CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

6 911 - Spínola denunciou «apoio criminoso» do Governo de Portugal! O regresso antecipado do TRMS Raposo!

 

Pinheiro de Azevedo, Costa Gomes e António de Spínola

Sala de Operações do BCAV. 8423, na vila do Quitexe: 1º.
cabo Emanuel Santos, 1º. sargento João Barata e alferes
 miliciano António Garcia (falecido a 2/11/1979)

Os dias últimos de Agosto de 1975, em Luanda, foram vividos, pela guarnição do BCAV. 8423, com a natural ansiedade de quem tinha data marcada para regressar a Portugal: 8 de Setembro. 
Já lá iam, afinal, 15 meses e os Cavaleiros do Norte eram já o mais antigo batalhão mobilizado e activo da campanha angolana.
O momento político em Portugal era de grande agitação e circulava (também em Angola e no BCAV. 8423) o Documento dos Nove, conhecido a 6 de Agosto e subscrito por Melo Antunes Vasco Lourenço, Canto e Castro, Vítor Crespo, Costa Neves, Melo Antunes, Vítor Alves, Franco Charais, Pezarat Correia e Sousa e Castro - membros do Conselho da Revolução.
O manifesto foi assinado, entre outros, por Ramalho Eanes, Garcia dos Santos, Costa Brás, Salgueiro Maia, Rocha Vieira e Fisher Lopes Pires,  com «80% dos oficiais do Exército», apontando outro destino para o governo de Portugal e a saída de Vasco Gonçalves de 1º. Ministro - o que viria a acontecer a 2 de Setembro (entrando o almirante Pinheiro de Azevedo).
Fui dos muitos (quiçá todos) militares do BCAV. 8423 que o assinaram, tendo na altura conversado com os companheiros do PELREC, dando-lhes pormenores sobre o que se passava em Portugal e afoitando-os a assinar. Eu recebera, de Alberto Ferreira, a cópia do «Jornal Novo», de 7 de Agosto e com a publicação do Documento dos Nove.
A 30 de Agosto de 1975, um sábado, almocei com o Albano Resende na ilha de Luanda e, para além de combinarmos o envio de correio que ele, por mim, iria fazer durante os 10 dias da viagem do Niassa (o que viria a não acontecer, pois viemos de avião), falámos detalhadamente sobre a situação em Portugal. A família Resende estava na dúvida sobre o (não) regresso.
Vivo e actuante, na altura, era o MDLP liderado por António Spínola (exilado no Brasil desde 15 de Março), que resignara de PR em Setembro de 1974 e a 18 de Agosto de 1975 escreveu a Costa Gomes, frisando que «o actual rumo político do país é inconciliável com a democracia» e exortava os portugueses para que se «unam ao Movimento Democrático de Libertação de Portugal, que se propõe reconstruir a Pátria».
«O país desagrega-se na anarquia e no caos moral, económico e social. Morre-se nas cidades e aldeias de Portugal, pela liberdade e pela paz dos portugueses», sublinhava Spínola na carta aberta a Costa Gomes (que o substituíra na Presidência da República. E não esquecia Angola: «Em Angola, milhares de portugueses, brancos e mestiços, esperam socorro contra a gressão cobarde daqueles que, além do apoio recebido do exterior, recebem o apoio criminoso do Governo de V. Exª.», acusava António de Spínola.
- Documento dos Nove, AQUI - Idem, AQUI
PSPA e Voluntários
no Sector do Uíge 

A remodelação militar «imposta pelo MFA» levou, a 31 de Agosto de 1974, há 48 anos, que as 3ª. e 4ª. Companhias da PSPA/ Guarda Rural a «passarem à dependência operacional do Comando do Sector do Uíge» - o CSU, instalado em Carmona.
A Organização Provincial de Voluntários de Defesa Civil de Angola (OPVDCA) também passou a depender do CSU, assim «deixando de estar na dependência do BCAV. 8423». A Polícia de Informação Militar (PIM), ainda no âmbito desta remodelação, «passou a ter a designação de Gabinete Especial de Informação» - o GEI. Há 48 anos!
Até aí e desde 14 de Junho de 1974, estava dependente do Batalhão de Cavalaria 8423, comandado por Carlos José Saraiva de Lima Almeida e Brito, tenente-coronel de Cavalaria

Rogério S. Raposo,
TRMS da 1ª. CCAV. 
Evacuação de Raposo,
TRMS de Zalala !

