CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

domingo, 30 de abril de 2017

3 747 - O avião voltou à pista, por causa dos bombardeamentos!

Cavaleiros do Norte do Quitexe, equipa de futebol dos Sapadores. De pé, Iri-
neu (clarim?), Afonso Henriques, NN (impedido do comandante?) Jerónimo
de Sousa e Américo da Silva Oliveira (que hoje faz 65 anos). Em baixo,
Amaral, Calçada, Grácio, NN e Coelho (falecido a 13/05/2007)

PELREC. 1º. cabo Augusto Hipólito (em França), furriel José
 Monteiro (Paredes), 1ºs. cabos Joaquim Almeida (falecido a
28/02/2009, em Penamacor) e Jorge Vicente (de Vila Morei-
ra, falecido a 21/01/1997). Em baixo, alferes António Garcia
(de Carrazeda de Ansiães, falecido a 2/11/1979, de aciden-
te, Manuel Leal (falecido a 18/06/2007,  
no Pombal e de do-
ença), Francisco Neto (Águeda) e Aurélio Júnior (o Barbeiro,
 de Ferreira do Zêzere) 


O dia 30 de Abril de 1975 foi o do regresso dos furriéis Cruz e Viegas a Carmona, depois do adiament da véspera, quando o avião que os levaria de Luanda teve de regressar à pista, pouco depois de levantar voo e por causa dos bombardea-mentos que, após uma meia hora de voo sobre os céu da capital angolana, por onde troavam morteiros, canhões e rajadas de metralhadoras ligeiras e pesadas, dos combates entre movimentos.
O voo não seguiu e, nessa noite de 29 de Abril, fomos «despejados» numa pensão, sem comida - que tivemos de procurar já depois do recolher obrigatório e com todos os perigos que isso representava. 

Custódio P. Gomes
A cada momento, podíamos ser alvejados. Ou presos. Agredidos sem quaisquer explicações. O que «funcionava» era a lei selvagem da noite! A lei das armas, no meio do caos! A do mais forte, a da sobrevivência! Era a luta dos movimentos, apanhando gente inocente no meio da metralha assassina!

Reencontro de forças 
do MPLA e da FNLA

O Diário de Lisboa do dia seguinte (dia 30 de Abril de 1975) noticiava «um reencontro entre forças da FNLA e da UNITAque já vinham de segunda-feira» - dia 28, apesar de a edição do dia 30 referir que «não estão determinadas as forças envolvidas nos recontros», embora fosse certo que «os primeiros incidentes registaram-se entre o MPLA e a FNLA».
«(...) as ambulâncias percorreram as ruas da cidade em direcção aos estabelecimentos hospitalares, desconhecendo-se, no momento, o número de mortos e feridos, não sendo de excluir que ande já pelas dezenas», reportava o Diário de Lisboa.
A manhã desse dia 30 de Abril ainda foi tempo para o Cruz e o Viegas descerem à Mutamba, à procura de almoço e tempo, também, para «alguns incidentes, que ultrapassaram já os limites dos musseques». Houve, aliás, tiroteio nas Avenidas do Brasil (próximo da sede da FNLA) e dos Combatentes - onde ficava a messe de sargentos (portuguesa).
A cidade, de resto, acordara ao som de tiroteios, de variadas origens e com armas de diversos calibres. «Pode dizer-se que ninguém dormiu», reportava o Diário de Lisboa desse 30 de Abril de há 42 anos
Bem o sabiam, o Cruz e eu (Viegas), mas lá fomos para o aeroporto, onde nos reencontraram o dr. Custódio Pereira Gomes - professor e advogado em Carmona, ao tempo já viúvo de minha conterrânea Maria Augusta Tavares, que em Carmona fora professora. Na véspera, indo no mesmo avião, também voltou a terra e por essa altura nos identificámos, quando, em período de recolher obrigatório nos vimos obrigados a «furá-lo», para procurarmos comida.

