CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sexta-feira, 31 de março de 2023

7 123 - O primeiro dia de férias na Luanda de há 48 anos, com telefonema para Portugal!

A baía de Luanda vista da restinga, a ilha de praias, restaurantes e bares que tantos sonhos alimentaram
 aos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 a toda a tropa portuguesa. Aqui, no dia 13 de Outubro de
2019, nas vésperas do regresso das férias de saudade e memória do furriel Viegas
O edifício onde era a mítica Portugália, na baixa de
Luanda e local de culto da tropa portuguesa, aqui em
imagem de 22 de Setembro de 2019


A segunda-feira de 31 de Março de 1975 foi tempo de saírmos (os furríeis Cruz e Viegas) do Katekero para o mata-bicho na Portugália. Ainda não eram 8 horas da manhã e já fazia um calor intenso, quase sufocante. Bem africano!
E no nosso primeiro dia de férias angolanas - que iriam passear-se por Abril fora!
A leitura da imprensa do dia ocupou-nos o tempo de matabichar e fazer horas de espera para a chegada do conterrâneo Albano Resende (às 10). Depois, caminhámos pela marginal, embrulhados no bulício de uma baixa que estava longe dos incidentes entre os movimentos - que eram lá para a alta
e para os bairros suburbanos. 
Passámos frente aos Correios e ocorreu-me a loucura de telefonar a minha mãe, que por aqui (onde agora escrevo, em Óis da Ribeira, município de Águeda) fazia o luto da morte de meu pai (um ano e pouco antes) e da minha jornada africana de Angola, na guerra colonial. 
Era dia de visita pascal na aldeia! Um segunda-feira, como era tradicional. O não acontece, nos tempos modernos.
Telefonar para a Europa, ao tempo, não era vulgar e muito menos fácil - era quase um atrevimento. Não era como agora, na era dos telemóveis, em que ligamos na hora e na hora falamos. Tínhamos de pedir a ligação à operadora de serviço e aguardar que tal acontecesse. O que poderia levar horas. No caso concreto, a «loucura» não foi bem sucedida, pois a chamada não apanhou a mãe em casa. Tinha ido beijar a cruz a casa de familiares. 
A vizinha Celeste Tavares, era dela o telefone, aproveitou para  pedi notícias de uma irmã radicada em Luanda e de quem fazia tempo não ter notícias - a Benedita (que faleceu em 2016). Naquele tempo, existiam 7 telefones na minha aldeia - público, um deles!
Os furriéis José Oliveira e Viegas, com
 o condutor Nogueira da Costa, da
CCAÇ. 209/TI 21, a do Liberato


Oliveira, furriel do Liberato,
faz 72 anos em Águeda !


O furriel miliciano Oliveira foi combatente da CCAÇ. 209/RI 21 e está em festa de anos: comemora 72 no dia 1 de Abril de 2023. É dia deles, mas não é engano!
José Marques de Oliveira, de seu nome completo, foi vagomestre de especialidade militar e é natural do Caramulo, do mnicípio de Tondela, tendo sido mobilizado em rendição individual, Já em Angola, integrou uma companhia maioritariamente de angolanos, aquartelado na Fazenda do Liberato e comandada pelo capitão miliciano Victor Correia de Almeida.
O furriel Oliveira regressou a Portugal nas vésperas do Natal de 1974 e fez carreira profissional na área da banca, como quadro da Caixa Geral de Depósitos, de que é agora aposentado, há muitos anos morando na cidade de Águeda - onde já tinha estudado. Fomos compamheiros de turma e ainda há poucos dias nos acamos em suerfície comerciala  evoacar os tempos africanos do Uíge angolano.
É para lá, para Águeda (e/ou Caramulo) e para ele que vai o nosso abraço de parabéns!
J. O. Sousa

Jerónimo de Soua, sapador 
da CCS, 71 anos em Cinfães !

O soldado Jerónimo de Oliveira Sousa, do BCAV. 8423 e sapador de especialidade militar, festeja 71 anos a 1 de Abril de 2023. Amanhã!
Cavaleiro do Norte da CCS e do pelotão comandado pelo alferes miliciano Jaime Ribeiro, também passou por Carmona (e pelo BC12), regressando a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, no fim da sua (e nossa) comissão militar africana pelo nortenho Uíge de Angola. Fixou-se no seu natal lugar de Chousas, da freguesia de Souselo, em Cinfães.
Sabemos que trabalha(ou) na área da construção civil e que por lá continua a viver. Os nossos abraço parabéns!

quinta-feira, 30 de março de 2023

7 122 - Patrulhamentos mistos, há 48 anos, de Aldeia Viçosa a Úcua, na Estrada do Café!