O soldado Rogério Silvestre Raposo, especialista de transmissões da 1ª. CCAV. 8423, foi evacuado de Luanda para Lisboa a 31 de Agosto de 1975. Há precisamente 47 anos!
Cavaleiro do Norte de Zalala, jornadeou por esta mítica Fazenda Maria João, seguindo-se Vista Alegre/Ponte do Dange e Songo, antes de Carmona e depois do Campo Militar do Grafanil. Tinha sido internado no Hospital Militar de Luanda «com problemas nas pernas».
Antecipou-se ao regresso dos Cavaleiros do Norte e pôde reencontrar a filha Ana, que deixara bebé. Morava nas bandas de Sintra, tendo voltado a Angola para trabalhar como carpinteiro numa firma angolana de empresários portugueses.
Já regressou de vez e goza agora os prazeres da reforma lá pelas bandas de Sintra e arredores de Lisboa

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

6 909 - A (não) viagem de regresso no navio «Niassa» ! Os insultos de civis revoltados a militares!


Os furriéis milicianos Viegas e Neto no jardim do Quitexe. Há 47 anos e já em Luanda, foram
nomeados para fazer a distribuição dos Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423
nas camaratas do navio «Niassa» que nos traria para Lisboa. Mas viemos de avião! 
 
o O capitão Oliveira, os alferes Cruz, Ribeiro e
Garcia, furriel Viegas e alferes Pedrosa. Atrás 
e em destaque a Igreja do Quitexe


O comandante da CCS era o capitão António Martins de Oliveira, oficial do SGE, e tinha aquela «graça», pouco agradável, de «simpatizar» com os furriéis Neto e Viegas, a quem chamava judeus, por serem de Águeda.
E fôra de Águeda, da então Escola Central de Sargentos (futuro Instituto Superior Militar e agora Pólo da Universidade de Aveiro), que ele saiu em 1974, mobilizado para Angola e justamente para comandar a CCS. 
Passou a jornada africana do nortenho Uíge de Angola a implicar connosco e, há 47 anos, em vésperas da já então anunciada viagem de regresso a Portugal, nos destacar para, com outros (o 1º. sargento Luzia foi quem nos foi «abrir» a porta ) irmos ao navio «Niassa» (foto), que estava no porto de Luanda, fazer a distribuição do pessoal que, do BCAV. 8423, partiria de Luanda para Lisboa, a 8 de Setembro de 1975. 
E lá fomos! Numa altura em que o seu pessoal estava de greve!|
Isto aconteceu nos últimos dias de Agosto e não gostámos muito da incumbência e ainda menos do barco! Mas tinha de ser e, com alguém do «Niassa» (não me lembro bem como), ainda por lá andámos as ver porões e camaratas, cheios de papéis e de nomes na mão, para desarriscar do rol. 
Felizmente, a coisa deu para virmos de avião dos TAM (Transportes Aéreos Militares) e, quando o soubemos, só não pusemos foguetes por não os termos. Entre 8/9 horas de avião e 9/10 dias de barco, não era preciso vir o diabo escolher. Quem por nós decidira, decidira muito bem! 
O Machado (que ontem fez 70 aninhos) também por lá esteve connosco numa das idas e, nessa, guiava um jeep militar.  Decidimos ir almoçar para a Mutamba e metemo-nos ao trânsito da cidade. Que não era tão fluído assim e nos «enrascou». Melhor dizendo, «enrascou» o Machado - que se viu em palpos de aranha para fazer uma manobra, por falta de «bracagem» da viatura. Íamos fardados e fomos brindados com uma monumental assobiadela e um rol de nomes bem pouco simpáticos.
A comunidade civil, na verdade - ainda que muito injustamente para connosco... -, andava revoltada com a tropa portuguesa, não poupava quem visse de farda e insultava de todas as maneiras, feitios e falas. Foram assim muitos dos nossos últimos dias de Angola, em Agosto e até 8 de Setembro de 1975. 
Manuel Vilaça,
apontador de 

morteiros de Zalala

Vilaça de Zalala, 70
anos em Famalicão !