Américo Oliveira
Os 65 anos do sapador
Américo Oliveira

O soldado Américo da Silva Oliveira, da CCS dos Cavaleiros do Norte, fez 65 anos a 30 de Abril de 2017.
Militar do Pleotão de Sapadores comandado pelo alferes Jaime Ribero, era natural do Alto do Vilar, em Valongo, e lá regressou a 8 de Setembro de 1975. Para ele vai o nosso abraço de parabéns!




sábado, 29 de abril de 2017

3 746 - O 25 de Abril no Uíge e o futuro Exército de Angola

Gente do PELREC. Da esquerda para a direita, Francisco (de braços cruzados), Madaleno e Ferreira (lá 
atrás e com cerveja na mão). À frente, Botelho (de bigode), Aurélio Barbeiro (de mão no queixo), Florên-
cio  (de bigode), Messejana (falecido a 27/11/2009, de doença e em Lisboa), 1ºs. cabos Soares e Vicente 
 (ambos de de bigode), Leal (de boina no ombro e falecido a 18/06/2007, em Pombal e por doença), 1º.
cabo Almeida (atrás do Leal e falecido a 28/02/2009, em Penamacor) e um trio que parecem ser sapado-
res. Serão? À frente e à direita, o alferes Garcia (falecido a 02/11/1979, de acidente, era de Carrazeda
de Ansiães), 1ºs. cabos Cordeiro e Ezequiel, Marcos (?, a espreitar) e NN (virado para a sua direita)


Os furriéis João Martins e José Avelino Grenha Lopes,
ambos da 3ª. CCAV. 8423. Grenha Lopes festeja hoje 65
anos. É de Barcelos e trabalha e mora em Lisboa


O dia 25 de Abril de 1975, na área de acção dos Cavaleiros do Norte, não passou despercebido e, na captal do Uíge e para além das eleições, teve «cerimónia simples e singela» no Comando Territorial de Carmona.
«Realizou-se o içar da Bandeira Nacional, com as melhores honras militares e a presença de todos os oficiais do Comando Territorial de Carmona e do Batalhão de Cavalaria 8423», refere o Livro de Unidade.
O furriel Viegas, à direita, com o amigo Albano Resende,
na ilha de Luanda, em férias angolanas. Há 42 anos!
Quem lá não esteve, ainda em férias mas já nos seus «cabeceiros», foram os furriéis milicianos Cruz e Viegas, ainda a laurear o queijo por Luanda e atentos à realidade angolana.


Jonas Savimbi e o
Exército de Angola

O presidente da UNITA, Jonas Savimbi, por exemplo, afirmou em conferência de imprensa (a 29 de Abril de 1975 e em Luanda, hoje se fazem 42 anos) que (e, de resto, repetindo o que dissera à sua chegada à capital angolana), era «imperativo realizar a cimeira dos três movi-mentos de libertação», e, sublinhou, «antes que seja demasiado tarde».
O líder do «Galo Negro» recusou a ideia de uma guerra civil, considerando que era «uma impossibilidade prática». Isto porque, sublinhou Jonas Savim-
bi, «visto cada um dos movimentos de libertação saber que, se desencadeasse uma guerra civil, teria de enfrentar os outros dois movimentos».
O presidente da UNITA disse também que «as forças dos três movimentos de libertação deviam ficar integradas numa força verdadeiramente nacional» - o futuro Exército de Angola - e que tal deveria acontecer «o mais depressa possível», sem ser necessário que fosse muito grande».
«Não precisamos de um Exército desse género», sublinhou Jonas Savimbi.
Grenha Lopes

Furriel Lopes e 1º cabo
Teixeira fazem 65 anos



O dia 29 de Abril de 1975 foi tempo de dois Cavaleiros do Norte festejarem os seus então mui verdes e firmemente esperançosos 23 anos: o furriel miliciano Grenha Lopes e o 1º. cabo Agostinho Teixeira. Foi dia de festa para ambos. 
Agost. Teixeira

José Avelino Grenha Lopes foi furriel miliciano atirador de Cavalaria da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel. Regressou a Portugal e a Barcelos (ao lugar da Várzea) no dia 11 de Setembro desse mesmo ano de 1975 e, actualmente, é empresário comercial do ramo têxtil e residente em Lisboa.









