CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

6 972 - Forças das FAPLA concentradas nas Frentes Norte e Centro! Deserções e punições no BCAV. 8423 !

Cavaleiros do Norte de Santa Isabel, da 3ª. CCAV. 8423, com milícias (?) armadas da sua ZA.
De pé e de camisola branca de cavas, o 1º. sargento Francisco Marchã, seguido do furriel Agostinho
Belo. À direita, e 
o 1º. cabo Fernando Simões. E os restantes, alguém reconhece?


Cavaleiros do Norte do PELREC. Francisco e Madaleno (à esquerda). De
bigode, à frente, o Silvestre, depois o Aurélio (Barbeiro, abaixado), o
Florêncio (de bigode), Messejana, 1ºs. cabos Soares e Vicente (ambos de
de bigode). Atrás destes e de cerveja na mão, o Alberto Ferreira. Aqui 
c à frente, o alferes  Garcia e o Gomes (a rir). O António (com boina no
ombro), o Dionísio, dois desconhecidos e o Leal (boina no ombro).
Atrás dele, o 1º. cabo Almeida. E os três da direita, lá atrás?

A 31 de Outubro de 1975 e já com  todos os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 em Portugal, Angola estava a poucos dias da independência e as FAPLA tinham «as suas forças concentradas nas Frentes Norte e Centro» - no Caxito e em Nova Lisboa.
O braço armado do MPLA, ao mesmo tempo, tinha recuado na tentativa de tomada da Sá da Bandeira e Moçâmedes, onde estavam a FNLA e a UNITA, apoiadas, segundo o Diário de Lisboa de 30 de Outubro de 1975, em despacho do Diário de Luanda, «por forças do ELP e sul africanas».
Prenunciava-se «um fim de semana decisivo» e militarmente, as FAPLA desenvolviam acções de guerrilha à volta daquelas duas cidades, com «ampla participação da população». Forças do ELP e da África do Sul, entretanto e segundo o mesmo jornal, «constituindo uma ponta de lança dos fantoches da FNLA e da UNITA, parecem tentar um avanço sobe o Lobito, em duas colunas, uma localizada na estrada marginal e outra pelo interior».
Não há quaisquer referências directas ao norte angolano e muito menos a Carmona, ou outras terras por onde passaram os Cavaleiros do Norte. De lá saídos a 4 de Agosto de 1975.
O Comissariado Político do MPLA, em Luanda e entretanto, dava conta que «não se registaram alterações assinaláveis nas últimas 24 horas».
«Mantém-se grave a situação»
, referia, todavia, o despacho do vespertino lisboeta.
Decisivos eram os passos diplomáticos e políticos do MPLA, a poucos dias da declaração de independência. Preparava-se a Cimeira de Campala, convocada por Idi Amin, o presidente do Uganda, e o partido de Agostinho Neto queria, obviamente, captar apoios.


Deserções e punições 
no BCAV. 8423 !

A 31 de Outubro de 1974, um ano antes, como balanço do mês, poder-se-ia dar conta, também, da deserção de 5 elementos dos Grupo de Mesclagem do RI 20 que estavam colocados na 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa.
A Ordem de Serviço nº. 89, do BCAV. 8423, dá nota dos seus nomes, mas recordamos apenas os apelidos: Gabriel, Amaro, Bartolomeu e Júnior. A OS 108 publicava o quinto: Sobrinho.
O mês, aliás, foi farto em punições. Nada mais nada menos que uma dúzia: um furriel miliciano, quatro 1ºs. cabos e 7 soldados, com penas que andaram entre os 20 dias de prisão disciplinar agravada e os 10 dias de detenção.
A CCS teve 5 das 12 punições: dois 1ºs. cabos (Pinho e Coelho) e 3 soldados (Santos, Marcos e Gaiteiro). A 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala, teve dois: um furriel (Viana) e um soldado (João, do Grupo de Mesclagem). A 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, dois: um 1º. cabo (Marques) e um soldado (Guerreiro). A 3ª. CCAV., a de Santa Isabel, com três: um 1º. cabo (Barata) e dois soldados (Silva e Carvalho).
Quer isto dizer que o batalhão era indisciplinado? Não. Os castigos foram consequência de falhas simples, do dia a dia por lá vivido, a mais de 8000 quilómetros de casa. E nem surpreende que a CCS fosse a mais «castigada». Era no Quitexe que se aquartelava e lá também estava instalado o comando do BCAV. 8423. E o tenente-coronel Almeida e Brito não era para «brincadeiras».

Adélio Silva

Adélio de Zalala faz
70 anos em Pataias!