Aldeia Viçosa, a 24 de Setembro de 2019, por altura da passagem do furriel Viegas. O quartel dos
 Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423 vista da Estrada do Café e com bombas de gasolina à direita
A viagem do furriel Viegas, com o Nogueira do Liberato,
 pela Estrada do Café e a caminho de Vista Alegre, Aldeia
Viçosa, Quitexe e Carmona, actual cidade do Uíge. Aqui,
 junto da placa que indica Úcua e Uíge


Os Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz, continuavam em Aldeia Viçosa e, em Março de 1975, um dos seus grupos de combate integrou os patrulhamentos mistos feitos a Úcua, envolvendo forças do ECAV. 401 e dos movimentos.
Há 48 anos!!!
Ao tempo, o contactos das NT com os movimentos eram diários, para além das reuniões dos Estados Maiores, às
Combatentes do ECAV. 401, que há 48 anos,
 fizeram patrulhamentos a Úcua, com a 2ª.
CCAV. 8423. À direita, o furriel miliciano Sá
quartas-feiras. O livro «História da Unidade» reporta «uma boa aceitação das medidas militares tomadas» - os patrulhamentos eram uma delas - e que «tal tem sido a origem do clima de paz que se vive no distrito».
O modelo de acção desta equipa trabalho, de resto e segundo o registo do comandante Almeida e Brito, constituiu-se «um exemplo para terceiros, pelo que está a ser mesmo itinerante» e, acrescente-se, com «resultados a vários níveis, nomeadamente em Salazar e Quibaxe, para além de Úcua».
Isto e outras memórias me ocorreram quando, a 24 e 25 de Setembro de 2019, galguei a Estrada do Café, de Luanda a Carmona, fazendo ressurreição emocional da épica jornada africana do Uíge angolano.
A esposa e o filho
de José Louro (1974)
O 1º. cabo José
Adriano N. Louro

O dia de Louro, que
passou a ser pai !

O dia foi de festa do 1º. cabo José Adriano Nunes Louro, sapador da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423: nasceu o seu filho Sérgio.
Casado, o Louro por cá deixara a esposa em estado de graças pré-maternais, de tal modo que foi pai, neste dia de há 49 anos. 
O Louro regressou a Portugal a 8 de Setembro de 1975, ao Casal do Pinheiro, freguesia de Casais, em Tomar. Foi lá que, a 23 de Julho de 2008, se suicidou, depois de saber que padecia de doença igual à de sua mulher, que falecera pouco tempo antes. Explicou a trágica decisão, em carta deixada à família e que nos foi contada pelo filho, que é sargento do Exército: «Para não sofrer, nem fazer sofrer a família»! 
Hoje o evocamos com saudade! RIP!!!
Fazenda Santa Isabel

Coelho e Cristiano de Santa
Isabel, fazem 71 anos em 
Tábua e em Lisboa!

O 1º. cabo condutor Luís Martins Coelho e o soldado atirador Cristiano Manuel Jorge Fernandes, ambos da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, festejam 71 anos a 31 de Março de 2023.
Regressaram a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975, no final da sua missão em Angola, o Coelho ao Outeiro da Castanheira, freguesia de Mouronho, em Tábua; o Cristiano a Lisboa (Calçada da Graça). 
Supomos que ainda por lá viverão e para eles vai o nosso saudoso e amigo abraço de parabéns.

quarta-feira, 29 de março de 2023

7 121 - Cavaleiros do Norte no Algarve e, há 48 anos, notícias de Luanda muito animadoras !

 

O alferes António Albano Cruz, o 1º. cabo Jacinto Diogo, os filhos, a neta e a dra. Margarida 
Cruz, esposa do alferes e nossa contemporânea no Uíge angolano de 1974 e 1975

Os furriéis Cruz e Viegas na placa ajardinada central
da avenida do Quitexe, em 1974