O soldado Manuel Joaquim Vilaça da Silva, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, festeja 70 anos a 29 de Agosto de 2022.
Apontador de morteiros dos «zalalas» do BCAV. 8423, integrou o grupo de combate comandado pelo alferes miliciano Pedro Rosa e regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, à sua natal Barroca, povoação da  freguesia de Outriz, em Vila Nova de Famalicão.
Lá continua a morar, agora já aposentado, e é frequentador permanente dos encontros dos «zalalas» do capitão miliciano Davide Castro Dias. Para lá e para ele, vai o nosso abraço de parabéns! 
Carlos Costa, de
Zalala, o Alfama

Costa, o Alfama de Zalala,
faria 70 anos. Morreu em 2015!

O soldado Carlos Alberto dos Santos Costa, da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala, faria 70 anos a 29 de Agosto de 2020. Infelizmente, faleceu a 24 de Abril de 2015.
Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423 e especialista de transmissões, por lá era conhecido e muito mais popularizado como Alfama - da lisboeta Alfama era ele -, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, à sua casa da avenida 24 de Julho, na freguesia de Santos, em Lisboa.
O pouco que sabemos dele é de informação do furriel João Dias, seu superior hierárquico por terras angolanas: vivia em Azeitão, no concelho de Setúbal, onde faleceu há pouco mais de 7 anos. Supostamente, de doença.
Hoje o recordamos com saudade. RIP!!! 
Tarciso Rebelo


Tarciso Rebelo faria 70 anos!
Faleceu em Novembro de 2021!

O soldado Narciso, da 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, teria feito 70 anos ontem, dia 28 de Agosto de 2022. Faleceu a 26 de Novembro de 2021.
Tarciso Manuel da Costa Rebelo foi condutor-auto de especialidade militar e era natural de Arcos de Valdevez. Por terras uíjanas do  norte de Angola, também jornadeou por Vista Alegre/Pote do Dange, Songo e Carmona - antes do regresso a Portugal.
Pelo Alto Minho natal fez a sua vida e faleceu a 7de Novembro de 2021, aos 69 anos, estando sepultado no Cemitério Municipal de S. Bento.
Hoje o recordamos com saudade! RIP!!!




domingo, 28 de agosto de 2022

6 908 - - Angola sem Governo de Transição e Cavaleiros do Norte a 10 dias de... Lisboa!


Cavaleiros do Norte, futebolistas do Pelotão de Sapadores do Quitexe. De pé, Américo, 
Sousa (o Gordo), NN (impedido do comandante?), Afonso Henriques e Irineu (clarim),
Em baixo, Coelho (que faleceu a 13 de Maio de 2017, de doença e em Oldrões (Penafiel),
NN, Grácio, Calçada e Amaral (que hoje faz 70 anos) Quem ajuda a identificar os NN?

Sapadores Américo Oliveira, António
Amaral e António Calçada


O dia 28 de Agosto de 1975, uma quinta-feira de há 47 anos, foi o do anúncio de «cessação do Governo de Transição de Angola», por determinação do Alto-Comissário interino, o general Ferreira de Macedo.
A decisão deveu-se à «impossibilidade em que o Governo se encontrava para assumir, integralmente, as suas funções» - que o general  assumiu «na íntegra»
O Governo de Transição decorria dos Acordos do Alvor (já por várias vezes denunciado por Portugal), mas, como reportava o Diário de Lisboa desse tempo, «deixara praticamente de funcionar desde o princípio do mês, depois da expulsão de 
Notícia do Diário de Lisboa, sobre o fim do
Governo de Transição de Angola, há 47 anos
Luanda dos elementos da FNLA e da UNITA».
O anúncio foi feito pelo próprio general, em comunicado transmitido na rádio, a 28 de Setembro de 1975 - hoje se passam 42 anos... - e para entrar em vigor no dia seguinte. A medida, aliás, já tinha sido preconizada duas semanas antes, pelo Alto Comissário interino, 
Os furriéis Viegas (à esquerda) e Monteiro (à di-
reita) com dois amigos civis de Águeda, Gilber-
to e Sucena, na casa de Viana. Há 42 anos!

embora «contestada de imediato pelo MPLA, que mantinha os seus ministros em funções».

