado, reside em Águeda - onde estudou, trabalhou e se radicou.
Parabéns!

terça-feira, 30 de março de 2021

5 384 - O domingo de Páscoa de 1975! Manobras para deter a marcha do povo angolano!

A Portugália já não é a... Portugália. É a Kibabo, empresa angolana dedicada a várias
 especializações empresariais.  A imagem é de 18 de Setembro de 2019, quando por
lá passou o (ex)furriel Viegas (na foto)

A mítica Portugália, em Luanda, verdadeiro local de culto
dos militares portugueses. Aqui almoçaram os furrieis
Cruz e o Viegas no Domingo de Páscoa de 1975.
Os furriéis Cruz e
Viegas no Quitexe
e em 1974/75


Dia 30 de Março de 1975!!! Ups!!! É domingo de Páscoa e saiu-nos (a mim e ao Cruz) uma pequena «sorte grande»: fomos autorizados e pudemos antecipar, por um dia, a nossa ida de férias e voámos de Carmona para Luanda no avião das 10 da manhã. 
A tensão continuava por lá, na capital angolana, e a primeira novidade, ainda no aeroporto, foi a suspensão do jornal «A Província de Angola», de alguma forma substituído pelo «Liberdade e Terra». diário com o mesmo formato e dirigido pela FNLA. FNLA que, lia-se no jornal «O Comércio» desse dia, tinha comprado a Rádio Televisão de Angola, que então estava em fase de instalação e limitada a Luanda. O jornal «A Província da Angola» estava suspenso (não me ocorre a razão) e era o diário que habitualmente nos chegava ao Quitexe. Outros jornais (O Comércio e o Diário de Luanda, por exemplo) normalmente não passavam de Carmona, raramente chegavam à vila-sede do (nosso) BCAV. 8423.
Outra novidade: a edição do jornal «Vitória Certa», afecto ao MPLA, do qual também espreitámos os títulos da primeira página.
Jornal «Liberdade e Terra», órgão oficial
da FNLA. Como se lê em baixo, à direita,
o movimento de Holden Roberto acusava o
MPLA de ter desencadeado «o surto
de violência»

Estão a entregar isto
tudo ao MPLA...

A viagem até ao Katekero, do aeroporto ao Largo Serpa Pinto, foi rápida e o taxista, um europeu branco, percebendo que éramos militares, reportou-nos a manifestação da véspera, em Lisboa, em tom muito crítico - relativamente às autoridades portuguesas. 
«Estão a entregar isto tudo ao MPLA...», afirmou ele, barafustando também contra o Alto Comissário Silva Cardoso. «Qualquer dia, até nos comem e a tropa não faz nada...», expectou o exaltado homem, muito nervoso e excitado, a espumar raiva. Socorro-me do Diário de Lisboa de 31 de Março de há 41 anos, para recordar os slogans dos 2000 manifestantes que marcharam do Rossio até S. Bento, com uma enorme bandeira do MPLA e a fotografia de Agostinho Neto na frente: 
Jornal «Vitória Certa»
órgão oficial do MPLA
«MPLA, um só povo, uma só nação; Morte à CIA; Governo popular / Abaixo o Colonialismo; Os pides fora de Angola; MPLA a vitória é certa; MPLA, vitória ou morte».

Manobras para deter
a marcha do povo !

A manifestação visava, segundo o Diário de Lisboa, o «protesto contra as manobras  deter a marcha do povo angolano para a sua libertação total» e foi guardado um minuto de silêncio em memória das vítimas dos combates entre o MPLA e a FNLA.
E Luanda? O que o taxista nos reportou foi um perigoso clima de tensão, sequente dos combates entre MPLA e FNLA. Os três movimentos tinham mandado o acordo de cessar fogo às urtigas e repetiam-se os tiroteios, se bem que, e felizmente, não se registassem vítimas mortais. O recolher obrigatório tinha sido levantado e as emissoras privadas já podiam retomar as suas programações normais - enquanto a Emissora Oficial de Angola apenas podia divulgar os comunicados oficiais.
Na verdade, e na prática, nada nos preocupou nas primeiras horas de Luanda, em dia de Páscoa de 1975. Eu e o Cruz, depois do banho de fim da manhã, no Katekero, descemos à baixa e fomos confortar o estômago no recheado almoço da Portugália. 
O ambiente era de tranquilidade, com muita gente a circular descontraidamente, sem se ver um militar fardado!  tarde ia ficar por nossa conta, espreguiçando-nos nas areias das praias da ilha, bebericando cuca´s com camarão e esperando a noite de sonhos e cios que expectávamos para este inesperado primeiro dia de férias angolanas!!!

segunda-feira, 29 de março de 2021

5 383 - Patrulhamentos Mistos no Uíge! Mais de 100 mortos e fuzilamentos em Luanda!