O tempo de hoje é tempo de o alferes António Albano Criz e a família andarem a «laurearo queijo» por terras do Algarve e por lá «achar» e confraternizar com o o Jacinto Diogo, que em Carmona foi 1º. cabo escriturário da Zona Militar Norte (ZMN).
O Jacinto é agora e desde há muitos anos, na Quarteira, um empreendedor empresário do sector da restauração, fundador e gestor do afamado restaurante/marisqueira «O Jacinto», local de culto da boa gastronomia algarvia - na qual ele e sua esposa capricham e alimenatam farta e exigente clientela.
O que é bom sinal. Muito bom sinal!
É lá que, de ano para ano, se acham regularmente Cavaleiros do Norte, numa espécie de obrigação estipulada pelo RDM da vida civil. Como agora aconteceu com a família Cruz!
Salvé, amigos!!!
Há 48 anos, era sábado de Aleluia de 1975, tempo de Páscoa, mas as notícias das vésperas andavam grávidas de matanças pelos lados de Luanda. Era para lá que, na segunda-feira seguinte, os furriéis Cruz e Viegas tinham viagem de férias programada, mas nem por um momento pensaram adiá-la. Foi mesmo antecipada para Domingo de Páscoa, valha a verdade. E lá fomos!
A jantarada de «despedida» foi no Escape, o restaurante de uma das esquinas da bem  movimentada Rua do Comércio - a dois passos da praça da ZMN, Câmara, Correios e Tribunal da cidade - e, ao tempo, a grande «coqueluche» gastronómica carmoniana, que, na nossa visita de 24 e 25 de Setembro de 2019, achámos encerrado. 
«S´aquela m... der para o torto, logo se vê...», comentou-se no grupo de comensais. Mas a convicção era a de que nada nos atemorizando, nada nos impediria das férias tão laboriosamente expectadas e preparadas e que incluíam uma viagem para o centro/sul de Angola, por terras do Huambo (Nova Lisboa e Silva Porto) e as litorais Lobito e Benguela.
Diário de Lisboa de 29 de Março de 1975:
«A ordem regressa a Luanda», titulava
a 1ª. página
 de há 48 anos!

Notícias de Luanda
muito animadoras !


As notícias desse dia de há 48 anos, chegadas de Luanda, na verdade, até eram animadoras. 
O protocolo de cessar-fogo assinado na véspera estava a resultar e MPLA e FNLA libertaram os prisioneiros, embora não se soubesse se todos. O ambiente de tensão na cidade descomprimia-se, o que era bom, apesar de se manter o recolher obrigatório das 21 horas. As sedes do MPLA e da FNLA estavam fortemente guardadas, não fosse o diabo tecê-las. A do MPLA, na Vila. Alice, por exemplo, tinha à sua volta «um rigoroso dispositivo de segurança».
A UNITA, de seu lado, assumia uma atitude de (aparente) neutralidade, face aos acontecimento que, de armas na mão, vinham opondo MPLA e FNLA e rejeitando qualquer ligação a esta última (a de presidência de Holden Roberto). Jonas Savimbi, em Dar-es-Salan, rejeitou a ideia de uma guerra civil e embora se aproveitasse das divergências entre os dois movimentos (concorrentes), a verdade é que os exortou a «evitarem por todos os meios a luta fratricida».
Jonas Savimbi anunciou mesmo, a esse tempo de há 41 anos e citamos o Diário de Lisboa de 29 de Março de 1975, «um encontro entre os três presidentes, para tratar de assuntos políticos e nomeadamente das eleições». E. sobre estas, defendeu «um Governo de Coligação, em moldes idênticos aos actual, mesmo depois das eleições».
As declarações do presidente da UNITA não seriam de todo inocentes já que, de algum modo, se aproveitava das diferenças entre MPLA e FNLA para afirmar o seu movimento, insistindo nos perigos de uma guerra civil e considerando que «admitir tal hipótese, é inimigo de Angola».
Mal imaginariam todos os trágicos males que iriam acontecer à terra angolana que se preparava para a independência! 
Raúl Corte Real
R. Corte Real em 1974

Capitão Corte-Real, faz
77 anos em Lisboa !

O capitão miliciano Raúl Corte Real comandou a CCAÇ. 4145, em Vista Alegre, e comemora 77 anos a 29 de Março de 2023.
Os «caçadores» desta Companhia chegaram à vila uíjana no dia 1 de Abril de 1973 e de lá saíram em  Novembro de 1974, sendo substituídos pela 1ª. CCAV. 8423, a dos Cavaleiros do Norte de Zalala e do capitão miliciano Davide Castro Dias.
«Pouco tempo estivemos com o vosso Batalhão, até porque, no último período, Vista Alegre ficou  integrar uma grande operação no Quanza Norte - a Operação Turbilhão - e eu fiquei a comandar a única ZI do Uíge», disse-nos Raul Corte Real, recordando a sua jornada angolana.
Sabemos que mora em Lisboa e para ele vai o nosso abraço de parabéns!

terça-feira, 28 de março de 2023

7 120 - Capitão Luz, aos 94 anos, cheios de vida, confiança e iberdade de pensar e decidir!