O soldado Adélio 
Jacinto Coelho da Silva, da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Fazenda de Zalala, está hoje em festa, pois comemora 70 anos. 
Uma bonita idade!!!
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, por terras de Angola era popularmente conhecido como o PM (va lá saber-se a razão...) e foi inicialmente mobilizado para a 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, mas foi transferido para a 1ª. CCAV. em Março de 1974 e ainda em Portugal.
Já em Angola e «zalala», também passou por Vista Alegre e Ponte do Dange, pelo Songo e cidade de Carmona. É natural e residia em Pataias, no concelho de Alcobaça, onde nasceu a 31 de Outubro de 1952.
Lá regressou a 9 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jornada africana do Uíge angolano e dele nada mais sabemos. Saudamo-lo fraternalmente neste seu dia de festa dos 70 anos. Com um forte abraço de parabéns!

domingo, 30 de outubro de 2022

6 971 - Programas de rádio luandinos suspensos «por infracções ao processo de descolonização»!


Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, no Quitexe, todos furriéis milicianos. De frente,
Rocha e Fonseca (ambos de bigode), Viegas, Belo (de óculos), Flora e Pires (TRMS). De
costas, Monteiro, Pires (Cândido), Machado e Dias (de óculos)

Notícia do Diário de Lisboa sobre o comício, em Lisboa,
de apoio ao MPLA, a 30 de Outubro de 1974


A Comissão Local de Contra-Subversão (CLCS) do Quitexe reuniu há 48 anos, no dia 30 de Outubro de 1974, dia em que se soube que a Junta Governativa de Angola suspendera dois programas de rádio, de Luanda, «por infracções ao processo de descolonização».
S. Nicolau: libertação de presos a 3 
de Maio de 1974 (imagem da net)
Os programas eram o «Contacto Popular» e o «A Voz Livre do Povo» e ficaram suspensos por dois dias, por proposta da Comissão Ad-Hoc dos Meios de Comunicação, mas o «Diário de Lisboa» desse dia, jornal de que nos socorremos, não diz quais foram as infracções. Diz, isso sim, é que «o Governo anunciou o encerramento do campo prisional de S. Nicolau, que era utilizado pela PIDE/DGS antes do 25 de Abril».
A imprensa portuguesa desse dia deu atenção ao comício lisboeta de apoio ao MPLA. «O imperialismo tenta desesperadamente perpetuar a exploração do nosso povo» - o povo angolano, reportou o mesmo «Diário de Lisboa».
O comício decorreu no Pavilhão dos Desportos, organizado pela Casa de Angola, com uma mensagem de Agostinho Neto e críticas à «repressão violenta da PM e da PSP a manifestações pacíficas», os exércitos secretos da FRA e ENSINA, «a soldo dos colonialistas»,  também à «falta de medidas repressivas contra elementos da PIDE/DGS», ou o acordos apadrinhados por Mobutu, com a UNITA e Daniel Chipenda, chamados de «traidores e fantoches» - tudo, entre outras coisas, para «criar um clima de confusão política e isolar o MPLA». 
Mobutu, presidente do Zaire, foi considerado «fiel guarda dos interesses colonialistas» e não foram poupadas a FUA (outra «organização colonialista») e a FLEC, considerada um dos «movimentos fantoches e neo-colonialistas».


Horácio Carneiro
(1ª. CCAV. 8423)

Carneiro de Zalala
em festa de 69 anos!

O soldado Horácio do Sacramento Lopes Carneiro, Cavaleiro do Norte da 1ª. CCAV. 8423, está hoje em dia de «rancho melhorado»: festeja 70 anos!
Atirador de Cavalaria de especialidade militar, iniciou a sua jornada africana do norte de Angola pela Fazenda de Zalala e passou também por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, antes de, passando ainda pelo Campo Militar do Grafanil, em Luanda, regressar a Portugal.
Natural de Pousadela, na Póvoa do Lanhoso, lá voltou a 9 de Setembro de 1975 e lá vive, depois de estar muitos anos emigrado na Suíça.
Para ele vai o nosso abraço de parabéns.

sábado, 29 de outubro de 2022

6 970 - A apresentação do sub-comandante João Alves e de 6 combatentes da FNLA!

 

Edifício do comando do BCAV. 8434 (à esquerda) no tempo da jornada 
africana dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, em 1974/1975
O que, a 24 de Setembro de 2019 e no Quitexe, sobrava
do edifício do Comando e parada do BCAV. 8423

A 29 de Outubro de 1974 (hoje se fazem 48 anos), apresentou-se no comando do BCAV. 8423, no Quitexe, o sub-comandante João Alves, da FNLA, acompanhado de 6 elementos deste movimento emancipalista, identificando-se como sendo do «quartel» Aldeia, na serra do Quimbinda.
Serra do Quimbinda foi território por onde passámos algumas vezes, em operações militares, ou meras escoltas para as fazendas ou sanzalas, em apoio sanitário ou a actividades comerciais.
O que se passava era simples: eram atribuídas às NT actividades de perturbação cívica que, e cito o livro «História da Unidade», «facilmente se concluíram ser de elementos estranhos, que procuram, certamente, criar um clima de desconfiança local, entre a FNLA e as NT».
O assunto foi esclarecido numa reunião no comando (foto) do Quitexe, que envolveu o comandante Carlos Almeida e Brito (BCAV. 8423) e a autoridade administrativa local. Registe-se este facto, nada dispiciendo, e de novo citamos o livro «História da Unidade»: foi a primeira vez que elementos da FNLA se apresentaram às autoridades militares portuguesas, depois do cessar-fogo. Assim se fez a história.