Cavaleiros no Grafanil
à espera de... Lisboa!!!


Os Cavaleiros do Norte, por esse tempo,  continuavam aquartelados no extinto Batalhão de Intendência de Angola (BIA), no Grafanil e muito expectantes sobre o seu futuro próximo. 
A viagem no «Niassa» estava projectada para daí a 10 dias e o BCAV. 8423 continuava como «unidade de reserva da RMA», felizmente sem actividade operacional. Os seus tempos iam-se escoando em serviços de escala interna e, fora desta, a passearem-se pela baixa de Luanda, espreitando e vivendo os seus prazeres, a visitar familiares e/u amigos, a bater valentes suecadas no quartel.
Os mais abonados (economicamente,  nomeadamente os quadros) alugaram quartos e/o apartamentos na cidade (sempre contactáveis pela secretaria e/ou oficial de dia), deles saindo para os serviços no quartel, ou, mais civilmente, para os prazeres da vida. 
O trio de furriéis milicianos de Operações Especiais, os Rangers da CCS  - Monteiro, Viegas e Neto - instalaram-se na casa de um civil de Águeda, em Viana, e dali saíam para onde e o que fosse necessário.
Raúl Caixarias, António Amaral (hoje em festa
 dos 70 anos) e Delfim Serra no encontro de 2016
 da CCS, em Custóias (Matosinhos)

Amaral, o sapador, 70 anos
em Lordelo do Douro !!!

O sapador António José da Silva Amaral, Cavaleiro do Norte da CCS, está hoje em festa: comemora 70 anos!
Natural da Agra, lugar da freguesia da Foz do Douro, no Porto, e lá voltou a 8 de Setembro de 1975. Lá continuou, constituiu família e trabalha(ou) na área da construção civil. É um dos que não falta - é o faltas, nem é bom pensar nisso... - a um encontro anual da CCS, sempre muito discreto e bem disposto, feliz da vida, como bem fica a um bom sapador do BCAV. 8423 e da sua e nossa jornada africana do Uíge angolano.
Mora agora no Bairro Pinheiro Torres, em Lordelo do Douro, no Porto, e para lá vai o nosso forte abraço de parabéns! Venham mais e bons anos!!!

sábado, 27 de agosto de 2022

6 907 - Julgamento popular e fuzilamento de 6 FAPLA´s do MPLA! Violação do território angolano!



O furriel Machado (primeiro, do lado esquerdo)
e o alferes Cruz (de bigode) numa saída para
trabalhos de manutenção de material do BCAV.
8423. Quem reconhece o furriel sentado (á
 direita), ao lado do condutor do Unimog?

Notícia do Diário de Lisboa sobre o
 julgamento e fuzilamento de 6 militantes
 do MPLA. Há precisamente 47 anos!



O dia 27 de Agosto de 1975, já lá vão 47 anos..., fica para a história angolana como sendo o do primeiro julgamento de um tribunal popular, que condenou à morte 6 elementos das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA),o exército do MPLA.
O julgamento decorreu no bairro Sambizanga, um dos vários dos subúrbios da capital angolana, sendo os 6 elementos acusados de «violarem, roubarem e assassinarem 11 pessoas». O tribunal, cuja composição desconhecemos, segundo o Diário de Lisboa então reportou, «pronunciou-se contra os réus, que foram fuzilados em público».
O MPLA, sobre os factos, emitiu um comunicado em que alertou os seus militantes para «a necessidade de cumprirem, integral e conscientemente, as disposições contidas nas leis de disciplina das FAPLA» e, por outro lado, reafirmou «mais uma vez», que «toda a infração a esse lei será punida  com a justiça e a rigidez que ele permite e que a gravidade do caso impuser».
Invasão sul-africana de Angola, na imprensa
portuguesa de há precisamente 46 anos

Violação do território angolano
por forças da África do Sul !

