CAVALEIROS DO NORTE!! Batalhão de Cavalaria 8423, última guarnição militar portuguesa nas terras uíjanas de Quitexe, Zalala, Aldeia Viçosa, Santa Isabel, Vista Alegre, Ponte do Dange, Songo e Carmona! Em Angola, anos de 1974 e 1975!

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

1 591 - Os 23 anos do Neto...

Viegas e Neto, no jardim público do Quitexe

O Neto faz hoje 61 anos e, obviamente, em 1975 e neste mesmo dia, fez 23!!! E foi uma farra, lá palas terras do Quitexe, com jantar de luxo na restaurante do Pacheco - que era ali mesmo em frente à casa dos furriéis e da secretaria da CCS. Posso não ter muitas outras certezas, mas desta eu tenho: a ementa passou pelos inevitáveis camarões (que por lá sabiam a petisco do céu) com cerveja - fosse Cuca, fosse Nocal, ou Eka, talvez N´Gola, fosse qual fosse... -, e  bife com batatas fritas e ovo a cavalo, confeccionados pelas mãos de ouro da mulata Maria do Pacheco, que seria a mulher de cama e mesa do dono e nos servia divinalmente.
Maria do Pacheco era Maria Lázara, cabo-verdeana ou são-tomense (não sei ao certo), na altura pelos seus venturosos 40 anos (que sei eu da idade dela?!...) e que  tinha mãos de ouro para a cozinha, que condimentava a gindungo, de tal maneira que aquilo era um emborcar de cervejas, atrás delas. Mas que bom!
A este dia de 1975 a gente não sabia, mas exactamente um ano depois, o Neto deu o nó com a sua Ni, namorada de então e mulher de hoje, abençoados na capela de Nossa Senhora da Paz, no Beco, lugar de Macinhata do Vouga, que fica aqui próximo de Águeda.
Hoje, quando falei com eles, estava o casalinho a tomar pequeno almoço em pastelaria de Águeda. E não disseram nada, os artistas. Digo eu, aqui e em público. Parabéns, pázinhos!!!


quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

1 590 - O soldado a quem foram emprestados 400$00, ou 2 euros...

Avenida do Quitexe, ou Rua de Baixo, em 1975. A porta 
d´armas do BCAV. 8423, à direita, com a bandeira portuguesa desfraldada

A 27 e 28 de Fevereiro de 1975, o comandante Almeida e Brito reuniu em Carmona, na ZMN, para «ultimar os aspectos de rendição do BC12», para onde, a 2 de Março, iria  a CCS.
A grande novidade da saída do Quitexe empolgou a guarnição e foi um ver-se-te-avias a fechar malas, com as traquitangas que cada um de nós tinha somado ao espólio levado de Portugal: peças de artesanato, tapetes e outras bugigangas da cultura local - muito atraente aos nossos olhos europeus.
Recordo, com alguma emoção, a história de um nosso companheiro (que a morte já levou, vai para quase 6 anos...), aspirante a trazer recordações para a família, mas desejo que não podia concretizar, por falta de dinheiro. Poupando nomes à história (que não interessam ao caso), foi o caso resolvido com o empréstimo de 400$00 (ou dois euros!!!, nos dias de hoje), a pagar em Portugal.
Seria tal pagamento para o dia de «S. Nunca» (e era essa a intenção do financiador), mas o nosso bravo Cavaleiro do Norte, anos depois, aí por 1979/80, por aí..., fez questão de pagar o que devia. Acabou por tal não acontecer, por vontade do credor, e foi com emotiva alegria que, no encontro de 1996, no Barracão (Leiria), o humilde e honrado atirador de cavalaria apresentou toda a família, já com netos, lembrando-lhes quem lhe tinha emprestado os 400$00, 21 anos antes. 
Enternecem, estas histórias dos Cavaleiros do Norte!

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

1 589 - Os dias de véspera do adeus ao Quitexe...

O PELREC nos últimos dias do Quitexe (em cima) e o Pires de Bragança nas Quedas do dito Duque (em baixo)


Os dias de Fevereiro de 1975 foram de véspera do adeus ao Quitexe, da parte dos Cavaleiros do Norte da CCS. Ali chegáramos a 6 de Junho de 1974 e por lá, e na suas matas,  nas suas picadas e trilhos, amortalhámos muitos medos e regámos de suor o corpo que generosamente oferecíamos ao dever de cumprir o juramento de bandeira.
Podemos dizer, nós, os Cavaleiros do Norte, que honrámos a farda e as responsabilidades que nos fizeram assumir em terras uíjanas de Angola. Por dever de militares. E de homens, ainda que imberbes, quiçá excessivamente jovens para as missões que nos incumbiram e que cumprimos em cada vez que, saindo do arame farpado da guarnição, fomos em operações militares, simples escoltas ou meros patrulhamentos, fazendo segurança a quem, mais frágil e desarmado, poderia ser vítima de quem, com outros objectivos, era nosso «inimigo» na sua terra.
A 25 de Fevereiro de 1975, ontem se passaram 38 anos sobre essa data, ainda não sabíamos da nossa partida para Carmona. Só a 26 se soube. Hoje se passam os mesmos 38 anos. Vivíamos dias tranquilos, com passeios às quedas do Duque de Bragança, a Cacuso, Malange e Salazar, em excursões de Berliet que nos sabiam a modernos autocarros, de luxo e bem almofadados.
Eram assim os últimos dias do Quitexe.   