Grupo de combatentes da FNA e do MPLA, aqui na parada do BC12 e que, há 46 anos,
faziam patrulhamentos mistos na cidade de Carmona, actual Uíge, com os Cavaleiros 
do Norte do BCAV. 8423 

Os furriéis Neto, Viegas, Matos (2ª. CCAV.) e Monteiro em
 pose de 1974, há 47 anos e num carro de combate do RC
4. Este e/ou outros ainda lá estão, 47 anos depois! 

A 29 de Março de 1975, os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 jornadeavam por Carmona (actual cidade do Uíge), levando por diante e sem medos os patrulhamentos mistos - noite e dia, 24 sobre 24 horas!
Os homens da FNLA e do MPLA, lá pelo Uíge, continuavam a sua teimosa e inamistosa relação, agravada pelas dramáticas notícias 
que, nos dias de vésperas, chegavam de Luanda: mais de uma centena de mortos (entre combatentes dos movimentos e civis), centenas de feridos, até fuzilamentos..., recolher obrigatório, tiroteio incontrolado de armas ligeiras e pesadas.
A 29, hoje se passam 46 anos..., porém, a situação parecia desanuviar, mas... nunca fiando. «Manteve-se esta manhã o recolher obrigatório e a suspensão dos noticiários sobre os acontecimentos de Luanda, apesar de a situação aparentemente estar a regressar à normalidade», relatava o Diário de Lisboa, acrescentando que «com o protocolo ontem assinado, a situação vai-se atenuando na cidade».
Protocolo entre as autoridades nacionais - lá representadas pelos ministros Almeida Santos e Melo Antunes e o Alto Comissário Silva Cardoso - e os movimentos envolvidos nos confrontos e que «implicou» a libertação dos prisioneiros feitos pelo MPLA (entregues às Forças Armadas Portuguesas) e os populares detidos pela FNLA (neste caso, não se sabendo se todos).
Isto, num tempo em que Jonas Savimbi, falando em Dar-es-Salam, fez questão de reafirmar aos jornalistas «a neutralidade da UNITA, refutando, assim, uma notícia da BBC segundo a qual, em caso de confrontação mais vasta, se pôr ao lado da FNLA, contra o MPLA».
Jonas Savimbi, aliás, anunciou «para breve» um encontro dos três presidentes dos movimentos de libertação de Angola, para «tratar de problemas políticos, nomeadamente das eleições».
Jornal «Liberdade e Terra» da FNLA


Rádios privadas a «falar» e
Emissora Oficial sem notícias

O recolher obrigatório em Luanda foi levantado a 29 de Março de 1975, hoje se passam 46 anos, depois de vários dias de muitos incidentes entre forças armadas do MPLA e da FNLA.
O balanço era trágico: mais de centena e meio de mortos e muitos mais feridos - entre militares dos movimentos e civis.
A 30 do mesmo mês e ano, o dia seguinte, as emissoras privadas de Angola puderam voltar a apresentar a sua programação normal, mas a Emissora Oficial foi excluída deste regime.
 «Apenas poderá difundir as notícias constantes dos comunicados oficiais», relatava a imprensa do dia - o último domingo desse Março de 1975.
A Emissora Oficial de Angola, ao tempo, era muito questionada pela FNLA - devido ao tipo de informação que prestava - e o jornal (diário) «Liberdade e Terra», órgão central deste movimento e nas suas duas últimas edições, insurgia-se contra a actividade desta estação radiofónica.


CCAV. 8423
Cristiano e Coelho
em festa dos 69 anos !

Os Cavaleiros do Norte Cristiano e Coelho, ambos da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel e depois do Quitexee Carmona, festejam 69 anos a 31 de Março de 2021.
Luís Martins Coelho foi 1º. cabo condutor auto-rodas e era (é) natural do lugar de Outeiro da Castanheira, na freguesia de Mouronho, concelho de Tábua - aonde voltou a 11 de Setembro de 1975, o final da comissão em Angola.
Cristiano Manuel Jorge Fernandes foi soldado atirador de Cavalaria e, ao tempo, como agora, mora(va) na Calçada da Graça, em Lisboa. Lá regressou, também a 11 de Setembro de 1975 e por lá tem feito vida.
Parabéns para ambos!




domingo, 28 de março de 2021

5 382 - Comandante em Vista Alegre, reforço dos Cavaleiros do Norte e licença de normas...


