CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

sábado, 30 de abril de 2022

5 788 - O regresso ao BC 12 de Carmona (Uíge)! Recolher obrigatório e violência em Luanda !

 

O furriel Viegas (o segundo a contar da direita), com a família Resende, em Luanda e com o capitão Domingues (do Comando do Sector do Uíge/ZMN, à direita). À esquerda,  o casal
José Bernardino (de barba), com a esposa Fátima, as filhas e o irmão Albano

O furriel Viegas em frente ao edifício do Bairro Montanha 
Pinto, em Carmona (Uíge), que, em 1975, foi a messe de
sargentos da CCS do BCAV. 8423. A 25/09/2019!

A 29 de Abril de 1975, acabou-se o bem-bom das férias e lá tivemos (eu e o Cruz) de regressar a Carmona, ao BC12, onde nos tínhamos de apresentar no dia de hoje de há 47 anos. E à messe do bairro Montanha Pinto, que revisitámos a 25 de Setembro de 2019.
O que era bom, acabava-se ali, naquele dia, quando de véspera voaríamos de Luanda, num avião da TAAG. Depois de um périplo que nos tinha levado por Angola fora - nomeadamente a Gabela e Nova Lisboa (actual cidade do Huambo), Alto Hama, Caála (Robert Williams), Silva Porto, Lobito, Benguela e outras localidades.

E partir, lá isso partimos de Luanda, com a ideia de irmos jantar a Carmona e prevenidos de tempo, para qualquer problema que pudesse surgir. E surgiu, já AQUI o contámos e valerá a pena ir rever.
Luanda, ao tempo e como por aqui já dissemos, era palco de permanentes incidentes, entre militares/militantes do MPLA E FNLA - que espalhavam medo, terror e sangue pelas noites e chãos da cidade, pelos musseques e onde bulisse alma de gente de qualquer cor. 
Propaganda nas ruas da cidade de
Luanda em 1975 (foto da net)

Recolher obrigatório e
violência em Luanda !

O recolher obrigatório era quase sempre desrespeitado e multiplicavam-se os conflitos, as palavras de ordem anti-tudo e todos. A violência alastrava-se e a propaganda desenhava-se e escrevia-se nas paredes e asfalto da cidade, pouco pacífica e, pior, inspiradora de ódios. Os tiroteios, principalmente de noite, confundiam-se com o rebentar de granadas e morteiros. Ainda me lembro, de, à noite, ver o fogo a cruzar os céus da cidade, que eu via do 7º. andar do Katekero. Estranhamente, ou talvez não, a esmagadora maioria da população parecia indiferente a isso tudo. A cidade de Luanda, cosmopolita, cheia de luz, ciosa e atraente, parecia matar todos os medos. Tudo parecia funcionar, como se nada se passasse.
Assim por lá passámos os últimos dias de férias, entre os prazeres da ilha, da restinga, do Amazonas e da Portugália, da Paris Versailles e da Mutamba, o cinema e a noite, o Mússulo e o contacto com o grande número de amigos (civis e militares) que por lá tínhamos. Vida da boa!!! Que hoje recordamos com saudade!!
Américo Oliveira

Oliveira, sapador da CCS, 70
anos na Póvoa do Lanhoso !

O soldado Américo da Silva Oliveira, da CCS do BCAV. 8423, a Companhia do Quitexe, festeja 70 anos a 30 de Abril de 2022. Exactamente hoje!
Cavaleiro do Norte sapador de especialidade militar, fez parte do pelotã
o comandado pelo alferes miliciano Jaime Ribeiro, jornadeou pelo Quitexe e por Carmona (agora, cidade do Uíge) e voltou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, fixando-se em Alto do Vilar, da freguesia de Sobrado, no município de Valongo. 
Julgamos saber que, actualmente, viverá em Taíde, freguesia do concelho da Póvoa do Lanhoso, para onde, ou para onde quer que esteja, vai o nosso abraço de parabéns!

sexta-feira, 29 de abril de 2022

5 787 - Os dois «pilha-galinhas» da enfermaria do Quitexe e o quintal do vizinho Reis!

Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, todos furriéis milicianos e à porta da Casa dos Furriéis do
Quitexe: Cândido Pires (à civil), António Cruz, José Pires, Armindo Reino, Grenha Lopes (que
hoje festeja 70 anos em Lisboa), Norberto Morais, Agostinho Belo e, em baixo, 
António Maria Lopes (enfermeiro)

Alfredo Coelho (o 1º. cabo Buraquinho) e o soldado
Moreira, nas traseiras da enfermaria do Quitexe (1974)