Agostinho Pinto Teixeira foi 1º. cabo pintor da CCS, a Companhia do BCAV. 8423 do Quitexe. Regressou a Portugal no dia 8 de Se-






tem






bro, fixando-se na freguesia de Ramalde, no Porto - onde tinha residência. Actualmente e já aposentado, reside em Perafita, no concelho de Matosinhos.
Parabéns para ambos! 

sexta-feira, 28 de abril de 2017

3 745 - Comandante voltou ao Quitexe e à 3ª. CCAV. 8423 de Santa Isabel

Almeida e Brito com oficiais da 3ª. CCAV. 8423,aqui em Santa Isabel: alferes
milicianos Carlos Silva e Jaime Ribeiro, capitão José Paulo Fernandes, te-

nente coronel Almeida e Brito, dois civis e alferes Augusto Rodrigues 

O repouso dos guerreiros: furriéis milicia-
nos João Cardoso e José Fernando Carvalho,
da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel

O comandante Almeida e Brito voltou ao Quitexe a 28 de Abril de 1975, no âmbito da «continuação das visitas às subunidades», mas desta feita sem companhia de nenhum oficial do BCAV. 8423. 
Ali se aquartelava, ao tempo, a 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel e comandada pelo capitão miliciano José Paulo de Oliveira Fernandes. Dias antes, tinham rodado a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, de Vista Alegre e Ponta do Dange para o Congo e com Destacamento temporário em Cachalonde, no dia 24. E o resto da 2ª. CCAV., a de Aldeia Viçosa, para Carmona e o BC12 (na véspera, a 26).
Furriéis milicianos de Santa Isabel: Grenha Lopes,
Graciano Silva (à frente) e Agostinho Belo
Carmona e o Uíge iam... calmos. «Uma calma fictícia, é certo...», como nota o Livro da Unidade, mas que «permite manter-se um dia a dia mais ou menos estável, quebrado por um ou outro incidentes».

Material de guerra
para o MPLA

A noticia do dia, conhecida em Luanda, foi a da libertação de 6 ingleses que, precisamente uma semana antes (dia 20 de Abril, tripulantes de um avião queniano que tinham aterrado no aeroporto do Luso, sem autorização.
Detidos, prestaram declarações a uma comissão de inquérito e foram entre-

gues às autoridades consulares inglesas, em Luanda. O avião tinha sido alu-
gado pelo MPLA e transportava uniformes e medicamentos, mas as autori-
dades portuguesas suspeitaram que fossem armas para aquele movimento. 
O Diário de Lisboa de há 42 anos notava que «continua assim a verificar-se uma nítida discriminação em relação ao MPLA». Opinava o vespertino de Lisboa que «a FNLA recebe do Zaire todo o material de que carece, uma vez que fronteira do norte de Angola deixou praticamente de estar sob o controlo das Forças Armadas Portuguesas». Ao contrário, frisava o jornal, «mantém-se as dificuldades a entrada de material de guerra para o MPLA».
A 2ª. CCAV. 8423


Baixa de Rui Rocha, 
condutor da 2ª. CCAV.

O 1º. cabo Rui Manuel Duarte da Rocha integrava a 2ª. CCAV. 8423 e, a 28 de Abril de 1974 (um domingo, há exactamente 43 anos), apresentou-se no Hospital Militar Regional nº. 3, em Tomar, para uma consulta de cardiologia.
Voltou a 1 de Maio e ao HMR 3 regressou no dia 3. Teve alta no dia 6. Era condutor e partiu para Angola a 4 de Junho, com os restantes Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa. Era natural de S. Sebastião da Pedreira, em Lisboa, aonde regressou a 10 de Setembro de 1975.