António Silva
Silva, rádio-montador,
70 anos em VN de Gaia!

O soldado António de Jesus Pereira da Silva, da CCS dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, na vila do Quitexe, vai estar amanhã em festa, dia 30 de Outubro de 2022: faz 70 anos!
Rádio-montador de especialidade militar, integrou o grupo de trabalho coordenado pelo furriel miliciano António José Dias Cruz e que incluía os 1ºs. cabos António Correia Lourenço Pais e Rodolfo Hernâni Tavares Tomás. 
Era (e é) natural de Santa Eulália, em Oliveira do Douro, Vila Nova de Gaia. Lá regressou a 8 de Setembro de 1975 e por lá (e bem) tem feito vida profissional e familiar, sempre pronto para tudo. 
Actualmente, sendo participante dos encontros anuais da CCS (não esteve este ano), trabalha e vive em Vila Nova de Gaia, para onde vai, muito afectuoso, forte e amigo, o nosso abraço de parabéns! 
Até daqui a um ano, se a vida lá os deixar chegar! E vai deixar!
Graciano P. Queijo

A morte, há 8 anos, do
clarim Graciano Queijo!


O soldado clarim Graciano da Purificação Queijo, da CCS do BCAV. 8423, faleceu há 9 anos anos, amanhã se passam. Dia 30 de Outubro de 2022.
Natural de Vilarelhos, freguesia do município de Alfândega da Fé, lá nasceu a 28 de Setembro de 1952. Clarim dos Cavaleiros do Norte,  também passou pela cozinha e refeitório do Quitexe, depois em Carmona e no BC 12. Regressou a Portugal a 8 de Setembro de 1975 e teve vida errante e quase desconhecida, em andanças pelo mundo, até que, com muitas dificuldades e em mau estado de saúde, foi acolhido
no lar da Fundação Padre Tobias, em Samora Correia.
Lar onde acabou por viver até à morte, entregue à bondade e aos mil cuidados do pessoal da Fundação.
Hoje o recordamos com saudade. RIP!!!

sexta-feira, 28 de outubro de 2022

6 969 - O dia final do desarmamento dos milícias da ZA dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423!

Cavaleiros do Norte no bar de sargentos no Quitexe: furriéis Luís Capitão (falecido a 05/01/2010, de doença e em Ourém)
 e Cardoso (de garrafa na mão), soldados Almeida e Lajes (da cozinha e do bar) e furriel 
Flora. Na linha do meio, os
 
furriéis Cruz (de óculos e mão em frente), NN (tapado), Costa (morteiros). Reino e Carvalho. À frente, o Bento (de
bigode), Lopes (Grenha), José Carlos Fonseca (que hoje faz 71 anos) e Rocha 


Cavaleiros do Norte no Quitexe. De frente, furriéis Rocha (de
bigode), Fonseca (a fumar), Bento, Viegas, Belo (de óculos),
 e Ribeiro. Em primeiro plano e à esquerda, o Monteiro
O dia 28 de Outubro de 1974, há precisamente 48 anos, foi tempo para para mais uma reunião do Comando do Sector do Uíge (CSU); em Carmona, na qual participou o tenente-coronel Almeida e Brito, comandante do BCAV. 8423.
O dia foi também o da concretização do processo de desarmamento dos milícias, que se vinha a desenvolver desde 21 de Outubro, com alguns entraves pelo meio. Isto, nomeadamente
porque os povos da Quitexe e Aldeia Viçosa manifestaram preocupações que tinham a ver com a sua defesa, ante eventuais «acções de depradação e exigência do IN», muito embora estivesse declarado o cessar-fogo.
O argumento, segundo o livro «História da Unidade», era «difícil de contrariar», já que, ainda de acordo com o LU, «é impossível garantir a sua vivência pacífica, pois as NT não chegarão para superar todas as dificuldades e situações que se lhe apresentem».
A 26 de Outubro de 1974, como aqui há dias recordámos e «com vista a resolver a situação apresentada», realizou-se no Quitexe «um reunião com todos os regedores, ao quais foi feito ver a necessidade de entregarem o armamento das milícias».
O que, felizmente, «veio a suceder, voluntariamente, a partir de 28 de Outubro», há precisamente 48 anos.
Grupo de regedores dos aldeamentos 
(sanzalas) do Quitexe (foto da net)

Milícias «feios
com os turras» !

A memória refrescou-se sobre uma conversa com o alferes Garcia, numa escolta ao dr. Manuel Leal (capitão médico miliciano), a uma sanzala dos arredores do Quitexe, quando nos disse que os milícias de lá (e o regedor) estavam «feitos com os turras», para, por isso mesmo, «abrirmos os olhos».
O infelizmente já falecido alferes Garcia (a 2 de Novembro de 1979, de acidente de viação e ao serviço da Polícia Judiciária) lá saberia do que falava, pois trabalhava regularmente com o capitão José Paulo Falcão, o oficial de operações, e tinha informações que, naturalmente, não partilhava connosco.
Seja como for, o desarmamento decorreu sem problemas, com a entrega das armas no respectivo depósito do Quitexe, ao cuidado do BCAV. 8423. Não sei que destino lhe foi dado.