O tempo de tropa não é só tempo de lembrarmos os deveres e os medos, o tempo de saudades, de sofrimento e de impaciências. É também tempo de boas e sadias partidas, entre as gentes das guarnições. 
Estamos certos: não há um antigo combatente que não tenha uma mão-cheia de histórias para contar.
Os dois «enfermarias» que aqui recordamos - o inimitável Buraquinho e o discreto Moreira, por lá conhecido como o Penafiel - foram, eles mesmos, protagonistas de algumas e da que hoje aqui é trazida à memória: o roubo de um galo e de uma galinha.
A vítima do «assalto» destes dois verdadeiros «pilha-galinhas», recorda o Buraquinho, foi o civil Reis, que era vizinho da enfermaria e se descuidou de atenções sobre a gulodice dos militares. Ficou sem o galináceo casal. 
«Eu e o Penafiel andávamos sempre juntos, éramos muito amigos, e ainda hoje. Eu e ele temos muitas histórias para contar. Uma ocasião, roubámos uma galinha e um galo ao sr. Reis, que morava pegado à enfermaria e era o senhorio da casa», recorda Buraquinho.
O galo e a galinha, como é de imaginar, foram confecionados rapidamente, não fossem as aves «voar» para outros «pilha-galinhas»... - diz o Buraquinho que foi ao formo de messe de sargentos... - e comidos na enfermaria, na arrecadação dos pijamas dos doentes.
Os convidados foram os enfermeiros, os furriéis António Lopes (também enfermeiro) e Norberto Morais (do parque-auto), o alferes Garcia (comandante do PELREC)  e os cozinheiros da messe de sargentos - que saborearam, cheios de apetite, o produto do trabalho destes dois «pilha-galinhas».
-- BURAQUINHO. Alfredo Rodrigo Ferreira Coelho, 1º. cabo analista de
águas, da CCS do BCAV. 8423. É empresário de restauração, em Custóias (Matosinhos).
- MOREIRA. Joaquim Ribeiro Moreira, o Penafiel, maqueiro da CCS
do BCAV. 8423. Reside em Rãs (Penafiel).
Grenha Lopes
furriel miliciano

Furriel Lopes de Santa
Isabel festeja 70 anos !

O dia 29 de Abril de 1975 foi tempo de o furriel miliciano Lopes, Cavaleiro do Norte da 3ª. CCAV. 8423, a saudosa da Fazenda Santa Isabel, por lá festejar os seus jovens 23 anos. O tempo passou, passou muito rapidamente e quase sem darmos por ele, e festeja 70 anos já hoje.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e regente de aulas regimentais pelo aquartelamento do RC4, em Santa Margarida, José Avelino Grenha Lopes, é este o seu nome completo, regressou a Portugal e a Barcelos no dia 11 de Setembro desse mesmo ano de 1975 e foi empresário do ramo têxtil. É agora empresário do sector da saúde (com clínicas de fisioterapia na Grande Lisboa), embora ele mesmo se confesse «homem de muitos ofícios» - que começaram pela indústria de passamanaria, na sua natal terra de Barcelos, uma indústria de família.
Mora no Lumiar, na Azinhaga das Travessas, da capital portuguesa, e para lá e para ele vai o nosso abraço de parabéns!
O  1º. cabo Teixeira

Teixeira, 1º. cabo da CCS,
70 anos em Perafita !

O 1º. cabo Agostinho Pinto Teixeira foi pintor de especialidade militar e da CCS, a Companhia do Quitexe, e festeja 70 anos a 29 de Abril de 2022. Hoje e em Perafita.
Combatente dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423, também passou pela cidade de Carmona, a actual cidade do Uíge e capital da província deste nome  (no BC12), e regressou a Portugal no dia 8 de Setembro, fixando-se na freguesia de Ramalde, no Porto - a sua terra natal.
Actualmente e já aposentado, depois de ter sido pequeno empresário, reside em Perafita, no concelho de Matosinhos. É para lá e para ele que vão os nossos parabéns!

quinta-feira, 28 de abril de 2022

5 786 - Jonas Savimbi em Luanda e Cavaleiros do Norte a intervir em conflitos diversos !

A Casa dos Furriéis, no Quitexe. No mesmo edifício, à direita, era a secretaria e, depois, o
 gabinete do capitão António Oliveira, comandante da CCS.  Ao fundo e do lado esquerdo,
lado esquerdo, vê-se a torre da Igreja de Santa Maria de Deus do Quitex
Os furriéis milicianos Cruz e Viegas, da CCS, na placa
ajardinada da avenida do Quitexe e em 1974

                                                                   A 28 de Abril de 1975, há 47 anos, os furriéis milicianos Cruz e Viegas, ambos e juntos em férias pelo imenso território de Angola, prepararam, em Luanda, as malas para voltarem a Carmona - onde ao tempo se aquartelava a CCS do BCAV. 8423.
Lá se iam ido as férias, depois da uma rota angolana que nos levou ao sul e a sítios de que hoje, passados 47 anos, ambos temos imensa saudade e aos quais tive o gosto e a alegria de voltar em Setembro de 2019!
A esse tempo, Jonas Malheiros 
Cavaleiros do Norte da 1ª. CCAV. 8423, em Santa
Margarida e em 1974, futuros furriéis milicianos:
Mota Viana, Eusébio Martins (falecido a 16 de Abril
de 2014, de doença e em Belmonte)
e Plácido Jorge Queirós
Savimbi, o presidente da UNITA, tinha chegado a Luanda (no sábado anterior, dia 26), e, vagamente, víramos a sua chegada a um hotel perto da Portugália. Apelou a uma cimeira entre UNITA, MPLA e FNLA - que, disse, «ter a certeza de reduzir a tensão entre os três movimentos de libertação». Da parte do seu, a UNITA, anunciou que, caso ganhasse as eleições, formaria um governo de coligação. Estivera dias antes reunido com Agostinho Neto, em Lusaka, mas não quis dizer do que falaram.Em Luanda, não sabíamos, mas estávamos em véspera de graves incidentes na cidade. Que iria afectar a nossa partida para Luanda. O recolher obrigatório estava marcado para as 21 horas.

Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423
a intervir em conflitos diversos !

