sábado, 3 de abril de 2021

5 388 - Apoio português ao MPLA e confrontações violentas na capital angolana

Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, todos milicianos. Atrás, 
o alferes Pedrosa de Oliveira e o furriel Cipriano Silva - que amanhã festeja 69 anos em 
Lamego. À frente, os furriéis José Fernando Carvalho e Luís Capitão, que faleceu a 5
 de Janeiro de 2010, de doença e em Ourém

Oficiais Cavaleiros do Norte na Aldeia
do Cazenza: capitão António Oliveira
(comandante da CCS) e os alferes
milicianos António A. Cruz, Jaime
Ribeiro e António Garcia, falecido a
2 de Novembro de 1979. Ao fundo e
em destaque, a Igreja do Quitexe

O sino da torre da Igreja
de Santa Maria de Deus
do Quitexe

A primeira terça-feira de Abril de 1985 foi tempo de se saber, em Luanda, que «as Forças Armadas Portuguesas começaram já a prestar ao MPLA a mesma assistência militar que estavam a conceder aos outros dois movimentos de libertação» - a FNLA e a UNITA.
Era dia 3 e a decisão, segundo a imprensa do dia - avidamente lida na capital angolana -, decorrera das negociações que, em Lisboa, o presidente Agostinho Neto (do MPLA) tivera com Costa Gomes (o Presidente da República), o almirante Rosa Coutinho (antigo alto-comissário e agora membro do Conselho de Revolução) e o 1º. ministro Vasco Gonçalves.
Os Cavaleiros do Norte Cruz e Viegas, furriéis milicianos da CCS do Batalhão de Cavalaria 8423, estavam por Luanda, em descansadas férias mas atentos ao dia-a-dia angolano.
Instalados no Katekero, hotel residencial do Largo Serpa Pinto, não lhes escapou, por isso, o sempre ameaçador «som» das rajadas de metralhadoras que a noite anterior deixou ouvir, vindas do Cazenza - onde «forças do MPLA e da FNLA trocaram tiros».

Notícia do Diário de Lisboa de 3 de Abril
de 1975, sobre o apoio das Forças Armadas
Portuguesas ao MPLA

Confrontações violentas
na capital angolana

O Diário de Lisboa dessa tarde deu conta de «novas confrontações violentas na capital angolana» e recorda(va), por outro lado, «as duas centenas de mortos, muitos feridos e estropiados e inúmeros desaparecidos» da últimas semana. Nessa altura, ainda segundo o DL de 3 de Abril de 1975, «cerca da meia noite, do interior de uma viatura não identificada, partiram rajadas de metralhadora conta a delegação do MPLA do mesmo bairro» - o Cazenza.
Novidade maior, e melhor, era a de que tinha sido concluída «a troca de prisioneiros capturados pelos dois movimentos, durante os incidentes da semana passada». Os do MPLA, segundo os seus dirigentes, «apresentavam-se muito mal tratados»
.
Mais para a norte, nos Dembos, mas ainda distantes de Carmona (ou do Quitexe, de Aldeia Viçosa e Vista Alegre, já não tanto de Ponte do Dange), «as confrontações violentas terminaram, e o ambiente é normal, tal como no Piri, onde não chegou a haver tiros». Muito menos no (nosso saudoso...) Uíge, onde os Cavaleiros do Norte, determinados e garbosos, continuavam a sua missão de segurança de pessoas e bens. Ainda que muito incompreendidos e injustamente criticados pela comunidade civil branca europeia.

Os furriéis milicianos Grenha Lopes,
Agostinho Belo e, à frente, Graciano
Silva, que amanhã faz 69 anos! 

Graciano, furriel de Santa
Isabel, 69 anos em Lamego!

O furriel miliciano Graciano Correia da Silva, da 3ª. CCAV. 8423, festeja 69 anos a 4 de Abril, dia de Páscoa de 2021.
Atirador de Cavalaria de especialidade miliar, foi Cavaleiro do Norte da Fazenda Santa Isabel, do Quitexe e de Carmona, regressando a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975 - à sua natal terra de Portela, da freguesia de Cambras, nos arredores de Lamego e com o rio Douro aos pés.
Trabalhou na área do vinho do Porto e licenciou dois filhos: o neurologista Nuno Mendonça e a advogada Helena Isabel Mendonça da Silva.
Mora em Lamego e para lá, e para ele, vai o nosso abraço de parabéns!

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