Cavaleiros do Norte de Santa Isabel: furriel Graciano
Silva e alferes Mário Simões (atrás) e furriéis Luís Capi-
tão (falecido a 05/01/2010, em Vila Nova de Ourém e de
doença) e José Fernando Carvalho. Há precisamente
46 anos e com o seu pelotão (o 3º. da 3ª. CCAV. 8423),
 reforçaram a guarnição de Carmona 


O dia 28 de Março de 1975, há 46 anos e pelo Uíge angolano, foi tempo de o comandante Carlos Almeida e Brito visitar a 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Zalala, mas ao tempo aquartelada em Vista Alegre.
Interino da Zona Militar Norte (ZMN), o comandante do BCAV. 8423 (CAB) fazia-se acompanhar pelo também interino, mas dos Cavaleiros do Norte - o capitão José Diogo Themudo, que desde o dia 24 de Março era 2º. comandante do  BCAV. 8423.
O alferes Carlos Silva, ladeado pelo condutor Manuel
 Mendes (á esquerda) e o atirador Ernesto Simões.
Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV., a de Santa Isabel
A 1ª. CCAV. 8423 também tinha um destacamento em Ponte do Dange e era comandada pelo capitão miliciano Davide de Oliveira Castro Dias - a quem, e à guarnição, foi apresentado o capitão José Diogo da Mota e Silva Themudo.

Reforço dos Cavaleiros
e Licença de Normas

«impossibilidade de garantir os serviços solicitados ao BCAV., que comportam também os da ZMN, também em extinção» implicou o seu reforço, a 28 de Março de 1975, com «mais um grupo de combate, este da 3ª. CCAV. 8423, por ser a subunidade que, de momento, tem a sua vida menos sobrecarregada».
Grupo de combate (o 3º. pelotão) que tinha estado na Fazenda Maria Amélia e era comandado (ver foto) pelo alferes Mário Simões e incluía os furriéis milicianos Graciano Silva, José Fernando Carvalho e Luís Capitão - este infelizmente já falecido, de doença, a 5 de Janeiro de 2010, em Vila Nova de Ourém.
Um ano antes, terminava a Licença de Normas dos futuros Cavaleiros do Norte, iniciada a 18 de Março de 1974, a qual, todavia, e segundo o Livro da Unidade, «acabou por ser aumentada, de tal modo que só a 22 de Abril se voltou a reencontra todo o pessoal do Batalhão, para dar efectivação à Instrução Operacional».
Nesse período, os quadros milicianos (futuros alferes e furriéis) iam prestar serviços de ordem ao aquartelamento de Santa Margarida - em escala previamente estabelecida. Os praças foram dispensados dessa obrigação.
O Diário de Lisboa e a notícia do
 acordo para cessar os combates 

Acordo em Luanda
para o cessar fogo

A reunião dos ministros Almeida Santos e Melo Antunes com o Colégio Presidencial do Governo Provisório de Angola resultou na assinatura de um protocolo entre os três movimentos de libertação, pelo qual MPLA, FNLA e UNITA «se obrigam a cessar as hostilidades e a libertar até ao meio dia de hoje todas as pessoas que prenderam durante os últimos dias».
A UNITA tinha sido neutral nos trágicos acontecimentos desses dias, mas assinou o acordo, que se negociava desde a véspera e se concluiu na madrugada de 28 de Março de 1975.
A FNLA era acusada de dispor de soldados zairenses. «Os soldados todos falavam francês e muitos deles nem conhecem qualquer dialeto angolanos. Certos meios progressistas de Luanda dizem que não sabem até que certo ponto muitos deles não terão pertencido a exércitos convencionais», referia José António Salvador, no Diário de Lisboa, acrescentando que «os soldados da FNLA continuaram as suas ações de intimidação, durante o dia de ontem», aparentemente, frisava, «com apoio de alguns pides».
Um grupo de 12 médicos do Exército Português, entretanto, apresentou um abaixo-assinado à Comissão do MFA Angola «protestando energicamente contra a actuação da FNLA», que chegou a qualificar como «bestialidade nazi».
«O que parece definir a FNLA é o seu nacionalismo exacerbado, intolerante, que usa o terror como arma», referia o comunicado dos médicos militares portugueses. A FNLA, de Holden Roberto, a antiga UPA.

Raúl Corte Real

Capitão Corte Real, de Vista
Alegre, 75 anos em Lisboa !

O capitão Raúl Corte-Real está amanhã, dia 29 de Março de 2021, em festa de anos! Comemora 75!
Oficial miliciano, foi estudante do Liceu Almirante Lopes Alves, no Lobito, e licenciou-se na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Comandou a CCAÇ. 4145 e, já no final da passagem operacional por Vista Alegre, onde chegou a 1 de Abril de 1973. Ali,
 integrou uma grande operação militar local - a Operação Turbilhão - e comandou a então única Zona de Intervenção (ZI) do Uíge. Mora em Lisboa, para onde vai o nosso abraço de parabéns!