Os Cavaleiros do Norte, em Carmona, viviam a necessidade de controlar, ou apaziguar, as diferenças entre FNLA e MPLA. Houve necessidade, lê-se no livro «História da Unidade», de «fazer intervenção a conflitos diversos», como o que, no diz 13 desse Abril de 1975, implicou uma corajosa intervenção do alferes Meneses Alves - que de resto, lhe valeu um louvor.

A 28 de Abril de 1975, o comandante Carlos de Almeida e Brito, na continuação das suas visitas às subunidades, esteve no Quitexe, onde aquartelava a 3ª. CCAV. 8423, comandada pelo capitão miliciano José Paulo Fernandes. Já lá estivera dois dias antes, neste caso com o capitão José Paulo Falcão (o oficial adjunto).

Os 70 anos do soldado
sapador Joaquim Sousa!

O soldado Sousa foi sapador de especialidade militar e combatente dos Cavaleiros do Norte do pelotão do BCAV. 8423, comandado pelo alferes miliciano Jaime Ribeiro. Festeja 70 anos a 28 de Abril de 2022. Hoje!
Joaquim de Castro Sousa, de seu nome completo, é natural de Jovim, freguesia do município de Gondomar, e lá regressou a 8 de Setembro de 1975, no final da sua (e nossa) jornada africana por terras do Uíge do norte angolano. No seu caso, pela vila do Quitexe e pelo BC12, na cidade de Carmona - agora Uíge.
 Lá vive, na Rua dos Netos, e para lá e para ele que vão os nossos parabéns, com o desejo de que a data se repita por muitos e bons anos.

quarta-feira, 27 de abril de 2022

5 785 - A manhã do dia 25 de Abril de 1974 na caserna da CCS do BCAV. 8423!

Abril de 1974 no RC4, em Santa Margarida: os furriéis milicianos José Monteiro,
 Francisco Neto e Viegas. Trio de Operações Especiais - os Rangers do PELREC
da CCS do BCAV. 8423!


O 1º. cabo Rodolfo Tomaz em Angola
Alferes Garcia

RODOLFO TOMÁS
(Texto) 
__________________

Há 48 anos, na noite de 24 para 25 de Abril de 1974, pensando na partida para terras africanas, nem sonhávamos no que estava para acontecer. Estávamos em Santa Margarida, a formar Batalhão para irmos para Angola, e, de certa forma, até tínhamos vaidade em trazermos no cimo do ombro, colocado no blusão, a etiqueta «Angola». 
Foi numa quinta-feira que aconteceu o 25 de Abril. Nós, a CCS do BCAV. 8423, estávamos instalados num daqueles (maravilhosos) pavilhões, que eram muito peculiares no campo militar de Santa Margarida. 
Estranhámos, eu estranhei, ser acordados às 6,20 horas, por um jovem alferes miliciano que, de G3 na mão, abriu um dos portões daquele rectângulo coberto a que chamavam caserna. Depois, ouvimos a culatra ser puxada atrás e de imediato a bala entrar na câmara e serem disparados dois ou três tiros (?). 
O jovem alferes, além de ter assustado quem estava no sono mais profundo, pôs tudo em alvoroço. 
«Está a levantar, está a levantar rápido!!!... Quero tudo lá fora dentro de cinco minutos!...», gritou ele, ao estilo que tão bem lhe conhecíamos. 
É evidente que nem todos «obedeceram» à ordem, mas os que fingiram não ter ouvido tiveram pouca sorte. De imediato o jovem alferes resolveu o problema: aproximou dos beliches, meteu o ombro na cama de cima e foi só tombar. 
Resultou mesmo, ficaram logo caídos no chão. Só depois, na parada, de terra e buracos, nos foi dito o que se estava a passar. Tinha acontecido uma revolução em Lisboa e o resto do país estava em suspense. 
Desde esse dia fiquei a saber que os dorminhocos estavam tramados com esse jovem oficial. Também desde esse dia fiquei com a impressão que me ia dar muito bem com ele, pois não brincava em serviço. Era o aspirante a oficial miliciano, o futuro alferes Garcia. 
RODOLFO TOMÁS
Condutores da CCS: Gomes (que 
hoje faz 70 anos) e Canhoto (em 
cima), Serra, Picote (falecido a 
08/08/2018) e Gonçalves


Condutor José Gomes, 70
anos em Leça da Palmeira!

O soldado José António de Sousa Gomes, da CCS dos Cavaleiros do Norte, festeja 70 anos a 27 de Abril de 2022. Hoje!
Condutor auto-rodas de especialidade militar, é natural de Gueifães, na Maia, e apresentou-se no BCAV. 8423 a 6 de Março de 1974, transferido do Batalhão de Engenharia 3 (o BE 3) - que era mesmo ao lado e o mesmo Campo Militar de Santa Margarida. Não foi sozinho: com ele e no mesmo dia e hora, também se apresentaram o Manuel Gonçalves Alves, o Alípio Canhoto Pereira, o Manuel Brites da Costa, o António Rosário Picote e o António dos Santos Gonçalves, todos eles condutores-auto e futuros Cavaleiros do Norte nas picadas uíjanas do norte de Angola.  Membros do Parque-Auto comandado pelo alferes miliciano António Albano Cruz.
O Gomes, como toda a CCS do BCAV. 8423, regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975 e, profissionalmente, trabalhou como afinador de tintas (numa fábrica). Reformou-se aos 60 anos, mas continua a... afinar tintas e a ajudar o filho na oficina de automóveis.
Participante, sempre activo e participativo, dos encontros da CCS, mora agora em Leça do Balio, para onde vai o nosso abraço da parabéns!
António Pereira

Pereira de Zalala, 70
anos em Alcabideche !