A 27 de Agosto de 1975, um comunicado do MPLA deu conta que, na véspera, forças militares sul-africanas «voltaram a violar a zona de Santa Clara, prosseguindo desta vez a sua marcha para Namacunde, em direcção a Chieve». 
A primeiro violação do território angolano já teria acontecido no dia 21, pelo mesmo posto fronteiriço de Santa Clara, povoação que, relatava o Diário de Lisboa, «foi totalmente arrasada». A 27 de Agosto de há 46 anos e ainda segundo o comunicado do MPLA, «ameaçavam invadir Pereira d´Eça, capital do Cunene»,
distrito controlado pelo movimento
presidido por Agostinho Neto.
O Conselho de Ministros português, presidido pelo coronel Vasco Gonçalves (o 1º. Ministro de então), já na madrugada desse mesmo dia 27 de Agosto de 1975 - e após uma reunião de 15 horas, começada na véspera... e em Lisboa - aprovou a «emissão de obrigações da dívida pública até 5 milhões de contos, relativas às deslocações e assistência aos retornados nacionais».
Era, segundo o comunicado do Conselho de Ministros, o valor dos encargos previstos para o ano de 1975, «a realizar ou já assumidas». Por essa altura, recordemos, uma histórica ponte aérea estava a, diariamente, transportar milhares de civis de Angola para Lisboa. Os chamados «retornados».

O furriel Machado,
doutor de Portugal,
desde Dezembro 2014
Doutor Manuel Machado, 
70 anos em Braga!!!

O furriel miliciano Manuel Afonso Machado, mecânico de armamento da CCS dos Cavaleiros do Norte, está em festa no dia da amanhã, que é 28 de Agosto de 2022: comemora 70 anos!
E é o organizador do encontro da CCS do BCAV. 8423.
Natural de Covelo do Gerez (Montalegre) é doutorado em Ciências Empresariais pela Universidade Fernando Pessoa, desde 10 de Dezembro de 2014. A tese foi «A avaliação da qualidade de serviço e da satisfação dos clientes da EDP Distribuição» - com a classificação máxima no grau pela Universidade Fernando Pessoa: aprovado por unanimidade do júri e com felicitações.
O Machado já era um dos primeiros a ter o grau de mestre pelo Instituto Politécnico do Cávado e do Ave (IPCA), de que é docente convidado, e o segundo antigo aluno Doutorado em Ciências Empresariais. É licenciado em Contabilidade, pós-graduado em Higiene e Segurança do Trabalho, especialista em Gestão de Empresas, Mestre em Gestão e Doutor em Ciências Empresariais.
Profissionalmente, é Técnico Superior de Higiene e Segurança do Trabalho, acreditado pela Autoridade das Condições de Trabalho (ACT). Tem publicados artigos da área da gestão, em revistas científicas da especialidade. 
Mora em Braga e para ale vai o nosso grande abraço!

Os 1ºs. cabos Coelho, Jorge Silva e Lago 
Jorge Silva

Os 70 anos do Silva, 
1º. cabo de Zalala !

O 1º. cabo Jorge Manuel da Silva, Cavaleiro do Norte, da 1. CCAV. 8423, a de Zalala, festeja 70 anos a 27 de Agosto de 2021.
Rádio-telegrafista de especialidade milita, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, ao  Corvo da freguesia de Carquerê, em Resende, de onde é natural. 
A vida «mobilizou-o» para Lisboa onde, por mais de 30 anos,  foi recepcionista-chefe da Messe de Sargentos, na Rua Luciano Cordeiro. Agora já aposentado, divide-se entre o Cacém e a Ericeira, para onde vai o nosso abraço de parabéns pelos 70 anos que hoje comemora! E mais venham. E bons!

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

6 906 - Crimes monstruosos e genocídio na Luanda de 1975! O MPLA a ganhar território!