 

sábado, 27 de março de 2021

5 381 - Os 92 anos do capitão Acácio Carreira da Luz!!

O capitão Acácio Luz e sua «mais-que-tudo»,
D. Violontina, com o furriéis Neto, à direita,
e Viegas, com a esposa, na Marinha Grande
Ano 92, véspera
do ANO 93!


O capitão Luz festeja amanhã, dia 28 de Março de 2021, a bonita idade de 92 anos, lá pelas suas terras da Marinha Grande!
Noo-veeeeeen-ta e doiiis!!!!
É o nosso Cavaleiro do Norte Maior!
O mais sábio, mais eloquente, o mais jovem de todos os que, do BCAV. 8423, jornadearam por terras africanas do Uíge angolano, em 1974 e 1975!
Aos 92 anos, manda esta mensagem:

O capitão Luz e D. Violontina
com o quadro/caricatura que lhe
foi oferecido aos 90 anos e pelos
Cavaleiros do Norte do BCAV.
8423 no encontro de 2019
AOS CAVALEIROS
DO NORTE !!!

Recordando hoje os Cavaleiros do Norte que há mais de 45 anos, por terras de Uíge, em Angola, em missão militar, e embora com tarefas diferenciadas, mas geograficamente juntos, viveram em unidade e espírito de corpo, experiências comuns, no tocante a afastamento da família, riscos de vida iminentes por força de melindrosas missões a desempenhar por cada um e sempre colocada acima de todos os sacrifícios que tais missões impunham.
Os Cavaleiros do Norte foram militares que constituíram o Batalhão de Cavalaria nº. 8423 que jornadeou por terras de Quitexe e Carmona (ao tempo), onde se distinguiu pelo seu elevado espírito de disciplina, sua principal característica, causa principal por que muito beneficiaram as populações locais, sempre numa atitude de isenção e acolhimento que o tornaram merecedor dos maiores encómios, reconhecidos tanto por toda a população civil como por autoridades civis e militares.
Foi nestas circunstâncias e em momentos extremamente difíceis, que estes militares se revelaram na observância da coragem (que lhes é peculiar), da lealdade, da fraternidade, da solidariedade e de tantas outras virtudes militares, que contribuíram para a consolidação da sua formação humana.
Não surpreende, portanto, que no uso destes valores, se cimentem amizades que perduram ao longo da vida.
Hoje, os CAVALEIROS DO NORTE constituem um grupo de amigos do peito, que mata saudades dos bons e maus momentos por que passou em Angola, nos encontros/convívios que, desde então, vem realizando todos os anos e ao qual muito me orgulha pertencer. 
O capitão Acácio Luz na
caricatura dos 90 aos

Coragem, lealdade, fraternidade, solidariedade
e tantas outras virtudes militares

Foi nestas circunstâncias e em momentos extremamente difíceis, que estes militares se revelaram na observância da coragem (que lhes é peculiar), da lealdade, da fraternidade, da solidariedade e de tantas outras virtudes militares, que contribuíram para a consolidação da sua formação humana.
Não surpreende, portanto, que no uso destes valores, se cimentem amizades que perduram ao longo da vida.
Hoje, os CAVALEIROS DO NORTE constituem um grupo de amigos do peito, que mata saudades dos bons e maus momentos por que passou em Angola, nos encontros/convívios que, desde então, vem realizando todos os anos e ao qual muito me orgulha pertencer. 
De saudade acrescida, são recordados os que já partiram, com a certeza que o Criador os mantém em bom lugar.
De saudade acrescida, são recordados os que já partiram, com a certeza que o Criador os mantém em bom lugar.
Também este grupo de amigos mantém acesa a chama da amizade, atração que o torna coeso e garante a sua sustentabilidade, não apenas por tal amizade se fundamentar em acontecimentos que marcaram profundamente as vidas de cada um, mas também por mercê da sorte em possuir um dos seus elementos, CELESTINO VIEGAS, o nosso maior que, ao longo de muitos anos, através do seu blog que criou para o efeito, tornando-o como meio aglutinador, não permitindo que, naturalmente, se esbatam memórias que fazem rejuvenescer, nos enriquecem e dão alegria de viver. Também a sociedade ganha , não só pela história do BCAV. 8423, mas ainda por muitos acontecimentos que rodeiam a vida de Angola na ocasião.
ACÁCIO CARREIRA DA LUZ
Os então tenentes João Mora e Acácio Luz
com os alferes António Garcia e Jaime
Ribeiro, na vila do Quitexe e em 1974