O 1º. cabo Pereira, condutor-auto da 1ª. CCAV. 8423, festeja 70 anos a 27 de Abril de 2022.
António Cardoso Pereira, de seu nome completo, foi Cavaleiro do Norte da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala, e também rodou por Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e Carmona, antes do Campo Militar do Grafanil e de regressar a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, ao lugar de Pousada, freguesia de Espadanede, no concelho de Cinfães - de onde é natural. 
Vive agora em Alcabideche, freguesia do concelho de Cascais, para onde vai o nosso abraço de parabéns!
Batanete Palma

Batanete de Aldeia Viçosa,
70 anos em Vila Viçosa !

O soldado Joaquim José Batanete Palma, da 2ª. CCAV. 8423, festeja 70 anos a 27 de Abril de 2022.
Condutor-auto de especialidade militar e dos Cavaleiros do Norte de Aldeia Viçosa, foi louvado «pelo sentido de responsabilidade sempre posto no cumprimento das missões da sua especialidade», conforme se lê na OS 170, acrescentando que foi militar «dedicado, eficiente e zeloso do material distribuído a seu encargo».
Regressou a Portugal no dia 10 de Setembro de 1975, à sua residência de Fonte da Moura, na freguesia de Pardais, do concelho de Vila Viçosa.
Mora agora nos Covões, também em Pardais de Vila Viçosa, e para lá vai o nosso abraço de parabéns!

terça-feira, 26 de abril de 2022

5 784 - O dia 2 do Portugal nascido de Abril, para os Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423!

Cavaleiros do Norte da CCS do BCAV. 8423, frente à Casa dos Furriéis e da
secretaria: tenente João Mora, furriéis Francisco Neto, Viegas e José
Monteiro e 1º. cabo Miguel Teixeira

Furriéis milicianos da 3ª. CAV. 8423: José A. Querido,
Victor Guedes (falecido a 17 de Maio de 1998), António
Fernandes e Ângelo Rabiço. À frente, Agostinho Belo


A 26 de Abril de 1974, uma 6ª.-feira de há 48 anos, fomos, os futuros Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423,  surpreendentemente mandados de fim-de-semana. A revolução tinha sido na véspera, estava em plena efervescência popular!
«Todo o Batalhão se sentiu parte integrante do Movimento das Forças Armadas, de tal modo que nessa mesma data, o exmo. comandante explicou a todo o pessoal o que o MFA pretendia, em palestras orientadas especificamente para oficiais, sargentos e praças», lê-se no livro «História da Unidade». 
Pouco me lembro disso, para além de uma
O 25 de Abril de 1974
no jornal «A Capital»
 (im)pertinente pergunta do (1º. cabo miliciano) Manuel Machado e das
dúvidas dos soldados (e de todos nós):
«Ainda vamos para Angola?»
E de todos estarmos com uma pressa danada, depois de sabermos que tínhamos fim de semana. Almoço para dentro do estômago, logo foi tempo de o velho SIMCA 1100 do Neto galgar os quilómetros que nos separavam de Águeda. Em Coimbra, à saída da ponte e entre as duas estações da CP, estavam milhares e milhares de pessoas, em manifestação, vitoriando o MFA. 
Não sei, mas ainda há pouco tempo, a falar com o Neto, ambos mantemos a dúvida: o carro andou ou não andou pelo ar? Cá para mim, andou, à força dos braços do povo que o levantou frente ao Hotel Astória. 
Foi este, talvez, o momento mais empolgante dos meus dias desse Abril que se abria para o país. 
E de faz hoje 48 anos bem me lembro que, chegado a casa, fui ter com a minha mãe, que sachava milho na Codiceira, mesmo á beira da pateira. 
«Então, ainda vais lá para fora?...», perguntou-me ela, talvez ansiosa. Disse-lhe que sim, que ia. E trouxe-lhe o carro de mão carregado de milho para casa.

O comandante Almeida e Brito e
o capitão José Paulo Falcão (1995)



Adeus a Aldeia Viçosa
e visitas ao Songo !

Um ano depois, era a vez do adeus definitivo a Aldeia Viçosa - onde a 2ª. CCAV. 8423, a do capitão miliciano José Manuel Cruz, de lá saída a 11 de Março, ainda mantinha um pequeno grupo operacional, nesta data definitivamente se desactivando o quartel.
«Só a partir dessa data se completou a remodelação do executivo, que se julga ser a última até o terminar da comissão», anota o livro «História da Unidade».
O dia foi também tempo para o comandante Carlos Almeida e Brito visitar a 3ª. CCAV. 8423, que no dia 24 tinha rodado de Vista Alegre e Ponte do Dange para o Songo.
O tenente-coronel de Cavalaria fez-se acompanhar, nesta jornada uíjana, pelo capitão José Paulo Falcão, oficial adjunto do BCVA. 8423. E lá voltou dois dias depois, a 28 de Abril de 1975

Serra, Joaquim Celestino (que hoje faz 70
anos), furriel Morais e Gomes, Cavaleiros
do Norte do Parque-Auto da CCS

Celestino, condutor da CCS,
70 anos em Leça do Balio !