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

1 588 - O quartel de Vista Alegre

Antigo aquartelamento de Vista Alegre, porta de armas. Ainda se vê o écran de cinema. A foto é de Carlos Ferreira, de 15 de Dezembro de 2012. 
A última guarnição portuguesa que ali prestou serviço foi a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala - que para lá foi a 20 de Novembro de 1974. 
Os Cavaleiros do Norte do capitão miliciano Davide Castro Fernandes mudaram-se para o Songo (e Cachalonde), abandonando Vista Alegre, em finais de Abril. E daqui começaram a sair a 6 de Junho de 1975, quando um primeiro pelotão rodou para Carmona e ocupou a então já extinta ZMN. Completou-se a mudança no dia 12 do mesmo mês de Junho. 
Vista Alegre era pequena vila na estrada do café, entre a Ponte do Dange (entrada da província do Uíge, para quem viajava de Luanda) e Aldeia Viçosa. O Quitexe era logo depois.
À chegada dos Cavaleiros do Norte ao Quitexe, a 6 de Junho de 1974, estava a Companhia de Caçadores 4145 no aquartelamento de Vista Alegre. Só de lá saiu quando recebeu os «zalalas», em Novembro de 1974.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

1 587 - A rua do Comércio, entre 40 anos...

A Rua do Comércio, na cidade de Carmona, actual Uíge, vista com mais de mais ou menos 40 anos de diferença. Em cima, em imagem da net, o arruamento em aspecto actual. Em baixo, nos anos 70 do século XX, em altura mais ou menos contemporânea à passagem dos Cavaleiros do Norte - em 1975.
A Rua do Comércio era (é) uma das principais da cidade - onde, como o próprio nome indica, se concentrava boa parte das actividades comerciais da cidade.
O Hotel Apolo é referência comum: à direita, em cima: ao fundo, em baixo.


sábado, 23 de fevereiro de 2013

1 586 - O antigo BC12, actual QG da Região Militar Norte


Quartel General da Região Militar Morte, de Angola (em cima), no antigo BC12 (em baixo)


O antigo Batalhão de Caçadores nº. 12, visto do lado do Songo

As instalações do antigo BC12 são agora as do Quartel General (QG) da Região  Militar Norte, da Forças Armadas de Angola. As imagens mostram a fachada principal do antes (as duas de baixo) e do actual (a de cima) - esta recolhida a 19 de Dezembro de 2012, pelo Carlos Ferreira.
O destacado da fachada principal (destacado a branco) ainda se mantém. Era a porta d´armas propriamente dita e agora ostenta o brasão e nome do QG (como se vê na imagem de cima).
A diferença, vista do exterior, tem a ver com a vedação construída à volta do aquartelamento, principalmente na frente. Mantém-se a entrada principal (porta de armas) e este portão e a guarita ficam, mais ou menos onde ficava a guarita do BC12 do nosso tempo - que estava destacada do edifício, como se vê na foto de baixo, que me parece posterior à nossa saída. Tenho ideia de que a guarita era metálica.  
Foi ali, que num dia de meados de Julho, se registou um incidente que poderia ter resultado em tragédia, quando alguns elementos armados da FNLA, tripulando um Toyota amarelo, ameaçaram a segurança do aquartelamento.
A história está narrada, neste blogue - clicar AQUI

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

1 585 - O fim da primeira instrução especial do 8423

Santos (de casaco de cabedal), Queirós (a rir) e Rodrigues (à direita) em Santa Margarida (1974)

É preciso recuar 39 anos, a 22 de Fevereiro de 1974, para acharmos o dia último da «primeira parte da instrução, a chamada instrução especial» dos futuros Cavaleiros do Norte. Na Mata do Soares, arredores do campo militar de Santa Margarida.
Era uma sexta-feira, como hoje, e a escola de recrutas funcionava desde 8 de Janeiro, especificamente para os futuros atiradores de cavalaria, do que então se formava Batalhão de Cavalaria  8423. Alojavam-se os soldados e futuros 1ºs. cabos no Destacamento do RC4 e os oficiais e sargentos (os do quadro e os milicianos) dentro do próprio RC4.  Aí se formava o espírito de grupo e levedava a formação de «verdadeiros militares, esquecendo os males de que sofrem os homens vulgares», fazendo-se «resistentes, de coragem fria, confiantes nos superiores, disciplinados».
Após a formatura do princípio da tarde, com passaportes na mão, lá foi a rapaziada, cada qual para seu lado...,  suas terras e suas gentes, para gozar uns dias de férias. O regresso ficou marcado para 4 de Março - quando também começaram a chegar «os especialistas que haviam de completar os efectivos do Batalhão».
- RAC4. Regimento de Cavalaria nº. 4, actual 
Regimento de Cavalaria de Santa Margarida.  

