A estrada do café, algures entre Carmona e Luanda, na zona do Quitexe
A 30 de Setembro de 1974, aí estava eu a regressar ao Quitexe, depois da boa-vai-ela de um mês de férias pelo chão d´Angola e com o Neto mortinho por eu chegar, para vir ele até Águeda, para os sabores da família e os gostos de paixão de quem, enamorado, de longe namorava.
Voei de Luanda para Carmona e daqui segui para a vila quitexana, em boleia da viatura do SPM - como era habitual. «Tava a ver que não chegavas», disse-me o Neto, para quem eu trazia, de Luanda uma «encomenda» chegada da casa de Águeda e guardada nos escritórios da FRAL, em Luanda.
O tempo do meu laréu turístico acabara e muita coisa se tinha passado nesse Setembro, na zona de acção dos Cavaleiros do Norte, o que foi motivo de apalavrada conversa no jantar desse dia, no Pacheco - onde abancámos o inevitável camarão d´entrada e bifes com batatas fitas e ovo a cavalo!!!
A rotação do BCAV., os problemas disciplinares da companhia do Liberato (e nem imaginávamos os sustos que iríamos passar, pro causa de uma insurrecção dos militares naturais do território angolano...), a entrada disfarçada de alguns IN´s no Quitexe, em Aldeia Viçosa e Vista Alegre, o castigo ao Albino (1º. cabo atirador do nosso PELREC, que o levaria para Zalala), os ataques a madeireiros europeus (na zona do Liberato), a viatura da JAEA flagelada na Quinta das Arcas, disto tudo se falou - sem esquecer as operações de stop na estrada do café.
A liberdade de trânsito, realmente,começaa a ter condicionamentos, principalmente na estrada do café - de Carmona a Luanda (foto) -, mas repetindo-se com alguma gravidade em muitos outros itinerários, nomeadamente os que, em terra batida, ligavam aos principais centros urbanos e às maiores fazendas de café da região uígense -, o que implicou «maior atenção».
«Não sei o que esta merda vai dar... mas vê lá se te pões aqui, para ir eu de férias», reclamava o Neto, no aerograma que, por estes dias de Setembro de 1974 recebi em Nova Lisboa.