O condutor Joaquim Celestino Gonçalves da Silva, da CCS do BCAV. 8423, comemora 70 anos a 26 de Abril de 2022.
Cavaleiro do Norte do Quitexe, foi louvado porque «além de ter desempenhado os serviços da sua especialidade com a melhor eficiência, ainda se creditou como precioso auxiliar do pessoal encarregado da escrituração da secretaria do parque-auto»
O louvor foi publicado na ordem de serviço nº. 181 e acrescenta que foi «militar muito disciplinado e correcto», o que o creditou como «merecedor de ser distinguido» por também «ser merecedor da estima de quem com ele privou».
Regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, à sua casa de Perafita, em Matosinhos. Mora agora em Leça do Balio e atravessa delicado período de saúde.
A 18 de Outubro de 2019, afectado por uma bactéria que lhe atrofiou o sistema muscular, ficar 5 meses internado no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos. Depois, mais 3 no Hospital do Mar, em Gaia. Pelo meio, foi 13 ou 14 vezes intervencionado e, de momento em casa e dependente de cadeira de rodas.
Aqui lhe deixamos o nosso amigo abraço de parabéns!
«Estive suas vezes do lado de lá, mas actualmente estou muito esperançado», disse-nos há um ano, na nossa conversa de parabéns pelos 69 anos de então. 
Hoje, à fala telefónica, disse-nos que está «a começar a dar uns passinhos, com um andarilho», o que já acontece há uns 4 ou 4 meses».
«Ainda agora fui meter o totoloto», acrescentou o Joaquim Celestino, a quem desejamos evolução rápida e positiva, embrulhada num grande e forte abraço de parabéns!

segunda-feira, 25 de abril de 2022

5 783 - O dia 25 de Abril de 1974 na memória dos Cavaleiros do Norte do BCAV. 8423!

Os furriéis milicianos Neto, Viegas, Matos e Monteiro no RC4, no Campo
Militar de Santa Margarida e há 48 anos, em Abril de 1974

Cavaleiros do Norte de Zalala em Santa Margarida e pelo 25A.
À frente, um radiotelegrafista (?), alferes Lains dos Santos e 
furriéis Plácido Queirós e Américo Rodrigues (falecido a
 30/08/2018). E os que estão atrás, alguém os identifica?


O dia 25 de Abril de 1974 do Batalhão de Cavalaria 8423 «aconteceu» no Regimento de Cavalaria º. 4 (RC4), a unidade de carros de combate aquartelada no
Campo Militar de Santa Margarida.
Era quinta-feira, véspera de mis um fim de semana dos já  mobilizados para Angola e, por mim, levantei-me cedo, como sempre. 
Fui para a higiene pessoal na maior das tranquilidades, levando um velho rádio de pilhas para as notícias da manhã. Daí por minutos, chegariam os meus companheiros, apressadíssimos como sempre, para escanhoar a barba e porem-se «finos» para mais um dia. 
Estranhei, para dizer a verdade, o facto de só ouvir música militar, mas por lá fui dando ao pincel e à lâmina, para escanhoar os pelos do dia. 
O ruído da água da torneira atrapalhou-me a audição, mas deu para ouvir e reouvir: «Aqui, Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas (...) Conforme tem sido difundido, as Forças Armadas desencadearam na madrugada de hoje uma série de acções com vista à libertação do País do regime que há longo tempo o domina (...)». 
Eh, pá!!! O que é isto?! 
Acabei o escanhoamento e fui a correr «avisar» a malta, que ainda dormia. Choquei com um companheiro no corredor e contei-lhe. Assobiou.... quiçá lembrando-se do 16 de Março. Mas rapidamente toda a gente estava de pé e alarmada. E curiosa! 
O pequeno almoço foi apressado e não nos deixaram sair para o Destacamento, onde o BCAV. 8423 fazia a sua instrução final. Até que quisemos saber o que se passava, para além do que se ouvia no Rádio Clube Português.
O 25 de Abril no
jornal «República»
A icónica imagem do
25 de Abril de 1974

CCS dos Cavaleiros do 
Norte acordada a tiro !

Era a manhã do 25 de Abril e, por volta das 11,30 horas, já no Destacamento do RC4, o comandante Almeida e Brito falou às tropas. 
Acalmou, mas pouco explicou! 
As melhores (mas muito poucas) imagens que nos chegavam eram as da televisão, a preto e branco! 
A serenidade expectante foi rainha nesse dia 25 de Abril de 1974, entre os homens do Batalhão de Cavalaria 8423. Faz hoje 36 anos!
O 1º. cabo Rodolfo Tomás, do dia, lembra-se, que «o nosso saudoso alferes Garcia entrou de repente na caserna da CCS e, com muito alvoroço e de G3 na cinta, abriu o portão da direita e, ali mesmo, disparou um ou dois tiros para o ar». 
«Está a andar, está a andar..., quero tudo lá fora em 5 minutos», gritou o oficial de Operações Especiais (Rangers), comandante do PELREC, naquela manhã de Abril de há 48 anos. 
«Começámos, então, a perceber melhor o que se estava a passar e, sentados pelos cantos e de G3 entre as pernas, sem sabermos ao certo no que aquilo iria dar», lembrou o especialista rádio-montador da CCS.
«Lembro-me, perfeitamente, que alguns «ferrugens» (sem citar especialidades), fizeram ouvidos moucos», acrescentou, precisando também que «o problema, ficou logo resolvido quando o alferes Garcia fez tombar os seus beliches, que tombaram para o chão»
O 25 de Abril de 1974. Há 48 anos!!!
Jorge Pinho
1º. cabo CCS

Pinho 1º. cabo da CCS, faria
70 anos mas faleceu em 1996 !