 

Os então tenentes Mora e Luz (agora capitão aposentado), que hoje faz 94 anos na Marinha Grande,
com os alferes milicianos António Garcia (falecido a 02/11/1979) e Jaime Ribeiro

Acácio Luz e D. Violontina
Capitão Acácio Carreira
da Luz: 94 anos !!!


O capitão Acácio Carreira Luz, o Cavaleiro do Norte Mor e Maior do BCAV. 8423 de quem ainda ontem AQUI, está hoje em festa na sua Marinha Grande nata. 
A festa dos 94 anos!!!
Está em grande forma!!!
Acabámos de falar com ele, ainda a beber a felicidade de hoje mesmo receber um neto dos seus 10 netos, fazendo este vida na Holanda e andando perdido d´amores por uma namorada alemã - que anda a conhecer as lindezas de Portugal.
«Sábado é que vamos almoçar aqui em casa, com toda a gente, que anda espalhada por esse mundo fora. São os novos tempos, a família é grande e tenho sempre estas alegrias», disse-nos o nosso «mais velho» Acácio Careira da Luz, que por terras do Uige angolano foi chefe da secretaria do Comando do BCAV. 8423 e louvado foi (ver o post de ontem) tambem porque «demonstrou qualidades militares e cívicas que o cotaram como precioso e desejado auxiliar do comando».
A OS nº. 45, do BCAV. 8423 e em Angola, dera conta da condecoração que recebeu, a Medalha Comemorativa das Campanhas do Exército Português, com a legenda «Angola 1963 - 1964 - 1965».
«A minha saúde? Pois, cá vou indo com os meus achaques e com a liberdade de saber o que a vida me ensinou e a mesma liberdade de nao saber quandio posso escolher», disse-nos, hoje mesmo, o capitão Luz, com a certeza, e citamo-lo, que «nada me tolhe a liberdade de pensar e decidir».
Parabéns!!!

O capitão José Diogo Themudo, 2º. comandante
e comandante interino do BCAV. 8423.
 Agora,  coronel e cavaleiro na Grande Lisboa

Comandantes do BCAV. 
8423 em Vista Alegre!

O dia 28 de Março de 1975, o dos 46 anos do então tenente Luz, foi dia de o comandante Carlos Almeida e Brito visitar a 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Zalala, mas ao tempo já aquartelada em Vista Alegre.
Ao tempo, comandante interino da Zona Militar Norte (ZMN), o comandante do BCAV. 8423 (CAB) fazia-se acompanhar pelo também interino, mas dos Cavaleiros do Norte - o capitão José Diogo Themudo, que desde o dia 24 de Março era 2º. comandante do BCAV. 8423. Na véspera, tinham estado no Quitexe, visitando a 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel.
A 1ª. CCAV. 8423 também tinha um destacamento em Ponte do Dange e era comandada pelo capitão miliciano Davide de Oliveira Castro Dias - a quem, e à guarnição, foi apresentado o capitão José Diogo da Mota e Silva Themudo
.

Cavaleiros do Norte de Santa Isabel: furriel Graciano Silva
e alferes Mário Simões (atrás) e furriéis Luís Capitão (fale-
cido a 05/01/2010, em Ourém e de doença) e José F. Carva-
lho. Há precisamente 48 anos e com o seu pelotão (o 3º. da
3ª. CCAV. 8423), reforçaram a guarnição de Carmona 

Reforço dos Cavaleiros
e Licença de Normas!