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

1 584 - O Spínola de Santa Isabel que foi Cavaleiro do Norte



Os Cavaleiros do Norte também tinham um Spínola. Era de Santa Isabel, da 3ª. Companhia de Cavalaria 8423, e com ela chegou ao Quitexe, a 10 de Dezembro de 1974. Popularizou-se por lá, era soldado atirador de cavalaria,  e, na noite de passagem de ano, venceu a corrida de S. Silvestre. 
Tragicamente, viria a falecer , vítima de um acidente, perto da fazenda Pumbaloge, na estrada entre o Quitexe e Carmona. Chamava-se Jorge Custódio Grácio.
A imagem chega através do Buraquinho, que, na corrida, fez uma das dele e se fez passar por vencedor da prova. Na verdade, e segundo ele mesmo conta, a corrida vinha desde a zona do quartel da OPVDCA, na saída da estrada para Carmona, e o Buraquinho meteu-se dentro da ambulância (ele trabalhava na enfermaria), passou pelos atletas e desceu em ponto adequado para cortar a meta em primeiro lugar. A marosca foi detectada e declarado Spínola como vencedor, como foi, na realidade.
Ver a história do acidente, na 
versão do Buraquinho, AQUI 
- GRÁCIO. Jorge Custódio Grácio, soldado atirador de cavalaria da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel. Era natural do Casal das Raposas, em Vieira de Leiria (Marinha Grande) e faleceu a 2 de Julho de 1975.
- OPVDCA. Organização Provincial de Defesa Civil de Angola, organização paramilitar

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

1 583 - Rotação para Carmona, o MFA e a Revolta do Leste

Fachada principal do BC12, em Carmona, na estrada para 
o Songo, onde se aquartelaram os Cavaleiros do Norte

A 19 de Fevereiro de 1975, hoje se fazem 38 a onos, o comandante Almeida e Brito e o capitão José Paulo Falcão (oficial adjunto) participaram numa reunião na ZMN, para «ultimar aspectos da rendição do BC12», que, a partir de 2 de Março seguinte, seria a nova «casa» do Cavaleiros do Norte. 
O mesmo voltou a acontecer nos dias 20 e 25, 26, 27 e 28 do mesmo mês. Ao mesmo tempo e «com a mesma finalidade», foram realizados encontros de trabalho entre os comandos da CCS e d 2ª. CCAV. 8423, «já que seriam estas duas unidades a rodar para Carmona».
A ida para a cidade capital da província do Uíge era encarada com grande expectativa, por toda a guarnição. Não só por se tratar de passarmos para uma cidade, como, principalmente, por esta rotação ser entendida como um passo de gigante, no caminho do nosso regresso a casa. Ainda iria demorar 7 meses.
Em Lisbioa e no mesmo dia, realizou-se a primeira reunião do MFA com os partidos legalizados: PCP, PPD (actual PSD), PS. MDP/CDE e CDS. O objectivo era elaborar uma plataforma de acordo constitucional - facto que só dias depois soubemos no Quitexe. Sem pormenores e pouco nos importando.
Mais próximo de nós em Luanda, e desde o dia 13 (uma semana antes), continuavam os combates entre o MPLA e a Revolta do Leste, facção que era liderada por Daniel Chipenda. Os irmãos angolanos não se entendiam.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

1 582 - O condutor Esgueira e outros Cavaleiros do Norte

Alferes Cruz (ao centro, de óculos), com o Teixeira (de tronco nu) e o Breda, à sua direita. E os outros? Conheço a cara, mas esqueci os nomes. Na de baixo, o Carpinteiro, ao centro (apoiado na mão direita) e o furriel Mosteias (mesmo atrás). E, atrás dele, de braços cruzados, o alferes Ribeiro. à sua esquerda, o furriel Pires (Bragança) E a outra malta? O sexto, atrás e da esquerda, é o Grácio, o oitavo é  o Messejana.À frente do Gracio, é o Florindo.



O Esgueira conduziu unimogs e berliets pelas picadas e estradas do Uíge angolano e mandou uma série de fotos para o blogue. Era um condutor seguro, sempre tranquilo, muito  eficaz, sempre rasgando sorrisos na parada do Quitexe, ou descontraindo condução quando, em escoltas a fazendas e povos do solo uíjano, nos levava a destinos baptizados de medos.
Ou também quando, rasgando a madrugada africana, nos levava a sítios distantes, para operações militares que iriam rasgar trilhos e a mata africana, por onde nos espreitavam perigos, minas ou armadilhas, sombras e temores que no suavam o corpo e a alma. Lá ia ele, como os outros condutores, de olhos abertos e mãos em guarda, para que a missão se cumprisse sem acidentes e todos dela voltássemos seguros - como, felizmente, sempre aconteceu.
O Esgueira é este rapazinho da foto de baixo, de rosto juvenil (e quase imberbe), que ainda hoje mantém - como vimos no encontro de Paredes, em Junho de 2012. Diz ele que não faltará ao de Junho deste ano, em Santo Tirso.  Lá estaremos.
O que aqui fica pedido é que nos vão identificando as caras das fotos. Para delas fazermos história!
 - ESGUEIRA. Henrique Nunes Esgueira, soldado 
condutor auto-rodas. Natural de Tomar, mora na Amadora.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

1 581 - O 1º. cabo Vicente do Quitexe

Hipólito, Monteiro, Almeida e Vicente (em cima), 
Garcia, Leal, Neto e Aurélio (Barbeiro) no Quitexe, em Setembro de 1974