O 1º. cabo Jorge Manuel de Sousa Pinho, escriturário da CCS do BCAV. 8423, faria 70 anos a 25 de Abril de 2022. Faleceu a 19 de Abril de 1996.
Cavaleiro do Norte escriturário da secretaria do Comando, no Quitexe e em Carmona, regressou a Portugal no dia 8 de Setembro de 1975, 
fixando-se no lugar de Choupos, freguesia de Ramalde, na cidade do Porto - de onde era natural.
Louvado pela sua missão angolana, vivia no Bairro dos CTT e morreu de doença a 19 de Abril de 1996, em vésperas de fazer 44 anos. Ainda muito jovem!
Militar discreto e competente nas suas funções de especialidade, foi um bom companheiro da jornada africana do norte de Angola e hoje o lembramos com saudade. RIP!!!

Lopes de Zalala
Lopes de Zalala, faria 70
anos, mas faleceu em 1986 !

Adriano da Silva Lopes, soldado atirador de Cavalaria da 1ª. CCAV. 8423 do BCAV. 8423, faria hoje 70 anos mas faleceu em 26 de Novembro de 1986.
Cavaleiro do Norte da Fazenda Maria João, a da mítica Zalala, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975, a S. João do Freixo, freguesia do minhoto concelho de Ponte de Lima - de onde era natural e onde residia. Por lá vez sua vida familiar e profissional e lá faleceu (supomos) de doença e aos 34 anos. Muito, muito jovem!
Hoje o recordamos com saudade. RIP!!!

domingo, 24 de abril de 2022

5 782 - Lutos angolanos com danças, músicas e cantares! O Agostinho Papelino !


Os furriéis milicianos Joaquim Abrantes, Cândido Pires e Viegas, com algumas
 crianças angolanas e na sanzala do Talabanza, na saída do Quitexe para Carmona,
na Estrada do Café. O Papelino é quem está com a roda e os paus

Furriéis milicianos da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia
Viçosa: Rebelo, Martins, Mourato e Mário Matos,
que amanha festeja 70 anos em Anadia


Sempre me interessei pela etnografia e culturas populares. E pouco percebendo disso (ainda hoje!...), não me dispensei de, em Angola, aproveitar tempos «mortos» do nosso dia-a-dia para conhecer alguns hábitos e tradições locais - as mais tribais que pudesse.
A foto onde apareço com o Abrantes (furriel de Castelo Branco, na altura acidentalmente colocado no Quitexe) e o Pires do Montijo foi tirada numa sanzala dos arredores da vila, num qualquer dia de Setembro de 1974, quando fomos querer saber porque é que os familiares de um morto faziam festa, com danças, músicas e cantares, em vez de luto. 
O luto que nós conhecemos por cá! 
Poupando palavras, que aqui até viriam a despropósito, era esse o ritual da tribo - e devo confessar que todos ficámos algo chocados com tal tradição. E intrigados! 
O Pires, que era bonacheirão e generosamente bem vivido lá pelos lados do Montijo e Lisboa, provou nesse dia uma aguardente de palma (ou era de cana?), fortíssima, da que se bebia a rodos na festa do luto. E de tal modo bebeu que veio a cambalear para o quartel e teve de levar soro na enfermaria. Dormiu essa noite, e depois, para aí umas 16/17 horas seguidas. 
«Ó Viegas..., o que é que me aconteceu, pá?!...».  - perguntou-me ele, batendo-me à porta do quarto, já depois do jantar do outro dia. 
Agostinho Papélino

O Papélimo que era
mascote do Quitexe!

Não se lembrava de nada, nem do piscar de olhos que na véspera repetidamente fizera a uma cabo-verdeana de encher a alma e o desejo, por quem se andava a deixar pingar de amores. 
O miúdo com o pneu era o Agostinho, Agostinho Papélino... Com uma mangueira de jardim tocava o hino nacional, todos os toques da tropa e o raspa. Uma maravilha!!! Fazia de engraxador para ganhar a vida, mas não engraxava coisa nenhuma... 
Órfão, comia todos os dias no quartel e era um espécie de mascote dos bravos Cavaleiros do Quitexe!!! Quis vir comigo para Portugal. Não veio e quando o procurei, a 25 de Setembro de 2019, quando passei pelo Quitexe, foi-me dito que ja teria falecido «há alguns anos».
Furriel Mário Matos (que amanhã festeja 70
anos), o 1º. cabo Pimpim (já falecido) e o
furriel João Brejo, da 2ª. CCAV. 8423

Matos, furriel de Aldeia
Viçosa, 70 anos em Anadia !

O furriel miliciano Matos, da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa, festeja amanhã 70 anos. Dia 25 de Abril de 2022.  
Mário Augusto da Silva Matos, de seu nome completo, era tirador de Cavalaria de especialidade militar, mas, além disso, desempenhou funções administrativas na secretaria dirigida elo 1º. sargento Norte - já falecido.
Foi louvado porque «sempre demonstrou as melhores qualidades militares no desempenho de todas as missões que lhe foram determinadas», nomeadamente quando «chamado a ajudar o 1º. sargento da sua subunidade (...) rapidamente se adaptou a essas funções», para além de sempre se ter mostrado militar disciplinado e cumpridor».
Regressou a Portugal a 10 de Setembro de 1975, esteve emigrado nos Estados Unidos e, agora já aposentado, mora em Anadia. Para lá e para ele, vai o nosso abraço de parabéns.

sábado, 23 de abril de 2022

5 781 - O primeiro dia de tropa de um futuro «Ranger» da CCS do BCAV. 8423!...