Notícia do Diário de Luanda de 26/08/1975, sobre
as valas comuns de S. Pedro da Barra e Farol
das Lagostas. Recorte de Rodolfo Tomás 

Notícia do Diário de
Lisboa de 26/08/1975

A imprensa creditada em Luanda foi chamada à Fortaleza de S. Pedro da Barra e Farol das Lagostas, no dia 26 de Agosto de 1975, para «verificar horrores que ultrapassam os limites do suportável».
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, nessa terça-feira de há 47 anos, continuavam no Grafanil e, a duas semanas do regresso a Portugal, sempre expectantes e operacionais para  que desse e viesse. Por isso mesmo, naturalmente muito atentos à esmagadora actualidade que os rodeava.  
O «Diário de Luanda» (imagem acima) falava de «crimes monstruosos cometidos pelos ocupantes dos Farol das Lagostas e da Fortaleza de S. Pedro da Barra». E acrescentava que «corpos humanos em adiantado estado de decomposição testemunham a prática de crime de autêntico genocídio».
O Diário de Lisboa, por sua vez, lembra(va) que de lá tinham sido evacuados recentemente os soldados da FNLA e que, a 3 quilómetros do Forte, os jornalistas encontraram «uma vala comum cheia de cadáveres em adiantado estado de decomposição e juncada de despojos humanos» .
«Outros corpos, empilhados em diversas outras valas, não puderem ainda ser exumados, visto a FNLA terminado o terreno», acrescentava o Diário de Lisboa.
Diário de Lisboa de 26/08/1975


MPLA a «tomar»
território angolano!


A cidade de Luanda estava estranhamente calma, ainda assim, e no Caxito também não tinha havido alteração da situação militar, embora se verificasse «intenso movimento de forças do MPLA e da FNLA» o que, obviamente, fazia (deixava) «prever a possibilidade de confrontações, talvez as próximas horas».
O Lobito observava a saída das forças da FNLA, por mar e pela marinha portuguesa, para Santo António do Zaire Zaire. A UNITA já tinha saído e a área era controlado pelo MPLA. Tal como Moçâmedes, de onde também a FNLA estava para sair, negociando-se nessa altura a evacuação da UNITA.
Uma coluna militar portuguesa foi de Nova Lisboa ao Alto do Catumbela resgatar 1200 civis que estavam retidos junto à fábrica de celulose, «tendo regressado sem novidade». As cidades de Pereira d´Eça, General Roçadas e Humbe, mais a sul, também ficaram controladas pelo MPLA.
Sá da Bandeira, que era «importante centro cafeeiro e rodoviário», estava desde a véspera «em posse de unidades do movimento de Agostinho Neto». «As forças da FNLA e da UNITA capitularam e comprometeram-se a abandonar a zona urbana no espaço de 24 horas e de toda a província da Huíla em 48 horas», reportou o Diário de Lisboa.

Comandante Carlos
Almeida e Brito

A segurança dos centros urbanos 
e a liberdade de itinerários !

O tenente-coronel Carlos Almeida e Brito, oficial de Cavalaria e comandante do BCAV.  8423, exactamente um ano antes e para «contactos operacionais», foi do Quitexe a Carmona, onde reuniu no Comando do Sector do Uíge (CSU).
O tempo era de «não realização de acções ofensivas». Já, na verdade, não se faziam operações nas áreas dos quartéis IN e os Cavaleiros do Norte passaram a «apertar a malha dos patrulhamentos ao longo de toda a ZA» - assim garantindo «a segurança dos centros urbanos e a liberdade de itinerários».
O dia ficou na história por ser o da assinatura, em Argel, do acordo entre Portugal e o PAIGC, através do qual era reconhecida a independência da Guiné-Bissau - marcada para o dia 12 de Setembro desse ano de 1974. As tropas portuguesas, segundo o acordo, abandonariam o território até 31 de Outubro.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

6 905 - MPLA denunciou armamento para a FNLA em Carmona! Situação caótica Nova Lisboa !