Quem é quem?
Capitão Acácio Carreira da Luz

Acácio Carreira da Luz serviu os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, como chefe de secretaria e oficial de pessoal, então como tenente do SGE.
A ordem de serviço nº. 74, publicou louvor do comandante Almeida e Brito, frisando que «durante o tempo em que prestou serviço na RMA, confirmou o conceito e que era tido» demonstrando «qualidades militares e cívicas que o cotaram como precioso auxiliar do comando que serviu», as quais «são garante de assim sucederá em outras quaisquer funções que lhe sejam cometidas».
O tenente/capitão Luz além das funções a seu cargo, que «sempre manteve em dia e procurando as melhores soluções, chamou a si todo o serviço de Justiça do Batalhão», tornando-se «um precioso auxiliar dos seus camaradas que, pela sua inexperiência, viram em tal serviço complexidade e melindre». 
O louvor precisa que foi «disciplinado, de lealdade e correção inexcedíveis, de elevadas qualidades militares, de total dedicação pelo serviço, dotado de excelente educação e civismo», qualidades que «o creditam como excelente oficial». E de tal modo, sublinha o louvor, que «o tornaram considerado e estimado pelos subordinados, pelo que os serviços que prestou são merecedores de público louvor».
Parabéns, capitão Luz!
 

sexta-feira, 26 de março de 2021

5 380 - Os primeiros passos do (não) Exército Integrado de Angola, por terras do Uíge!

Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa: furriéis milicianos António Artur Guedes, José Gomes,
António
Carlos Letras e Jesuíno Pinto (já falecido). Em baixo, os soldados Leonel Sebastião
(mecânico) e Manuel Joaquim 
Oliveira (cozinheiro), de cigarro na boca e todos em momento
 de boa disposição, no S. Martinho de 1974

Cavaleiros do Norte da CCS e 3ª. CCAV., todos furriéis
 milicianos: Fernandes, Cardoso, Querido, combatente
  da FNLA e Rocha. Em baixo, Carvalho, Monteiro e Belo
A noite de 26 para 27 de Março de 1975, há 46 anos, foi a de «estreia» dos patrulhamentos mistos na cidade de Carmona, envolvendo forças portuguesas, da FNLA (o ELNA), do MPLA (as FAPLA) e da UNITA (o ELNA).
O livro «História da Unidade» dá conta que «deste modo, ensaiando-se os primeiros passos de actividade operacional em Exército integrado com os movimentos emancipalistas, a seu pedido e porque se verificou um deteriorar da situação, nomeadamente nos distritos de Salazar e Luanda, iniciaram-se patrulhamentos mistos do Exército Português, ELNA, FAPLA e FALA».
Aqui já se contou que «esta actividade militar já havia sido experimentada em 15 de Março, aquando das comemorações do feriado da FNLA e exclusivamente em serviço de segurança dos locais aonde iriam celebrar-se as comemorações». Experiência uíjana que, de resto e continuando a citar o «HdU», se «mostrou proveitosa, que teve a maior receptividade por parte das forças militares dos movimentos e que, por parte dos nossos soldados foi bem compreendida e aceite, com certa expectativa inicial mas sem problemas de execução». 
Repetível, por isso.
E assim foi durante várias semanas, por Março fora e Abril de 1975 adentro, até à sangrenta e dramática primeira semana de Junho - a dos incidentes de Carmona. A experiência dos Cavaleiros do Norte, aliás, viria a ser «imitada» noutras cidades do território angolano.
«Tem-se verificado boa aceitação das medidas militares tomadas, o que tem sido a origem do clima de paz que se vive no distrito», sublinha o livro «História da Unidade». Por distrito (ou província como também às vezes era denominado), entenda-se o Uíge, de que Carmona era a capital.