65 anos do sapador Joaquim Sousa


Joaquim Castro de Sousa foi Cavaleiro do Norte do Pelotão de Sapadores comandado pelo alferes Jaime Ribeiro. 
Natural de Jovim, em Gondomar, lá regressou a 8 de Setembro de 1975. E lá vive, na Rua dos Netos, onde hoje faz 65 anos. Para lá  vão os nossos parabéns.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

3 744 - A chegada se Savimbi a Luanda, as eleições de 1975 em Portugal!

Os furriéis milicianos Cruz e Viegas, aqui sentados na placa ajardinada da
avenida do Quitexe, em frente à messe de oficiais e casa dos furriéis. Atrás 
e à direita, a cantina dos praças e a cobertura das aulas regimentais
O furriel Viegas (à civil) e o capitão Domingues.
Em Luanda e há precisamente 42 anos

Os dias de Abril de 1975 aproximaram-se do fim e, com eles, também as férias de dois Cavaleiros do Norte das CCS: os furriéis milicianos Cruz e Viegas. Já em Luanda e sendo domingo, o dia foi de almoço marcado com a família Resende e tempo de conhecer o capitão Domingues, que, por coincidência, prestava serviço na ZMN, em Carmona.

A notícia do dia era a da chegada de Jonas Savimbi a Luanda, já na véspera (sábado, dia 26 de Abril de 1975). «Foi acolhido no aeroporto de Luanda por uma multidão entusiástica e ruidosa, não se tendo registado quaisquer distúrbios», relatava a imprensa do dia.
O presidente da UNITA pediu «todo o apoio para o Governo de Transição» e sublinhou que «é imperioso que os três movimentos de libertação coexistam pacificamente». Apelou para a realização de uma cimeira.
«Podia ser realizada em Angola ou no estrangeiro», disse Jonas Savimbi, acrescentando à imprensa «ter a certeza» que a referida cimeira «reduziria a tensão entre os movimentos de libertação».
O presidente da UNITA confirmou ter estado reunido com o presidente do MPLA, em Lusaka, mas, sobre tal reunião, não quis fazer comentários. Admitiu, porém, que, em caso de vencer as eleições pós-independência, formaria «um governo de coligação com os outros dois movimentos de libertação».
Resultados eleitorais no Diário de Lisboa

Portugal a contar votos 
da Constituinte

As eleições para a Assembleia Constituinte tinha sido há dois dias (a  25), mas a 27 de Abril ainda se contavam votos.
Ao meio dia desse domingo, segundo o Diário de Lisboa, já se conheciam os nomes de 194 deputados, quase metade deles (95) eleitos pelo PS - mais um de Moçambique, onde foi o único partido a concorrer. O segundo partido mais votado foi o PPD, actual PSD, com 58, seguindo-se o PCP (25) e o CDS (12), o MPD/CDE (3) e a ADIM, de Macau (1).
Faltava conhecer os resultados da emigração.
Os condutores Vicente José Alves (organizador
 do encontro de 2017) e José António de Sousa
Gomes, que hoje faz 65 anos em Leça do Balio

Condutor Gomes,
65 anos em Leça

O condutor Gomes, da CCS dos Cavaleiros do Norte, faz hoje 65 anos.
José António de Sousa Gomes é de Gueifães, na Maia, e apresentou-se no BCAV. 8423, em Santa Margarida, a 6 de Março de 1974, transferido do batalhão de Engenharia 3 - que era mesmo ao lado. Com ele, também o Manuel Gonçalves Alves, o Alípio Canhoto Pereira, o Manuel Brites da Costa, o António Rosário Picote e o António dos Santos Gonçalves. Trabalhou como afinador de tintas (numa fábrica) e reformou-se aos 60 anos, mas continua a... afinar tintas e a ajudar o filho na oficina de automóveis. A vida «levou-o» até Leça do Balio, onde agora mora e para onde vai o nosso abraço da parabéns!

quarta-feira, 26 de abril de 2017

3 743 - O último dia dos Cavaleiros do Norte em Aldeia Viçosa



Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa: alferes Domingos Carvalho (cortado) 
e João Machado, capitão José Manuel Cruz, alferes Jorge Capela e furriel 
José Fernando Melo. Atrás do alferes Capela, está o Rito. E os outros dois? 


Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa: Gomes (à esquer-
da), Martins (a rir) e furriéis  António Carlos Letras e Je-
suíno Pinto (de bigode). E os dois da frente, quem são?

O dia 26 de Abril de 1975 foi o último da presença militar portuguesa em Aldeia Viçosa, onde desde 7 de Junho de 1974 estava aquartelada a 2ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz. «Fez-se a desactivação de Aldeia Viçosa, podendo afirmar-se que só a partir dessa data se completou a remodelação do dispositivo, que se julga ser a última até ao termo da comissão», nota o Livro da Unidade.
Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa:
há 42 anos rodaram para Carmona

A rotação foi para a cidade de Carmona, onde se juntou a outros «aldeia viçosas» e à CCS, já então aquartelados no BC12 - na saída para o Songo.
A 24 do mesmo mês de há 42 anos, precisamente dois dias antes, «desactivou-se Vista Alegre e Ponte do Dange», como também refere o Livro da Uni-
dade, «conduzindo tal facto à transferência da 1ª. CCAV. 8423 para o Songo, com um Destacamento temporário em Cachalonde»
Foi a penúltima mudança da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Zalala, que ainda rodaria para Carmona - a 6 de Junho de 1975, já no final dos trágicos inci-
dentes de Carmona. E por lá esteve até 4 de Agosto de Setembro, quando rodou (com o Batalhão) para o Grafanil - nos arredores de Luanda.
Comandante Almeida e Brito e capitão Fal-
cão no encontro de Águeda em 1996

Comandante e adjunto 
de visita à 3ª. CCAV. 8423

O comandante do BCAV. 8423, há precisamente 42 anos, voltou ao Quitexe, onde continuava aquartelada a 3ª. CCAV. 8423.
O então tenente-coronel Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito fez-se acompanhar do oficial-adjunto, o capitão José Paulo Montenegro Mendonça Falcão, e a deslocação foi de rotina e «em continuação das visitas às subunidades»
Os Cavaleiros do Norte da 3ª. CCAV. 8423 estavam no Quitexe desde 10 de Dezembro de 1974, então rodados da Fazenda Santa Isabel - onde tinham chegado, idos do Grafanil, a 11 de Junho do mesmo ano.
Lisboa contara votos toda a noite de sexta-feira (dia 25 de Abril de 1975) para sábado (dia 26) e a imprensa dava conta de que o PS era o mais votado e a maioria seria de esquerda. Às 9,45 horas da manhã de 26 de Abril e com 3 378 freguesias apuradas (faltavam 651), o PS tinha eleito 75 deputados. Seguiam-se o PPD/PSD (45), o PCP (21), o CDS (7) e o MDP (2).    Frente Socialista Popular, MES, UDP,. PPM, FECm PUP e LCI não tinham deputados eleitos.
O furriel mecânico Norberto Morais (de óculos na cabeça
 e mãos nos bolsos), ladeado pelos condutores Delfim Ser-
ra, Joaquim Celestino Gonçalves da Silva (que hoje faz
65 anos) e José António Gomes. Em Mortágua, 2015!

Condutor Celestino,
65 anos em Leça

O condutor Joaquim Celestino, Cavaleiro do Norte da CCS, faz hoje 65 anos em Leça do Balio.
Joaquim Celestino Gonçalves da Silva era residente no lugar do Freixieiro, freguesia de Perafita, em Matosinhos. E lá regressou a 8 de Setembro de 1975. Mora agora em Leça do Balio e chega aos 65 anos com a (quase) frescura dos 20 e poucos - quando jornadeou pelas terras uíjanas de Angola. Está de boa saúde e feliz da vida (com ele falámos há poucos momentos) e para ele vai o nosso abraço de parabéns! E o desejo de muitos mais e muito bons anos de vida. Até 3 de Junho, no RC4!



terça-feira, 25 de abril de 2017

3 742 - Onde estavam os Cavaleiros do Norte no 25 de Abril?