A 28 de Março de 1975, há 48 anos, a «impossibilidade de garantir os serviços solicitados ao BCAV., que comportam também os da ZMN, também em extinção» implicou o seu reforço, com «mais um grupo de combate, este da 3ª. CCAV. 8423, por ser a subunidade que, de momento, tem a sua vida menos sobrecarregada».
Grupo de combate (o 3º. pelotão) que tinha estado na Fazenda Maria Amélia e era comandado pelo alferes Mário Simões e incluía os furriéis milicianos Graciano Silva, José Fernando Carvalho e Luís Capitão (ver foto) - este infelizmente já falecido, de doença, a 5 de Janeiro de 2010, em Vila Nova de Ourém.
Um ano antes, terminava a Licença de Normas dos futuros Cavaleiros do Norte, iniciada a 18 de Março de 1974, a qual, todavia, e segundo o Livro da Unidade, «acabou por ser aumentada, de tal modo que só a 22 de Abril se voltou a reencontra todo o pessoal do Batalhão, para dar efectivação à Instrução Operacional».
Os quadros milicianos (alferes e furriéis), nessa altura, iam prestar serviços de ordem ao aquartelamento de Santa Margarida - em escala previamente estabelecida. 
Os praças foram dispensados dessa obrigação.
O Diário de Lisboa e a notícia do
 acordo para cessar os combates
 

Acordo em Luanda
para o cessar-fogo!


A reunião dos ministros Almeida Santos e Melo Antunes com o Colégio Presidencial do Governo Provisório de Angola, há 48 anos, resultou na assinatura de um protocolo entre os três movimentos de libertação, pelo qual MPLA, FNLA e UNITA «se obrigam a cessar as hostilidades e a libertar até ao meio dia de hoje todas as pessoas que prenderam durante os últimos dias».
A UNITA tinha sido neutral nos trágicos acontecimentos desses dias, mas assinou o acordo, que se negociava desde a véspera e se concluiu na madrugada de 28 de Março de 1975.
A FNLA era acusada de dispor de soldados zairenses. 
«Os soldados todos falavam francês e muitos deles nem conhecem qualquer dialecto angolanos. Certos meios progressistas de Luanda dizem que não sabem até que certo ponto muitos deles não terão pertencido a exércitos convencionais», referia José António Salvador, no «Diário de Lisboa», acrescentando que «os soldados da FNLA continuaram as suas acções de intimidação, durante o dia de ontem», aparentemente, frisava, «com apoio de alguns pides».
Um grupo de 12 médicos do Exército Português, entretanto, apresentou um abaixo-assinado à Comissão do MFA/Angola «protestando energicamente contra a actuação da FNLA», que chegou a qualificar como «bestialidade nazi».
«O que parece definir a FNLA é o seu nacionalismo exacerbado, intolerante, que usa o terror como arma», referia o comunicado dos médicos militares portugueses. A FNLA, de Holden Roberto, a antiga UPA.

segunda-feira, 27 de março de 2023

7 119 - Capitão Luz, o Cavaleiro do Norte Maior, em véspera de festejar 94 anos!


O capitão Acácio Carreira da Luz e sua «mais-que-tudo», D. Violontina, a 25 de Março de 2020,
 na Marinha Grande e a 3 dias de comemorar mimosos e festivos, e bem vividos, 91 anos de
vida! É o Cavaleiro do Norte Maior do BCAV. 8423!!! Amamnhã festeja 94 anos!
«Memória para sempre», o verso do quadro
caricatura dos 90 anos do capitão Luz, em 2019

O capitão Acácio Luz, chefe da secretaria do Comando do BCAV. 8423, festeja 94 anos a 28 de Março de 2020. Bonitérrima idade, que nem um ou outro axe incomodam!!!!
Tenente do SGE ao tempo da jornada angolana do Uíge, foi louvado porque «confirmando o conceito em que era já do antecedente tido, demonstrou qualidades militares e cívicas que o cotaram como precioso e desejado auxiliar do Comando que serviu».
Tenente, a esse tempo, foi louvado 
A caricatura do militar Luz
quando festejou 90 anos!
também porque «confirmando o conceito em que
era já do antecedente tido, demonstrou qualidades militares e cívicas que o cotaram como precioso e desejado auxiliar do Comando que serviu».
Além dos serviços de pessoal a cargo, o tenente/capitão Luz «chamou a si a orientação de todo o serviço de justiça do Batalhão, com o que se tornou um precioso auxiliar do seus camaradas que, pela inexperiência, viram em tal serviço complexidade e melindre», sublinha o louvor.
Louvado também porque foi militar «disciplinado, de lealdade e correcção inexcedíveis, de elevadas qualidades militares, de total dedicação pelo servo, dotado de excelente educação e civismo (...), demonstrando ser um excelente oficial, que de igual modo o tornaram considerado elos camaradas e estimado pelos subordinados».
A CCS, no encontro de 2019, homenageou-o de forma singela, simbolicamente, com um quadro, em forma de caricatura, renomeando-o o «nosso» Cavaleiro Maior, e que lhe foi entregue na sua casa da Marinha Grande, onde os «embaixadores» Neto e Viegas foram recebidos por ele e por D. Violontina, seu amor de sempre e Amazona do Norte Maior! 
«Não sei  que dizer, hoje é um dia muito bonito da minha vida...», disse o capitão Acácio Luz, emocionado, a contemplar o quadro caricaturado com que foi homenageado pelos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423!
Missão cumprida!!!