Há 16 anos, a 21 de Janeiro de 1997, o Vicente disse-nos adeus, depois de sofrimento que as palavras não contam, e  foi a enterrar na sua terra de Vila Moreira. Foi um bravo soldado do PELREC e um companheiro e amigo que ficou para o depois de 8 de Setembro de 1975, quando nos despedimos no aeroporto de Lisboa.
Agora mesmo, sem querer, achei apontamentos meus sobre o seu entusiasmo de horas, ao telefone, quanto aos primeiros encontros de antigos combatentes, com «inauguração» a 9 de Setembro de 1995, na estalagem da Pateira, aqui em Águeda - quando se faziam 20 anos depois do nosso regresso, «sãos e salvos».
Telefonava-te todas as noites, o Vicente - com o entusiasmo juvenil que lhe conhecera por terras do Uíge, na nossa jornada africana de Angola. Desdobrando ideias para o encontro, sugerindo isto e aquilo - voluntário para o que fosse preciso, como quando, pelo Quitexe da nossa saudade, se disponibilizava para que tudo corresse melhor. E sempre!
É espantosa e surpreendente, a vida! Andava o nosso Vicente com esse entusiasmo, por Águeda «matou» saudades de tantos Cavaleiros do Norte; repetiu-as no Barracão de Leiria, a 1 de Junho de 1996 e, depois, deixou de aparecer. Quem diria, neste 1 de Junho, que a sua vida estava a desfiar-se e que nos deixaria tão depressa?! Logo em Janeiro seguinte... Soube-o anos depois, quando de casa dele me atendeu uma filha e me deu a triste notícia.
Era um dos bons Cavaleiros do Norte! Como, da foto, o inesquecível alferes Garcia, o 1º. cabo Almeida e o soldado Leal, todos eles corajosos militares, sem ponta de medo, sempre valentes e corajosos, sem alguma vez recuarem ante o que fosse.
Outros dois nos esperam já, do outro lado da vida: o alferes Garcia, vítima de acidente (a 2 de Janeiro de 1979), e o Almeida, de doença (a 28 de Fevereiro de 2009). Saudades, amigos!

domingo, 17 de fevereiro de 2013

1 580 - Dias de Fevereiro de 1975...

Fazenda do Pumbaloge, na zona operacional do BCAV. 8423. O eirado do café e a casa-hospital (ao fundo)

A 13 de Fevereiro de 1975, foi extinto o Comando de Sector do Uíge (CSU) e os Cavaleiros do Norte passaram à dependência directa da Zona Militar Norte (ZMN). Por Carmona, davam-se passos decisivos no sentido da extinção do BC12 e era para lá que se indicava a ida do Batalhão de Cavalaria 8423. 
A mudança era do «agrado geral para a maioria dos militares», mas havia dúvidas quando ao nosso destino, pois o batalhão também era reclamado para Luanda.
A partir de 7 de Fevereiro, já tínhamos deixado de fazer escoltas na estrada do café, serviço que «era assaz desgastante para o pessoal e viaturas» e que, na prática, «não conduzia a qualquer finalidade prática». 
A actividade operacional «manteve as característica anteriores, com muitas visitas a fazendas e povos, o que levava a percorrer a redes estradal à nossa responsabilidade». E lá andámos nós por sanzalas como Caunda, Quimucanda e Catulo - na estrada/picada para Camatela, da qual derivámos para fazendas como a Maria Amélia, Bela Ecoge. Maria Luísa, Auinta das Arcas, Pacheco, Guerra e Companhia e Pimbassai. Ou na picada de Zalal, as do Ambuíla, João Alves e Alegria e Mungage. Ou ainda, na estrada para Carmona, nas fazendas Pumbaloge (foto), Quimbanze e Marcelina e outras, porventura. 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

1 579 - Retratos de Carmona, a actual Uíge...

Entrada na cidade de Carmona, actual Uíge, do lado do BC12 e do Songo (em cima) e acesso à praça do quartel general, antigo  comando da Zona Militar Norte (ZMN) e Comando de Sector do Uíge (CSU), em baixo. Fotos de Carlos Ferreira, de 18 de Dezembro de 2012

1 578 - O crocodilo do rio Dange

O Rio Dange, visto do Destacamento dos Cavaleiros do Norte (1975). Repare-se no poste eléctrico, em primeiro plano - obra, por certo, da «engenharia» militar portuguesa


O Destacamento da Ponte do Dange, dizia o Rodrigues, faz já algum tempo, «não deixava nada a dever às condições de Zalala», em termos logísticos. «Eram iguais ou para pior», recordou ele, antes de contar a história de quando foi carregar água (bem barrenta, como se vê na foto) e «pescou» um crocodilo: «Fomos abastecer-nos e tive logo um contacto estranho, para o qual não estava preparado, ou habituado, era um crocodilo. Pobre do bicho, levou tantos tiros, que nunca mais se mexeu...».
Soltadas as gargalhadas que a cena merece e justifica, alguém, logo depois, tirou a pele ao animal, pele que o Rodrigues carregou para Vista Alegre, onde, ao tempo, estava a 1ª. CCAV. 8423, a de Zalala.  
 «Estiquei-a entre vários suportes de madeira e ia colocando sal por cima dela, para assegurar o tratamento e conservação, e assim esteve uns dias, para secar, mas, numa noite, os cães vadios que albergávamos no quartel resolveram divertir-se e desfizeram a pele toda, nem o sal os deteve», contou o Rodrigues - quando, já lá vai bom tempo, fez memória desta «história de guerra»,
Ainda assim, conseguiu aproveitar um pequeno bocado, que trouxe para Portugal e mandou tratar, de forma eficiente, numa fábrica de peles em Guimarães. «Ficou em condições de conservação tais que ainda nos dias de hoje tenho esse bocado de pele», contou o Rodrigues - que, porventura, já nem se lembra disto. Lembras? E ainda tens a pele?
- RODRIGUES. Américo Joaquim da Silva Rodrigues, furriel miliciano atirador de cavalaria, da 1ª. CCAV. 8423. Aposentado, vive em Vila Nova de Famalicão.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