O BC 12, na saída de Carmona para o Songo, a 24 de Setembro de 2019, quando por lá
passou o furriel Viegas da CCS. Agora, ampido.éua escola militar angolana
Os furriéis milicianos Viegas, Mosteias (falecido a 5  de Fevereiro de
2013, de doença e em Santo André) e Neto, na messe de sargentos
de Carmona, no Bairro Montanha Pinto


A actualidade de 25 de Agosto de 1975, há 47 anos e sobre Angola, apontava para Carmona, de onde tínhamos saído no dia 4 anterior. Três semanas antes.
O Uíge, de que Carmona era capital (e Uíge se chama logo depois da independência), continuava a ser o principal reduto da FNLA e lá, segundo o MPLA, chegava armamento transportado por aviões americano de bases da Alemanha Federal.
O movimento de Agostinho Neto, em comunicado desse dia, denunciava que «aviões do tipo Skymaster estariam a realizar um vaivém entre Kinshasa (Zaire) e Carmona, onde estão concentradas importantes tropas» do ELNA - o Exército de Libertação Nacional de Angola, braço armado da FNLA. 
Dias antes, seria descarregado na base aérea do Negage, a 40 quilómetros, e o armamento incluía canhões de longo alcance.
O MPLA, no mesmo comunicado, denunciou «a presença de 200 instrutores chineses, perto do Caxito» - a uns 80 quilómetros a norte de Luanda. Além disso e ainda segundo o MPLA, «mercenários do Zaire, da Tunísia e afro-americanos combateriam ao lado da FNLA».
Notícia do Diário de Lisboa
de 25 de Agosto de 1975

Facção Chipenda e situação
caótica em Nova Lisboa !

A situação no território angolano continuava periclitante e a imprensa dava conta que continuavam os «confrontos armados de Nova Lisboa, especialmente conduzidos por elementos da Facção Chipenda» e registavam-se «perseguições a militantes e simpatizantes do MPLA», atingindo «enorme violência».
Os seus tropas e dirigentes «refugiaram-se nos quartéis portugueses,
aguardando que um contacto entre MPLA e UNITA permita a sua saída da cidade e a troca de prisioneiros»
.
Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 continuavam no campo Militar do Grafanil e, no meu caso (editor do blog) imensamente preocupado com a situação de familiares e amigos que lá viviam. Na então Nova Lisnoa!
A cidade capital do Huambo, na verdade, «encheu» com 70 000 refugiados oriundos de várias partes do território de Angola (40 000 brancos e 30 000 africanos) e rebentava pelas costuras. A maioria deles «exigia embarque Portugal». Isto, numa altura em que as evacuações a partir de Nova Lisboa e para Portugal ocorriam à média de «4000 pessoas por semana».
«Situação caótica em Nova Lisboa», titulava o «Diário de Lisboa», que citamos (ver imagem)
A cidade tinha falta de electricidade e produtos alimentares e era deficiente a assistência médica. Por esse tempo e a partir de Luanda, dezenas de vezes tentei contactos telefónicos com os familiares e amigos civis que lá viviam - e outros que lá chegaram da Gabela -, sem, porém, ter qualquer êxito. Não havia comunicações e já só em Portugal deles soubemos.
 Uíge.
José Craveiro
Carlos Craveiro

Craveiro, de Luísa Maria,
62 anos em Tomar !

O uíjano Carlos Laranjeira Craveiro, da Fazenda Luísa Maria, festeja 62 anos a 25 de Agosto de 2022.
Natural de Maçãs de D. Maria, em Alvaiázere, é filho de José Dias Craveiro, que foi encarregado da fazenda no tempo do Destacamento do BCAV. 8423 (e outros). E para lá fpo ele, ainda criança e nos braços da mãe.
Ainda criança, voltou a Maçãs de D. Maria, estudou, licenciou-se e, sendo professor, «fez-se» escritor, com obra feita, A 28 de Junho de 2015, apresentou o livro «Cartas de chamada para regresso anunciado», fazendo memória da epopeica aventura africana do pai e numa cerimónia que teve presença do Pai José e várias intervenções, entre as quais a do editor deste blogue.
Professor da Escola de Santa Maria do Olival, mora em Tomar e para lá, e para ele, vai o nosso abraço parabéns!



quarta-feira, 24 de agosto de 2022

6 904 - Movimentos angolanos sem se entenderem! Cavaleiros do Norte no «Niassa» para... Lisboa!