Pratas Moreira de Santa Isabel, 
70 anos nas Praias do Sado !

O 1º. cabo José Bernardo Pratas Moreira, da 3ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Santa Isabel, está hoje em festa: comemora 70 anos.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e combatente da subunidade comandada pelo capitão José Paulo de Oliveira Fernandes, é natural e voltou a Estrada de Santas, na freguesia de S. Sebastião, em Setúbal, a 11 de Setembro de 1975, no final da sua comissão  militar por terras do Uíge angolano - que, além de Santa Isabel, o levou ainda ao Quitexe e à cidade de Carmona. 
Pouco mais sabemos dele. Apenas que mora(rá) por lá perto de Setúbal, agora no Bairro da SAPEC, em Praias do Sado. Para lá e para ele vão as nossas felicitações pela data feliz que hoje passa! Parabéns!

quinta-feira, 27 de outubro de 2022

6 968 - Domingo sem serviços mas com... Missa e mudanças no dispositivo militar do Quitexe!

Cavaleiros do Norte das Transmissões da 1ª. CCAV. 8423, a da mítica Fazenda Maria João, 
 a de Zalala: os rádio-telegrafistas Fernando Coelho, o 1º. cabo Jorge Silva e António
 Lago. Gente da jornada  africana do Uíge angolano
O padre Albino Capela à porta da Igreja da Mãe
de Deus, no Quitexe, no baptizado de uma
criança da Família Rei, desta vila uíjana


O dia 27 de Outubro de há 48 anos foi um domingo e as tarefas de gestão interna da CCS estavam limitadas aos serviços de escala, nomeados em Ordem de Serviço do BCAV. 8423.
O resto do pessoal «descansava», com um ou outro passeio, alguma possível ida a Carmona e alguns militares, mais devotos, a participarem na missa dominical, que o padre Albino Capela celebrava na Igreja da Mãe de Deus do Quitexe.
A cantina e os bares/messes militares tinham sempre mais clientela,  assim houvesse dinheiro... (e ia havendo!) o que também acontecia nos bares e restaurantes da vila. 
Tempos saudosos de há 47 anos!
A Igreja da Mãe de Deus, da Missão do Quitexe e já agora, foi reabilitada em 2008, com obras que duraram três meses e envolveram custos na ordem dos 150 000 dólares, pagos pela Sonangol.
A inauguração foi em Dezembro desse ano e presidida pelo Bispo do Uíge, Dom Emílio Sumbelo, que na altura e em declarações à ANGOLP, pediu «o em-
penho de todos os membros. no aprimoramento da obra sagrada». Sublinhou também que «o templo vai melhorar o nível de trabalho dos cristãos, com vista a salvação de todos aqueles que crêem em Deus».
Cavaleiros do Norte no Quitexe: Rocha, Fonseca, a fumar e que amanhã
esteja 71 anos em Lisboa), Viegas, Belo (de óculos),  Ribeiro e ? (quem é?).
 À direita e no sentido contrário dos ponteiros do relógio, Monteiro, Pires
(sapador, de bigode), Machado (a fumar) e Lages (do bar de sargentos)

Reunião de desarmamento
com os regedores do Uige !

Os mesmos dias de Outubro de 1974, lá  pelas terras do Uíge nortenho angolano, iam passando, sempre muito expectantes (e expectados) pelas bandas do Uíge, onde os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 viviam a sua jornada africana de Angola.
Ao dia 27, um domingo, aguardava-se o desenvolvimento, no terreno, da reunião com os regedores, na véspera, por causa da operação de desarmamento dos milícias. Havia, por isso mesmo, alguma tensão. ainda que controlada.
Outra operação em desenvolvimento era a de rotação dispositivo do Subsector do Quitexe, preparando-se a saída definitiva das NT da Fazenda do Liberato (já anunciada e que viria a concluir-se no dia 8 de Novembro, com a rotação para o RI 21, em Nova Lisboa). 
A mítica fazenda deixava de ter a presença da tropa portuguesa, o que vinha a acontecer desde os primeiros anos da década de 60 do século passado.
Saída anunciada, também, era a da CCAÇ. 4145, da Vista Alegre e Destacamento da Ponte do Dange, que iria para Luanda mas, no caso, sendo substituída pela 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala e do capitão miliciano Davide Castro Dias - que já preparava as malas para deixar a fazenda - o que viria a concluir-se no dia 25 de Novembro de 1974
Furriel José
C. Fonseca

Fonseca, furriel do Quitexe, 
faz 71 anos em Lisboa!