Os furriéis milicianos Neto, Viegas, Mário Matos (que hoje faz 65  anos,
em Anadia) e Monteiro, num carro de combate junto ao pavilhão dos
sargentos  milicianos do RC4, em Abril de 1974. Há 43 anos! 

Furriéis milicianos Rodrigues (sargento de
dia na noite do 25de Abril) e Manuel Pin-
to, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala

Os Cavaleiros do Norte, no 25 de Abril de 1974, estavam aquartelados no RC4, em Santa Margarida, fazendo a chamada Instrução Altamente Opera-
cional (IAO) - o Instrução de Aperfeiçoamento Operacional, em vésperas de partir para Angola.
Os praças dormiam todos na enorme caserna do Destacamento, onde o então 1º. cabo miliciano (futuro furriel) Américo Rodrigues estava de sargento de dia: «Tinha-me deitado na casa da guarda, envolvi-me nos cobertores e tentei dormir, depois de ver que estava tudo em ordem. Não passou muito tempo e o cabo da guarda a acordou-me a dizer que estava ali o Comandante». O comandante ali, àquela hora?
«Vai mas é chatear o car…. », gritou-
Notícia do 25 de Abril de 1974
no jornal «República»
lhe o Rodrigues, pensando que o 1º. cabo, por estar sozinho, queria era companhia, para não adormecer e me-
lhor passar o tempo. «Tinha acabado de blasfe-
mar desta maneira e tenho à porta da casa da guarda o Comandante Almeida e Brito, muito sério. Fiquei a olhá-lo, sem saber o que dizer», recorda o Rodrigues, surpreendendo-se com as ordens do comandante: 
«Vê se tens calma, vai à caserna e manda formar toda a companhia, com o devido armamento, ime-
diatamente...», ordenou Almeida e Brito. 
«Imaginem o que foi ir acordar toda a 1ª. Compa-
nhia», ainda hoje se espanta o Rodrigues, que, quando chegou à caserna, ouviu muitas e das boas.
O jornal «A Província de Angola»
de 25 de Abril de 1974
Ninguém se mexia, de pouco valeram os gritos do Rodrigues, e o comandante, estranhando a demora, deslocou-se à caserna e aí, sim, «o pessoal tremeu todo» e, recorda o furriel Rodrigues, «o meu trabalho ficou facilitado». Entretanto, os restantes graduados começaram a chegar ao destacamento e a organizar os respectivos pelotões. Depois de variadas situações. Por exemplo, recorda o Rodrigues, «equiparmo-nos com todo o material e armamento, distribuição de munições e uma série de manobras militares»
Gerou-se até alguma momentânea confusão e incerteza nas ordens dadas, mas «assim passámos a noite e só pelas 6 horas da manhã, soubemos exactamente o que estava em marcha», recorda o Rodrigues. Ver AQUI.
O Livro da Unidade refere que o BCAV. 8423 não tinha sido contactado pelo Movimento das Forças Armadas (MFA), «nem tão pouco algum, ou alguns dos seus oficiais», mas que isso não foi razão, porém, para que, de imediato, a Unidade se «sentisse como parte». 
No dia seguinte, uma sexta-feira (26 de Abril de 1974) e antes de virmos de fim de semana, o comandante Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito, tenente-coronel, explicou «a todo o pessoal, o que o MFA pretendia», em palestras «orientadas especificamente para oficiais, sargentos e praças»
Viegas e Ferreira, dois
furriéis Rangers em
1974 e no RC4