Amanhã, dia 28 de Março de 2023, o capitão Acácio Carreira da Luz festeja 94 anos e aqui, com carinho e camaradagem lhe deixamos o abraço colectivo do povo da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV 8423.
Com um mar de desejos de saúde para s seus axes! Parabéns!!! Muitos, muitos parabéns!
C. Almeida e Brito,
«cmdt» do BCAV. 8423

Almeida e Brito e José Themudo,
comandantes na vila do Quitexe!


O tenente-coronel Carlos Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423 mas ao tempo a comandar interinamente a Zona Militar Norte (ZMN), deslocou-se ao Quitexe no dia 27 de Março de 1975.
Há 48 anos, como o tempo passou! É um instantinho!
O objectivo foi apresentar o capitão José Diogo da Mota e Silva Themudo, oficial de Cavalaria, que no anterior dia 24 assumira o comando, também interino, dos Cavaleiros do Norte, no BC12, em Carmona. 
A guarnição do Quitexe, a esse tempo, era formada pela 3ª. CCAV. 8423, do comando do capitão miliciano José Paulo de  Oliveira Fernandes e que da Fazenda Santa Isabel para lá rodara a 10 de Dezembro de 1974.

domingo, 26 de março de 2023

7 118 - Patrulhamentos mistos em Carmona e granadas no jardim do Governador Geral!

Parada do BC12, em Carmona e há 48 anos. Forças Integradas de Angola a caminho da instrução
ministrada pelos especialistas instrutores, todos alferes e furriéis milicianos dos Cavaleiros do 
Norte da CCS do BCAV. 8423 


Cavaleiros do Norte ainda no Quitexe, em 1974, todos
furriéis milicianos: Flora, Costa (Morteiros), Belo,
Bento e Abrantes (adido à CCS)

O dia 26 para 27 de Março de 1975, em Carmona, foi o do início dos patrulhamentos mistos, envolvendo forças do Exército Português, da FNLA, do MPLA e da UNITA.
As chamadas Forças Integradas Mistas!
A medida ensaiava a formação do (seria e não foi) futuro Exército Unificado de Angola e, ao tempo, já vários instrutores dos Cavaleiros do Norte da CCS lhes ministravam formação militar - nas suas diversas especialidades.
A experiência «mista», aliás, «já havia sido experimentada em 15 de Março, aquando das comemorações do feriado
da FNLA» e, como aqui já dissemos, acontecera «exclusivamente em serviço de segurança dos locais das ditas comemorações». 
A experiência nem sempre correu bem, devido às rivalidades entre os combatentes dos 3 movimentos - que muitas vezes, e por nada, se envolviam em escaramuças que, muitas vezes,  só não tiveram consequências trágicas por prontas e determinadas intervenções dos Cavaleiros do Norte em funções operacionais. Os elementos dos três movimentos não se entendiam e não distinguiam as suas novas funções das que até aí assumiam.
O Diário de Lisboa de 26/03/1975
 noticiou a explosão no Palácio
do Governador Geral 
de Angola

Granadas no jardim do
Palácio do Governador
Geral em Luanda !

O jardim do Palácio do Governador Geral, em Luanda, foi alvo da explosão de duas granadas, na noite anterior e sem provocar feridos.
Soldados da FNLA, de acordo com o Diário de Lisboa, tinham horas antes ocupado «posições no cimo de alguns prédios» e, de resto, «ouviram-se tiros de armas pesadas, durante a noite, embora se desconheçam os autores dos disparos»
Havia civis com armas e o Alto Comissário Silva Cardoso, em comunicado, fez saber que «as forças portuguesas e as forças mistas actuarão severamente contra todos os civis portadores de armas de guerra», frisando que «a sua presença vem sendo constantemente notada nos últimos incidentes».
José A. Moura,
clarim de Zalala

Moura, clarim de Zalala,
71 anos em Alijó!


