Mina anti-carro levantada na picada do rio
Calambinga, perto do aquartelamento de Zalala, em Agosto de 1974
O mês de Agosto de 1974, pela Zona de Acção (ZA) dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, foi de «actividade que não brilhou no campo dos feitos militares».
E ainda bem.
Era sinal, e leio do livro «História da Unidade», que «de acordo com as directivas superiores, não se realizaram acções ofensivas». Deixaram mesmo de se «bater as áreas dos quartéis IN», como já foi lembrado neste blogue.
Embora fosse essa a nova política das NT, a verdade é que, em data indeterminada deste mês, houve «uma uma acção de levantamento de uma mina anti-carro, na picada da do rio Calambinga» - no grande círculo verde do mapa, do lado esquerdo -, perto da área de acção da 1ª. CCAV., a de Zalala (assinalada a rôxo).
Em Lisboa, Vasco Gonçalves, o 1º. Ministro (foto), dava conta que «o fim das guerras em África conduzirá, no futuro, a libertar verbas importantes», mas que «no entanto, devemos terem atenção que a guerra ainda não acabou, não obstante os nossos sinceros esforços para um cessar fogo» e que «temos de manter as tropas em África durante todo o processo de descolonização, despesas de transporte no regresso das tropas, despesas com a descolonização, pagamento de encomendas de material de guerra e de empréstimos contraídos para pagamento de material, pelo antigo regime».
Embora fosse essa a nova política das NT, a verdade é que, em data indeterminada deste mês, houve «uma uma acção de levantamento de uma mina anti-carro, na picada da do rio Calambinga» - no grande círculo verde do mapa, do lado esquerdo -, perto da área de acção da 1ª. CCAV., a de Zalala (assinalada a rôxo).
Em Lisboa, Vasco Gonçalves, o 1º. Ministro (foto), dava conta que «o fim das guerras em África conduzirá, no futuro, a libertar verbas importantes», mas que «no entanto, devemos terem atenção que a guerra ainda não acabou, não obstante os nossos sinceros esforços para um cessar fogo» e que «temos de manter as tropas em África durante todo o processo de descolonização, despesas de transporte no regresso das tropas, despesas com a descolonização, pagamento de encomendas de material de guerra e de empréstimos contraídos para pagamento de material, pelo antigo regime».
«As vantagens económicas e financeiras do fim da guerra só deverão sentir-se dentro de 2 anos», dizia Vasco Gonçalves.
Isto foi muito comentado no Quitexe, em bravas discussões com o Machado, o Neto, o Mosteias, o Bento e o Fonseca - pelo menos esses. Passados 48 anos, não custa nada admitir que éramos todos muito, mas mesmo muito ingénuos. Incluindo Vasco Gonçalves.
Isto foi muito comentado no Quitexe, em bravas discussões com o Machado, o Neto, o Mosteias, o Bento e o Fonseca - pelo menos esses. Passados 48 anos, não custa nada admitir que éramos todos muito, mas mesmo muito ingénuos. Incluindo Vasco Gonçalves.
Milhares de portugueses
a fugir da guerra angolana!
Um ano depois, os dias de Angola e de Agosto de há 47 anos pareciam não passar para os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, ansiosos por voltar aos seus chãos natais, mas que, aquartelados no Campo Militar do Grafanil, continuavam como «unidade de reserva da RMA» e, por isso mesmo, permanentemente na iminência de intervir em qualquer escaramuça mais grave - como já acontecera no Bairro do Saneamento.
Ao mesmo tempo, milhares de portugueses fugiam da guerra angolana e chegavam a Lisboa - os chamados retornados - e um grupo organizado preparou um comício na capital portuguesa, a 19 de Agosto de 1975, e exigiram «a intensificação do transporte de angolanos para a metrópole».
Transporte, reportava o Diário de Lisboa de há 47 anos (ver imagem abaixo), «através de todos os meios, incluindo (...) o fretamento de outras unidades e estudar, com urgência, a colocação dos desalojados nas respectivas empresas, formação de escolas ou criação de turnos especiais nas escolas e liceus para os filhos dos desalojados».
Transporte, reportava o Diário de Lisboa de há 47 anos (ver imagem abaixo), «através de todos os meios, incluindo (...) o fretamento de outras unidades e estudar, com urgência, a colocação dos desalojados nas respectivas empresas, formação de escolas ou criação de turnos especiais nas escolas e liceus para os filhos dos desalojados».
Estas e outro tipo de situações tardiamente (e mal) chegavam ao conhecimento dos Cavaleiros do Norte que, na verdade e nos últimos dias em terras de Angola, continuando expectantes quanto ao regresso a Portugal, eram continuadamente solicitados por uma «bateria» de pessoas a pedir ajuda, nomeadamente para mandar património para Lisboa: mobiliários e equipamentos domésticos, automóveis, outro e todo tipo de bens, tudo o que fosse riqueza pessoal que, por nada, queriam abandonar.
Mas quantos e quantos voltaram com a roupa que vestiam, uma ou duas pequenas malas, tudo coisa pouca..., por lá deixando toda uma vida de trabalho!
Notícia do Diário de Lisboa de 19 de Agosto de 1975, sobre o transporte de desalojados (e carga) de Luanda para Lisboa |
O retorno a Portugal
de 350 000 portugueses !
O BCAV. 8423 continuava como «unidade de reserva» da RMA, mas o essencial para nós, ao 14º. para o 15º. mês da jornada africana de Angola, era, na verdade, saber a data do nosso regresso.
O esperado dia 8 de Setembro de 1975, dia em que regressou a CCS - nos dias seguintes, seguida pelas 3 companhias operacionais.
Coincidentemente, ou não, o Instituto de Apoio aos Retornados Nacionais (IARN) já tinha aberto uma delegação em Luanda e preparava «acções de retorno de 300 000 cidadãos portugueses residentes em Angola», como noticiava o Diário de Lisboa desse dia. Inscrições até ao dia 31 de Outubro. E poderiam ser bem mais, admitia o jornal, citando o IARN, que informava estar «prevista uma margem de segurança para que aquelas acções possam, no mesmo período, atingir 350 000 pessoas».
O IARN adiantava, também, estar «planeado para o mesmo período um programa de transporte, por via marítima, de 170 000 metros cúbicos de carga pertencente aos referidos desalojados».
Coincidentemente, ou não, o Instituto de Apoio aos Retornados Nacionais (IARN) já tinha aberto uma delegação em Luanda e preparava «acções de retorno de 300 000 cidadãos portugueses residentes em Angola», como noticiava o Diário de Lisboa desse dia. Inscrições até ao dia 31 de Outubro. E poderiam ser bem mais, admitia o jornal, citando o IARN, que informava estar «prevista uma margem de segurança para que aquelas acções possam, no mesmo período, atingir 350 000 pessoas».
O IARN adiantava, também, estar «planeado para o mesmo período um programa de transporte, por via marítima, de 170 000 metros cúbicos de carga pertencente aos referidos desalojados».
Foi o grande êxodo dos portugueses, e não só - também muitos africanos! Cuja epopeia este blog alguma vez poderia contar suficientemente bem e rigorosamente.
A esse tempo de há 47 anos, a grande «indústria» que se desenvolvia em Luanda (e porventura por toda a Angola) era a da construção de caixotes, nos quais, com mais ou menos cubicagem, os colonos procuravam enviar para Lisboa os seus bens - de que acima falamos.
Muitos terão conseguido, outros nem tanto.
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