Notícia do Diário de Lisboa
Granadas no jardim do
Palácio do Governador


A esse tempo, as «coisas» iam assim por Carmona e Uíge, mas não tão pacíficas por Luanda, onde os acordos entre o movimentos valiam o que valiam. 
Na verdade e na mesma noite em que a capital do Uíge «inaugurava» patrulhamentos mistos, «a situação voltou a piorar» na capital do Estado (futuro país).
«Duas granadas explodiram nos jardins do Palácio do Governador, não se tendo registado vítimas», reportava a imprensa, acrescentando que «soldados da FNLA ocuparam posições no como de alguns prédios» e que «ouviram-se também tiros de armas pesadas durante a noite, embora se de desconheçam os autores dos disparos».
A população dos bairros urbanos «continua(va) preocupada» pois, destacava a imprensa, «há elementos da FNLA que procedem a autenticas rusgas contra da vontade dos populares», apesar das directiva dos seus comandos, no sentido de não abandonarem os seus aquartelamentos».
O ministro Lopo do Nascimento «apresentou já um plano para normalizar totalmente a situação», na altura a ser apreciado pelo Alto Comissário (o general Silva Cardoso) e o Conselho de Defesa Nacional.
Ao mesmo tempo (e dia, o 26), o ELNA (da FNLA) convidava a população «a participar no funeral dos soldados que morreram durante os recontros que recentemente ocorreram nesta capital» - a cidade de Luanda - e o comandante Vassoura Timóteo ordenou «a todos os soldados que se mantenham nos respectivos aquartelamentos», frisando que «o mínimo gesto que se verificar contra os militantes e simpatizantes da FNLA, ou contra o ELNA, será considerado desafio aos inimigos do povo».
«A guerra é uma profissão. A morte é um destino. Liberdade e Terra», proclamou o comandante Vassoura Timóteo.

 
Os furriéis milicianos Viegas e Cruz na avenida
 do Quitexe e no ano de 1974. Atrás, a messe de
 oficiais (à es
 querda) e a casa dos furriéis

Vésperas de férias 
na imensa Angola

O tempo destes dias de Março há 46 anos foi tempo de véspera de férias para vários Cavaleiros do Norte. Particularmente dos furriéis milicianos Cruz e Viegas, que tinham «aprontado» um circuito por várias cidades, de norte a sul de Angola.
Viegas e Cruz em 2014, 39 anos depois,
em Lisboa e nos jardins da Estufa Fria
Iam, não iam? A situação militar permitiria que fossem? Permitiu, mas o descanso emocional só ficou garantido depois de uma conversa formal com o comandante da CCS (o capitão António Oliveira) e, depois desta, com o capitão José Paulo Falcão (o oficial de operações). «Tudo indica que sim, que podem ir...», disse-nos este oficial do BCAV. 8423. «Depois logo se vê...», acrescentou com um «aviso», porém: «Vocês tem de estar sempre localizados. Tratem disso...».
Felizmente, pudemos gozar as férias sem nenhuma «chamada» e começámos-las pela Luanda, que fervilhava e se dramatizava em combates fratricidas e onde, como acima se historia, até granadas eram atiradas para os jardins do Palácio do Governador.

José A. Moura

Moura, clarim de Zalala,
69 anos em Sesimbra !

O soldado José de Azevedo Moura, da 1ª. CCAV. 8423, festeja 69 anos a 26 de Março de 2021.
Clarim de especialidade militar, jornadeou por Zalala, Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, antes de passar pelo Campo Militar do Grafanil e, a 9 de Setembro de 1975, regressar a Portugal.
Fixou-se em Casal de Loivos, freguesia de Casal de Corvos, no município da Sertã, de onde era natural, e sabemos, por informação do furriel João Dias, que reside na Quinta do Conde, em Sesimbra. É para lá que vai o nosso abraço de parabéns!

quinta-feira, 25 de março de 2021

5 379 - Cavaleiros carregados de serviços no Uíge! Incidentes e mais de 20 mortos em Luanda!

 

O furriel Manuel Machado  e o alferes António Albano Cruz, ambos
milicianos dos Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV.8423

O alferes António Garcia, de Operações Especiais
(Rangers) na porta d´armas do BC12, em Carmona,
a actual cidade do Uíge
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, há 46 anos, continuavam a sua jornada em ambiente de relativa calma, embora carregados de serviços, nomeadamente os militares operacionais  - que, pela natureza da sua especialização, estavam encarregados da segurança de pessoas e bens, fossem civis ou fossem militares, para além da das várias instalações da Forças Armadas e serviços púbicos da cidade de Carmona.
Era muito curto o número de efectivos disponíveis, apenas os operacionais da CCS e da 2ª. CCAV. 8423 (a de Aldeia Viçosa), para tanta exigência de segurança, só na cidade.
A guarnição instalada no quartel do extinto BC12 desmultiplicava-se, por isso, em tarefas para «garantir os serviços solicitados ao BCAV., os quais comporta(va)m também as necessidades da Zona Militar Norte» - a ZMN, ao tempo já em fase «também em extinção».
Notícia do Diário de Lisboa de 25/03/1975 sobre a situação em
 Angola: «Mais de 20 mortos nos combates entre forças do
 MPLA e FNLA». «A calma regressa a Luanda», titulava o jornal


Incidentes em Luanda 
com mais de 20 mortos !