O soldado clarim Moura, da 1ª. CCAV. 8423, a dos Cavaleiros do Norte de Zalala, festeja 71 anos a 26 de Março de 2023. Hoje mesmo!
José de Azevedo Moura, de seu nome completo, foi por lá, por terras uíjanas da sua jornada africana de Angola, e além da sua função de especialidade, impedido da messe de oficiais e muito popular entre a guarnição. 
Natural de Casal de Loivos, concelho de Alijó, em Trás-os-Montes, lá voltou a 9 de Setembro de 1975, no final da sua jornada africana. Nada mais dele sabemos, mas, para onde quer que esteja, vai o nosso abraço de parabéns!

sábado, 25 de março de 2023

7 117 - Calma em Carmona e pelo Uíge fora! Incidentes FNLA/MPLA em Luanda e com 20 mortos!


O furriel Manuel Machado e o alferes António Albano Cruz,
ambos milicianos da CCS do BCAV. 8423. À frente, parece-nos
estar o 1º. cabo João Monteiro (Gasolinas)



Os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, há 48 anos e por terras uíjanas do norte de Angola, continuavam a sua jornada em ambiente de relativa calma, embora carregados de serviços.
Nomeadamente, quanto a estes, os militares operacionais  - que, pela natureza da sua especialização, estavam encarregados da segurança de pessoas e bens, fossem civis ou fossem militares, para além da das várias instalações da Forças Armadas e serviços púbicos da cidade de Carmona.
Era muito curto o número de efectivos disponíveis, apenas os operacionais da CCS e da 2ª. CCAV. 8423 (a de Aldeia Viçosa), para tanta exigência de segurança, só na cidade.
A guarnição instalada no quartel do extinto BC12 desmultiplicava-se, por isso, em tarefas para «garantir os serviços solicitados ao BCAV., os quais comporta(va)m também as necessidades da Zona Militar Norte» - a ZMN, ao tempo já em fase «também em extinção».
Notícia do Diário de Lisboa de 25/03/1975 sobre
asituação em Angola: «Mais de 20 mortos nos
combates entre as forças do MPLA e da FNLA»,
em Luanda. «A calma regressa a Luanda»,

  antetitulava o jornal vespertino


Incidentes em Luanda, entre
FNLA e MPLA, com 20 mortos !

A 25 de Março de 1975, uma terça-feira, as autoridades militares portuguesas em Angola faziam o balanço dos incidentes entre o MPLA e a FNLA.
Os de dois dias antes: 18 mortos entre os militantes deste movimento, o de Holden Roberto, «enquanto nenhum há a registar entre as forças do MPLA», reportava o Diário de Lisboa, porém, sublinhando que «no momento, é difícil determinar o número de vítimas». Sem esquecer os 2 civis.
Os incidentes entre as FAPLA (Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, o braço armado do MPLA) e o ELNA (Exército de Libertação Nacional de Angola), idem, da FNLA) tinham recomeçado na madrugada do dia 23, o domingo - depois de escaramuças a 21 (a 6ª.-feira anterior), «nalgumas zonas dos subúrbios e afectaram seriamente a vida da população» da cidade de Luanda.
Havia mesmo, segundo o Diário de Lisboa, «certas áreas interditas à normal circulação de pessoas e viaturas», como era o caso do Bairro Cazenga, «onde durante toda a tarde e noite de ontem se ouviram constantes disparos de armas automáticas e rebentamento de granadas». Ontem, que - recuemos no tempo... - foi o dia 24 de Março de 1975, uma segunda-feira.
O Alto-Comissário Silva Cardoso, à di-
reita, com o almirante Rosa Coutinho

Morte de 2 crianças
no bairro Cazenga !


O bairro suburbano do Calemba também não escapou aos combates e, segundo o Diário de Lisboa, «foi palco de novos incidentes», os que, à data, «há 48 horas vem envolvendo forças das FAPLA (do MPLA) e do ELNA (da FNLA».
A chamada «cidade do asfalto», essa parecia longe de tais guerras. «A calma não tem sido perturbada. A vida de decorre serenamente, embora se note apreensão no rosto das pessoas», reportava ao Diário de Lisboa, acrescentando, porém, que, no Cazenga, «algumas pessoas foram atingidas pelas balas e duas crianças morreram devido ao tiroteio».
As Forças Armadas Portuguesas intervieram ao final da tarde do dia 23, após reunião do Conselho Nacional de Defesa (CND), e foi reposta a calma. Patrulhas mistas - formadas por militares portugueses e dos movimentos de libertação - colaboraram na «manutenção da ordem»
O CND, presidido pelo Alto-Comissário Silva Cardoso, general português, e os Estados Maiores do MPLA e da FNLA «ordenaram o regresso aos quartéis das tropas dos dois movimentos de libertação» - os dos presidentes, respectivamente, Agostinho Neto e o de Holden Roberto.
A Fazenda Santa Isabel, onde se aquartelou
a 3ª. CCAV. 8423 dos Cavaleiros do Norte


Gonçalves de Santa Isabel,
faz 71 anos no Barreiro !