1 577 - Lutos da 3ª. CCAV. 8423 de Santa Isabel

Manuel Quaresma da Silva, na Fazenda de Santa Isabel (1974) 

Manuel Quaresma da Silva, 1º. cabo apontador de morteiros da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel, faleceu há 9 anos, a 6 de Abril de 2004 - vítima de letal enfermidade no estômago. A vida tem destas coisas  e, sendo ele meu vizinho de 20 quilómetros (ele de Cacia, em Aveiro; eu, de Ois da Ribeira, de Águeda), não nos conhecemos. Lá ou cá.
Há mais dois Cavaleiros do Norte de Santa Isabel que também já partiram, depois da chegada de Angola:
- José Carlos Gonçalves Catarino, 1º. cabo atirador de cavalaria. Morava em Paivas, no Seixal. Faleceu a 1 de Janeiro de 1983.
- Ricardo da Conceição Botelho, soldado de transmissões, que morava no Montijo. Faleceu a 1 de Agosto de 1993.
Companheiros de Santa Isabel falecidos em Angola, foram o soldado Manuel Barreiros,  em Agosto de 1975, vítima de doença.
Vítima de acidente em viatura civil, a 2 de Julho e já em Carmona, faleceu o Spínola, nome porque era conhecido o soldado atirador Jorge Custódio Grácio. Era natural do Casal das Raposas, em Vieira de Leiria (município da Marinha Grande). A morte ocorreu a 2 de Julho de 1975, na sequência de um acidente de viação em viatura civil.
Já em Agosto e em Luanda terá falecido Manuel Barreiros - cujo corpo veio para Lisboa no mesmo avião de regresso da 3ª. CCAV. 8423.

Ver AQUI 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

1 576 - Condecoração de campanha do tenente Luz

Alferes Ribeiro e Garcia, tenentes Luz e Mora, na avenida do Quitexe
O edifício do comando, com a bandeira portuguesa hasteada

O tenente Luz foi condecorado em Fevereiro de 1975, com a Medalha Militar Comemorativa das Campanhas do Exército Português, com a legenda «ANGOLA 1963 - 64 - 65». É hoje, em vésperas de fazer 84 anos, o nosso «mais velho» (menos jovem) Cavaleiro do Norte e não falta a todos os encontros anuais, sempre se fazendo acompanhar da sua «mais que tudo», a nossa 1ª. dama!!!! - senhora dona Maria Violtina Gomes Domingues da Silva Carreira da Luz.
A condecoração foi publicada na Ordem de Serviço nº. 45, no Quitexe, onde "o nosso tenente" era responsável pela secretaria do Comando do Batalhão.
O agora capitão Luz viria a ser louvado pelo comandante Almeida e Brito, que lhe sublinhou «qualidades militares e cívicas», que confirmaram «o conceito em que já era anteriormente tido». Foi responsável pelo serviço de pessoal - que «sempre manteve em dia e permanentemente lhe mereceu a procura das melhores soluções» - e também orientou «todo o serviço de justiça do Batalhão», tornando-se «precioso auxiliar dos seus camaradas que, pela inexperiência, viram em tal serviço complexidade e melindre».
«Disciplinado, de lealdade e correcção inexcedíveis, de elevadas qualidades militares, de total dedicação pelo serviço, dotado de excelente educação e civismo, demonstrou mais uma vez qualidades que de igual modo o tornaram considerado pelos camaradas e estimado pelos subordinados», lê-se no louvor, que lhe aponta, igualmente, ter sido «precioso auxiliar do comando».
- LUZ. Acácio Carreira da Luz, tenente do SGE, chefe de secretaria e oficial de pessoal do BCAV. 8423. É capitão aposentado, mora na Marinha Grande e faz 84 anos a 28 de Março de 2013. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

1 575 - Militar português detido pela FNLA

A casa que foi estação dos Correios do Quitexe

O Buraquinho deu de si, para lembrar «prisão» de um Cavaleiro do Norte, ainda no Quitexe, quando, diz ele, «passava em frente à sede da FNLA», que ficava perto da então estação dos Correios e ao lado das residência da Geninha e da Dussol - nome (este último) porque conhecíamos uma das beldades do Quitexe, alvo permanente dos nossos olhos gulosos.
Conta o Buraquinho que os militares da FNLA estava a içar a bandeira do movimento e, ao passar, o nosso companheiro não fez continência ao acto. Nem teria de fazer, valha a verdade. Os combatentes do movimento de Holden Roberto é que não entenderam assim e, vai daí, detiveram o militar nas suas instalações.
O caso logo se espalhou e, como seria expectável, o comandante Almeida e Brito interveio para que o seu (nosso) homem fosse libertado. E de imediato. «O caso esteve um tanto ou quanto azedo, até o nosso comandante impor o devido respeito aos guerrilheiros», conta o Buraquinho. 
«A bandeira e de um partido, não é a nacional, nada de continências», terá argumentado Almeida e Brito e não custa nada adivinhar que o tenha feito com veemência e impondo a autoridade que lhe era devida. E reconhecida, sem dúvidas.
Francamente, não tenho muitas memórias do caso, se bem que, ao reler o escrito do Buraquinho, fique com a ideia de tal coisa aconteceu. O militar, seja como for, «foi libertado e o caso resolvido».
Alguém tem ideia deste incidente? Gostava de recordar pormenores.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