A 25 de Março de 1975, uma terça-feira, as autoridades militares portuguesas em Angola faziam o balanço dos incidentes entre o MPLA e a FNLA, de dois dias antes: 18 mortos entre os militantes deste movimento, o de Holden Roberto, «enquanto nenhum há a registar entre as forças do MPLA», reportava o Diário de Lisboa, porém, sublinhando que «no momento, é difícil determinar o número de vítimas». Sem esquecer os 2 civis.
Os incidentes entre as FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, o braço armado do MPLA) e o ELNA (Exército de Libertação Nacional de Angola), idem, da FNLA) tinham recomeçado na madrugada do dia 23, o domingo - depois de escaramuças a 21 (a 6ª.-feira anterior), «nalgumas zonas dos subúrbios e afectaram seriamente a vida da população» da cidade de Luanda.
Havia mesmo, segundo o Diário de Lisboa, «certas áreas interditas à normal circulação de pessoas e viaturas», como era o caso do Bairro Cazenga, «onde durante toda a tarde e noite de ontem se ouviram constantes disparos de armas automáticas e rebentamento de granadas». Ontem, que - recuemos no tempo... - foi o dia 24 de Março de 1975, uma segunda-feira.
O Alto-Comissário Silva Cardoso, à di-
reita, com o almirante Rosa Coutinho

Morte de 2 crianças
no bairro Cazenga

O bairro suburbano do Calemba também não escapou aos combates e, segundo o Diário de Lisboa, «foi palco de novos incidentes», os que, à data, «há 48 horas vem envolvendo forças das FAPLA (do MPLA) e do ELNA (da FNLA».
A chamada «cidade do asfalto», essa parecia longe de tais guerras. «A calma não tem sido perturbada. A vida de decorre serenamente, embora se note apreensão no rosto das pessoas», reportava ao Diário de Lisboa, acrescentando, porém, que, no Cazenga, «algumas pessoas foram atingidas pelas balas e duas crianças morreram devido ao tiroteio».
As Forças Armadas Portuguesas intervieram ao final da tarde do dia 23, após reunião do Conselho Nacional de Defesa (CND), e foi reposta a calma. Patrulhas mistas - formadas por militares portugueses e dos movimentos de libertação - colaboraram na «manutenção da ordem»
O CND, presidido pelo Alto-Comissário Silva Cardoso, general português, e os Estados Maiores do MPLA e da FNLA «ordenaram o regresso aos quartéis das tropas dos dois movimentos de libertação» - os dos presidentes, respectivamente, Agostinho Neto e o de Holden Roberto.
José F. Romão de Zalala

Romão de Zalala, 69
anos em Setúbal !

O soldado Romão, da 1ª. CCAV. 8423, festeja 69 anos a 25 de Março de 2021.
José Fernando dos Santos Romão foi condutor auto-rodas e, depois da mítica Fazenda Zalala e Vista Alegre/Ponte do Dange, também passou pelo Songo, antes de chegar a Carmona e, já em Agosto de 1975, a Luanda e do Campo Militar do Grafanil.
Por razões que desconhecemos, o seu nome não consta da lista de embarque dos Cavaleiros do Norte, nem da 1ª. CCAV. 8423, nem de qulquer outra companhia dos Cavaleiros do Norte, mas, por informação do furriel miliciano João Dias, sabemos que mora em Setúbal. É para lá que vai o nosso abraço de parabéns! 
A Fazenda Samta Isabel, onde se aquartelou
a 3ª. CCAV. 8423 dos Cavaleiros do Norte

Gonçalves, 1º. cabo de Santa
Isabel, 69 anos no Barreiro !

O 1º. cabo Francisco Gestrudes Gonçalves foi condutor auto-rodas da 3ª. CCAV. 8423 e festeja 69 anos no dia 25 de Março de 2021.
Cavaleiro do Norte da Fazenda Santa Isabel e do capitão José Paulo Fernandes, depois do Quitexe e de Carmona, regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975 e fixou-se na Rua Voz do Operário, na cidade do Barreiro. 
A vida levou-o para a freguesia de Verderena (na Rua Cândido de Oliveira) também no Barreiro, onde vive e para onde vai o nosso abraço de parabéns!

quarta-feira, 24 de março de 2021

5 378 - José Diogo Themudo, o 2º. comandante do BCAV. 8423! Incidentes em Luanda!


