O sino da torre da Igreja de Santa Maria de Deus do Quitexe |
A primeira terça-feira de Abril de 1985 foi tempo de se saber, em Luanda, que «as Forças Armadas Portuguesas começaram já a prestar ao MPLA a mesma assistência militar que estavam a conceder aos outros dois movimentos de libertação» - a FNLA e a UNITA.
Era dia 3 e a decisão, segundo a imprensa do dia - avidamente lida na capital angolana -, decorrera das negociações que, em Lisboa, o presidente Agostinho Neto (do MPLA) tivera com Costa Gomes (o Presidente da República), o almirante Rosa Coutinho (antigo alto-comissário e agora membro do Conselho de Revolução) e o 1º. ministro Vasco Gonçalves.
Os Cavaleiros do Norte Cruz e Viegas, furriéis milicianos da CCS do Batalhão de Cavalaria 8423, estavam por Luanda, em descansadas férias mas atentos ao dia-a-dia angolano.
Instalados no Katekero, hotel residencial do Largo Serpa Pinto, não lhes escapou, por isso, o sempre ameaçador «som» das rajadas de metralhadoras que a noite anterior deixou ouvir, vindas do Cazenza - onde «forças do MPLA e da FNLA trocaram tiros».
Notícia do Diário de Lisboa de 3 de Abril de 1975, sobre o apoio das Forças Armadas Portuguesas ao MPLA |
Confrontações violentas
na capital angolana
O Diário de Lisboa dessa tarde deu conta de «novas confrontações violentas na capital angolana» e recorda(va), por outro lado, «as duas centenas de mortos, muitos feridos e estropiados e inúmeros desaparecidos» da últimas semana. Nessa altura, ainda segundo o DL de 3 de Abril de 1975, «cerca da meia noite, do interior de uma viatura não identificada, partiram rajadas de metralhadora conta a delegação do MPLA do mesmo bairro» - o Cazenza.
Novidade maior, e melhor, era a de que tinha sido concluída «a troca de prisioneiros capturados pelos dois movimentos, durante os incidentes da semana passada». Os do MPLA, segundo os seus dirigentes, «apresentavam-se muito mal tratados».
Mais para a norte, nos Dembos, mas ainda distantes de Carmona (ou do Quitexe, de Aldeia Viçosa e Vista Alegre, já não tanto de Ponte do Dange), «as confrontações violentas terminaram, e o ambiente é normal, tal como no Piri, onde não chegou a haver tiros». Muito menos no (nosso saudoso...) Uíge, onde os Cavaleiros do Norte, determinados e garbosos, continuavam a sua missão de segurança de pessoas e bens. Ainda que muito incompreendidos e injustamente criticados pela comunidade civil branca europeia.
Os furriéis milicianos Grenha Lopes, Agostinho Belo e, à frente, Graciano Silva, que amanhã faz 69 anos! |
Isabel, 69 anos em Lamego!
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