O primeiro serviço de sargento-dia, no CIOE - Centro  
de Instrução de Operações Especiais (os Rangers)
na cidade de Lamego
Cavaleiros do Norte
do BCAV. 8423


 
Assentei praça faz hoje precisamente 49 anos. O tempo voou!!! Há quase, qase meio século!!!
Era Abril de 1973 e, verdinho de anos e com a irreverência de quem tem sonhos, lá me fiz a caminho da tropa.
A preparar-me para a guerra! Estigma  com que vivemos a nossa a nissa infância e adolescência
O dia tinha uma marca muito particular e íntima: faziam-se precisamente oito meses de luto pela morte de meu pai e a minha partida gerou alguns constrangimentos familiares, pessoais e afectivos.
Não havia, porém, muito como escapar e eu não também quis beneficiar de qualquer eventual apoio que, em qualquer grau, m´evitasse ir à tropa. Teimoso e orgulhoso, lá me pus eu, faz hoje 49 anos, em traje de ir para a guerra - com o bornal cheio de recomendações de minha mãe, que em casa ficou viúva e sozinha!
Todos destes anos depois, posso garantir que nunca me arrependi, nem nos duros tempos de Lamego (nas Operações Especiais que me fizeram Ranger), muito menos na recruta da Escola Prática de Cavalaria, em Santarém. Ou sequer nos tempos de Santa Margarida - onde se fez nascer e crescer a família dos Cavaleiros do Norte.
No bornal e fresquinhas como alface saída da horta, levava recomendações de familiares e amigos e a memória a rebobinar conversas de meu pai - que, na minha adolescência (e sabendo que o meu futuro seria a guerra!), me falava de coisas de quando ele, nos anos 40, se fizera magala, chegando a 1º. cabo enfermeiro: «Cumpre sempre as ordens, discute-as só quando tiveres certezas e depois de as cumprires!».
Assim julgo ter feito. E pela vida fora!
A caderneta militar

A tropa que nos
faz... melhores !

Ao tempo de há 49 anos, no bornal e fresquinhas como alface saída da horta, levava recomendações de familiares e amigos e a memória a rebobinar conversas de meu pai - que, na minha adolescência (e sabendo que o meu futuro seria a guerra!), me falava de coisas de quando ele, nos anos 40, se fizera magala, chegando a 1º. cabo enfermeiro: «Cumpre sempre as ordens, discute-as só quando tiveres certezas e depois de as cumprires!».
Assim julgo ter feito. E pela vida fora!
Hoje, 49 anos depois, direi, e direi com total convicção, que ganhei muito por ter ido à tropa. Que, entre virtudes e defeitos, boas e más memórias, dramas, tragédias e glórias, me «fiz melhor». Melhor, principalmente, porque ganhei a solidariedade dos muitos companheiros que, de 23 de Abril de 1973 a 8 de Setembro de 1975, foram gente do meu dia-a-dia, dividindo-se e/ou multiplicando-se comigo. E pela vida fora, até hoje!
Não tivesse ido e, seguramente, ainda hoje me sentiria um cidadão menor! Ainda hoje, melhores dos meus amigos, são amigos da tropa. De Portugal e de Angola!
- FOTO. Tirada em Lamego, no CIOE, em Setembro ou
Outubro de 1973, meses depois de ter assentado praça.
Estava de serviço, de sargento de dia, com a
famosa pistola Walter em pose de tiro.
O primeiro serviço no Quitexe,
com o furriel Rocha, à direita,
a 14 de Junho de 1974

A chegada ao BC12
para partir para Angola!


Um ano depois, menos um dia, na segunda-feira de 22 de Abril de 1974 e já no RC4, a formatura das 8 horas da manhã já incluiu a maior parte dos jovens que, mobilizados desde o princípio do ano (a maior parte) e outros já desde 1973 (Dezembro), integravam o Batalhão de Cavalaria 8423.
Já se sabia o lema: «Perguntai ao Inimigo Que Somos».
E já se tinham gozado os dez dias da licença de normas - a período que antecipava a partida para os teatros de guerra. O BCAV. 8423, porém, por causa da Revolta das Caldas, teve dez dias que se fizeram por mais de um mês e foi nos quartos que os 1ºs. cabos milicianos que «dormiram» alguns dos oficiais de intentona.
Assim nos disseram.
O tema das conversas, todas mais ou menos camufladas, tinha, evidentemente, a ver com o golpe das Caldas (a 16 de Março), que nós não entendíamos muito bem. Chegámos já depois do almoço, feito em Abrantes - o Neto era sempre adepto de chegar o mais tarde possível, ao meu contrário, que era amante de chegar sempre cedo - e lá ficámos a saber, já em Santa Margarida, que éramos os primeiros milicianos e que, entrando de serviço na manhã de domingo, iríamos passar a noite de domingo para segunda-feira a receber o pessoal que chegaria. Assim foi! E a satisfazer a maior curiosidade de todos: a partida da CCS para Angola seria a 27 de Maio. E iríamos fazer o IAO a partir de 3 de Maio!
Carlos Costa, o
Alfama de Zalala!