1 574 - Dois Cavaleiros do Norte de Santa Isabel

Alguém me enviou a foto que agora edito aqui mesmo ao lado, mas a memória deixou-me escapar o nome. 
Serei perdoado, certamente, e aqui sublinharei os nomes dele e dos dois militares, assim os saiba. Repare-se, no entanto, que os dois Cavaleiros do Norte que estão em sentido e em ombro arma à bandeira nacional portuguesa são do BCAV. 8423. É o que se conclui de se ler, atrás, a inscrição "BCAV. 8423". E lá se vê, igualmente, na base do mastrto, o emblema dos Cavaleiros do Norte. Não há dúvidas que os dois homens são da 3ª. CCAV. 8423 - a épica companhia comandada pelo capitão miliciano José Paulo Fernandes, que de lá definitivamente saiu a 10 de Dezembro de 1974, quando se aquartelou no Quitexe, com a CCS do Batalhão de Cavalaria 8423.
Quem serão, então, estes dois militares de Santa Isabel? 
Eu confesso que não faço ideia. Nem os seus rostos me ocorrem.
É o desafio que aqui fica hoje. O capitão Fernandes, os alferes Carlos Silva, Pedrosa e Simões, os furriéis Ribeiro, Flora, Carvalho, Graciano, Gordo, Belo, Fernandes, Cardoso e Reino, entre outros, certamente poderão dar uma ajuda.
Quem, é quem?

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

1 573 - O emblema dos Cavaleiros do Norte e o autor

O emblema dos Cavaleiros do Norte (em cima) 
e o criador, o alferes miliciano Barros Simões (em baixo)


O tempo voa e, vejam só, já foi há precisamente 39 anos (trinta e nove, disse bem!) que foi apresentado o emblema do Batalhão de Cavalaria 8423, em Santa Margarida. Servindo o lema «Pergunta ao Inimigo Quem Somos», das tradições do RC4.
Emblema em fundo preto  (tal como o guião), com um cavaleiro estilizado, obra criativa do então jovem aspirante a oficial  miliciano (e futuro alferes miliciano) Barros Simões. Optaram as companhias operacionais por outras cores: o vermelho (1ª. CCAV.), o azul (a 2ª. CCAV.) e o castanho (a 3ª. CCAV.).
«Fui solicitado pelo comandante Almeida e Brito, que sabia da minha ligação às artes gráficas e me sugeriu elementos para o criar», explicou Barros Simões.
Objectivo, para além de criar um elemento palpável de identificação, era «instituir espírito de grupo (...), num todo coesão, disciplinado e disciplinador», razão primeira para se idealizar «o futuro emblema braçal da Unidade», como se explica no Livro da Unidade, de que me socorro, e que sublinha «o desejo de plena identificação com a unidade mobilizadora».
SIMÕES. Mário Jorge Barros Simões. Alferes miliciano atirador de cavalaria da 3ª. CCAV. 8423, a de Santa Isabel. Professor, natural de Tomar e residente nas Caldas da Raínha.
- RC4. Regimento de Cavalaria nº. 4, actual Regimento de Cavalaria de Santa Margarida -  a unidade mobilizadora dos BCAV. 8423.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

1 572 - Espectáculo do MFA no Recreativo do Uíge


Pavilhão do Centro Recreativo do Uíge (CRU), em
1974/75 (em baixo) e na actualidade (em cima), na cidade de Carmona 


A 21 de Janeiro de 1975, e no âmbito do programa de acção psicológica, muitos militares do BCAV. 8423 participaram, em Carmona, num espectáculo do MFA. 
Não me falhará muito a memória se disser que foi no pavilhão do Clube Recreativo do Uíge (CRU) e que uma das atracções da noite foi o capitão miliciano Fernandes, comandante da 3ª. CCAV., a de Santa Isabel - ao tempo já instalada no Quitexe. Tocava guitarra, julgo bem, e cantava - o que foi uma grande surpresa para a guarnição e para o público, que incluía a população civil. E muita, principalmente jovem.
A foto de cima é de Carlos Ferreira, tirada a 19 de Dezembro de 2012. A de baixo, do mesmo edifício (que era o pavilhão do Clube Recreativo do Uíge - vejam-se as letras CRU), é dos anos 70 do século XX - quando por lá passaram os Cavaleiros do Norte. E repare-se que o edifício do lado direito (da foto) também é o mesmo.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

1 571 - Uma imagem da Carmona (UÍGE) contemporânea..,

Uma casa de Carmona, na objectiva de Carlos Ferreira,a  20 de Dezembro de 2012. Não é difícil perceber que seria de um antigo residente europeu, que a terá abandonado em 1975. Quem sabe se a 4 de Agosto, dia da retirada definitiva dos Cavaleiros do Norte. Tem ar de abandonada, provavelmente está desabitada, mas dá a ideia de como era a classe média do tempo da descolonização.