Cavaleiros do Norte do PELREC da CCS do BCAV. 8423: Alberto Ferreira, 1º. cabo João Pinto,
e soldados Francisco Madaleno e João Manuel Lopes Marcos - que hoje comemora 70
anos no Pego, em Abrantes! 

Dias de Angola, mas em Viana..., há 47 anos. Um quarteto
de Águeda: Carlos Sucena (1º. cabo)  e Gilberto Marques
(civil), à esquerda, e os furriéis milicianos Viegas e Neto,
ambos da CCS do BCAV. 8423


O domingo de 24 de Agosto de 1975, há 47 anos, foi tempo de se confirmar que o MPLA de Agostinho Neto e a  UNITA de Jonas Savimbi tinham agendado um encontro no dia 21, na Base Aérea de Luanda.
O objectivo era analisar a situação angolana, numa altura em que o dia da independência (11 de Novembro) estava cada vez mais próximo mas o futuro estava semeado de dúvidas.
Os movimentos não se entendiam, falavam com as armas, por todo o território. Só nesse dia de há 47 anos, registaram-se incidentes pelo menos em Nova Lisboa e Sá da Bandeira. E sabia-se lá mais aonde..., numa Angola pré-independente mas profundamente dividida.
Os dirigentes do movimento de Jonas Savimbi, porém, alegaram «falta de protecção» e não compareceram, mas o encontro não foi definitivamente anulado. Na verdade, a imprensa dava conta da possibilidade de se vir a realizar em outro local de Angola, ou mesmo em Lisboa. 
A decisão, ainda segundo a imprensa, «nada tinha a ver com o adiamento da conferência de quadros da UNITA» que, no dia 20, se tinha previsto realizar em Silva Porto. 
«Os contactos entre dirigentes dos dois movimentos vão continuar», reportou o Diário de Lisboa desse dia de há 46 anos.
O navio «Niassa» foi «trocado» por aviões
na viagem de regresso do BCAV. 8423


Cavaleiros do Norte no
«Niassa» para Lisboa !

Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423  continuavam aquartelados no antigo  Batalhão de Intendência de Angola (BIA), no Campo Militar do Grafanil, para «cumprir missões como unidade de reserva da RMA» e, por esse tempo de há 47 anos (mais dia menos dia) soubemos a data da nossa partida para Portugal: 8 de Setembro, no navio «Niassa». Como se sabe, acabámos por viajar de avião. Já só nas vésperas foi tomada esta opção, quando, inclusive, o navio já estava no Porto de Luanda. 
O fim de semana, da parte dos Cavaleiros do Norte do BCAV . 8423, foi passado na maior das tranquilidades, com muitos deles a aproveitarem para gozarem os prazeres das praias, bares, restaurantes e bares da cidade de Luanda.
A cidade, apesar da periclitante situação militar, com tiroteios, rebentamento de morteiros e outras armas de guerra, estava estranhamente calma.  Nesse domingo de há 47 anos, realizou-se uma manifestação de 2000 brancos, para «pedir mais rapidez na evacuação de refugiados e pessoas deslocadas para Portugal».

Cavaleiros do Norte do PELREC, no encontro do RC4 (2017):
Caixaria, Madaleno, António, Monteiro, Neto, Viegas e Marcos
(com o estandarte da CCS). Em baixo, Ezequiel e Aurélio


Marcos do PELREC, 
faz 70 anos no Pego!

O soldado Marcos foi valente militar do PELREC dos Cavaleiros do Norte da CCS e hoje mesmo festeja 70 anos! Hoje, que é dia 24 de Agosto de 2022.
João Manuel Lopes Marcos era atirador de Cavalaria, especializado precisamente no Regimento de Cavalaria 4 (RC4, a nossa unidade mobilizadora), em Santa Margarida, e natural do Pego, em Abrantes. Lá voltou a 8 de Setembro de 1975, depois de cumprida a jornada africana do Uíge angolano. Por lá fez (faz) vida e, já reformado, dedica-se às suas duas velhas paixões: a pesca e a caça. Além de uma ajuda à mulher, no seu estabelecimento comercial. Sabemos que está em boa forma. Parabéns!