O furriel miliciano José Carlos Pereira da Fonseca, amanuense da CCS do BCAV. 8423, no Quitexe, festeja 71 anos a 28 de Outubro de 2022.
Cavaleiro do Norte da CCS mas integrado no secretariado do Comando do BCAV. 8423, chefiada pelo então tenente Acácio Carreira da Luz, coordenava o Serviço Postal Militar (SPM) da unidade. Em Janeiro de 1975, veio de férias a Portugal e arranjou a papelada necessária para não voltar a Angola e ao Quitexe. E não voltou. E nunca mais o vimos.
Sabemos, por há alguns anos com ele termos falado ao telefone, que é técnico oficial de contas (TOC) e que trabalha e vive(rá) em Lisboa, na Rua Marquês de Tomar, para onde vai o nosso abraço de parabéns!

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

6 967 - O Velez, o Baldy Pereira e o Évora Soares de Zalala... Os 79 anos do 2º. sargento Eira!


Os furriéis milicianos Victor Velez, Miguel Santos, José Pires (Bragança) e António Cruz (esquerda), Graciano Silva, NN,
Viegas, NN, Manuel Machado e Nelson Rocha, na messe de sargentos do Quitexe (em 1974)
Cavaleiros do Norte de Zalala em viagem turística para as Quedas do Duque
de Bragança. De pé, Lopes, o Famalicão (Agra), Carlos Coelho, furriel Évora
 Soares (falecido a 21/08/2008, de doença), alferes Lains dos Santos, furriel
João Dias e Almiro Brasil Maciel (o Açoreano)


O mês de Outubro de 1974 estava a chegar ao fim e, no aquartelamento de Zalala, registava-se a chegada do furriel miliciano Évora Soares.
A Junho chegara o Velez, que por singular coincidência e sem  disso ter noção, viajou com a Companhia, de Lisboa para Luanda (sem fazer a instrução de Santa Margarida) - enquadrando-se nos comandados do capitão Castro Dias já no Campo militar do Grafanil e com eles viajando a 7 de Junho de 1974 para a mítica e perigosa Zalala, enquadrado o pelotão comandado pelo alferes Pedro Rosa - com os furriéis Pinto, de Operações Especiais (Rangers) e João
Baldy Pereira
Aldeagas (atirador de Cavalaria).
O furriel João Dias (especialista de transmissões) lembrou, há tempos, que o Velez foi lá alcunhado de Quinzinho da Catana. Foi um bom companheiro - que já lembrámos neste blogue, a 1 de Julho de 2009.
O Mota Viana e o Baldy Pereira, ambos caídos na alçada disciplinar, foram por essa substituídos pelo Rito e pelo Soares. Não tenho a certeza, mas creio ter sido o último a ocupar o lugar do Mota Viana. È uma questão cronológica que o livro «História da Unidade» poderá esclarecer, segundo o Dias, mas a verdade é que apenas se refere ao Mota Viana - que castigado em Outubro de 1974 e saiu logo depois. 
Quanto ao furriel Baldy Pereira saiu de Zalala em Setembro de 1974 e sabemos que, lamentavelmente, faleceu a 26 de Novembro de 2016, vítima de doença.
Hoje ambos recordamos com saudade. RIP!!!
Alcides Eira
2º. sargento

Manuel Eira, 2º. sargento,
faz 79 anos em Vila Real !


O 2º. sargento Manuel Alcides das Costa Eira, enfermeiro de especialidade militar, chegou à 2ª. CCAV. 8423 em meados de Março de 1975, para a sua terceira comissão militar - a segunda em Angola. Hoje, comemora 79 anos, em Vila Real.
Militar de carreira, tinha cumprido a primeira comissão em Moçambique, entre 1966 e 1968, como miliciano e na zona de Niassa. Em 1971, teve a primeira comissão em Angola. lá regressando em 1975. Finda a jornada africana, prosseguiu carreira militar na Escola Prática de Polícia, em Torres Novas.
Aposentado
, hoje festeja 79 anos em Vila Real, já bem recuperado da intervenção cirúrgica de natureza cardíaca, a que, a 30 de Setembro de 2021, foi sujeito, combatendo uma arritmia.
«Correu muito bem, graças a Deus e à medicina. Sinto-me muito bem», disse-nos há momentos, quando telefonicamente o contactámos, repetindo há momentos o que há um ano nos disse.
Parabéns!!!

Moreira de Santa Isabel,
faz 70 anos em Setúbal !


O 1º. cabo José Fernando Pratas Moreira, da 3ª. CCAV. 8423,  festeja 70 anos a 28 de Outubro de 2022 e em Setúbal.
Atirador de Cavalaria e Cavaleiro do Norte da mítica Fazenda Santa Isabel - depois do Quitexe e Carmona -, residia, ao tempo, na Estrada de Santa, ao Bairro da Linha, em Setúbal. Lá voltou a 11 de Setembro de 1975, no final da sua comissão militar em Angola, e trabalha, com empresário, no sector comercial de máquinas e equipamentos industriais, vivendo agora no Bairro da SAPEC, também em Setúbal.
Para lá e para ele, vai o nosso abraço de parabéns!

terça-feira, 25 de outubro de 2022

6 966 - Saída da Fazenda do Liberato e rotação em Vista Alegre! Os rituais fúnebres do Uíge angolano!