1 570 - O Melo que estava morto e hoje faz 61 anos...

Melo e Letras em Aldeia Viçosa, Angola (1974)

O Melo, que já demos como morto neste blogue e, afinal está vivo pela Leiria onde reside, faz hoje 61 anos. E está fixe, o Melo - fazendo pro esquecer o pedaço de medula que tem guardado no Hospital Royal Free Hamostead NHS, em Londres (Inglaterra), onde foi assistido pelo professor A. V. Hoffbrand.
O Melo foi furriel miliciano atirador de cavalaria da 2ª. CCAV. 8423, a de Aledia Viçosa, e, de regresso a Portugal, fez carreira profissional nas Brigadas de Trânsito (BT) da GNR - de que é aposentado.

Quando lhe foi diagnostica a aplasia medular, passou pelos Hospitais dos Covões e de Universidade de Coimbra, com a fortuna (sempre precisa) de ter um dador compatível português. E la foi para Londres, «safando-se» de coisa pior.
Vive em Leiria, coma mulher e olhando pelos netos, fazendo por se sentir bem na vida, como anda há  momentos me disse, ao telefone.
Uma série de coincidências menos felizes levou a que, em 2011, o julgássemos falecido - o que, depois, veio em dar na agradável surpresa de se saber que era...  mentira. Ainda hoje nos rimos com a "tragédia", com ele me parecendo mais folgado de emoções e com mais olhos no futuro, que há ano e meio - quando o visitei na sua casa de Leiria.
Ver AQUI

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

1 569 - Batalhão de gente que era uma jóia...

Futebolistas do parque-auto do Quitexe. O Teixeira (o primeiro, à  esquerda, em pé), o Carpinteiro (o quinto) e o Gaiteiro (assinalado a vermelho). O Monteiro (Gasolinas, primeiro à esquerda, em baixo) e o Miguel (condutor, à direita). Alguém identifica os outros? Lembro a cara, mas esqueço os nomes

O Gaiteiro foi condutor do Quitexe e, na memória, guarda os dias incómodos e perigosos, entre o Natal de 1974  e o ano novo, quando foi para Aldeia Viçosa, substituir companheiros a quem o paludismo retirou  operacionalidade para conduzir. 
«Foi o diabo, fomos lá para uma sanzala onde a FNLA e o MPLA andavam  à porrada, para se ir resolver aquilo...», conta ele, refrescando a data e os pormenores.
Pois então, teve ele de ir para Aldeia Viçosa (onde se aquartelava a 2ª. CCAV. 8423) e logo lhe calhou na rifa ir a Cambambe, num pelotão de combate, rodando o unimog por 60 quilómetros de picadas, até que lá chegaram, e outros tantos na volta. 
«Havia lá uma sapata de cimento, com um mastro de bandeira. Punha a FNLA a deles e a tiravam os do MPLA, para pôr a deles. E vice-versa... Era uma confusão danada...», diz o Gaiteiro.
Chegou a tropa e a coisa lá se resolveu, não sem, alguns sustos pelo meio: «Havia respeitinho pela tropa, o que nos ajudou a resolver a coisa, antes que se chegasse a vias de facto...».
O Gaiteiro tem dos Cavaleiros do Norte uma imagem de saudade e de gosto: «Tivemos um batalhão de gente que era uma jóia», diz ele, 37,5 anos depois do adeus de 8 de Setembro de 1975. Lá sabe ele porquê. 
- GAITEIRO. Américo Manuel da Costa Nunes Gaiteiro, soldado condutor. Aposentado da Petrogal e residente em Rio Tinto. 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

1 568 - Cidade de Carmona, que é Uíge, nos dias de hoje...

Praça dos edifícios públicos da cidade do Uíge (antiga Carmona). Em baixo, uma vista da cidade, notando-se ao fundo (e assinalada) a sé católica.
Fotos de Carlos Ferreira, a 18 de Dezembro de 2012

1 567 - Quando morre um amigo...

Furriéis do Quitexe: Cruz, Pires (do Montijo), Mosteias, Neto, Pires (de 
Bragança) e Rocha, na parada da CCS dos Cavaleiro do Norte, em Setembro de 1974



Estou sem reacção à notícia da morte do Mosteias. Não é possível, assim, a despedida de um amigo nosso, sem ter a oportunidade de estar presente no funeral, dado que só hoje soube deste drama. Mas também me passa pela cabeça que, se calhar, a despedida não foi tão dolorosa. 

No entanto, quero aqui deixar esta mensagem, que poderás, se entenderes, publicar no blog.


Quando morre um amigo

Quando morre um amigo,

Vão com ele as lembranças
De risos e penas comuns.


Quando morre um amigo,
Damos um passo para nosso fim
Que se torna mais próximo.


Quando morre um amigo,
Ficamos sempre mais pobres.


Quando morre um amigo,
Ninguém o pode substituir.


Quando morre um amigo,
Morre, sempre, um bocado de nós!
Apenas um ano e quatro meses, o suficiente 
para me deixares uma marca na minha vida.

Obrigado grande Mosteias!
JOSÉ A. MONTEIRO

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

1 566 - Saudades do Mosteias...