Costa,  o Alfama das TRMS
de Zalala, faleceu há 7 anos !|

O soldado Carlos Costa, o Mouraria  e/ou Alfama (na foto ao lado), combatente da 1ª. CCAV. 8423, faleceu a 24 de Abril de 2015. Amanha se passam 7 anos!
Especialista de transmissões e Cavaleiro do Norte da mítica Fazenda Maria João, a de Zalala - e depois de Vista Alegre/Ponte do Dange, Songo e cidade de Carmona -, Caros Alberto dos Santos regressou a Portugal no da 9 de Setembro de 1975, a Santos-o-Velho, freguesia da cidade de Lisboa, onde residia - na avenida 24 de Julho.
A informação do furriel miliciano João Dias permite-nos saber que morava em Azeitão, no município de Setúbal, quando faleceu há 7 anos, ainda não tinha 63 - que faria a 29 de Agosto desse mesmo ano de 2015.
Hoje o recordamos com saudade. RIP!

sexta-feira, 22 de abril de 2022

5 780 - O primeiro dia do regresso do BCAV. 8423 da Licença de Normas no já distante ano de 1974!

Cavaleiros do Norte da 2ª. CCAV. 8423, a de Aldeia Viçosa. À direita e de pé, está o furriel miliciano Mário Matos, atirador de Cavalaria. O terceiro e o quarto, serão os furriéis Mourato e o Guedes? Quem nos ajuda a identificar estes companheiros da nossa jornada africana do Uíge angolano?

Aldeia Viçosa no dia 24 de Setembro de 2019,
quando lá passou o furriel Viegas da CCS. Ao
fundo a capela; a esquerda e a azul, a esquadra
da Poicia Nacional de Angoa (PN


 
 Dia 22 de Abril de 1974, uma 2ª.-feira de há 48 anos!
A formatura das 8 horas da manhã já incluiu a maior parte dos jovens que, mobilizados desde o princípio do ano (a maior parte) e outros já desde 1973 (Dezembro), integravam o Batalhão de Cavalaria 8423.
Já se sabia o lema: «Perguntai ao Inimigo Que Somos».
E já se tinham gozado os dez dias da licença de normas - a período que antecipava a partida para os teatros de guerra. O BCAV. 8423, porém, por causa da Revolta das Caldas, teve dez dias que se fizeram por mais de um mês e foi nos quartos que os 1ºs. cabos milicianos que «dormiram» alguns dos oficiais de intentona.
Assim nos disseram.
Fomos chamados (eu e o Neto), na tarde de 19 de Abril e por uma via inusual: através da então Escola Central de Sargentos, que por Águeda preparava futuros oficiais. E lá fomos nós, a 20 de Abril - um sábado, despedindo-me eu de minha mãe, que mercava na praça de Águeda, tendo o cuidado de ir vestido à civil, para não suscitar constrangimentos entre o povo. O SIMCA 1100 do Neto voou até Santa Margarida.
O tema das conversas, todas mais ou menos camufladas, tinha, evidentemente, a ver com o golpe das Caldas (a 16 de Março), que nós não entendíamos muito bem. Chegámos já depois do almoço, feito em Abrantes - o Neto era sempre adepto de chegar o mais tarde possível, ao meu contrário, que era amante de chegar sempre cedo - e lá ficámos a saber, já em Santa Margarida, que éramos os primeiros milicianos e que, entrando de serviço na
Furriéis do BCAV. 8423 há 48 anos e no
RC4: Carlos Letras, José Louro e Vitor
Costa, de pé, e João Brejo (sentado)
 manhã de domingo, iríamos passar a noite de domingo para segunda-feira a receber o pessoal que chegaria. Assim foi! E a satisfazer a maior curiosidade de todos: a partida da CCS para Angola seria a 27 de Maio. E iríamos fazer o IAO a partir de 3 de Maio!

Instrução operacional
em Santa Margarida !

O dia 22 desse Abril de 1975, como acima foi recordado, foi uma segunda-feira e dia do regresso dos Cavaleiros do Norte ao BC12, depois dos 10 dias de férias e para «dar efectivação à instrução operacional», que antecederia a partida para Angola.
Ainda se desconheciam as datas, que entretanto, e citamos o livro «História da Unidade», «foram marcadas para fins de Maio, princípios de Junho» desse ano de há 48 anos.
A instrução operacional logo, porém, foi interrompida, refere o «HdU», «face ao Movimento das Forças Armadas de 25 de Abril de 1974». Que foi na seguinte quinta-feira., já lá vão quase 48 anos e parece que foi ontem.

Ferreira de Zalala, 70 anos
na Póvoa de Santa Iria!

O 1º. cabo João Viegas Ferreira, da 1ª. CCAV. 8423, a da Fazenda Maria João, a da mítica Zalala, festeja 69 anos a 23 de Abril de 2021.
Atirador de Cavalaria de especialidade militar e membro do grupo de combate dos Cavaleiros do Norte comandados pelo alferes miliciano Pedro Marques da Silva Rosa, com os furriéis João Aldeagas, Manuel Pinto e Victor Velez, regressou a Portugal no dia 9 de Setembro de 1975 e fixou-se na freguesia dos Olivais, em Lisboa - onde então residia.
Sabemos, por informação do furriel João Dias (TRMS), que agora mora(rá) na Póvoa de Santa Iria, em Vila Franca de Xira, para onde, para ele, vai o nosso abraço de parabéns!