 

Gente da Fazenda do Liberato: os furriéis Flora (de pé, à esquerda) e Gaspar. mecânico-auto, com o cão.
Há 48 anos, souberam que iam sair da fazenda uíjana e regressar ao (seu) RI 21, em Nova Lisboa (Huambo).
Quem identifica os outros?

O capitão Victor Correia, comandante do Liberato, com
a esposa, à esquerda, e o furriel José Oliveira

O dia 25 de Outubro de há 48 anos, uma sexta-feira de 1974, e pelas bandas uijanas dos Cavaleiros do Norte, foi assinalado pelo anúncio da alteração do dispositivo militar do BCAV. 8423 - o nosso Batalhão. 
Assunto que, refere o livro da «História da Unidade», era «por demais importante». 
Assim e em previsão, «abandonam o Subsector a CCAÇ. 209, que regressará à sede a 8 de Novembro, e a CCAÇ. 4145, a qual, a partir de Novembro, se irá instalar no Sector de Luanda».
A primeira CCAÇ. (a 209) era oriunda do RI 21, de Nova Lisboa, no Huambo, e estava aquartelada na Fazenda do Liberato. Comandada pelo capitão Victor (casado com uma senhora holandesa) e a ela pertencia (embora na altura não soubesse) o furriel José Oliveira - meu companheiro de escola, em Águeda. A segunda, em Vista Alegre e com destacamento na Ponte do Dange.A notícia «saiu» da reunião do Comando do Sector do Uíge (CSU), em Carmona, na qual participou o comandante Almeida e Brito e ficou a saber-se, também, que «para solver estas situações, em meados de Novembro começará a 1ª. CCAV. a tomar conta da área de Vista Alegre, mudança que só estará completamente processada» no final do mês.

Os furriéis milicianos Viegas e Pires (Cândido), a
25 de Outubro de 1974, na aldeia do Talambanza,
 na saída do Quitexe para Carmona. Foram ver os
rituais fúnebres pela morte de uma criança
Os rituais fúnebres e a
«grande ofensiva do MPLA!

A título pessoal, eu o o Cândido Pires (furriel miliciano dos Sapadores, ambos na  imagem ao lado) estivemos na aldeia do Talambanza, onde assistimos ao ritual fúnebre da morte de uma criança negra. Infelizmente, e para aqui os pudesse evocar com rigor, a memória fez perder os pormenores essenciais do cerimonial - dele recordando, todavia ser muito inusitado para os nossos hábitos lutuosos. Cantava-se e não se chorava!
Um ano depois, já, pois, a 15 de Outubro de 1975, soube-se - pelo despacho do «Diário de Luanda« para o «Diário de Lisboa« - que «as FAPLA lançaram ontem uma grande ofensiva contra as posições de mercenários em Sá da Bandeira, depois de previamente terem evacuado os civis daquela cidade». A acção do exército do MPLA provocou «a divisão das forças mercenárias, das quais um considerável parte retirou para Humpata, a sudeste de Sá da Bandeira, na Leba».
Os noticiários do tempo (os Cavaleiros do Norte já estavam em Portugal desde a segunda semana de Setembro) não falavam do Uíge e dos chãos que o BCAV. 8423 tinha pisado na sua jornada de 15 meses por terras do norte de Angola - o Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa e Santa Isabel, Luísa Maria, Vista Alegre e Ponte do Dange, Songo e Carmona.
Falavam do Caxito e relativamente ao dia 23: «Tiveram lugar violentos combates na zona do Quipiri. Os invasores quisera avançar na direcção da Quifangondo mas o fogo intenso da nossa artilharia obrigou-os ao recuo, tendo deixando no terreno uma metralhadora e dois blindados equipados de canhão, que foram destruídos. As posições mantêm-se, assim, inalteráveis nesta zona», disse Júlio 

Plácido  Queirós
Furriel Queirós, de Zalala, 
festeja 70 anos em Braga!

O furriel miliciano Plácido Jorge de Oliveira Guimarães Queirós, atirador de Cavalaria de especialidade militar, foi combatente da 1ª. CCAV. 8423, está amanhã em festa, dia 26 de Outubro de 2022: comemora nada mais ada menos que 70 anos.
Cavaleiro do Norte da Fazenda Maria João, a da mítica e saudosa Zalala e do capitão miliciano Davide Castro Dias - e depois de Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona - é natural e residente em Braga, tendo sido bravo e garboso Cavaleiro do Norte da nossa jornada africana do Uíge angolano.
Regressou a  Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, à sua Braga natal, e trabalhou no área comercial do sector automóvel. Agora e já aposentado, passa os seus bons dias a fortalecer a comunhão familiar (dividido entre Portugal e Suíça) e em permanente confraternização com os «zalala´s». Este ano não pôde participar no encontro de Fátima, mas está em grande forma, como acabámos de confirmar, em conversa telefónica.
Para ele vai o nosso abraço de parabéns! 

segunda-feira, 24 de outubro de 2022

6 965 - Almeida e Brito em Aldeia Viçosa! Governo de Transição de Angola e «aviso» de Daniel Chipenda!