O Mosteias, nos seus dois últimos encontro dos Cavaleiros do Norte. 
Em Águeda, em 2009 (em cima) e Ferreira do Zêzere, em 2010

O Mosteias partiu hoje para a viagem final, deixando lutos de alma e dores que não se anestesiam com as palavras mais sentidas - sejam as mais emotivas ou as de ocasião, medidas a paquímetro na prosa mais sensível ou pela métrica do verso mais melancólico.
O aqui venho dizer não é um mero lavar de alma, um simples carpinteirar de emoções, porque o dia é de tristeza, de oração e sentimentos, de meditação sobre o valor da vida e do aquém e do além de nós mesmos. 
Venho dizer que muitos Cavaleiros do Norte, sem palavras para dizer nestes momentos de tristeza, me contaram do seu luto pela partida do Mosteias.
Quando, a 2 de Janeiro deste ano - há tão poucos dias!!!... - , com ele falei pela última vez, já ele deitado na cama do Hospital do Litoral Alentejano, falou-me como sempre, de palavra solta e confiança absoluta.
Era dia de anos, dos seus 61!!!, e quis dar-lhe um abraço por tal dia. Ouvi-o falar da doença com invulgar serenidade, sem um quebro de voz, ou uma não-fé que lhe reduzisse esperanças.
A 1 de Fevereiro, sabendo já melhor da sua saúde, quisemos falar-lhe - eu e o Neto -, mas ele já não quis. Faleceu aos 5 de Fevereiro de 2013. Sabemos que soube das mensagens com que, neste espaço, tantos Cavaleiros do Norte, os seus amigos do Quitexe, lhe testemunharam força para o seu último combate. 
Hoje, numa palavra só, deixo-lhe o que fica dele, destes e de outros que não sabem mexer na net e me falaram pelo telefone: saudade!
Até um destes dias, 
grande amigo!!!

Algumas mensagens deste blogue, nas quais 
se falou do Mosteias - entre muitas outras:

- O Mosteias que era casado e foi pai, AQUI
- O Mosteias não leva desforo para casa, AQUI
- O Mosteias de pés para o tecto, AQUI
- O Mosteias no Encontro de Águeda, em 2010, AQUI
- O Mosteias na chegada a Santa Margarida, AQUI
- O Mosteias a jogar futebol, AQUI
- O Mosteias na baixa de Luanda, AQUI
Clicar nas imagens, 
para as ampliar




terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

1 565 - O adeus ao nosso querido amigo Mosteias!

O amigo Mosteias faleceu esta manhã de 5 de Fevereiro de 2013 e o velório será amanhã, dia 6, em Vila Nova de Santo André - Sines. A cerimónia religiosa está marcada para as 14,30 horas. O corpo vai ser cremado e seguirá para o Montijo, sua terra do coração e de paixão.
Aqui o recordamos, numa foto de 20 de Maio de 2010, dia em que se faziam 36 anos da nossa partida para Angola e nos encontrámos - os Cavaleiros do Norte da CCS, do Quitexe! -, partilhando emoções e felicidade, em Ferreira do Zêzere, por lá fazendo e absorvendo memórias. 
O Mosteias ali o vemos, de rasgado sorriso de boa disposição, como sempre, que ali dividia com o Cruz. E a rir-se de quê, ou de quem? Certamente de tudo o que naquele dia de afectos, nos fez felizes. Por nos reencontramos, nos abraçarmos, nos fazermos maiores e melhores, como crianças que sonham e acreditam na vida.  
Adeus, ó Mosteias! 
Adeus, ó grande Cavaleiro do Norte!
Até um destes dias!

1 564 - O adeus do amigo Mosteias...


Viegas, Mosteias e Neto em Julho/Agosto de 1975, na messe de Carmona

O amigo Mosteias não resistiu à brutalidade da doença e deixou-nos hoje, pelas 10 horas da manhã. Deixou-nos num "até já, que já nos encontramos", nesta vida de sonhos e desencantos e com a amargura, triste e desconsolada, de vermos partir alguém de quem se gosta por uma vida inteira. 
Morreu o Mosteias!
O Luís Mosteias era daquelas almas, aqueles corações dados com quem se faz uma amizade imortal. Pegue-se nele por isto, ou por aquilo; diga-se o que se disser, dele se recorde tudo o que (não) queiramos, mas era a alma gémea dos momentos de glória e de tragédia da nossa epopeica jornada angolana, com quem se partilhava uma dor e um momento bom, ou menos bom, um instante ou mundo de felicidade e de alegria. Como aquele, nos dias seguintes a 21 de Setembro de 1974, quando soube (ele) que era pai pela primeira vez e connosco dividiu a sua imensa felicidade desse momento imortal. 
A doença foi mais forte que o Mosteias e "venceu-o". Mas ele, para nós, será sempre um ganhador, que recordaremos com saudade imensa e pelo sempre da nossa memória.
Até um destes dias, grande Mosteias!
- MOSTEIAS. Luís João Ramalho Mosteias, furriel miliciano sapador, da CCS do Batalhão de Cavalaria 8423. Oriundo de Cabeção (Mora), com vida feita por Lisboa, Montiho (terra de afeiççao) e Vila Nova de Santo André. Faleceu hoje, da 5 de Fevereiro de 2013, no Hospital do Litoral Alentejano.