O capitão de Cavalaria José Diogo Themudo, à 
 direita e na varanda do BC12, com o alferes João
Machado (à esquerda) e o capitão José Falcão


O BCAV. 8423 esteve sem 2º. comandante até ao mês de Março de 1975, quando, em dia indeterminado, lá chegou o capitão José Diogo Themudo, conhecido do comandante Carlos Almeida e Brito - quem, ocasionalmente o encontrando em Luanda, o convidou para assumir as funções.
O 2º. comandante seria o major José Luís Jordão Ornelas Monteiro, que, nas vésperas do embarque para Angola, foi «desviado» pelo MFA e colocado na Guiné «por motivos imperiosos de serviço». Faleceu a 16 de Julho de 2011, em Lisboa, tenente-coronel, aos 80 anos - nascido a 7 de Outubro de 1931.
O tenente-coronel Almeida
e Brito, comandante
do BCAV. 8423 
O capitão José Diogo da Mota e Silva Themudo, a 24 de Março de 1975, hoje se passam 46 anos, assumiu as funções de comandante interino do BCAV. 8423, substituindo o tenente-coronel Carlos Almeida e Brito que, nessa data e também interinamente, assumiu funções de comandante da Zona Militar Norte (ZMN).
José Diogo Themudo estava em Luanda, sem colocação, depois de a unidade de Silva Porto (para a qual ia destinado, a substituir outro capitão) já ter regressado. Pediu, mas foi-lhe negado o regresso a Lisboa. Era o último oficial a ter chegado a Angola.
«Instalei-me na messe oficiais e de quando em vez ia procurar novidades ao Quartel-General», explicou-nos, adiantando que, assim, «fiz praia durante um mês».
Um dia foi ao aeroporto para se despedir de um camarada de armas e foi lá que o tenente-coronel Almeida e Brito o achou. «Convidou-me para 2º. comandante do Batalhão e apesar de serem funções de major e eu ser apenas capitão, aceitei o convite. Resolvemos o problema no Quartel-General e fui para Carmona», historiou o agora coronel aposentado José Diogo Themudo.
Notícia do Diário de Lisboa sobre o recrutamento, pela
FNLA, de refugiados para as suas Forças Armadas

Incidentes em Luanda e
recrutamentos da FNLA

Os tiroteios na área suburbana de Luanda continuaram a 23 de Março de 1975, envolvendo forças do MPLA e da FNLA - mesmo depois do acordo de sábado à noite (dia 21) e ante a propositada não intervenção das Forças Armadas Portuguesas. Por decisão do Comando de Sector de Luanda.
Ao mesmo tempo, o movimento de Holden Roberto preparava o repatriamento de refugiados no Zaire, numa operação de três etapas, segundo noticiava a revista «Afrique-Asie»: uma primeira, que começara já em Setembro de 1974, agrupando-os em quatro agrupamentos, todos no Zaire (Nandulu, Kassai, Baixo Zaire e Shabi); uma segunda, então em execução, instalando-os em 20 campos de alojamento ao longo da fronteira com Angola; e uma terceira, envolvendo o transporte e instalação dos refugiados em Angola e em diferentes campos permanentes.
A operação envolveria 400 000 refugiados (segundo a ONU), ou dois milhões (segundo a FNLA). E custaria 20 milhões de dólares. O Zaire não financiaria a operação (por falta de tesouraria e depois de o FMI lhe ter recusado um empréstimo) e a revista «Afrique-Asie» noticiava que o ministro da Saúde do Governo Provisório (Samuel Abrigada, da FNLA) pediu, mas não teve, dinheiro de Igrejas Reformistas americanas. Recusaram dar esse apoio.
Assim sendo, e ainda segundo a mesma revista, «certas empresas mineiras e fazendeiros do Norte de Angola estaria dispostos a financiar a operação». A FNLA, com esta medida, dizia a «Afrique-Asie», «mataria dois coelhos de uma só cajadada: poderia recrutar no Zaire um exército para ocupar o Norte de Angola e para apoiar os seus projectos de domínio no Governo de Luanda».
Porfírio Malheiro, à direita e em
baixo, com familiares (2020)

Porfírio Malheiro
no BC12 e em 1975


Malheiro do Quitexe, 66
anos em Santo Tirso !

O 1º. cabo Porfírio Malheiro, da CCS, festeja 66 anos no dia 24 de Março de 2021. Voluntário, era o benjamim dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423.
Porfírio Tomaz Malheiro de Jesus foi especialista de reparação e manutenção de material e, zelosamente, cumpriu a sua jornada angolana do norte uíjano de Angola na oficina-auto comandada pelo alferes miliciano António Albano Cruz. Por coincidência, são ambos naturais do concelho de Santo Tirso - ele, o Malheiro, do lugar de Foral. Agora, a residir na João da Deus, da cidade tirsense.
O Porfírio Malheiro lá regressou a 8 de Setembro de 1975 e por lá fez (e faz) vida,  profissionalmente como motorista de transportes internacionais. Hoje, festeja 66 anos e para ele «viaja» o nosso abraço de parabéns!