O aquartelamento de Aldeia Viçosa no dia 24 de Setembro de 2019, quando por lá passou o furriel
Viegas, da CCS. A casa azul, à esquerda, é agora a esquadra da Polícia Nacional de Angola 
Aquartelamento de Aldeia Viçosa, fotografado 
pelo Carlos Ferreira,  Dezembro de 2012.

O comandante Almeida e Brito e oficiais da CCS do BCAV. 8423 deslocaram-se a Aldeia Viçosa, no dia 24 de Outubro de 1974. 
Há 48 anos!
O objectivo da visita era, a exemplo de outras deslocações a outras sub-unidades dos Cavaleiros do Norte, «estabelecer contactos operacionais». Preparava-se, ao tempo, a remodelação do dispositivo militar e, obviamente, importava diligenciar tarefas e delinear missões. 
Aldeia Viçosa aquartelava a 2ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Manuel Cruz, e de lá, e mais íntimos de mim, eram os furriéis Matos e Letras. Este, desde o curso de Operações Especiais (Ranger´s) de Lamego, tal qual o (alferes miliciano) Machado. 
O Matos (na foto), furriel e meu vizinho de Anadia (ainda hoje) e contemporâneo da Escola Prática de Cavalaria e das longas viagens de Santa Margarida, no SIMCA 1100 do Francisco Neto.  
O furriel Mário Matos junto à placa
de Aldeia Viçosa na Estrada de Café

Governo de Transição 
de Angola !

Ao tempo, um dos temas principais era a formação do Governo de Transição de Angola.
Agostinho Neto, líder do MPLA, admitia formar governo com a UNITA e a FNLA e afirmou que os militantes do MPLA iriam passar da luta armada para a luta política. Mas o dissonante Daniel Chipenda, em Kinshasa, dava conta da sua não concordância com a assinatura do acordo com os portugueses. Liderava uma facção do MPLA e argumentava que Agostinho Neto não podia falarem nome de todo o movimento (partido).
Chipenda, que tinha sido futebolista da Académica de Coimbra e do Benfica, avisava o governo português: «O cessar-fogo aceite por Agostinho Neto só será respeitado pelas forças que o reconhecem como chefe»
Muitas águas se iriam passar, como adivinharão, sob a ponte da independência que se pretendia construir em alicerces de paz!


A primeira página do «Diário de
Luanda» de 24 de Outubro de
1975. Há 47 anos!
Angola a 24 de Outubro
de 1975, a 17 dias da
independência!


Um ano depois, a 24 de Outubro de 1975, os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 já estavam em Portugal e, a 17 dias da independência, Angola estava a ferro e fogo.
O MPLA e as suas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA´s) controlava a maior parte do território e decretou a mobilização popular de «todos os homens entre os 18 e os 35 anos».
«Angola está sujeita a uma invasão estrangeira, a soldo do imperialismo e que se processa em várias frentes», referia o comunicado do Comissariado Político do Estado Maior das FAPLA, lido aos microfones da Emissora Oficial de Angola por José Van Dunnen, explicando que «não se trata de enviar recrutas em instrução para a frente de combate, pois os efectivo das FAPLA são suficientes para as necessidades imediatas, mas para constituir uma força militar mais ampla, face à invasão do território».
A imprensa do dia noticiava que, na Frente Sul, «a situação mantém-se grave (...), pressionada pelas forças invasoras, constituídas por mercenários recrutados na África do Sul, pelo traidor Daniel Chipenda, e por forças regulares daquele país». Já tinham atingido Chíbia (antiga vila General João de Almeida) e aproximavam-se de Sá da Bandeira.

domingo, 23 de outubro de 2022

6 964 - Cinema para a tropa e a população civil! Pilhagens e banditismo da FNLA entre Aldeia Viçosa e Quitexe, até às portas de Carmona!

O PELREC da CCS do BCAV. 8423 foi o grande patrulhador da Estrada do Café, entre Aldeia Viçosa e o Quitexe,
 até perto de Carmona. De pé e da esquerda para a direita, Caixarias, 1º. cabo Pinto, Marcos, Botelho (?), Florêncio
 1º. cabo Soares (falecido em Março de 2019, de doença e em Almada), Neves, Messejana. (f. a 27/11/2009, em Lisboa
 e de doença) e 1º. cabo Almeida (f. a 28/02(2009, de doença  e em Penamacor). Em baixo, Aurélio (Barbeiro), 1ºs.
(cabos Hipólito (em França) e Oliveira  (TRMS), Leal (f. a 18/06/2007, em Pombal, de doença), Francisco, furriel
Viegas e 1º. cabo Vicente (f. a 21/01/1997, de doença e em Vila Moreira, Alcanede) 
l
Transmissões do BCAV. 8423:Costa, furriel Pires,
alferes Hermida e 1ºs. cabos Oliveira e Mendes.
Em Baixo, Zambujo, Soares e 1ºs. cabos
Salgueiro e Jorge Silva 
Rodolfo Tomás
1º. cabo RM
 