O 1º. cabo Francisco Gestrudes Gonçalves foi condutor auto-rodas da 3ª. CCAV. 8423 e festeja 71 anos no dia 25 de Março de 2023.
Hoje mesmo|
Cavaleiro do Norte da Fazenda Santa Isabel e do capitão José Paulo de Oliveira  Fernandes, regressou a Portugal no dia 11 de Setembro de 1975 e fixou-se na Rua Voz do Operário, na cidade do Barreiro. 
A vida levou-o para a freguesia de Verderena (na Rua Cândido de Oliveira) também no Barreiro, onde vive e para onde vai o nosso abraço de parabéns! 

sexta-feira, 24 de março de 2023

7 116 - Comandantes do Uíge: Almeida e Brito na ZMN, Themudo Barata no BCAV 8423!


O capitão de Cavalaria José Diogo Themudo,
à direita e na varanda do BC12, com o alferes
João Machado (à esquerda) e o capitão José
Paulo Falcão
O tenente-coronel Almeida
e Brito, comandante do
BCAV. 8423 



Há 48 anos e no dia 24 de Março de 1975, o tenente-coronel Carlos Almeida e Brito assumiu o comando interino da Zona Militar Norte (ZMN). E o capitão Themudo o do Batalhão de Cavalaria 8423. Também interinamente e substituindo Almeida e Brito. 
O agora coronel aposentado José Diogo Themudo tinha chegado a Carmona dias antes, convidado pelo próprio comandante dos Cavaleiros do Norte a assumir as funções de 2º. comandante. Encontraram-se em Luanda, acidentalmente, e estando vaga a função, acabou por aceitá-la. Estava pela capital angolana sem atribuições, depois de a companhia para que fora mobilizado (em regime de rendição individual) ter regressado a Lisboa.
Um dia foi ao aeroporto para se despedir de um camarada de armas e foi lá que o tenente-coronel Almeida e Brito o achou. «Convidou-me para 2º. comandante do Batalhão e apesar de serem funções de major e eu ser apenas capitão, aceitei o convite. Resolvemos o problema no Quartel-General e fui para Carmona», historiou o agora coronel aposentado José Diogo Themudo.
Notícia do «Diário de Lisboa» sobre o recrutamento,
 pela FNLA, de refugiados para as suas Forças
Armadas - o ELNA! 

Incidentes em Luanda e
recrutamento da FNLA !


Os tiroteios na área suburbana de Luanda continuaram a 23 de Março de 1975, envolvendo forças do MPLA e da FNLA - mesmo depois do acordo de sábado à noite (dia 21) e ante a propositada não intervenção das Forças Armadas Portuguesas. Por decisão do Comando de Sector de Luanda.
Ao mesmo tempo, a FNLA preparava o repatriamento de refugiados no Zaire, numa operação de três etapas, segundo noticiava a revista «Afrique-Asie»: 
1 - Uma primeira, já iniciada em Setembro de 1974, agrupando-os em quatro agrupamentos,  no Zaire (Nandulu, Kassai, Baixo Zaire e Shabi);
2 - Uma segunda, então em execução, instalando-os em 20 campos de alojamento ao longo da fronteira com Angola;
3 - Finalmente, uma terceira, envolvendo o transporte e instalação dos refugiados em Angola e em diferentes campos permanentes.
José Romão


Romão de Zalala faz
71 anos em Setúbal !


O condutor-auto Romão, soldado da 1ª. CCAV. 8423, está em festa de anos: comemora 71 a 25 de Março de 2023.

Cavaleiro do Norte da Fazenda de Zalala, depois de Vista Alegre/Ponte do Dange, do Songo e de Carmona, regressou a Portugal em data desconhecida (o seu nome não consta da lista de embarque dos «zalalas», a 9 de Setembro de 1975, de Luanda para Lisboa), mas por informação do furriel João Dias (TRMS), sabemos que reside em Setúbal, para onde vai o nosso abraço de parabéns!