Marchas militares
a desfazer a barba

Por mim e no dia 25 de Abril, como habitualmente fazia, le-
vantei-me cedo e fui para os balneários do pavilhão onde dormiam os 1ºs. cabos milicianos, para a higiene pessoal. 
Estranhei que o pequeno rádio transistor só passasse marchas militares, mas continuei a desbarba e higiene matinal. Era meu hábito, como ainda hoje, levantar-me cedo e tranquilamente fazer essas tarefas, antes de chegar a balbúrdia dos mais atrasados e mais apressados. Seguia depois para a messe, onde pequeno-almoçava e caminhava para o Destacamento.
As tarefas de higiene eram sempre acompanhadas pelo pequeno transistor, para ouvir as notícias da manhã, e a estranheza da música militar só foi  interrompida pela leitura do comunicado do MFA.  
«Eh, pá!!!!..., nas o que é isto?», interroguei-me ma solidão do balneário, lembrado do 16 de Março de semanas antes - a Revolta das Cadas. Fui acordar toda a gente e contar a novidade, sobressaltando quem dormia os últimos minutos dessa manhã e se estremunharam com tal.
Ao sair do RC4, para o Destacamento, fomos impedidos à porta d´armas e ficámos pelo quartel durante toda a manhã. Ao Destacamento fomos, da parte da tarde, mas sem nada de especial se passar. Só depois, o comandante Almeida e Brito falou a todo o pessoal do Batalhão. 
Os furrieis milicianos Mário Matos (que hoje
faz 65 anos) e João Brejo, ladeando o 1º. cabo
Pampim da Silva, em Aldeia Viçosa

Furriel Mário Matos
faz 65 anos em Anadia

O furriel miliciano Mário Augusto da Silva Matos, atirador de Cavalaria da 2ª. CCAV. 8423, festeja 65 anos a 25 de Abril de 2017. Hoje mesmo e na sua terra natal de Anadia - no coração da Bairrada.
Mário Matos (2017)
Mário Matos recrutou-se e especializou-se da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém. Fomos companheiros na primeira fase de instrução militar, segui eu para Lamego (CIOE) e ficou ele por lá, e a mobilização juntou-nos no BCAV. 8423 e em Angola. Ele, na 1ª. CCAV., em Aldeia Viosa. Eu, na CCS, no Quitexe.
Regressou a Portugal no dia 10 de Setembro e à sua natal Avelãs de Caminho, trabalhando na área dos acessórios automóveis. Esteve emigrado nos Estados Unidos e voltou ao mercado local de traba-
lho, agora já aposentado. Vive em Anadia, onde regularmente nos encontramos (ou em Águeda), e para ele vai o nosso forte abraço de parabéns!
Jorge Pinho

1º. cabo Pinho faria
hoje 65 anos

O 1º. cabo escriturário Jorge Pinho faria hoje 65 anos. Faleceu a 19 de Abril de 1996, no Porto e vítima de doença. 
Jorge Manuel de Sousa Pinho morava na Rua dos Choupos, em Ra-
malde, freguesia da cidade do Porto, e lá regressou a 8 de Setem-
bro de 1975, depois de concluída a sua (e nossa) jornada africana de Ango-
la - entre Quitexe e Carmona, depois Luanda. Recordamo-lo com saudade! RIP!


- MFA. Comunicado lido pelo locutor Joaquim Furtado, aos
 microfones do Rádio Clube Português (pai de Catarina 
Furtado). Ouvir AQUI.
- TRANSISTOR. Pequeno rádio a pilhas, do tamanho 
de um maço de tabaco, muito usado na altura - por ser 
barato e de fácil manuseamento.

segunda-feira, 24 de abril de 2017

3 741 - O adeus dos Cavaleiros do Norte a Vista Alegre e Ponte do Dange!