Há 48 anos e pelas bandas uíjanas da terra africana do norte de Angola, terminou o ciclo de cinema dinamizado pelo Gabinete de Acção Psicológica (GAP) do BCAV. 8423.
A 23 de Outubro de 1974 e depois de exibições nas várias subunidades da Zona de Acção (ZA) dos Cavaleiros do Norte.
A iniciativa era coordenada pelo alferes miliciano José Leonel Hermida, o oficial de acção psicológica aquartelado no Quitexe, e começara a 10 do mesmo mês e, para além de dedicado às subunidades do Batalhão, foi «completado em actividade orientada para as populações» - o que aconteceu a 29 de Outubro e no Clube do Quitexe, tiveram uma sessão que lhes foi especialmente dedicada.
O projectista era o 1º. cabo Rodolfo Tomás, especialista da CCS como rádio-montador militar, mas que tinha experiência civil nessa área, ganha em alguns cinemas da cidade do Porto (de on é natural, agora vivendo em Lousada e por aqui fazendo rádio na estação local) e antes de ir para a tropa. Aliás, inclusive prestou esse serviço aos cinema civis do Uíge - quer no Quitexe, quer em Carmona.
O jornal «A Província de Angola» de 22 de Outubro
de 1961, há 60 anos, noticiou a apresentação de
«milhares  de nativos, com mulheres e filhos»

A obtenção da liberdade 
dos itinerário uíjanos !

O PELREC, a esse tempo de há 48 anos e enquanto se processava o desarmamento das milícias, tinha cada vez mais patrulhamentos inopinados nas principais vias de comunicação uíjanas, essencialmente para «a obtenção da liberdade de itinerários».
Tal acontecia, principalmente na chamada Estrada do Café, que ligava (e liga) Luanda a Carmona.
Itinerários nos quais, recordemos, ao tempo de há 48 anos, «a FNLA, nomeadamente a partir de 18 de Outubro, começou a procurar realizar actividades de pilhagem aos utentes, especialmente no troço compreendido entre o Quitexe e Aldeia Viçosa».
Os patrulhamentos eram feitos «com grande esforço do pessoal», já que, de acordo como livro «História da Unidade», «procurou-se contrariar esta acção de banditismo, aquando do aparecimento de queixas, com o lançamento de patrulhamentos inopinados». Por outras palavras, a qualquer hora do dia ou da noite, as forças operacionais da CCS dos Cavaleiros do Norte eram chamadas a intervir. O que muito «penalizou» o PELREC da CCS, que seguramente foi o grande patrulhador daquela importantíssima via rodoviária, dia e noite, por vezes em 24 horas seguidas, sem descanso e medos, mas em ambiente de permanentes riscos.
O PELREC e por vezes o Pelotão de Sapadores e/ou o Grupo de Combate que estivesse adido à CCS eram os «patrulhadores» do espaço. Dias/noites havia com mais de uma/duas, três saídas em patrulhamentos. E horas atrás de horas, em vigília e alertas.

Recortes dos jornais «A Província de
Angola» (em cima) e «O Comércio»,
ambos de Luanda, sobre a actualidade
angolana, a 23 de Outubro de
 1961. Há precisamente 61 anos!!!

O Uíge angolano,
de há 61 anos !


A 22 de Outubro de 1961, há 60 anos e ano do início das acções armadas dos movimentos independentistas, o major Rebocho Vaz, ao tempo Governador do Distrito e Comandante Militar do Uíge, recebeu pessoalmente «milhares de nativos, com mulheres e filhos», em Carmona, meses depois do início (em Março) do chamado terrorismo.
A notícia era do jornal matutino «A Província de Angola», que se publicava na capital (o actual «Jornal de Angola», e que se pode rever na imagem mais acima) e reportava também que as populações estavam «exauridas e reduzidas a triste estado de penúria».
O jornal «O Comércio», também de Luanda, noticiava na edição do mesmo dia o «regresso às povoações e aos trabalhos das populações da Serra do Uíge». Acrescentava que «voltaram cerca de 1500 pessoas».
A revista «Notícia», que também se publicava em Luanda, dava conta, por sua vez, que «alguns voltam das serras para convencerem outros povos a regressar, a apresentarem-se e entregarem as armas».
«Vieram primeiro 600, mas depois vinham 2000 e mais 2000. Os regressados ficaram isolados 2 dias, para evitar a propagação de possíveis doenças contagiosas. Os homens válidos foram colaborar nas reconstruções das suas habitações», reportava a a revista, na sua edição de 4 de Novembro de 1961 - dentro de dias se passam 60 anos.
Foi nessa área nortenha de Angola que, de Junho de 1974 até 4 de Agosto de 1975, em quadro de guerra diferente, os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423 tiveram a sua jornada africana.