Cavaleiros do Norte de Zalala. Atrás, o clarim Mário Costa e Rogério Rapo-
so. Na fila do meio, furriel João Aldeagas, alferes Mário Sousa e esposa, Jorge
Silva (TRMS), Jaime Rego (condutor) e Hélio Cunha (TRMS). Em baixo, furriéis
 Jorge Barreto (com criança ao colo) e José Louro e o Lopes, o Famalicão

Cavaleiros do Norte de Zalala, todos de Transmissões.
Lago e Raposo, de pé. Em baixo, Coelho, Helio, Lou-
renço e Carlos Costa (que faleceu há 2 anos. RIP!




A 24 de Abril de 1975, uma quinta-feira de há precisamente 42 anos, o 2º. comandante do Batalhão de Cavalaria 8423 - os Cavaleiros do Norte - deslocou-se uma vez mais (e seria a última) a Vista Alegre e Ponte do Dange, onde se aquartelavam os Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, para lá rodados de Zalala, a 21 de Novembro de 1974.
Furriéis de Zalala: Américo Rodrigues, Eusébio
Martins, Jorge Barata e Plácido Queirós  
O capitão José Diogo da Mota e Silva Themudo fez-se acompanhar do alferes miliciano António Albano Araújo de Sousa Cruz, oficial mecânico-auto e responsável máximo pela manutenção das viaturas de todo o BCAV. e certamente para averiguar do estado da frota disponível, para a rotação para o Songo - que há vários dias estava em preparação e prevista para se concre-
tizar exactamente nesse dia 24 desse Abril de há 42 anos. E assim foi. Pela mesma razão, lá tinham estado no anterior dia 18. Foi o adeus a Vista Alegre e Ponte do Dange! O adeus da última guarnição militar portuguesa naquelas duas terras do norte de Angola.
«Só em 24 de Abril de se desactivou Vista Alegre e Ponte do Dange», refere o Livro de Unidade, citando «as questões inerentes a esse abandono» e que, no geral, se prendiam a ocupação das instalações militares que ficavam desocupadas e eram desejadas pelos movimentos emancipação.
Partidos de 1975

Eleições em Carmona,
depois de... Abril!

O Batalhão de Cavalaria 8423, «dando colaboração ao proces-
so revolucionário de Portugal (...), ficou encarregado da montagem das assembleias de voto em Carmona», pelo que, refere o Livro de Unidade, «se verificou a ida às urnas de todo o pessoal que o quis fazer» - nesse dia 25 de Abril de 1975, o das eleições para a Assembleia Constituinte.
O dia 24, a véspera, foi tempo para «mais uma outra palestra (...) orientada por oficiais do CTC e do BCAV., ambos delegados do MFA».
Votou quem quis, é verdade, mas da meia dúzia de contactos do blogue, agora mesmo, nenhum dos Cavaleiros do Norte se lembra de ter votado. Quem não votou, isso é seguro, foram os furriéis milicianos Cruz e Viegas, já regressados a Luanda - ainda em férias pelo imenso chão de Angola mas ao tempo já na capital angolana - em vésperas de regressar a Carmona e aos Cavaleiros do Norte.
Nada tendo a ver com as eleições, soube-se nesse dia que o soviético «Pravda», denunciava «a actividade dos colonialistas portugueses de Angola» que, sublinhava o jornal de Moscovo, intentavam «prejudicar as tendências progressistas» da metrópole.
O jornal responsabilizava a FNLA e os seus soldados pelos então recentes incidentes de Luanda. E de atacarem acampamentos do MPLA, que considerava «a mais popular organização do país».
Carlos Costa faleceu
há precisamente 2 anos

Costa de Zalala
morreu há 2 anos

O soldado Carlos Costa, da 1ª. CCAV. 8423, faleceu a 24 de Abril de 2015. Há precisamente 2 anos!
Carlos Alberto da Silva Costa foi rádio-telegrafista dos Cavaleiros do Norte de Zalala e regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, fixando-se na avenida 24 de Julho, em Lisboa, onde já residia e onde, nesse ano e a 29 de Agosto, festejou 23 anos. A vida levou-o para o Azeitão, em Setúbal, onde faleceu a 24 de Abril de 2015. Hoje o recordamos com saudade. RIP!